domingo, 9 de setembro de 2012

Priorado de Sião

O Priorado de Sião (em francês:Prieuré de Sion) é um grupo de variadas sociedades tanto verídicas como falsas, das quais se destaca uma sociedade fraternal francesa fundada em 1956 por Pierre Plantard.
De acordo com as divulgações de Pierre Plantard recolhidas pelos autores anglo-saxónicos Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh e publicadas na obra The Holy Blood and the Holy Grail em 1982, o Priorado de Sião seria uma sociedade secreta fundada em Jerusalém no ano de 1099 e que jurara proteger um segredo acerca do Santo Graal, entendido por estes autores como uma hipotética descendência humana de Jesus Cristo.
O Priorado de Sião se tornou assunto de controvérsia histórica e religiosa durante as décadas de 1960 e 1980. Durante o período de 1980 foi alegado pelo próprio Plantard que o Priorado não passava de uma conspiração com o objetivo de restaurar a monarquia francesa, porém muitos teólogos e historiadores persistem em crer que há um segredo sob o Santo Graal que envolve o Priorado.
 Suposto emblema oficial do Priorado de Sião que é parcialmente baseado na flor-de-lis, que era um símbolo particularmente associado à monarquia francesa.

O Priorado de Sião foi fundado oficialmente como uma associação francesa em 20 de julho de 1956 na vila de Annemasse.[3]. O pedido de autorização de constituição foi efetuado em 7 de Maio de 1956, na Sub-Prefeitura de Polícia de Saint-Julien-en-Genevois (Alta Sabóia), mediante uma carta assinada pelos quatro fundadores: Pierre Plantard (1920-2000), André Bonhomme, Jean Deleaval e Armand Defago.
A sede social estava estabelecida na casa de Plantard em Annemasse. O texto de constituição, conforme consta no Journal Officiel, número 167, segundo Pierre Jarnac, é o seguinte: "25 juin 1956. Déclaration à la sous-préfecture de Saint-Julien-en-Genevois. Prieuré de Sion. But: études et entr'aide des membres. Siège social: Sous-Cassan, Annemasse (Haute-Savoie)."
A escolha do nome faz referência a uma região da cidade Annemasse denominada Mont Sion, onde os fundadores se reuniam frequentemente. A sociedade também fazia uso da sigla CIRCUIT que significa em francês Chevalerie d'Instituições Règles et Catholiques d'Union Independente et Traditionaliste (Cavalaria da Instituição e Regra Católica e de União Independente Tradicionalista).[4]
Segundo os estatutos do Priorado de Sião os principais objetivos desta sociedade eram:
"La constitution d'un ordre catholique, destiné à restituer sous une forme moderne, en lui conservant sont caractère traditionaliste, l'antique chevalier, qui fut, par son action, la promotrice d'un idéal hautement moralisateur et élément d'une amélioration constante des règles de vie de la personnalité humaine"[5]
"A constituição de uma ordem católica, destinada a restituir numa forma moderna, conservando o seu carácter tradicionalista, o antigo cavaleiro, que foi, pela sua acção, a promotora de um ideal altamente moralizante e elemento de um melhoramento constante das regras de vida da personalidade humana".
Outros estatutos do Priorado também incluem a prestação de serviços de apoio ao Catolicismo Francês e até mesmo os membros fundadores da sociedade se auto-proclamavam aliados da Igreja Católica e descreviam o Priorado como uma autêntica sociedade Católica.
O Priorado foi oficialmente dissolvido em Outubro de 1956, porém revivido por Plantard entre 1961 e 1963. O Priorado de Sião é considerado oficialmente extinto pelas autoridades francesas já que não apresenta atividade perceptível desde a década de 1950. Segundo a Lei Francesa ninguém detém direitos legais sobre o Priorado de Sião e com o falecer de Plantard em 2000, nenhum cidadão francês possui direitos sobre o nome e estatuto do Priorado.
 A flor-de-lis retratada no brasão de armas do Papa Paulo VI  
De acordo com Pierre Plantard, o principal fundador do Priorado de Sião, esta sociedade teria contado entre os seus membros um grande número de personagens da história parcialmente ligadas ao ocultismo, às artes e às ciências. Dentre estes possíveis membros estão Nicolas Flamel, Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Claude Debussy, Botticelli, Victor Hugo, Charles Nodier, Jean Cocteau e outros.
Segundo Plantard, o Priorado era a organização que influenciara de forma oculta outras sociedades como a Ordem dos Templários, a Ordem de Rosacruz e até mesmo os Maçons. De acordo com Lincoln, Baigent e Leigh, o Santo Graal seria o "sangue real" de Cristo (os autores sugerem como hipótese que a expressão "Saint Graal" seja lida como "sang real"), ou seja, a linhagem dos seus hipotéticos descendentes.
É frequente ver-se referida a obra de Thomas Malory (1405-1471),[7] como uma prova de que certos autores medievais teriam usado a expressão sangreal no sentido de "sangue real". Neste romance sobre o Graal figura em abundância a expressão sangreal, mas também surge por vezes a expressão saynt greal. Deste modo, fica claro que Malory concatena por vezes as palavras saynt e greal para construir a expressão sangreal, sempre com o significado de "Santo Graal". A decomposição de sangreal em duas palavras distintas, sang e real, é uma invenção recente dos autores Lincoln, Baigent e Leigh, para tentar obter crédito para as suas teorias acerca de uma descendência de Jesus Cristo.
Nas temáticas do Priorado, majoritariamente compostas por Plantard e pelo seu amigo Phillipe de Chérisey (1925-1985) durante os anos 1960 e 1970, encontram-se também envolvidos outros temas e personagens históricos como a simbologia alquímica, o caso Gisors[8] o padre Bérenger Saunière e a lenda do tesouro de Rennes-le-Château, os pintores Nicolas Poussin (1594-1665) e David Teniers (filho) (1610-1690), o cruzado Godofredo de Bulhão (1058-1100), o Papa João XXIII (1881-1963) e outros. Essencial na divulgação destas temáticas junto do grande público foi o jornalista Gérard de Sède (1921-2004), sobretudo através das suas obras Les templiers sont parmi nous (1962) e L'or de Rennes[9] (1967).
No que diz respeito ao padre Bérenger Saunière e à lenda do tesouro de Rennes-le-Château, Plantard e Chérisey inspiraram-se na versão romanceada da vida do padre que fora criada por Noël Corbu a partir de 1953, ano em que este inaugurou o Hôtel de la Tour em Rennes-le-Château, no edifício que Saunière chamara de Villa Béthanie[10].
Chérisey iria compor, nos anos sessenta, dois famosos "pergaminhos" codificados. Estes pergaminhos serviriam, juntamente com uma resenha de documentos forjados (que inclui os famosos Dossiês Secretos) depositada na Biblioteca Nacional de Paris entre 1964 e 1977, para tentar legitimar Plantard como descendente merovíngio e herdeiro do trono de França. Juntamente com Plantard, Chérisey inspirara-se na lenda criada por Noël Corbu de que Saunière descobrira um tesouro com a ajuda de pergaminhos codificados que teriam sido encontrados na igreja de Santa Maria Madalena em Rennes-le-Château, no final do século XIX.
O mistério de Rennes-le-Château, publicitado inicialmente por Noël Corbu como um fabuloso tesouro para permitir a rentabilização turística do seu Hôtel de la Tour, passaria assim, sob a égide de Plantard e Chérisey, para uma nova fase na qual o carácter monetário de um hipotético tesouro seria desprezado e o carácter secretivo dos pergaminhos codificados surgiria como o verdadeiro mistério a descobrir. Plantard e Chérisey, com a ajuda de Gérard de Sède (durante um tempo, os três foram sócios na partilha dos lucros das vendas dos livros deste último), tudo fariam para adulterar a verdade histórica acerca da vida do padre Saunière, de forma a transformá-lo num ocultista e num esoterista, por outras palavras, numa pessoa influente nas sociedades secretas e no ocultismo francês, chegando a ser inventada uma fantasiosa viagem de Saunière a Paris, na qual o padre teria levado os ditos pergaminhos codificados para serem interpretados pelo erudito Emile Hoffet.
O historiador local René Descadeillas (1909-1986) é o autor da primeira obra historiográfica sobre as mistificações em torno de Rennes-le-Château, Mythologie du trésor de Rennes (1974). De forma clara, o autor explica como Gérard de Sède e Pierre Plantard começaram a montar o "dossiê" Rennes-le-Château, composto sobretudo de recortes e colagens que misturavam pessoas e factos reais com ficção e fantasia:
"Em 1965, apareceu na região uma personagem que não estávamos acostumados a encontrar. Era um jornalista, o senhor de Sède. Ele vinha de Paris. Era conhecido por ter, dois anos mais cedo, publicado na editora Julliard um livro, «Les Templiers Sont Parmi Nous», onde ele se tinha esforçado por demonstrar que os Templários, prevendo a interdição da sua ordem, teriam escondido os seus imensos bens no castelo de Gisors, no Vexin. Numa tarde de Março de 1966, ele chegou a Carcassonne depois de uma paragem em Villarzel-du-Razès onde lhe teriam negado, dizia ele, o acesso à biblioteca do falecido padre Courtauly. De que vinha ele à procura? Segundo ele, o padre Courtauly, falecido em 1964, possuía obras raras, nomeadamente uma obra de Stüblein, «Pierres gravées du Languedoc» , indispensável a quem quer que tentasse penetrar no mistério de Rennes. Uma olhada na «Bibliographie de l'Aude», do padre Sabarthès: a obra em questão não figurava nem sob a assinatura de Stüblein, nem sob qualquer outra. Que livro seria este? O senhor de Sède possuía também fotocópias de dois documentos estranhos pela sua disposição e pela sua grafia: eram reproduções dos «pergaminhos» descobertos pelo padre Saunière aquando da demolição do altar-mor da sua igreja. Onde teria ele obtido os originais? Outro segredo. Aparentemente, o autor desta série de disparates tinha tentado imitar uma escrita da Idade Média. Mas a contrafacção era tão grosseira e tão inapropriada que um estudante de primeiro ano não a teria aceite sem exame. Foram submetidos à perspicácia do arquivista departamental cuja opinião foi prontamente sabida. O senhor de Sède procurava ainda duas publicações recentes: MÉTRAUX Maurice, «Les Blanquefort et les origines vikings, dites normandes, de la Guyenne sous la Féodalité», Bordéus, Imp. Samie, 21, Rue Teulère, 1964, brochura de 24 páginas com gravuras, e LOBINEAU Henry, «Généalogie des rois mérovingiens et origine des diverses familles françaises et étrangères de souche mérovingienne, d'après l'abbé Pichon, le docteur Hervé et les parchemins de l'abbé Saunière, de Rennes-le-Château (Aude)», in-fólio de 45 páginas, ilustrações a cores, esgotado, multigrafado, Genève, edição do autor, 22, Place du Mollard."[11]
Descadeillas, após algumas indagações, conseguiu obter uma informação valiosa sobre estas obras: tanto a de Métraux como a de Lobineau figuravam no Catálogo Geral da Biblioteca Francesa[12]. A obra do pseudo-Lobineau figurava neste catálogo porque foi depositada na Biblioteca Nacional por Pierre Plantard a 18 de Janeiro de 1964. Não satisfeito, Descadeillas pediu mais informações sobre a obra de Lobineau à Biblioteca Universitária de Genebra, bem com à Biblioteca Municipal da cidade: nem um sinal de uma obra com este título por Lobineau. A obra de Métraux, por outro lado, era bem real, mas era sobre a cidade Suíça de Blanquefort, e não tinha nada a ver com Rennes-le-Château. Faltava ainda determinar a origem da obra atribuída a Stüblein, Pierres gravées du Languedoc, que teria pertencido a um tal padre Courtauly, falecido em 1964. Vejamos o que diz Descadeillas:
"Faltava o «Pierres gravées du Languedoc», por Stüblein, do qual os papéis Lobineau nos davam um aperitivo. A obra permaneceu impossível de encontrar. Não voltámos a pensar no assunto e possivelmente nos teríamos esquecido dela se, no início de Setembro de 1966, o padre de Rennes-les-Bains não tivesse recebido de Paris, em sobrescrito lacrado, de um «termalista desconhecido», uma pequena brochura contendo fotocópias de gravuras parecidas às que figuravam no Lobineau com, à guisa de prefácio, algumas palavras do padre Courtauly . Este declarava em resumo «com o objectivo de ser útil aos pesquisadores» ter extraído da obra de Stüblein as gravuras que diziam respeito a Rennes-le-Château e a Rennes-les-Bains. A estranheza desta brochura, a sua total falta de autenticidade, os propósitos atribuídos ao padre defunto e incapaz de protestar, reforçaram ainda mais a suspeição que tínhamos sobre esta literatura. (...) As «Pierres gravées du Languedoc» são então um mito e, não hesitamos em afirmá-lo, a pequena brochura de extractos fotocopiados imputada ao padre Courtauly que nunca se interessou por arqueologia, é uma falsificação. Como são falsas as reproduções que ela contém: pedras ou lajes contendo sinais cabalísticos, a cabeça esculpida do presbitério de Rennes-les-Bains travestida em Dagoberto, os quadrados mágicos ou ditos mágicos e «tutti quanti». Mas porquê utilizar o nome do padre Courtauly? Porquê escolher este padre de preferência a outro qualquer? Porquê misturá-lo nestas efabulações, neste esoterismo primário? Prestar-se-ia a uma exploração ultrajosa dos seus feitos e gestos? Nada que se pareça: o padre Courtauly permaneceu toda a sua vida o bom e modesto padre de aldeia que ele sempre quis ser, não tendo outra preocupação senão as suas «ovelhas» e as suas homilias dominicais."[13]
As interrogações de Descadeillas são pertinentes. De onde surgira o interesse de Plantard pelo padre Joseph Courtauly (1890-1964)? O historiador de Carcassonne levanta, finalmente, a ponta do véu, ao falar sobre as “expedições culturais” de Plantard ao Languedoc, altura em que este teria conhecido o padre Courtauly nas termas de Rennes-les-Bains:
"Como teria este bom e velho padre acabado por ter o seu nome associado a estas efabulações aberrantes? Por que surpreendente concurso de circunstâncias? Ainda nos perguntaríamos se não tivéssemos sabido que nos seus últimos anos de vida, quando estava a banhos em Rennes-les-Bains, ele encontrava frequentemente uma curiosa personagem que começava a ser costume ver por estas paragens desde o final dos anos cinquenta. Ele morava em Paris. Não tinha ligações à região nem relações conhecidas. Era um indivíduo difícil de definir, apagado, secreto, cauteloso, não desprovido de uma eloquência que aqueles que o interpelaram diziam ser imbatível. Ele não seguia um tratamento médico regular. Assim questionava-se sobre as razões das suas aparições repetidas, porque ele vinha mesmo no Inverno. Igualmente, conjecturava-se sobre o interesse que despertavam nele as curiosidades naturais ou arqueológicas, porque não se tratava de um intelectual. Ele intrigava as gentes pela estranheza das suas atitudes: ele ia, calcorreando a região, inquirindo sobre a origem das propriedades, deitando de preferência o olho a matagais ou terras abandonadas que não interessavam a ninguém. Que queria ele fazer? Desbravar estas terras desoladas e nelas lançar a charrua? Vocação bem tardia: ele já não era novo. (...) As suas idas e vindas, as questões que ele colocava a uns e a outros não podiam ficar sem eco. Tinham-no por um maníaco e alguns possivelmente riam mesmo dele sem suspeitarem de que o homem usava todos os estratagemas para constituir um dossiê onde os acontecimentos banais, os pequenos factos, tomavam proporções inesperadas, onde reflexões sem interesse, apreciações precipitadamente feitas, palavras no ar adquiriam tanto mais relevo quanto ele as colocava na boca de pessoas respeitáveis e estimadas pela sua sabedoria, mas talvez enfraquecidas pela idade. Ele não temia em atribuir-lhes declarações que gravava num gravador de cassetes, onde é possível, como se sabe, a quem quer que seja debitar uma história qualquer. Assim atribuiu ele ao padre Courtauly propósitos extravagantes que não concordam nem com a vida nem com o carácter deste padre. Neste ponto, aqueles que conheceram e privaram com o padre são formais. Posto isto, damo-nos conta, pelo próprio jogo das concordâncias, que a mesma personagem era o autor dos papéis Lobineau. Provavelmente estaremos perante um paranóico porque ele próprio inscreveu o seu nome em bom lugar na pretensa descendência do rei Dagoberto II."[14]
Descadeillas não refere o nome de Plantard, e a razão é simples: escrevendo no início dos anos setenta, precisamente no auge da mistificação do Priorado, o historiador não desejara meter-se em problemas citando o nome de Plantard, mas é evidente que é deste que se trata, porque Plantard apresentava-se como "Pierre Plantard de Saint-Clair, descendente de Dagoberto II", por via de uma linhagem dinástica falsificada que principiava no lendário príncipe merovíngio Segisberto IV (séc. VII).
 Os Pastores da Arcádia de Nicolas Poussin, também descrita como Et in Arcadia ego pelos membros do Priorado, é associada a esta sociedade Em 1989, Pierre Plantard, desgastado pela progressiva divulgação em França da natureza fraudulenta da sua criação, decidiu negar a teoria de que o Priorado de Sião dataria de 1099 e teria sido fundado por Godofredo de Bulhão, mudando a data de fundação para o dia 17 de Janeiro de 1681. Segundo esta nova versão de Plantard, o Priorado teria sido criado nesta data, em Rennes-le-Château, por Jean-Timoleon Negri d'Ables. Pierre Plantard confessou perante a Justiça Francesa em 1993 (mais concretamente, ao juíz Thierry-Jean Pierre, no âmbito do processo Roger-Patrice Pelat[15]) ter criado esta sociedade com o objectivo de o legitimar para o trono de França como descendente Merovíngio.
Em 1982, Lincoln, Baigent e Leigh, aproveitando a sugestão de Plantard e Chérisey de que os Merovíngios descenderiam da Casa de David, fariam com a sua obra O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, a sugestão hipotética de que estes monarcas descenderiam de Jesus Cristo. Ao saber desta hipótese, Plantard rejeitou-a publicamente na comunicação social francesa, afirmando que os anglo-saxónicos se estavam a aproveitar das suas teorias[16].
Numerosos autores acrescentaram detalhes a este mito moderno, mesmo após a revisão do mito em 1989 e a confissão de Plantard em 1993, criando um entrecruzamento sem fim de teorias e contra-teorias. Umberto Eco, na sua novela de 1988 o Pêndulo de Foucault, satirizou o sistema de associação sem provas que constitui o fundamento da pretensa sociedade secreta, e de modo geral, a forma de fazer pseudo-história que pode ser encontrada em tantas obras que se inspiraram na fraude do Priorado e nas teorias de Lincoln, Baigent e Leigh.
Segundo Plantard, os Cavaleiros Templários e o Priorado de Sião seriam duas facetas de uma mesma organização: a primeira pública e a última secreta. Plantard afirmava que a Igreja Católica tinha traído os Merovíngios ao legitimar a dinastia carolíngia. Segundo Plantard, o Priorado teria como missão proteger os descendentes da dinastia merovíngia, organizando-se contra a Igreja Católica:
"… os descendentes merovíngios estiveram sempre na base de todas as heresias, desde o arianismo, passando pelos cátaros e pelos templários até à franco-maçonaria. Com o nascimento do protestantismo, Mazarin em Julho de 1659 fez destruir o seu [dos descendentes merovíngios] castelo de Barberie que datava do século XII (Nièvre, França). Esta casa não tem gerado através dos séculos senão agitadores secretos contra a Igreja…"[17]
Segundo Plantard, em 1188 o Priorado de Sião ter-se-ia separado dos Templários, passando a operar às escondidas (Plantard chamou a esta separação "corte do olmo"), tornando-se uma "sociedade secreta" da elite, enquanto os Templários foram violentamente atacados pelo rei francês Filipe IV, o Belo e pelo Papa Clemente V. Em 13 de Outubro de 1307, Filipe IV ordenou a prisão de todos os Cavaleiros Templários. Este evento deu origem à superstição do azar nas sextas-feiras 13. Uma lenda diz que na noite anterior à detenção, um número desconhecido de Cavaleiros teria partido de França com dezoito navios carregados com o lendário tesouro da Ordem. Uma parte desses navios teria aportado na Escócia e os Templários ter-se-iam fundido noutros movimentos, fazendo sobreviver as seus ideais ao longo dos séculos seguintes.
 Plantard tinha várias razões para escolher o nome "Priorado de Sião" para a sua organização. O seu fascínio pelo esoterista Paul Lecour, fundador do movimento Atlantis, fizera-o entusiasmar-se pela sugestão de Lecour, que recomendara que a juventude cristã francesa rejuvenescesse os ideais da Cavalaria, fundando "priorados" regionais. Perto da casa de Plantard, em Annemasse, ficava a colina do Monte-Sião, o que explica que Plantard chamasse ao seu priorado o "Priorado de Sião". Mas Plantard sabia que, escolhendo este nome, também ganharia a vantagem de poder aproveitar a história de organizações mais antigas.
Plantard escolheu datar a fundação do seu Priorado de Sião em 1099, na Terra Santa, porque se inspirara na Abadia de Nossa Senhora do Monte Sião, uma congregação monacal do século XI.
Diz o investigador francês Pierre Jarnac[18] que a Abadia de Nossa Senhora de Monte Sião, fundada em Jerusalém por Godofredo de Bulhão em 1099, tinha a sua residência de S. Leonardo na cidade de S. João de Acre. Em 1149, aquando do regresso da Cruzada, o rei Luís VII trouxe consigo alguns monges da Abadia do Monte Sião, que se fixaram no priorado de Saint-Samson de Orleães, propriedade da casa de Jerusalém. Esta doação foi confirmada pelo Papa Adriano em 1158. Contudo, na Terra Santa, a Abadia subsistiria por pouco mais de um século, porque uma acta de 1281 dá conta da existência de apenas dois religiosos de coro, que passariam a apenas um, em 1289. Adão, falecido no início de 1291, foi o último abade da Abadia de Nossa Senhora do Monte Sião em S. Leonardo de Acre. Neste ano, os Muçulmanos tomaram Acre aos Cruzados, o que deixou os religiosos de Monte Sião numa situação frágil. Os últimos monges que restava na Abadia mudaram-se para a Sicília, a convite do conde Roger e da sua mulher, a princesa Adelásia, ficando a residir em Saint-Esprit, perto de Catalanizetta.
Na história desta pequena abadia, nada existe que a relacione com Maria Madalena ou com os Templários, conforme tem sido sugerido pela recente literatura sensacionalista. Plantard simplesmente resgatou alguns dados da história desta pequena abadia para tentar dar mais consistência história. O Grão Mestre
O Priorado de Sião era encabeçado por um Nautonnier, palavra francesa equivalente a Grão-Mestre na língua portuguesa. Outro fato polêmico referente ao Priorado de Sião era a sua liderança, que segundo Plantard seria conferida a grandes nomes da ciência e da cultura mundial. A lista mais provável dos líderes do Priorado de Sião, publicada por Plantard no documento Dossiers Secrets d'Henri Lobineau em 1967, é a seguinte:
  1. Jean de Gisors (1188–1220)
  2. Marie de Saint-Clair (1220–1266)
  3. Guillaume de Gisors (1266–1307)
  4. Edouard de Bar (1307–1336)
  5. Jeanne de Bar (1336–1351)
  6. Jean de Saint-Clair (1351–1366)
  7. Blanche d'Evreux (1366–1398)
  8. Nicolas Flamel (1398–1418)
  9. Renato d'Anjou (1418–1480)
  10. Iolande de Bar(1480–1483)
  11. Sandro Botticelli (1483–1510)
  12. Leonardo da Vinci (1510–1519)
  13. Charles III, Duque de Bourbon (1519–1527)
  14. Ferdinando Gonzaga (1527–1575)
  15. Louis de Nevers (1575–1595)
  16. Robert Fludd (1595–1637)
  17. Johann Valentin Andrea (1637–1654)
  18. Robert Boyle (1654–1691)
  19. Sir Isaac Newton (1691–1727)
  20. Charles Radclyffe (1727–1746)
  21. Príncipe Charles de Lorraine (1746–1780)
  22. Arqueduque Maximilian Franz de Aústria (1780–1801)
  23. Charles Nodier (1801–1844)
  24. Victor Hugo (1844–1885)
  25. Claude Debussy (1885–1918)
  26. Jean Cocteau (1918–1963)
Um documento posterior chamado Le Cercle d'Ulysse identifica François Ducaud-Bourget, um padre católico tradicionalista que Plantard havia decrito como o Grão-Mestre após a morte de Cocteau. Plantard é postriormente identificado como o próximo Grão-Mestre.
Quando os supostos segredos da sociedade foram tidos como uma conspiração por pesquisadores franceses, Plantard manteve o silêncio. Durante a sua tentativa de recriar o Priorado de Sião em 1989, Plantard procurou distanciar-se da primeira lista de Grãos-Mestres e publicou uma segunda suposta lista de Mestres:
  1. Jean-Tim Negri d'Albes (1681–1703)
  2. François d'Hautpoul (1703–1726)
  3. André Hercule de Fleury (1726–1766)
  4. Príncipe Charles de Lorraine (1766–1780)
  5. Arqueduque Maximilian Franz de Aústria (1780–1801)
  6. Charles Nodier (1801–1844)
  7. Victor Hugo (1844–1885)
  8. Claude Debussy (1885–1918)
  9. Jean Cocteau (1918–1963)
  10. François Balphangon (1963–1969)
  11. John Drick (1969–1981)
  12. Pierre Plantard (1981)
  13. Philippe de Chérisey (1984–1985)
  14. Roger-Patrice Pelat (1985–1989)
  15. Pierre Plantard (1989)
  16. Thomas Plantard de Saint-Clair (1989)
Em 1993, Plantard reconheceu que ambas as listas eram fraudulentas quando foi investigado por um juiz durante o Caso Pelat. Priorado de Sião foi criado para proteger um
dos maiores segredos da humanidade — a prova de que
Jesus e Maria Madalena foram casados e tiveram uma
filha. Segundo a “lenda”, esse fato teria gerado uma ilustre
linhagem (os Merovíngios), que através dos séculos
tornaram-se reis, filósofos, alquimistas, cientistas e políticos
de tal importância que influenciaram e interferiram
no desenrolar da história do mundo.
A atuação tanto dos descendentes diretos da sagrada
família quanto dos membros da Ordem do Priorado
de Sião sempre foi e continuará sendo nos bastidores
da história. Uma informação como essa já seria suficiente
para abalar a estrutura da sociedade como a conhecemos,
pois nos confronta com uma possível realidade
que faz tremer os alicerces da Igreja Católica, dos Evangélicos
e das demais seitas pseudocristãs.
Muito do que tem sido escrito a respeito do
Priorado é sempre apresentado de maneira fragmentada
e envolto em uma bruma de mistério. Até agora não
houve um aprofundamento sobre o tema, já que ele é
sempre tratado como assunto secundário, pois o foco
principal está sobre a obra de ficção O Código Da Vinci,
escrito por Dan Brown, um best-seller que já vendeu
milhões de livros por todo o mundo. Os dogmas e as doutrinas de religiões como o
Judaísmo, o Islamismo e o Cristianismo, este último
transmutado no que conhecemos hoje como Catolicismo,
têm algo em comum: a supressão do elemento feminino
como uma parte integrante e de igual valor no que
se refere à importância deste elemento na formação e
nos conceitos dessas religiões.
A relevância da mulher e seu papel, sem um rompante
de feminismo absoluto, foi sendo suprimido pela
Igreja Católica ao longo dos primeiros séculos de nossa
era até nossos dias. Isso é facilmente comprovado quando
analisamos a situação da mulher nessas doutrinas.
A elas foi relegado um papel secundário, sem uma atuação
efetiva. Não há, por exemplo, nessas religiões, o
ordenamento ao sacerdócio para mulheres, apesar de
nos primórdios do Cristianismo a mulher e o sagrado
feminino, conceito oriundo do Paganismo e posteriormente
do Gnosticismo, tivessem uma atuação e um papel
algumas vezes principal ou de igual valor ao masculino.
Isso se aplica ao que aconteceu à Maria Madalena
e, também de forma genérica, à Virgem Maria (Mãe de
Jesus). O que faremos a seguir é analisar de maneira
coesa e direta essa situação e seus desdobramentos e,
acima de tudo, trazer à luz informações que estiveram
perdidas por séculos, traçando uma linha cronológica a
respeito da ordem iniciática chamada O Priorado de Sião,
do início da Era Cristã até os dias de hoje.Durante o século I d.C., a Alexandria1 era um
grande centro de atividades esotéricas, teológicas e
metafísicas, um verdadeiro amálgama composto de influências
de doutrinas herméticas, como a judaica, a
mitraica, a zoroástrica e a pitagórica.
Nos primórdios do Cristianismo, a adoração à Deusa/
Mãe chegou ao conhecimento dos cristãos por intermédio
de judeus que haviam adotado o neoplatonismo
aprendido na Alexandria com base no Paganismo grego.
As pessoas adoravam as estrelas, que acreditavam
ser deuses e deusas que regiam o mundo. Para eles,
a constelação de Virgo era a Grande Deusa/Mãe que
regeu a Era Dourada da civilização chamada Lemuria,
que precedeu a de Atlântida. Esta tradição astrológica
foi transmitida às culturas pagãs sucessivamente através
da história da humanidade e para cada uma delas
havia uma diferente representação mitológica de Virgo,
a Grande-Mãe. Nana, Vésper, Ishitar, Deméter, Hecate,
Themis, Hera, Astreia, Diana, Cybele, Ísis, Fortuna,
Erigone, Sibylla eram algumas delas. Essa divindade era
cultuada antes que se tivesse conhecimento dos deuses
masculinos da Mitologia Clássica. A adaptação grega de Virgo era Deméter2, que
teve a filha Koré seqüestrada por Hades, o deus dos subterrâneos.
A jovem, agora transformada em mulher, passou
a chamar-se Perséfone e tornou-se a rainha do senhor
das trevas.
Os judeus de Alexandria que adoravam Koré, a
deusa grega que passara a chamar-se Perséfone, conseguiram
converter a adoração da deusa pagã em uma tradição
teologicamente respeitável chamada de Gnosticismo3,
palavra derivada de Gnose4, dando para a deusa aspectos
da simbologia cristã. Embora eles a adorassem como à
Virgem Santa, os gnósticos dão a esse culto uma
conotação completamente diferente comparada a dos
cristãos. Da cultura gnóstica de Alexandria a Deusa-Mãe
evoluiu para Maria Madalena.
Na opinião de muitos pesquisadores, os melhores
textos gnósticos são de inspiração ou tem a sua origem
em Alexandria, que é também a fonte principal dos
textos gnósticos que fazem a ligação de Jesus à Maria
Madalena. De acordo com esta tradição, foi para Maria
Madalena, ao invés de Pedro e os apóstolos masculinos,
que Jesus transmitiu sua “doutrina secreta”.
A adoração da Deusa-Mãe, Virgo, sob o título de
Ísis5, ultrapassou as fronteiras do Egito para Israel e daí
para o Império Romano. O culto à Ísis foi difundido no
Egito no período dinástico. Do Egito seguiu em direção
ao Norte, para a Fenícia, a Síria e a Palestina, a Ásia
Menor, Chipre, Rodhes, Creta, Samos e outras ilhas no
mar Egeu e para muitas partes da Grécia, como Corinto
e Argos entre outras; chegou em Malta e Sicília e, finalmente, em Roma. No primeiro século a.C., Ísis era talvez
a deusa mais popular na Cidade Eterna da qual o culto
se difundiu até os limites do Império Romano, inclusive
para a Inglaterra.
Na realidade, a adoração da Virgem Maria na Igreja
Católica Apostólica Romana e toda a tradição católica
têm uma ligação direta com a adoração de Ísis no Egito.
“Imaculada é nossa Senhora Ísis...” As mesmas condições
aplicam-se à simbologia da Virgem Maria. As semelhanças
estão em títulos, símbolos, ritos e cerimônias.
Em 412 d.C., Ciro tornou-se o bispo de Alexandria
e abertamente abraçou a causa de Ísis, a deusa egípcia,
transformando-a em Maria, a mãe de Deus. Durante seu
bispado, Ciro escreveu com fervor e extensamente contra
a heresia dos nestorianos6 e os condenou no Concílio
Ecumênico de Éfesus, na Grécia7. Embora tenha condenado
a heresia de Nestório, o Concílio aprovou sua
reverência à Virgem Maria. Nestório e seus seguidores
foram exilados para o Império Persa e tornaram-se a Igreja
Ortodoxa Assíria do Leste.
Assim, o que parece ter sido apenas uma operação
de dialética clássica foi muito mais, pois o caminho
tinha sido aberto para Maria ser transformada na “Mãe
de Deus”, correlata a uma deidade do arquétipo da Deusa-
Mãe Ísis, que compartilhou a divindade com o filho
Hórus.
Principais decisões do Concílio de Éfesus:
a) Cristo é uma só pessoa e duas naturezas.
b) Definição do dogma da maternidade divina de Maria,
contra Nestório.c) Maria é mãe de Deus — “Mãe de Deus não porque
o Verbo de Deus tirou dela a sua natureza divina,
mas porque é por causa dela que Jesus tem o corpo
sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual,
na sua pessoa, diz-se que o Verbo nasceu segundo a
carne”.
d) Condenou o Pelagianismo, de Pelágio, que negava
os efeitos do pecado original.
e) Condenou o Messalianismo, que defendia uma total
apatia ou uma moral indiferente. O papel de Maria Madalena na vida de Jesus e
na evangelização que se espalhou pelo mundo foi bem
diferente daquele perpetuado a seu respeito.
Até hoje, se for perguntado a qualquer católico
ou simpatizante quem foi Maria Madalena, a resposta
provavelmente será: a prostituta arrependida de seus
pecados, purificada e redimida por Jesus... Porém, não
há em lugar algum da Bíblia essa afirmação, como é do
conhecimento de teólogos, especialistas e pesquisadores
do Antigo e do Novo Testamento. Por quase dois mil anos,
a Igreja Católica, de maneira providencial, deixou que essa
lenda fosse perpetuada. O Vaticano veio a corrigir essa
informação somente em 1969, 1.378 anos depois.
Segundo o Padre Richard P. McBrien1, em seu depoimento
no documentário produzido pelo conceituado.
Uma carta sobre os planos Illuminati. não caia no jogo deles, caia fora do sistema!! diga não a todo o lixo
que te empurram guela a baixo por todos esses anos, diga não aos impostos que te cobram em tudo e por tudo,aos bancos que te roubão descaradamente, aos politicos que enganam indecentemente,a tv que te esconde a verdade, diga não a todas as mentiras que te contarão desde a infancia,e as que ainda pretendem te contar,diga não a policia que tenta te controlar,ao medo que eles tentão criar,a vacinação,e todo tipo de controle, opreção e falta de informação!! diga não a nova ordem mundial!!

Dan Brown poderia ter adoptado uma posição inatacável. Escrevendo apenas um romance, estaria a salvo da crítica. Evitaria assim a chuva de críticas que caíra sobre os ombros de Lincoln, Baigent e Leigh durante os anos oitenta. Mas O Código da Vinci é um romance histórico que não obedece aos padrões de uma obra deste tipo. Eis como principia esta obra, onde se lê logo na primeira página:

“FACTO:
O Priorado de Sião.
Sociedade secreta europeia fundada em 1099, é uma organização real. Em 1975, a Bibliothèque National[e] de Paris descobriu um conjunto de pergaminhos, conhecidos como Les Dossiers Secrets, que identificam numerosos membros do Priorado de Sião, incluindo Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci. (…)
Todas as descrições de obras de arte, edifícios, documentos e rituais secretos que aparecem neste romance são exactas.”[26]

Primeiro, o Priorado de Sião não data de 1099 mas de 1956.
Segundo, a lista de grão-mestres (e não apenas “membros”) foi depositada em 1967 na Biblioteca Nacional de Paris, e não em 1975.
Terceiro, os Dossiers Secrets são uma colectânea em papel e não em pergaminho.
Três falsos “factos”! E isto sem mencionar a frase final relativa às “descrições”, porque sendo tão genérica pode ser ao mesmo tempo enganadora para o leitor e, no entanto, de difícil crítica.
Este texto inicial de Dan Brown viola o compromisso feito com o leitor. Muitos são os romancistas do género histórico que gostam de indicar ao leitor os pontos da sua ficção que são verídicos. Mas Dan Brown comete erros graves precisamente na página onde se compromete a apresentar “factos”. Possivelmente embaraçada com a situação, a editora Mondadori, que traduziu para italiano O Código Da Vinci, recusou-se a inserir esta página a partir da segunda edição do livro.
E para quem poderia pensar que Dan Brown apenas quis escrever ficção, nada melhor do que uma visita rápida ao seu site na Internet[27]:

“Algumas das evidências mais dramáticas podem ser encontradas nas pinturas de Leonardo da Vinci“
“Vários académicos acreditam que o seu trabalho [o de Leonardo] fornece intencionalmente pistas para um segredo poderoso… um segredo que permanece protegido até aos dias de hoje por uma irmandade clandestina da qual Da Vinci era membro”
“Contudo, o segredo por detrás do Código Da Vinci estava demasiadamente bem documentado para que eu o desprezasse”
“Deparei-me pela primeira vez com os mistérios escondidos nas pinturas de Da Vinci enquanto estudava história de arte na Universidade de Sevilha, em Espanha“
“Anos depois, enquanto pesquisava para o livro Anjos e Demónios e nos Arquivos Secretos do Vaticano, encontrei de novo o enigma Da Vinci”
“O segredo descrito no romance tem sido narrado durante séculos“
“Fiquei surpreendido pelo facto dos historiadores estarem tão desejosos de partilharem os seus conhecimentos comigo”
“Um académico disse-me que o seu entusiasmo pelo Código Da Vinci estava baseado em parte na sua esperança de que «este antigo mistério fosse desvelado para uma audiência mais vasta»”

Como se vê, é insustentável a tese de que Dan Brown queria apenas fazer ficção!
E, no entanto, teria sido fácil a Dan Brown usar este álibi: bastaria não ter inserido a página inicial de falsos “factos”, bem como não ter afirmado nas suas entrevistas que acreditava na veracidade histórica das teses do seu livro.
No Código da Vinci não se encontra uma só palavra sobre Rennes-le-Château. E as dezenas de livros que Dan Brown certamente leu sobre o Priorado de Sião, sobre Pierre Plantard, e sobre todas as peripécias desta mistificação moderna? Silêncio quase total. Apenas uma “fraqueza” de Dan Brown: decidira dar ao curador do Louvre o apelido Saunière. Brown sabe bem que está a colaborar numa mentira, o que torna as suas declarações no seu site particularmente enganadoras e desonestas.
Brown até chega a colocar, no seu romance, na boca do erudito Leigh Teabing[28] a tese de que o inglês era a “língua primitiva”, algo que só pode ter sido retirado da obra La Vraie Langue Celtique do padre Henri Boudet, vizinho do padre Saunière. É para nos darmos conta até que ponto Dan Brown conhece bem o enigma de Rennes-le-Château e a mistificação do Priorado de Sião. Mas este detalhe, bem como tantos outros que poderíam traí-lo, passou despercebido a milhões de leitores por esse mundo fora.

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