sábado, 7 de maio de 2011

Regressão a Vidas Passadas

A regressão a vidas passadas tem como pressuposto a crença na reencarnação, pedra angular de religiões orientais, tais como o Hinduísmo, Budismo e Jainismo.

Em várias regiões e culturas a natureza da crença na reencarnação diverge em muitos aspectos. Afinal, a alma entra num outro corpo logo após a morte, ou há um intervalo entre encarnações? A pessoa sempre reencarna como humano? Ou pode progredir a sobrehumano, ou regredir a animal? Quantas vezes, em média, a pessoa reencarna até se libertar do ciclo de reencarnações: umas poucas, algumas centenas ou 840.000 como acreditam os indianos? Há muitas controvérsias ...

A técnica de regressão a vidas passadas foi descoberta em 1893 por Albert de Rochas quando fazia experimentos com magnetismo e hipnose, em Paris. Seu livro "Les Vies Successives" publicado em 1911 é o primeiro sobre o assunto.

Em 1952 Morey Bernstein hipnotizou Virginia Tighe e ela começou a falar com sotaque irlandês afirmando chamar-se Bridey Murphy, uma mulher do século 19 de Cork, Irlanda. Nas muitas sessões de regressão hipnótica que se seguiram Bridey cantava canções e contava histórias típicas irlandesas. O livro de Bernstein "The Search for Bridey Murphy" virou um best-seller mundial traduzido em dezenas de línguas. Também foram comercializadas em larga escala as gravações das sessões de regressão hipnótica.

Alguns jornais enviaram repórteres à Irlanda para investigar. Teria existido uma ruiva chamada Bridey Murphy na Irlanda do século 19? Nada de concreto se encontrou, porém a equipe do jornal "Chicago American" achou uma tal Bridie Murphey Corkell que viveu em pleno século 20 numa casa do outro lado da rua, em frente à residência onde Viginia Tighe passou sua infância. Os fatos relatados por Virginia sob transe hipnótico não eram memórias de uma vida anterior mas sim memórias da sua tenra infância.

Confabulação e criptamnésia são os nomes científicos desses processos ocultos da mente. Na confabulação um fato é substituído inconscientemente por uma fantasia. Uma confabulação pode se basear parcialmente em fatos ou pode ser uma construção completa da imaginação. Criptamnésia é o termo usado para explicar a origem das experiências que as pessoas acreditam ser originais mas que na realidade se baseiam em memórias de eventos já esquecidos.

Tudo leva a crer que a maioria das regressões a vidas passadas são confabulações alimentadas pela criptamnésia. Como vimos anteriormente, as lembranças de Virginia Tighe obtidas pela hipnose relativas a Bridey Murphy de Cork, Irlanda (Bridie Murphey Corkell), se não deliberadamente fraudulentas são lembranças de eventos que lhe aconteceram na sua infância e que ela já havia esquecido.

O lado mundano da regressão a vidas passadas tem se revelado um ótimo negócio para ganhar dinheiro na venda de livros (Shirley MacLaine, Dr. Brian Weiss) e conduzir consultórios de TVP (Terapia de Vida Passada). Para desbloquear traumas adquiridos ao longo de várias vidas passadas há que se fazer um bom número de sessões de terapia, o que é financeiramente vantajoso para o psicólogo que as conduz.

Infelizmente o lado científico da questão é francamente desanimador. Não existe uma única investigação científica que tenha validado, sem deixar margem de dúvida, relatos de regressão a vidas passadas. Os melhores trabalhos nesta área são de Ian Stevenson, um parapsicólogo sério e bem conceituado, que investigou extensivamente casos de crianças asiáticas que pareciam recordar muitos detalhes de sua última encarnação. Porém mesmo esses estudos de Stevenson ao passarem por análise minuciosa revelam sérias inconsistências internas que os colocam em dúvida.

Para encerrar a questão, e parodiando a célebre frase de Winston Churchill, poderia dizer-se que, no caso da regressão a vidas passadas, "nunca tantos acreditaram em tanto bagulho criado por tão poucos!..."

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