sábado, 19 de fevereiro de 2011

os VAMPIROS


Para falar sobre vampiros é obrigatório falar daquele que originou o nome e a maneira de ser.
O Drácula do romance de Bram Stoker (aliás, o nome Drácula foi uma adaptação que Bram Stoker fez de Dracul) foi baseado em Vlad Tepes (pronuncia-se correctamente "tse-pesh"), que governou uma área dos Balcãs, em Valáquia, uma província da Transilvânia em meados do século 15. Ele era também de chamado de Vlad III ou Vlad Dracul, pois o seu pai Vlad II pertencia a uma ordem de cavaleiros chamada "Ordem do Dragão", destinada a defender a cristandade e o império contra o avanço turco otomano.
O seu emblema era um dragão de asas abertas em cima de uma cruz, daí o nome de "Dracul", dragão, mas que também significa "o filho do dragão" e por ironia as crenças locais dizem que também significaria "demónio", mas isso não está provado.
A palavra "Tepes" significa empalador e assim era, pelo costume que Vlad tinha de empalar as suas vitimas em estacas e mostrando as em publico para amedrontar os seus inimigos e avisar os transgressores do seu código moral. Está-lhe atribuído a morte de perto 100.00 pessoas através do empalamento.
E mais do que por qualquer coisa, o Drácula histórico é conhecido pela sua crueldade inumana, o empalamento era a o método de tortura e execução preferido de Vlad Tepes. É uma das mais horríveis formas de morrer pois é normalmente uma morte lenta e dolorosa. Vlad costumava usar um cavalo amarrado a cada uma das pernas das vitimas e um pau aguçado era forçado a entrar gradualmente no corpo do infeliz. A ponta da estaca era normalmente oleada e cuidada para que não fosse demasiado afiada, senão a vitima podia morrer demasiado depressa, normalmente a estaca era introduzida através do ânus e forçada pelo peso do corpo a surgir pela boca, em algumas ocasiões vitimas havia que eram empaladas por outros orifícios do corpo ou pelo abdómen ou peito. À registos de que por vezes as vitimas eram empaladas de cabeça para baixo. Vlad Tepes por vezes colocava as estacas num padrão geométrico. O mais comum era um anel de círculos concêntricos nos arredores de uma cidade que fosse o seu alvo, a altura da estaca onde estava a vitima indicava o seu estatuto e os corpos eram deixados assim por vezes durante meses houve uma altura em que um exercito invasor turco otomano fugiu ao encontrar milhares de corpos apodrecidos ainda nas estacas nas margens do Danúbio. Em 1461 Mohammed II, o conquistador de Constantinopla, um homem que não era reconhecido pelo seu "estômago fraco", regressou a Constantinopla depois de ficar "mal disposto" com a vista de mais de 20.000 turcos prisioneiros, empalados nos arredores da cidade de Tirgoviste. esta imagem terrível é lembrada na historia como "A floresta dos Empalados" .
Mas no entanto o empalamento não era o único método de tortura de Vlad. A lista era como se saída de algum livro do inferno, pregos pela cabeça, membros cortados, cegueiras, estrangulações, queimados vivos e tudo o que de pior de pudesse imaginar…
Ninguém passava despercebido à atenção de Vlad, incluindo mulheres e crianças, camponeses e mesmo nobres senhores e embaixadores, mas a grande maioria eram pessoas comuns das suas cidades na Valáquia.
Enquanto Vlad Tepes reinou, a ordem era absoluta, pois ninguém se atrevia a roubar ou a cometer outros crimes com medo de irem parar à estaca.
Segundo as lendas, Vlad Tepes gostava de comer rodeado de vítimas empaladas, ouvindo os seus gemidos moribundos e acompanhado de mortos. Um dia convidou uns pobres para comerem no seu castelo. No fim, ao vê-los satisfeitos, perguntou-lhes se podia fazer alguma coisa por eles. Os pobres, ao pensar que este os iria ajudar, pediram que ele os livrasse dos sofrimentos quotidianos. "Assim o seja", terá respondido Vlad. E mandou imediatamente fechar a sala de jantar e depois de abandonar o recinto, mandou pegar fogo e todos os que se encontravam lá dentro morreram queimados. Mais tarde Vlad justificou-se dizendo que apenas fizera aquilo que os pobres lhe tinham mandado fazer. Libertara-os dos sofrimentos deste mundo.
Também certo dia, quando uns embaixadores estrangeiros o vieram visitar, não tiraram o chapéu na sua presença. Este perguntou-lhes porque é que o não faziam. Os embaixadores disseram-lhe que não era costume deles tirar o chapéu na presença de alguém. "Muito bem. Cabe-me a obrigação de vos manter firmes aos vossos costumes." Disse Vlad, e mandou que lhes pregassem os chapéus à cabeça.
Um dia ao reparar que o seu nobre convidado para jantar tapava o nariz, por causa do cheiro, Vlad mandou empalá-lo numa estaca maior do que as outras. Dizendo-lhe depois assim: "Ora aí está o meu amigo num lugar onde o ar é mais puro e onde não tem de se preocupar com o cheiro destes corpos..."
Ainda noutra ocasião, enquanto passeava pelo campo reparou num camponês que tinha a camisa rasgada e foi-lhe perguntar se ele não tinha mulher, ao que este lhe respondeu que sim. Vlad pediu então para este o levar até ela. Quando chegou perguntou à mulher se ela era saudável e se as colheitas tinham sido boas. A mulher respondeu que sim. "Então não à nenhuma razão para o teu marido andar com a camisa rasgada." Disse-lhe Vlad. E em seguida empalou-a em plena praça pública como lição a todas as mulheres preguiçosas e que não se interessam pelo marido.
Embora com o parco sucesso em segurar os turcos os seu recursos não permitiam muito mais, os turcos finalmente conseguiram forçar Vlad a fugir para a Transilvânia em 1462. Conta-se que a sua primeira mulher matou-se de uma das torres do castelo para as águas do rio Arges ( daí a inspiração para o começo do romance de Bram Stoker).
As forças de Vlad voltaram à Valáquia vários anos depois mas um grande exército turco esperava por ele e assim ele foi forçado a enfrenta-los com pouco mais de 4000 homens. Vlad Tepes foi morto na batalha contra os turcos, diz-se que talvez tenha sido assassinado pelos seus, o facto é que os turcos apanharam o seu corpo e decapitaram a sua cabeça que foi enviada para Constantinopla e mostrada como prova de que o horrível empalador tinha morrido, o resto do corpo foi enterrado num mosteiro perto de Bucareste.
Diz-se que, nos anos 30, já no século 20, numa busca ao tumulo de Vlad Tepes, nesse mesmo mosteiro, foram encontrados apenas ossos de um animal...
Outro dos grandes vampiros da antiguidade era a condessa de Bathory, Erzsébet Bathory, nasceu em meados do seculo XVI e era prima de Vlad Dracul, a condessa de Bathory, nobre austro-húngara, vivia na crueldade e na luxúria. No brasão, os Bathory tinham também o símbolo do Dragão. Erzsébet Bathory casou aos 15 anos e habitou o castelo de Csejthe, a nordeste da Hungria. Aos 20 anos, fechou-se em quase completa reclusão e dedicou-se à bruxaria.
Diz-se que certo dia a condessa, envelhecendo, estava a ser penteada por uma jovem criada, quando a criada acidentalmente puxou os seus cabelos. Erzsébet virou -se para ela e espancou-a. O sangue espirrou e algumas gotas ficaram na mão da condessa. Ao esfregar o sangue nas mãos, estas pareciam tomar as formas joviais da moça. Foi a partir deste incidente que Erzsébet desenvolveu a sua reputação de desejar o sangue de jovens virgens.

No seu delírio, os banhos de sangue impediriam o envelhecimento do corpo. Por isso, durante 10 anos, ordenou que fossem degoladas uma centena de raparigas camponesas que eram mandadas de propósito ao castelo.
Nos anos que se seguiram após a morte do marido, Erzsébet continuou a sua depravação e assassínios.
Em 1610, começaram as investigações sobre os crimes da condessa. Na verdade, teria sido mais por motivos políticos (O Conde Nadasdy, o marido da condessa, havia emprestado dinheiro ao Rei e este queria ver-se livre de tal empréstimo confiscando o latifúndio da Condessa). Com isso, em Dezembro de 1610, A condessa Erzsébet Bathory foi presa e julgada alguns dias depois,
os comentários da época, diziam que ela mantinha uma aparência jovem "de origem diabólica"... Em Janeiro de 1611, foi apresentada como prova, uma agenda contendo os nomes de todas as vítimas da condessa, registrados com a sua própria letra e depois de confessar, com frieza e arrogância, tudo o que fizera, Erzsébet foi emparedada no seu quarto e reduzida a pão e água até à sua morte, em 1614. No total foram 650 as suas vítimas.
No seu diário constam diversas torturas que Erzsébet fazia ás suas vitimas, entre as quais, enterrava agulhas na carne e sob as unhas das suas criadas. Punha também moedas e chaves aquecidas ao rubro nas mãos das torturadas, ou então, usava um ferro para marcar o rosto das empregadas insolentes. Também costumava atirar raparigas na neve, enquanto que água fria era atirada sobre elas até que morressem congeladas, costumava também levar raparigas nuas e o seu corpo esfregado com mel para o mato e a pobre permanecia por vezes mais de 24 horas ao ar livre, de modo a que pudesse ser picada por mosquitos, abelhas e outros insectos e animais. Ela chegou mesmo a atear fogo aos pelos púbicos de uma de suas empregadas.
Uma vez, abriu a boca de uma criada até que seus cantos se rasgassem...
Nem Vlad Tepes nem a condessa de Bathory eram vampiros, na concepção que hoje temos do vampiro, eles não bebiam o sangue das suas vitimas, Vlad era um assassino sádico e Erzsébet matava cruelmente pela convicção de que o sangue a manteria eternamente jovem portanto podes se dizer que o vampirismo, tal como o conhecemos hoje, assenta não em um mas em dois mitos.
Obviamente o mais recente, é o mito do vampiro transmitido por Hollywood. No cinema, apesar das mais repugnantes e cruéis personagens que o vampiro já assumiu, o "vampirismo moderno" tem-se inclinado, paradoxalmente, para o culto do vampiro do século XIX, galã, sedutor, sinistro, mas envolto numa aura de inconfundível romantismo. Esqueçamos esse vampiro que todos nós conhecemos e falemos no verdadeiro vampiro, aquele em que se baseia o segundo mito, o mito original e mais tenebroso. O vampirismo sempre foi um culto da noite cuja divindade central é o vampiro. Este cultiva a sua personalidade demoníaca, ama o seu próprio corpo e tenta, por todos os meios, evitar a sua desintegração depois da morte. Propõe o contrário da espiritualidade, evitando a decomposição do corpo físico e mantendo vivos os instintos e os impulsos selvagens do homem. É o oposto às espiritualidades libertadoras que partem as amarras e comunicam ao homem o sentimento de eternidade, a união com Deus. O vampiro pretende obter uma eternidade fictícia, uma espécie de estado letárgico intermediário.
Pela tradição, só o "corpo espiritual" do morto tem o poder de agir para além da morte. O corpo nunca sai do túmulo. É a energia do defunto que se manifesta depois da extinção das funções vitais. Daí que seria necessário espetar uma estaca aguçada no peito do vampiro para destruir esse "corpo espiritual".
Por volta dos anos 80, talvez se tenha descoberto um possível fundamento para as lendas dos vampiros. Trata-se da "porfíria", uma doença extremamente rara. Uma das suas variantes, ainda mais rara, produz nos doentes características "vampíricas", tais com os dentes pontiagudos, excesso de cabelo, hipersensibilidade à luz e carência de sangue. Até 1991, apenas foram registados 60 casos desta forma de "porfíria". A porfíria não é mais do que uma doença do sangue, genética e hereditária, que provoca uma desfiguração no paciente. Existe uma hipersensibilidade ao sol e à luz porque os raios ultravioleta transformam o "hema" (o componente do sangue que o torna vermelho) numa toxina que enfraquece os músculos. É sobejamente conhecido entre a comunidade científica que esta doença poderá ter estado na origem do mito do vampiro.
Outros sintomas da porfíria são o enegrecimento ou empalidecimento da pele, que passa a gretar quando exposta ao sol, crescimento anormal de pêlos nas feridas, queimaduras nos lábios que provocam a diminuição do seu contorno e fazem sobressair os dentes e, em alguns casos, a desintegração dos dedos, o que poderá dar às mãos o aspecto de patas de animal. Algumas variantes da porfíria podem provocar insanidade mental, alucinações e muita dor. Na sua aflição, os pacientes poderiam ter bebido sangue de animais numa tentativa de aliviar o sofrimento.
Perante um quadro de sintomas como estes, não admira que as mentalidades supersticiosas séculos XVI e XVII tivessem levado juízes e clérigos a condenar e executar doentes de porfíria por serem vampiros, nomeadamente na Roménia e Hungria. Mas, de facto, esta doença também explica a lenda de que os vampiros só saem à noite e têm aversão ao alho. É mais do que natural que as antigas vítimas de porfíria se escondessem do sol, ou até podendo mesmo refugiar-se dentro de caixões durante o dia, uma vez que a pele destes doentes é extremamente sensível à luz. A aversão ao alho explica-se por este estimular a criação de toxinas no sangue. Quanto ao medo da cruz, lendariamente atribuído aos vampiros, é muito provável que as vítimas de porfíria temessem o crucifixo, pois ele era usado pelos inquisidores do clero que as perseguiam.

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