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Demonologia é o estudo sistemático dos demônios. Quando envolve os estudo de textos bíblicos, é considerada um ramo da Teologia. Por geralmente se referir aos demônios descritos no Cristianismo, pode ser considerada um estudo de parte da hierarquia bíblica. Também não está diretamente relacionada ao culto aos demônios.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quem é Maria Madalena ?



Quem é Maria Madalena? A ligação errônea das passagens evangélicas que falam dela levou à identificá-la com a pecadora (prostituta?) que ungiu os pés de Jesus (Lc 7,36-50). E esse erro virou verdade de fé. O inconsciente coletivo guardou na memória a figura de Maria Madalena como mito de pecadora redimida. Fato considerado normal nas sociedades patriarcais antigas. A mulher era identificada com o sexo e ocasião de pecado por excelência.

Daí não ser nenhuma novidade a pecadora de Lucas ser prostituta e a prostituta ser Maria Madalena. Lc 8,2 cita nominalmente Maria Madalena e diz que dela “haviam saído sete demônios”. Ter demônios é o mesmo que ser acometido de uma doença grave, segundo o pensamento judaico. No cristianismo, o demônio foi associado ao pecado. No caso da mulher, o pecado era sempre o sexual. Nesse sentido, a confusão parece lógica.

Mas não o é, se levarmos em consideração o valor da liderança exercida por Maria Madalena entre os primeiros cristãos, bem como a predileção de Jesus por ela. Entre os discípulos judeus considerar Maria Madalena como prostituta significava também subestimar o valor da mulher enquanto liderança. Os padres da Igreja seguiram essa linha de pensamento.

 A liderança de Maria Madalena incomodava os apóstolos

Entre os primeiros cristãos havia disputas pela liderança. Havia o grupo de Pedro, o de Paulo, o de Tiago, e também o de Maria Madalena. O evangelho de Maria Madalena diz que ela recebe os ensinamentos do Mestre e os transmite, causando a irritação de Pedro, que diz: “Será possível que o Mestre tenha conversado assim com uma mulher?

Devemos mudar nossos hábitos e escutarmos todos essa mulher? Mas Levi repreende a Pedro dizendo: “Se o Mestre tornou-a digna, quem és tu para rejeitá-la? Arrependamo-nos!”, o que significa, unamos o masculino e o feminino dentro de nós e saiamos a anunciar o Evangelho segundo Maria Madalena. E assim termina o Evangelho de Maria Madalena.

Há também um tratado gnóstico chamado Pistis Sophia que nos mostra o quanto a liderança de Maria incomodava aos discípulos. Assim diz o texto: “Pedro precipitou-se adiante e disse a Jesus: “Meu Senhor, nós não podemos mais suportar esta mulher, pois nos tira a oportunidade; ela não deixou falar ninguém de nós, mas sempre ela a falar. Meu Senhor que as mulheres cessem afinal de perguntar, de modo que nós possamos também perguntar”.

E Maria Madalena também disse a Jesus: “Por isso, eu tenho medo de Pedro: ele costuma ameaçar-me e odeia o nosso sexo”. A opinião de Pedro em relação a Maria Madalena revela o quanto lhe incomodava o protagonismo de Maria Madalena, mulher, discípula e apóstola de Cristo.

Maria Madalena era a amada de Jesus e o beijava freqüentemente

O evangelho de Filipe nos traz uma informação não muito conhecida entre nós. Ele diz: “A companheira de Cristo é Maria Madalena. O Senhor amava Maria mais do que todos os discípulos e a beijava freqüentemente na boca. Os discípulos viram-no amando Maria e lhe disseram: Por que a amas mais que a todos nós?

O Salvador respondeu dizendo: ‘Como é possível que eu não vos ame tanto quanto a ela?” (Filipe 63, 34-64,5). E noutra parte diz: “Eram três que acompanhavam o Senhor: sua mãe Maria, a irmã dela, e Madalena, que é chamada de sua companheira. Com efeito, era “Maria” sua irmã, sua mãe e a sua esposa” (Filipe 32).

Com entender o beijo entre Jesus e Maria Madalena? É fácil! Basta remontarmos à cultura daquela época. O beijo em hebraico significa comunicar o espírito. Por isso é que dizemos que o beijo é, por excelência, o sacramento do amor. Maria Madalena recebia os ensinamentos do mestre.

Eles eram espíritos unidos pelo amor ao Reino de Deus. Podemos também compreender isso olhando a vida dos grandes místicos. Francisco e Clara de Assis viveram essa mesma experiência sublime de amor, na consagração de suas vidas.

Chamar Maria Madalena de mãe, amada e irmã significa dizer a mesma coisa em três modos diferentes. Eles representam a mulher (feminino) nos seus três estágios de vida: infância, procriação e menopausa. E todas essas dimensões, na relação com o homem (Jesus), revelam a união profunda entre os seres humanos. União sem divisão, sem dualidade. Por isso, Maria Madalena só poderia ter sido de Jesus mãe, irmã e esposa.

No evangelho de João encontramos a expressão “discípulo amado”. Esse evangelho tem parentesco próximo em sua teologia com o evangelho de Maria Madalena. João quase não entrou na lista dos canônicos. Não seria o evangelho de João fruto da comunidade de Maria Madalena? O discípulo amado do evangelho de João não seria Maria Madalena?

Ela, sim, recebe esse título nos apócrifos. E para que o seu evangelho fosse considerado canônico, o evangelho de Maria Madalena virou de João e, João, por conseguinte, o discípulo amado. Bom, há de se considerar também que o discípulo amado nem seja João.

 Para Maria Madalena, o “pecado não existe

O evangelho de Madalena afirma: “não há pecado, somos nós que fazemos existir o pecado quando agimos conforme os hábitos de nossa natureza adúltera” (pagina 7, 14-19). O ser humano nasce em estado de graça, sem pecado. São os condicionamentos da vida que criam situações de pecado. O pecado então passa a existir.

E vale lembrar que o pecado não é só moral, mas social e comunitário. Infelizmente a Igreja católica, no decorrer da sua história, enfocou muito o pecado moral, chegando a criar até listas de pecados, e muita gente viveu atrelada a essa idéia, sem conseguir se libertar. A confissão dos pecados fez e faz um bem para todos nós, mas a idéia que tudo é pecado, não.

A liberdade é já um estado de graça. Nem tudo é pecado, sobretudo no campo da moral. O evangelho de Maria Madalena nos ensina a buscar a harmonia interior e sem absolutismos. (texto do Frei Jacir de Freitas Faria, OFM )



 


 

O EVANGELHO DE MARIA MADALENA
Este Evangelho foi escrito provavelmente no século II. Foi através de um fragmento copta, que ele chegou até nós. O destaque fica para a estranha parábola que Jesus conta para Maria Madalena. Esta passagem ocorreu após sua crucificação.
FRAGMENTO DO EVANGELHO SEGUNDO MARIA MADALENA
Salvador disse: "Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça".
Pedro lhe disse: "Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso também: o que é o pecado do mundo?" Jesus disse: "Não há pecado ; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem." Em seguida disse: "Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque-as em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurais força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça."
Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: "A Paz esteja convosco. Recebei minha paz. Tomai cuidado para ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', Pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas".Após dizer tudo isto partiu.
Mas eles estavam profundamente tristes. E falavam: "Como vamos pregar aos gentios o Evangelho ao Reino do Filho do Homem? Se eles não o procuraram, vão poupar a nós?" Maria Madalena se levantou, cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: "Não vos lamentais nem sofrais, nem hesiteis, pois sua graça estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes, louvemos sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens". Após Maria ter dito isso, eles entregaram seus corações a Deus e começaram a conversar sobre as palavras do Salvador.
Pedro disse a Maria:"Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos."
Maria Madalena respondeu dizendo: " Esclarecerei a vós o que está oculto". E ela começou a falar essas palavras: "Eu", disse ela, "eu tive uma visão do Senhor e contei a Ele: 'Mestre, apareceste-me hoje numa visão'. Ele respondeu e me disse: 'Bem aventurada sejas, por não teres fraquejado ao me ver. Pois, onde está a mente há um tesouro'. Eu lhe disse: 'Mestre, aquele que tem uma visão vê com a alma ou como espírito?' Jesus respondeu e disse: "Não vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a consciência, que está entre ambos - assim é que tem a visão [...]".
E o desejo disse à alma: 'Não te vi descer, mas agora te vejo subir. Por que falas mentira, já que pertences a mim?' A alma respondeu e disse:'Eu te vi. Não me viste, nem me reconheceste. Usaste-me como acessório e não me reconheceste.' Depois de dizer isso, a alma foi embora, exultante de alegria. "De novo alcançou a terceira potência , chamada ignorância. A potência, inquiriu a alma dizendo: 'Onde vais? Estás aprisionada à maldade. Estás aprisionada, não julgues!' E a alma disse: ' Por que me julgaste apesar de eu não haver julgado? Eu estava aprisionada; no entanto, não aprisionei. Não fui reconhecida que o Todo se está desfazendo, tanto as coisas terrenas quanto as celestiais.' "Quando a alma venceu a terceira potência, subiu e viu a quarta potência, que assumiu sete formas. A primeira forma, trevas,; a segunda , desejo; a terceira, ignorância,; a quarta, é a comoção da morte; a quinta, é o reino da carne; a sexta, é a vã sabedoria da carne; a sétima, a sabedoria irada. Essas são as sete potências da ira. Elas perguntaram à alma: ´De onde vens, devoradoras de homens, ou onde vais, conquistadora do espaço?' A alma respondeu dizendo: ' O que me subjugava foi eliminado e o que me fazia voltar foi derrotado..., e meu desejo foi consumido e a ignorância morreu. Num mundo fui libertada de outro mundo; num tipo fui libertada de um tipo celestial e também dos grilhões do esquecimento, que são transitórios. Daqui em diante, alcançarei em silêncio o final do tempo propício, do reino eterno'." Depois de ter dito isso, Maria Madalena se calou, pois até aqui o Salvador lhe tinha falado.
Mas André respondeu e disse aos irmãos:"Dizei o que tendes para dizer sobre o que ela falou. Eu, de minha parte, não acredito que o Salvador tenha dito isso. Pois esses ensinamentos carregam idéias estranhas". Pedro respondeu e falou sobre as mesmas coisas. Ele os inquiriu sobre o Salvador:"Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós?" Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: "Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no mau coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?" Levi respondeu a Pedro: "Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí a ter amado mais do que a nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou."
Depois que Levi disse essas palavras, eles começaram a sair para anunciar e pregar.

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