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Demonologia é o estudo sistemático dos demônios. Quando envolve os estudo de textos bíblicos, é considerada um ramo da Teologia. Por geralmente se referir aos demônios descritos no Cristianismo, pode ser considerada um estudo de parte da hierarquia bíblica. Também não está diretamente relacionada ao culto aos demônios.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Arca de Noé

A Arca de Noé era, segundo a religião abraâmica, um grande navio construído por Noé, a mando de Deus, Ou Seres de outro Mundo, para salvar a si mesmo, sua família e um casal de cada espécie de animais do mundo, antes que viesse o Grande Dilúvio da Bíblia. A história é contada em Gênesis 6-12[1][2], assim como no Alcorão e em outras fontes.
Conforme a tradição bíblica, Deus decidiu destruir o mundo por causa da perversidade humana, mas poupou Noé, o único homem justo da Terra em sua geração, mandando-lhe construir uma arca para salvar sua família e representantes de todos os animais e aves. A certa altura, Deus interrompeu o Dilúvio, fazendo as águas recuarem e as terras secarem. A história termina com um pacto entre Deus e Noé, assim como com sua descendência.
Essa história tem sido amplamente discutida nas religiões abrâmicas, surgindo comentários que vão do prático (como Noé teria eliminado os resíduos animais?) ao alegórico (a arca representa a Igreja como salvadora da Humanidade em decadência). A partir do século I, vários detalhes da arca e da inundação foram examinados por estudiosos cristãos e judeus.
Mas, no século XIX, o desenvolvimento da Geologia e da Biogeografia tornaram difícil sustentar uma interpretação literal da história. A partir de então, os críticos da Bíblia mudaram sua atenção para a origem e os propósitos seculares da arca; no entanto, os intérpretes literais da Bíblia continuam a ver a história narrada como chave para sua compreensão da Bíblia e agora exploram a região das montanhas do Ararat, no nordeste da Turquia, onde a arca estaria descansando.
A história de Arca de Noé, de acordo com os capítulos 6 a 9 do livro do Gênesis, começa com Deus observando o mau comportamento da Humanidade e decidido a inundar a terra e destruir toda vida. Porém, Deus encontrou um bom homem, Noé, "um virtuoso homem, inocente entre o povo de seu tempo", e decidiu que este iria preceder uma nova linhagem do homem. Deus disse a Noé para fazer uma arca e levar com ele a esposa e seus filhos Shem, Ham e Japheth, e suas esposas. E, de todas as espécies de seres vivos existentes então, levar para a arca dois exemplares, macho e fêmea. A fim de fornecer seu sustento, disse para trazer e armazenar alimentos.
Obra O Dilúvio, Capela Sistina, de Michelangelo Buonarroti.
Noé, sua família e os animais entraram na arca e "passados 7 dias foram quebrados todos os fundamentos da grande profundidade e as janelas do céu foram abertas, e a chuva caiu sobre a terra por quarenta dias e quarenta noites". A inundação cobriu mesmo as mais altas montanhas por mais de seis metros (20 pés), e todas as criaturas morreram; apenas Noé e aqueles que com ele estavam sobre a arca ficaram vivos. A história do Dilúvio é considerada por vários estudiosos modernos como um sistema de dois contos ligeiramente diferentes, entrelaçados, daí a aparente incerteza quanto à duração da inundação (quarenta ou cento e cinquenta dias) e o número de animais colocados a bordo da arca (dois de cada espécie, ou sete pares de alguns tipos) . Em relação a inundação a Bíblia narra que choveu durante 40 dias e 40 noites, e que após isso parou de chover. Mas as águas permaneceram sobre a terra durante 150 dias. E depois disso Deus se lembrou de Noé e dos que estavam com ele na arca e fez passar um vento sobre a terra para baixar as águas. E em relação aos animais a Bíblia narra que foram 2 de cada espécie dos animais impuros, e 7 pares das espécies dos animais puros.

Eventualmente, a arca veio a descansar sobre o Monte Ararat. As águas começaram a diminuir e os topos das montanhas emergiram. Noé enviou um corvo, que "voou de um lado a outro até que as águas recuaram a partir da terra". Em seguida, Noé enviou uma pomba, mas ela retornou à arca sem ter encontrado nenhum lugar para pousar. Depois de mais sete dias, Noé novamente enviou a pomba e ela voltou com uma folha de oliva no seu bico e então ele soube que as águas tinham abrandado.
Noé esperou mais sete dias e enviou a pomba mais uma vez, e desta vez ela não retornou. Em seguida, ele e sua família e todos os animais saíram da arca e Noé fez um sacrifício a Deus, e Deus resolveu que nunca mais lançaria maldição à terra por causa do homem, nem iria destruí-la novamente dessa maneira.
A fim de se lembrar dessa promessa, Deus colocou o Arco da Aliança nas nuvens, dizendo: "Sempre que houver nuvens sobre a terra e o arco aparecer nas nuvens, eu me lembrarei da eterna aliança entre Deus e todos os seres vivos de todas as espécies sobre a terra".
A história da Arca de Noé foi objecto de muita discussão na posterior literatura rabínica. A falha de Noé em advertir outros sobre a inundação foi largamente vista como fonte de dúvidas sobre a sua bondade. Era ele o único virtuoso em uma geração má? De acordo com uma tradição, ele passou adiante a advertência de Deus, plantando cedros por cento e vinte anos antes do Dilúvio, a fim de que os pecadores pudessem ver e ser instados a alterar seu comportamento.
Construção da arca
A fim de proteger Noé e sua família, Deus colocou leões e outros animais ferozes a guardá-los contra os ímpios que escarneciam deles e causavam-lhes violência. De acordo com um midrash, foi Deus, não os anjos, que reuniu os animais para a arca, juntamente com os seus alimentos. Como havia necessidade de distinguir entre animais limpos e imundos, os animais limpos se deram a conhecer através do rebaixamento diante de Noé à medida que eles entravam na arca. Uma opinião diferente sustenta que a própria arca distinguia os puros de impuros, admitindo sete dos primeiros e dois dos segundos.
Noé se encarregou dia e noite da alimentação e dos cuidados para com os animais, e não teve sono pelo ano inteiro a bordo da arca. Os animais foram os melhores de suas espécies e assim comportavam-se com extrema bondade. Eles se abstiveram de procriação a fim de que o número de criaturas que desembarcassem fosse exactamente igual ao número que embarcou. O corvo criou problemas, recusando-se a sair quando a Arca de Noé enviou-o primeiro e acusou o Patriarca de querer destruir sua raça, mas, como os comentadores salientaram, Deus quis salvar o corvo para que os seus descendentes fossem destinados a alimentar o profeta Elias.
Os refugos foram armazenados no mais baixo dos três pavimentos, seres humanos e animais limpos sobre o segundo, e os pássaros e animais impuros no topo. Uma opinião diferente situou os refugos no pavimento mais alto, de modo que podiam ser jogados ao mar através de um alçapão. Pedras preciosas, brilhantes como meio-dia, providenciaram luz e Deus assegurou que os alimentos frescos fossem mantidos. O gigante Og, rei de Bashan, esteve entre os salvos, mas, devido a seu tamanho, teve que permanecer fora, passando-lhe Noé alimentos através de um buraco na parede da arca.
Na tradição cristã
Cedo no Cristianismo, escritores elaboraram significados alegóricos para Noé e a arca. Na primeira epístola de Pedro, aqueles salvos pela arca das águas da inundação eram vistos como os precursores da salvação através do batismo dos cristãos, e o rito do batismo anglicano ainda pede a Deus, "que de sua grande misericórdia salvou Noé", que receba na Igreja as crianças levadas para batismo. Artistas freqüentemente retrataram Noé de pé em uma pequena caixa sobre as ondas, simbolizando a salvação de Deus através da Igreja e sua perseverança através do tumulto, e Santo Agostinho de Hipona (354-430), na obra Cidade de Deus, demonstrou que as dimensões da arca correspondiam às dimensões do corpo humano, que é o corpo de Cristo, que é a Igreja. São Jerônimo (347-420) chamou o corvo, que foi enviado adiante e não retornou, de "chula ave de abominação" expulsa pelo batismo; enquanto a pomba e a folha de oliva vieram para simbolizar o Espírito Santo e a esperança de salvação e, eventualmente, de paz.
Santo Hipólito de Roma (235-), procurando demonstrar que "a arca era um símbolo de Cristo, que era esperado", declarou que a embarcação teve sua porta na parte oriental, que os ossos de Adão foram levados a bordo juntamente com ouro, mirra e resina, e que a arca foi lançada ao vaivém nas quatro direções sobre as águas, fazendo o sinal da cruz, antes de eventualmente parar no Monte Kardu, "a leste, na terra dos filhos de Raban, e os orientais chamaram-na de Monte Godash; os árabes e os persas chamaram-na de Ararat".
Em um plano mais prático, Hipólito explicou que a arca foi construída em três pavimentos, o mais baixo para os animais selvagens, o do meio para aves e animais domésticos e o nível mais alto para seres humanos, e que os animais machos foram separados das fêmeas por grandes estacas, para ajudar a manter a proibição contra a coabitação a bordo do navio. Do mesmo modo, Orígenes (182-251), respondendo a um crítico que duvidava de que a arca pudesse conter todos os animais do mundo, e seguindo uma discussão sobre cúbitos, sustentou que Moisés, o tradicional autor do livro do Gênesis, tinha sido ensinado no Egito e, por isso, utilizava (no texto bíblico) os cúbitos egípcios, que eram maiores. Ele também fixou a forma da arca como uma pirâmide truncada, retangular, em vez de quadrada em sua base, e afunilando-se em um quadrado na lateral; não foi até o século XII que se veio a pensar na arca como uma caixa retangular com um teto inclinado.
Na tradição islâmica
Noé (Nuh) é um dos cinco principais profetas do Islã, geralmente mencionado em conexão com o destino daqueles que se recusam a ouvir a Palavra. As referências estão espalhadas através do Alcorão, com a máxima consideração à surata 11:27-51, intitulada "Hud".
Em contraste com a tradição judaica, que usa um termo que pode ser traduzido como uma caixa ou um peito para descrever a arca, a surata 29:14 refere-se a ela como um safina, um navio ordinário, e a surata 54:13 cita-a como "uma coisa de tábuas e pregos". A surata 11:44 diz que ela foi parar no Monte Judi, identificado pela tradição como uma colina perto da cidade de Jazirat ibn Umar, na margem oriental do Tigre, na província de Mosul, no norte do Iraque.
Abd Allah ibn Abbas, contemporâneo de Maomé, escreveu que Noé estava em dúvida quanto a que forma dar a arca, e que Deus revelou-lhe que era para ser modelada como uma barriga de ave e feita com madeira de teca. Noé então plantou uma árvore, que em vinte anos havia crescido o suficiente para proporcionar-lhe toda a madeira de que ele necessitava.
Mosteiro de Khor Virap, Armênia, à sombra do Monte Ararat, onde a Arca de Noé supostamente encalhou após o Dilúvio.
O historiador persa Abu Ja'far Muhammad ibn Jarir al-Tabari, autor de História dos Profetas e Reis (915-), incluiu inúmeros detalhes sobre a Arca de Noé, não encontrados em nenhuma outra parte, por exemplo, ele diz que a primeira criatura a bordo foi a formiga e a última foi o burro, por meio dos quais Satanás veio a bordo. Ele também diz que quando os apóstolos de Jesus manifestaram o desejo de aprender sobre a arca de uma testemunha ocular, ele respondeu com uma ressurreição temporária de Ham, filho de Noé, dos mortos, que lhes disse mais: para lidar com o excessivo excremento, Noé criou milagrosamente um par de porcos, que saíram da cauda do elefante, e, para lidar com um rato clandestino, Noé criou um par de gatos a partir do nariz do leão.
Abu al-Hasan Ali ibn al-Husayn Masudi (956-) disse que o local onde ela veio a descansar poderia ser encontrado no seu tempo. Masudi também disse que a arca começou sua viagem em Kufa, no Iraque central, e rumou para Meca, onde ela marcou a Kaaba, antes de viajar finalmente para Judi. A surata 11:41 diz: "E ele disse, 'Ancore-a aqui; em nome de Deus ela se moverá e permanecerá!’". Abdallah ibn Umar al-Baidawi, escrevendo no século XIII, disse que Noé falava "Em Nome de Deus!" quando ele desejava que a Arca se movesse e o mesmo quando ele queria que ela permanecesse no lugar.
A inundação foi enviada por Deus em resposta à oração de Noé, que aquela geração má deveria ser destruída; mas, como Noé era justo, ele continuou a pregar e setenta idólatras foram convertidos e entraram na arca com ele, elevando o total para setenta e oito pessoas a bordo (estes acrescidos de oito membros da própria família de Noé). Os setenta não tiveram descendentes e todos os nascidos depois da inundação da Humanidade são descendentes dos três filhos de Noé. Um quarto filho (ou um neto, de acordo com alguns), Canaã, estava entre os idólatras e foi um dos afogados.
Baidawi deu o tamaho da arca em 300 cúbitos (157 m, 515 pés) de comprimento por 50 (26,2 m, 86 pés) de largura e 30 (15,7 m, 52 pés) de altura e explicou que, no primeiro dos três níveis, animais selvagens e domesticados foram acomodados, no segundo os seres humanos e no terceiro as aves. Em cada tábua havia o nome de um profeta. Faltavam três tábuas, simbolizando três profetas, elas foram trazidas do Egito por Og, filho de Anak, o único dos gigantes que teve permissão de sobreviver à inundação. O corpo de Adão foi colocado no meio para dividir os homens das mulheres.
Noé passou cinco ou seis meses a bordo da arca, no termo dos quais ele enviou um corvo. Mas o corvo parou para se regozijar em Carrion e, por isso, Noé amaldiçoou-o e enviou a pomba, que desde então tem sido conhecida como a amiga do homem. Masudi escreveu que Deus comandou a terra para absorver a água e algumas porções que foram lentas em obediência receberam água salgada como castigo, e por isso se tornaram secas e áridas. A água que não foi absorvida formou os mares, de modo que as águas da inundação ainda existem.
Noé deixou a arca aos dez dias do mês de Muharram, e ele e os seus familiares e companheiros construíram uma vila no sopé do monte Judi, chamado Thamanin ("oitenta"), a partir de seu número. Noé então bloqueou a arca e confiou as chaves a Shem. Yaqut al-Hamawi (1179-1229) mencionou uma mesquita construída por Noé, que poderia ser vista em seu tempo, e Ibn Batutta atravessou a montanha nas suas viagens, no século XIV. Modernos muçulmanos, embora geralmente não ativos na pesquisa da arca, acreditam que ela ainda existe no alto das encostas da montanha.
Em outras tradições
Os mandaeans, do sul do Iraque, praticam uma religião única, possivelmente influenciada em parte pelos seguidores iniciais de João Batista. Eles respeitam Noé como um profeta, embora rejeitem Abraão (e Jesus) como falsos profetas. Na versão dada em suas escrituras, a arca foi construída a partir de sândalo do Monte Hor e era de forma cúbica, com comprimento, largura e altura de 30 gama (o comprimento de um braço); o seu local de descanso final seria o Egito.
A religião dos yazidi, das montanhas Sinjar, no norte do Iraque, mistura crenças islâmicas e indígenas. De acordo com as sua Mishefa Reş, o Dilúvio não ocorreu uma vez, mas duas vezes. No Dilúvio original, sobreviveu um certo Na'umi, pai de Ham, cuja arca descansou em um lugar chamado Sifni Ain, na região de Mossul. Algum tempo depois veio a segunda inundação, sobre os yezidis apenas, na qual sobreviveu Noé, cujo navio foi trespassado por uma rocha, uma vez que flutuava sobre o Monte Sinjar, e depois passou à terra do Monte Judi como descrito na tradição islâmica.
Segundo a mitologia irlandesa, Noé teve um filho chamado Bith, que não foi autorizado a entrar na arca, e que em vez disso tentou colonizar a Irlanda com cinqüenta e quatro pessoas, as quais foram, então, todas aniquiladas no Dilúvio.
A Fé Bahá'í, uma mistura do Islamismo, Hinduísmo e outras religiões, criada no século XIX, respeita a arca e as inundações como figuras simbólicas. Na crença Bahá'í, apenas seguidores de Noé estavam espiritualmente vivos, e foram preservados na arca por causa de seus ensinamentos, enquanto os outros estavam mortos espiritualmente. A escritura Bahá'í Kitáb-i-Íqán subscreve a crença islâmica de que Noé tinha um grande número de companheiros, quarenta ou setenta e dois, além de sua família, na arca, e que ele ensinou por novecentos e cinqüenta anos (simbólicos) antes da inundação.
A Renascença viu uma especulação que poderia ter parecido familiar a Orígenes e Agostinho. Contudo, ao mesmo tempo, uma nova classe de escola surgiu, uma que, embora nunca questionasse a verdade literal da história da arca, começou a especular sobre o comportamento prático do Noé dentro de um navio, de um âmbito puramente naturalista. Assim, no século XV, Alfonso Tostada deu uma descrição pormenorizada da logística da arca e estabeleceu critérios para a eliminação de excrementos e a circulação de ar fresco; e o notável geômetra do século XVI, Johannes Buteo, calculou as dimensões interiores do navio, que permitissem salas para moedores de moinhos e fornos de fumo, um modelo amplamente adotado por outros comentadores.
Estátua em homenagem a Noé, em Veneza
No século XVII, era necessário conciliar a exploração do Novo Mundo e a maior consciência da distribuição global de espécies com a velha crença de que toda a vida teve origem a partir de um único ponto nas encostas do Monte Ararat. A resposta óbvia é que o homem se havia espalhado ao longo dos continentes após a destruição da Torre de Babel e levado animais com ele, ainda que alguns dos resultados parecessem peculiares: por que razão tinham os nativos da América do Norte levado cascavéis, mas não cavalos, perguntou Sir Thomas Browne, em 1646. "Como a América abundava de bestas e animais nocivos, mas não continha criaturas necessárias como um cavalo, é muito estranho".
Browne, que foi um dos primeiros a pôr em causa o conceito de geração espontânea, era um médico e cientista amador que fez essa observação de passagem. Estudiosos da Bíblia da época, como Justus Lipsius (1547-1606) e Atanásio Kircher (1601-80), também refizeram a história da arca sob uma análise rigorosa, na tentativa de harmonizar a história bíblica com o conhecimento histórico e natural. As hipóteses resultantes foram um importante impulso para o estudo da distribuição geográfica de plantas e animais, e indiretamente estimularam o surgimento da Biogeografia no século XVIII.
Historiadores naturais começaram a desenhar conexões entre os climas e os animais e plantas adaptados a eles. Uma influente teoria considerou que o bíblico Ararat tinha diferentes zonas climáticas e, como o clima mudou, os animais migraram e eventualmente, espalharam-se e repovoaram o planeta. Havia também o problema de um cada vez maior número de espécies conhecidas: para Kircher e anteriores historiadores naturais, havia pouco espaço para todas as espécies animais conhecidas na arca, e, no tempo em que John Ray (1627-1705) estava trabalhando, apenas várias décadas depois de Kircher, seu número tinha se expandido para além das proporções bíblicas. Incorporando todo o leque de diversidade animal na arca, a história foi se tornando cada vez mais difícil, e em 1700 poucos historiadores naturais poderiam justificar uma interpretação literal da narrativa da Arca de Noé.
A hipótese documentária
A narrativa bíblica da inundação, na qual aparece a Arca de Noé, parece ter sido sujeita a análise literária considerável. A narrativa é muitas vezes apresentada como um test-case para a hipótese documentária, que propõe que a narrativa da inundação era composta pela combinação de duas histórias independentes sobre o mesmo assunto. Essa hipótese ainda tem muitos seguidores nos círculos académicos, mas já não pode ser chamada uma posição consensual. Teorias alternativas sobre as origens do Pentateuco sustentam que a narrativa era o produto de uma lenta acumulação de blocos de material ao longo do tempo, ou o resultado de extensas edições e adições a um texto original. Existe um consenso geral de que a história da arca está incorporada dentro de um contexto sugestivo de influências editorais paralelas que continuam a ser chamadas de jeovaístas e sacerdotais. O desacordo continua sobre que passagens da narrativa pertencem a que fonte.
Escola bíblica e a arca no século vinte
A hipótese documentária ainda tem muitos seguidores nos círculos académicos, mas já não pode ser chamada de uma posição consensual. Teorias alternativas sobre origens do Pentateuco sustentam que a Tora e a narrativa da arca foram o produto de uma lenta acumulação de blocos de material ao longo do tempo, ou o resultado de extensas edições e adições a um texto original, mas há um acordo geral de que existem duas vertentes distintas na narrativa da arca história, que, independentemente de serem entendidas como documentos distintos, ou como uma seqüência de camadas editoriais ou acréscimos autorais, continuam a ser chamadas de jeovaístas e sacerdotais.
Uma boa parte da atenção acadêmica foi dada ao significado teológico da história da arca para os antigos autores. O respeitado estudioso evangélico Gordon Wenham fez notar a presença de uma elaborada palístrofe dentro da história: a narrativa tem duas metades, cada uma espelhando a outra, com a frase "E Deus lembrou-se de Noé" em seu centro: isso, de acordo com Wenham, identifica o seu núcleo teológico. Martin Norte identificou a arca história como o elemento central de uma unidade narrativa que ele chamou de história primal: esta retoma Genesis 1-11 e conta a história da criação da mundo, o surgimento do pecado, a decisão de Deus de destruir a sua primeira criação e começar de novo com Noé. O resto da história primal narra o novo crescimento do pecado depois de Noé, que culminou com a Torre de Babel.
As percepções de Wenham e Noht são largamente aceitas entre os estudiosos contemporâneos como a presença de uma forte vertente dos mitos mesopotâmicos em Gênesis 1.11 (a história da criação, a Torre de Babel e muitos elementos individuais dentro dessas histórias). Os sacredotes exilados do Templo de Jerusalém, confrontados com histórias sobre deuses babilônicos que criam e controlam o mundo (incluindo Atrahasis, as inundações e o mito da arca babilônica), reescreveram os mitos dos seus conquistadores para dar primazia a Javé e efetivamente negar o poder de babilônicos e das suas divindades. Tal como a arca deles, os navios de Atrahasis e Noé são modelados nos templos de suas respectivas culturas: as quatro faces de Atrahasis, as sete camadas do zigurate mesopotâmico, os sete céus da crença babilônica, os três pavimentos retangulares do Templo de Salomão e os três céus da crença hebraica.

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