terça-feira, 24 de maio de 2011

O Santo Sudário é autêntico?

Manto que teria coberto o corpo de Jesus já foi estudado inúmeras vezes. Embora os testes apontem para uma falsificação, ninguém é capaz de dizer como a imagem de Cristo foi parar lá.

por Tatiana Achcar e Maria Fernanda Almeida

Um tecido surrado, estreito e comprido que, entre manchas envelhecidas de sangue e de tecido queimado, forma a figura de um homem barbudo e despido de 1,83 metro de altura. A coroa de espinhos tem forma de capacete, nas costas vêem-se as marcas de 39 chicotadas, os olhos estão cobertos por moedas do Império Romano. Para os fiéis, não há dúvida: é Jesus Cristo, que foi enterrado na mortalha, deixada na tumba quando ele ascendeu ao céu. Para os não-crentes, resta muita polêmica em torno da autenticidade da maior relíquia do catolicismo. Seria o Santo Sudário o símbolo verdadeiro da paixão e ressurreição de Cristo ou uma farsa genial?
Um dos primeiros documentos que mencionam o sudário, a carta enviada pelo bispo francês Pierre d’Arcis ao papa Urbano VI em 1389, conta que o linho foi pintado a pena. Por quase 500 anos, foi consenso que o sudário não passava de fraude.
Em 1898, a imagem nítida do corpo estampado da relíquia que surgia espantosamente no negativo do fotógrafo italiano Secondo Pia voltou a levantar polêmica. Em 1978, a Igreja submeteu seu tesouro ao teste que denunciaria sua idade, a prova do carbono 14 – realizada pela Universidade de Oxford, pelo Instituto Politécnico de Zurique e pela Universidade do Arizona. O resultado não deixava dúvidas: o linho foi feito entre 1260 e 1390. Não fosse o calor de incêndios e fervuras que o manto passou em três ocasiões, o teste do carbono 14 encerraria a questão. Mas temperaturas elevadas afetariam a precisão do teste do carbono 14 em 600 anos, como afirmaram físicos da Universidade Harvard. Para os defensores da sua autenticidade, a descoberta de polens típicos da Palestina pode ter atrapalhado o exame do carbono 14. Por isso é que muitos querem um novo exame.
Para o físico inglês Toddy Hall, da Oxford, o pano não tem a mais remota chance de ser da época de Cristo. “É uma criação muito bem elaborada ou um pano usado num funeral da Idade Média”. Se for uma farsa medieval, como indica o teste da idade, ela foi perfeitamente calculada. Estudos mostram que as marcas de chagas estão na altura dos pulsos – se os cravos estivessem na palma das mãos, como nos quadros que retratam a crucificação, a carne se rasgaria. Os testes detectaram também a presença de substâncias invisíveis a olho nu secretadas pelas feridas, além de líquido pleural. São detalhes anatômicos e fisiológicos que, aparentemente, ninguém conhecia no século 13.

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