sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Hospital Abandonado - RJ Relatório Parcial


Data da Primeira Visita: 19/05/10
Hora: entre 14h20min e 16h40min

Descrição geral: a visita foi realizada com o objetivo de reconhecimento para melhor planejamento das atividades posteriores. As pesquisas apontaram que no local já funcionava uma Casa de Saúde na década de 1870, de propriedade do Dr. Júlio Moura, e atendia tanto a população livre quanto escrava. O terreno do hospital é espaçoso e fazem parte do complexo hospitalar uma praça e uma capela. O edifício principal foi erguido em 1912 e tem a fachada conservada, pintada de azul e branco. Muito se manteve da época como a escadaria que leva ao segundo pavimento (que possui degraus de mármore, pastilhas entre os lances e corrimão de madeira de lei), azulejos pintados a mão no saguão, um vitral na passagem para a segunda ala, uma parede inteira com sulcos e janelas se assemelhando a escotilhas, portas de duas bandas em quase todos os quartos, além de detalhes arquitetônicos como o pé direito alto. Não é possível afirmar que o prédio tenha sofrido modificações significativas em sua estrutura, nem que tenha trocado a sua administração ao longo do tempo. As únicas adaptações realizadas são os elevadores e os canos que abasteciam os quartos dos doentes com oxigênio.
O hospital encerrou as suas atividades em 2006 por determinação judicial e o imóvel continua em litígio, passando por um tombamento provisório em 2007, não se sabendo, porém, se ainda está em vigor. Funcionários e pacientes tiveram que sair às pressas, deixando tudo para trás: móveis, documentos, roupas, aparelhos etc... E todas as dependências se encontram completamente reviradas. A vegetação dos pátios internos, em alguns pontos, invade cômodos e áreas comuns – no terraço, o limo acumulado amortece o chão . As paredes mofadas, o piso estufado e o reboco caído compõem o quadro geral do prédio. Todas as alas foram examinadas, mesmo sendo muito grande, levando-se uma hora e meia, aproximadamente, para se completar a visita.

Segundo o segurança do lugar, o hospital foi fechado em 2005 e evacuado inopinadamente. Todavia, calendários encontrados e um anúncio de congresso são do ano de 2006. Duas datas podem dar pista de quando, possivelmente, ocorreu a evasão: 12 de Março, que consta do último registro de ata do setor de Nutrição; e 18 de Março, anotada no painel da cozinha de quartos a serem assistidos.
Ainda segundo o segurança, tudo funcionava na época da interdição. Entretanto, alguns setores parecem ter sido desativados aos poucos – o que talvez comprovem as diferentes datas. O próprio segurança afirmou que clínicas terceirizadas permaneceram em atividade até algum tempo depois.
As poucas alterações na estrutura e a franca defasagem na aparelhagem hospitalar, denotam que a instituição tinha poucos recursos nos anos que precederam o encerramento das atividades. Por exemplo: há camas à manivela, os banheiros não são adaptados e o centro cirúrgico tinha equipamentos de tecnologia ultrapassada. A mudança da administração no início da década de 1980 é possível, pois caixas com formulários estão organizadas desta época ao ano de 2002. O funcionário mais antigo tem somente vinte anos de casa.
Obs: apenas a Oftalmologia passou por reformas e modernizações, o que provavelmente indica sua terceirização e sobrevivência.
Como mencionado, o hospital foi abandonado e muitos móveis e objetos deixados para trás e mesmo comida (um pote com biscoitos pode ser visto na copa do centro cirúrgico). Por estarem todas as dependências reviradas, conclui-se que houve saque.
Muitos prédios residenciais e dois estacionamentos circundam o hospital e animais (um galo, duas ou três galinhas e um ganso) andam livremente por ali. Os ruídos ouvidos pelos funcionários podem ter provindo daí, sendo que a construção, até por estar vazia, tem excelente acústica (vozes e assovios de pessoas no pátio eram facilmente percebidos). Somado a isso estão as lendas que povoam o inconsciente coletivo (depoimentos falam de uma mulher loura de branco, semelhante à história da ‘loura do banheiro’); e o gênio sugestionável das crianças, as quais dizem presenciar fenômenos.

Considerações finais: o hospital impressiona pelo tamanho, pelo estado de negligência e pelo histórico comum a qualquer órgão de saúde, principalmente quando tem mais de cem anos.

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