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Demonologia é o estudo sistemático dos demônios. Quando envolve os estudo de textos bíblicos, é considerada um ramo da Teologia. Por geralmente se referir aos demônios descritos no Cristianismo, pode ser considerada um estudo de parte da hierarquia bíblica. Também não está diretamente relacionada ao culto aos demônios.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Assombrações da floresta de Katyn

A violência da Direita: porque a Direita é a violência
Começou assim o repórter da Rádio Gaúcha (RBS) no programa Supersábado:
O nome [do presidente polonês morto na queda do avião do dia 10 de abril] é, mais ou menos assim, um nome complicado, como todos os nomes nessa parte da Rússia, Lech Kaczynski...” [não textual],
que foi só uma frase mal feita, já que o acidente foi na Rússia, enquanto o presidente, polonês, com nome polonês. Mas a impressão que a frase causou foi assim: O nome do presidente polonês, como todo nome nessa parte da Rússia, o que causa, no mínimo, aquele constrangimento por se ligar a região ao jugo russo, senão isto, à sua supremacia, e, na filigrana, à irrelevância das nações satélites dos soviéticos.
Foi infeliz, talvez não evitável, mas inequivocamente uma “desatenção” histórica que talvez possa explicar outras coisas, pois ocorreu no contexto da ironia negra desse acidente e que lembram bem os poloneses e os ucranianos, os seus milhões de compatriotas mortos.
O erro do repórter ocorreu no dia em que se comemorava o 70º aniversário do medonho massacre na floresta de Katyn, quando então outra incidência concorreu, a da morte do presidente polonês, desafeto dos russos; o equívoco é somente, talvez, perdoável, pelo fato igualmente notável de a delegação completa de altos dirigentes da Polônia aceitar estar sujeita a um avião russo, sob inspeção russa, para fazer esse voo.
O repórter realmente não conseguirá uma desculpa, no entanto, por ter dito que o Solidariedade, de Lech Walesa, lutou contra um governo duro, “de direita”, que com mão de ferro oprimiu o povo polonês. Faltou dizê-lo “cristão cruzado, tirania da braba, conservador, terrível!”
Na Polônia, com o Solidariedade, Walesa conseguiu criar em 1989 o primeiro governo não-comunista do bloco Soviético. Chamar a polícia secreta comunista de “direita” só padecendo daquela confusão mental que levou um ouvinte do programa Polêmica, de Lauro Quadros (Rádio Gaúcha, RBS) --- e, com a cumplicidade (desatenta?) do apresentador ---, a dizer que temia o risco que a Venezuela corria com as modificações que Chávez vinha fazendo na Constituição; disse o ouvinte: “Imagina se um direitista assumisse o poder, porque todo mundo sabe que com a direita sempre veio o pior”.
Acompanhou-se a isto o comentário: “É, Chávez tentou golpes, depois desistiu e foi para a esquerda” (!).
O Solidariedade, que fez frente ao socialismo radical do comunismo histórico, foi lembrado pelo repórter da Gaúcha como um governo de direita. O que, raios, ensinava-se nos cursos de jornalismo? O fato desse curso ter (tido?) termos coringas tais como “comunicação social” e “fatos de interesse jornalístico”, talvez dê uma pista ao ridículo.
*
A marca de Kain Gosudarstvennoy Bezopasnosti
Putin convidara para a solenidade de aniversário do massacre de Katyn o primeiro ministro Tusk, mas não ao presidente Kaczynski, de larga data um turrão opositor da ex-URSS e amigados, que tanto mal fez ao seu país. Kaczynski formou uma comitiva própria para ir, sem ser convidado às comemorações na Rússia.
Segundo Jane Jamilson, editora do conservative news/commentary blog UNCOVERAGE.net, em artigo no American Thinker, este teria sido o primeiro “cerimonial” a reconhecer a mão maligna da Rússia no assassinato dos líderes poloneses na IIª Guerra Mundial.
Como notou o New York Times [apud Ametican Thinker],
[O] conservador Kaczynski foi um recalcitrante defensor da independência das nações soviéticas satélites como a Georgia e Ucrânia, fez forte lobby para a instalação do escudo antimísseis da política externa de George Bush, recentemente cancelada pelo presidente Obama. Kaczynski mantinha posição dura contra o que chamava 'novo imperialismo' russo e contra a política de reaproximação de Tusk com Moscow”.
Kaczynski foi parte daquela resistência que sofreu com o pior da melhor promessa comunista, foi inimigo por isso da tutela da ex-URSS e foi amigo de Israel e dos Estados Unidos, como Walesa, e adepto de defender seu país com poderio militar. Definitivamente, não foi um amigo da Rússia, que representou para o país a tirania burocrática soviética.
O desastre, diz o The Moscow Times, matou toda a cúpula da oposição nacionalista na polônia de uma só vez, os oponentes chave do Primeiro ministro Donald Tusk com a sua Plataforma Cívica centrista. O acidente, assim, reforçou o já dominante papel de Tusk na política polonesa, com consequências que não podem ser previstas”.
Kaczynski já havia sofrido risco com o mesmo Tupolev 154, de fabricação russa, em 2008, e disse na oportunidade que se tratava de um risco natural a um presidente que tem de viajar muito.
Jamilson nota --- citando o jornalista conservador britânico Daniel Hannan (UK Telegraph) --- que o presidente Kaczynski era uma “figura controversa”, com os esquerdistas ressentidos com ele por querer uma “política de purificação”, que requeria que servidores públicos declarassem se tiveram um papel no regime comunista.
Estas críticas aplaudem uma política similar quando ela foi imposta pelos primeiros países fascistas depois de 1945 e, de fato, no geral sustenta o governo Espanhol na tentativa de reabrir os fatos que se passaram na época de Franco, mas por alguma razão, considerou isto inadequado para ser aplicado do mesmo modo aos priemiros Comunistas.”
O fatídico acidente traz suspeita quanto a um voo de linha russa, sob manutenção russa --- feita pela empresa russa Aviakor ---, de avião russo e logo após Putin, admoestando Kaczynski, ter declarado que o apoio do líder polonês ao escudo antimísseis americano no país era algo que “não poderia ficar impune”.
Os métodos de Putin são os piores e recomendam-no mal, como os conhecidos casos contemporâneos, os que me lembro para buscar:
  • No caso do submarino Kursk, quando a ajuda européia foi recusada matando 118 tripulantes, a mãe de um dos marujos foi sedada bizarramente frente às câmeras de TV ao reclamar, num teatro de desculpas, e sem necessidade, enquanto se lhe eram oferecidas medalhas;
  • O caso da jornalista russa, defensora dos Direitos Humanos an Rússia, Anna Politkovskaya assassinada misteriosamente com um tiro dentro de um elevador, que era crítica à morte de Putin, autora do livro Putin's Russia, depois alterado para Life in a Failing Democracy:
Estamos nos precipitando de volta ao abismo Soviético, para dentro de um vacuum de informação que significa a morte por nossa própria ignorância. Tudo que nos resta é a internet, onde a informação é ainda livre ao acesso. De resto, se você quer trabalhar como jornalista, significa ficar sob a serventia de Putin. De outro modo, isso pode significar a morte, alvejado, envenado ou submetido a processos...”.
  • A morte do ex-agente da KGB, Alexander Litvinenko, Blowing Up Russia: Terror from Within, sobre atos de terror, abduções e contratos para mortes organizadas pelo Serviço de Segurança Federal russo, morto com uma “overdose” de radiação, que faleceu na Inglaterra. Litvinenko acusava Putin também por, pasmem, usar o atentado de Beslan como red flag, isto é, uma justificativa para ações contra a Chechênia.
  • Envenenamento por dioxina do presidente Ucraniano Viktor Yushchenko, que ficou desfigurado em 2004;
  • Assim como na era Soviética, a TV russa, sob controle estatal, tende a enfatizar o papel nefasto dos EUA no mundo --- marcando com isso posição contra um agente estrangeiro, para ganho político interno. Para difamar os EUA o Kremlin se vale até mesmo do aspecto útil das terias conspiratórias de Alex Jones para reforçar a idéia de que os EUA não são mais um país democrático.
A linha lógica do argumento anti-Sionista e contra o capitalismo mundial, adotado antes pela ex-URSS, parece ser levada mutatis mutandis por Putin como se esta jamais se tivesse alterado, para caluniar os Estados Unidos e (sempre de novo) apontar a falha das democracias ocidentais. O historiador Howard Sachar descreve o argumento dos Protocolos dos Sábios de Sião ressuscitado na Guerra dos Seis Dias, em 1967; coisa similar foi descrita pelo historiador Paul Johnson em A history of the Jews (pp. 575–576).
Não parece que realmente o argumento tenha morrido, apenas o conceito de “judeu” de outrora, ligado aos vícios que se lhes atribuíam, agora ganhou, com o mesmo conceito, outros nomes.
*
As coincidências comemoram
Mas não foi a primeira vez que uma coincidência com o massacre de Katyn ocorre. Setenta anos atrás, após a URSS negar envolvimento com Katyn, atribuindo a culpa aos nazistas, o então Primeiro Ministro Wladyslav Sikorski foi “chamado para uma investigação independente” do massacre. Quatro meses mais tarde, Sikorski e mais seis outros pereceram em um acidente de avião em Gibraltar. Como dá para ver, outra fatídica coincidência.
  • Em 2008, Kaczynski trabalhou duro para acertar com os Estados Unidos o sistema de mísseis de defesa em solos polonês. Pareceu à Rússia de Putin que a Polônia poderia ter que ser “disciplinada”;
  • Em 2009 o presidente Obama reverteu a decisão de instalar os mísseis U.S. Patriot no 70º aniversário da invasão russa à Polônia;
  • Em dezembro do mesmo ano, o Tupolev 154, de fabricação russa, que levaria Lech recebeu aval positivo da empresa russa que fazia a sua manutenção;
  • Em 2010, o presidente Obama assinou um acordo “histórico” com a Rússia para a redução do arsenal nucelar;
  • Menos de três dias mais tarde, em um esforço por melhorar as relações com a Rússia, o presidente polonês morreu em um acidente aéreo no mesmo Tupolev sob manutenção russa, exatamente na data de aniversário do massacre de Katyn, enquanto sobrevoava a mesma floresta.
Um incidente fortuito atrás do outro”, arremata Jeannie DeAngelis.
*
Assombrações da floresta de Katyn
No trecho final do discurso de Lech Kaczynski para a ocasião do 70º aniversário do massacre de Katyn, está:
Katyn foi um doloroso evento na história da Polônia, que envenenou as relações entre poloneses e russos por décadas. Deixemos Katyn finalmente sarar e cicatrizar. Estamos no rumo disso. Nós, poloneses, apreciamos o que os russos vêm fazendo nos últimos anos. Devemos seguir esse caminho que nos aproximou, não devemos voltar atrás.
Este foi o penúltimo parágrafo do discurso dessa data, mas o último parágrafo recolocou as coisas em um tom mais realista, e é onde russos e poloneses continuam exumando corpos:
Todas as circunstâncias do crime de Katyn devem ser investigadas e reveladas. É importante que as vítimas inocentes sejam oficialmente confirmadas e que todos os documentos do crime sejam abertos, para que as mentira de Katyn desapareça para sempre. É o que demandamos, antes de tudo, pela memória das vítimas e em respeito ao sofrimento de suas famílias. E também em nome de valores comuns, necessária para formar uma relação fundada na confiança e na camaradagem entre nações irmãs em toda a Europa.
A situação do discurso é de conciliação, mas as coincidências parecem dizer que os demônios de Katyn ainda não foram descobertos na floresta.
Assombrações são manifestações sobrenaturais que repetem sempre os mesmos itinerários, ou ocupam sempre os mesmos locais, repetindo movimentos ou aparições. Que tão nefastas coincidências se repitam com tanta sincronia, parece falar menos do sobrenatural do que de nossa incapacidade de acreditar que o inacreditável possa estar bem na nossa frente, do modo um tanto diáfano como nos aparece depois de tanto tempo, ou renovado, um pouco diferente.
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