sábado, 24 de dezembro de 2016

O Primeiro Erro do Humano

MUITOS desejam sinceramente saber a resposta a essa pergunta. Quando se fala sobre por que Deus permitiu a maldade, as pessoas logo se lembram do pecado do primeiro casal humano no jardim do Éden. A ideia de que ‘Deus sabe tudo’ pode facilmente levar alguns a concluir que Deus sabia de antemão que Adão e Eva o desobedeceriam.
Quais seriam as implicações se, de fato, Deus já soubesse que esse casal perfeito pecaria? Essa ideia atribuiria a Deus muitas características negativas, fazendo-o parecer desamoroso, injusto e falso. Alguns poderiam achar uma crueldade expor os primeiros humanos a algo que estava fadado ao fracasso. Pareceria que Deus era o responsável — ou pelo menos, tinha parte da culpa — por toda a maldade e o sofrimento que ocorreu ao longo da história. Para alguns, nosso Criador pareceria até mesmo um tolo.
Será que a forma como Jeová Deus é apresentado nas Escrituras combina com essa descrição negativa? Para responder a essa pergunta, vejamos o que a Bíblia diz sobre as obras criativas e a personalidade de Jeová.
“Era muito bom”
A respeito das obras criativas de Deus, incluindo os primeiros humanos na Terra, o relato de Gênesis diz: “Deus viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom.” (Gênesis 1:31) Adão e Eva foram criados perfeitos, e se ajustavam completamente ao ambiente na Terra. Não havia nada imperfeito em sua constituição. Com certeza eles eram capazes de agir como Deus queria. Afinal, foram criados “à imagem de Deus”. (Gênesis 1:27) Portanto, eles tinham condições de demonstrar até certo grau as qualidades divinas de sabedoria, amor leal, justiça e bondade. Refletir essas qualidades os ajudaria a tomar decisões que trariam benefícios a si mesmos e alegria ao seu Pai celestial.
Jeová concedeu o livre-arbítrio a essas criaturas inteligentes e perfeitas. Assim, eles não foram de maneira alguma programados para agradar a Deus — como se fossem robôs. Pense no seguinte: o que teria mais valor para você, um presente dado mecanicamente ou um presente dado de coração? A resposta é óbvia. Da mesma maneira, teria mais valor para Deus se Adão e Eva tivessem escolhido obedecê-lo por vontade própria. A capacidade de escolher dava ao primeiro casal humano condições de obedecer a Deus por amor. — Deuteronômio 30:19, 20.
Justo e bom
A Bíblia revela as qualidades de Jeová para nós. Essas qualidades tornam impossível que ele tenha qualquer coisa a ver com o pecado. Jeová “ama a justiça e o juízo”, diz o Salmo 33:5. Assim, Tiago 1:13 observa: “Por coisas más, Deus não pode ser provado, nem prova ele a alguém.” Por justiça e consideração, Deus disse a Adão: “De toda árvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morrerás.” (Gênesis 2:16, 17) O primeiro casal podia escolher entre a vida eterna e a morte. Será que não seria hipocrisia da parte de Deus alertá-los contra um pecado específico já sabendo que eles fracassariam? Sendo alguém que “ama a justiça e o juízo”, Jeová não teria dado a eles a oportunidade de escolher algo que na verdade já estava definido.
Jeová não criou os primeiros humanos como robôs programados para agir de uma forma preestabelecida
Jeová também é extremamente bondoso. (Salmo 31:19) Descrevendo a bondade de Deus, Jesus disse: “Qual é o homem entre vós, cujo filho lhe peça pão — será que lhe entregará uma pedra? Ou talvez lhe peça um peixe — será que lhe entregará uma serpente? Portanto, se vós, embora iníquos, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais o vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem!” (Mateus 7:9-11) Deus dá “boas coisas” a suas criaturas. A forma como Deus criou os humanos e preparou o lar paradísico para eles comprova a sua bondade. Será que esse bondoso Soberano seria tão cruel a ponto de providenciar um belo lar para os humanos sabendo que este lhes seria tirado? Não. Nosso Criador justo e bom não é o culpado pela rebelião do homem.
O “único sábio”
As Escrituras também mostram que Jeová é o “único sábio”. (Romanos 16:27) Os anjos de Deus testemunharam muitas manifestações dessa ilimitada sabedoria. Eles ‘bradaram em aplauso’ quando Jeová criou as coisas na Terra. (Jó 38:4-7) Sem dúvida, essas inteligentes criaturas espirituais acompanharam os acontecimentos no jardim do Éden com muito interesse. Assim, não faria sentido que um Deus sábio, depois de criar um impressionante Universo e uma infinidade de obras maravilhosas na Terra, trouxesse à existência, sob os olhares de seus filhos angélicos, duas criaturas ímpares sabendo que elas fracassariam. Com certeza, planejar algo trágico assim não teria lógica.
Mesmo assim, alguém talvez questione: ‘Mas como é possível que um Deus todo-sábio não soubesse o que ia acontecer?’ De fato, um aspecto da grande sabedoria de Jeová é sua capacidade de saber ‘desde o princípio o final’. (Isaías 46:9, 10) No entanto, ele não precisa usar essa capacidade, assim como ele nem sempre precisa usar plenamente seu imenso poder. De maneira sábia, Jeová usa sua habilidade de prever as coisas de forma seletiva, quando isso é necessário e de acordo com as circunstâncias.
A capacidade de escolher usar ou não a presciência pode ser ilustrada por um recurso da tecnologia moderna. Alguém que gravou um evento esportivo tem a opção de assistir os momentos finais da partida a fim de saber o resultado. Mas ele não precisa fazer isso. Quem poderia criticá-lo se ele escolhesse assistir a partida inteira, desde o começo? De maneira similar, o Criador pelo visto preferiu não ver como as coisas terminariam. Ele preferiu esperar e ver como seus filhos na Terra se comportariam à medida que os eventos ocorressem.
Como já mencionado, Jeová de maneira sábia não criou os primeiros humanos como robôs programados para agir de uma forma preestabelecida. Pelo contrário, ele amorosamente os dotou de livre-arbítrio. Por escolher o proceder correto, eles poderiam demonstrar seu amor, gratidão e obediência, aumentando assim sua alegria e a de seu Pai celestial, Jeová. — Provérbios 27:11; Isaías 48:18.
As Escrituras mostram que em muitas ocasiões Deus não usou sua habilidade de ver o futuro. Por exemplo, foi só quando o fiel Abraão estava prestes a sacrificar seu filho que Jeová disse: “Agora sei deveras que temes a Deus, visto que não me negaste o teu filho, teu único.” (Gênesis 22:12) Por outro lado, houve também ocasiões em que a má conduta de alguns fez com que Deus se ‘sentisse magoado’. Será que ele se sentiria assim se já soubesse muito antes o que eles fariam? — Salmo 78:40, 41; 1 Reis 11:9, 10.
Portanto, é razoável concluir que o Deus todo-sábio não usou sua presciência para saber que nossos primeiros pais pecariam. Ele não criaria os humanos simplesmente para passarem por uma série de acontecimentos estranhos dos quais ele já sabia o resultado. Seria tolice usar sua presciência dessa 
eus sabia que Adão e Eva tinham a capacidade de agir com lealdade 
Satanás, o adversário de Deus, foi quem começou a rebelião no Éden, que trouxe consequências negativas, incluindo o pecado e a morte. Assim, Satanás se tornou um “homicida”. Ele também mostrou ser “um mentiroso e o pai da mentira”. (João 8:44) Visto que ele próprio tem más motivações, também procura atribuir más motivações ao nosso amoroso Criador. É conveniente para ele lançar sobre Jeová a culpa pelo pecado do homem.
O amor foi a principal razão de Jeová ter escolhido não saber de antemão que Adão e Eva pecariam. A Bíblia diz em 1 João 4:8 que “Deus é amor”, e essa é sua qualidade mais importante. O amor é positivo, não negativo. Ele procura o que é bom nas pessoas. De fato, por amor, Jeová Deus queria o melhor para o primeiro casal humano.
Embora os filhos terrestres de Deus tivessem a opção de fazer uma escolha errada, nosso amoroso Deus não estava inclinado a ser pessimista quanto às suas criaturas perfeitas nem a desconfiar delas. Ele havia lhes dado tudo o que necessitavam e lhes informado tudo o que precisavam saber. Era natural que Deus esperasse que eles fossem obedientes, não rebeldes. Ele sabia que Adão e Eva tinham a capacidade de agir com lealdade, como mais tarde foi comprovado até mesmo por homens imperfeitos como Abraão, Jó, Daniel e muitos outros.
“A Deus todas as coisas são possíveis”, disse Jesus. (Mateus 19:26) Esse pensamento é consolador. O amor de Jeová, junto com suas outras qualidades principais como justiça, sabedoria e poder, garante que no tempo certo ele pode, e vai, remover todos os efeitos do pecado e da morte. — Revelação (Apocalipse) 21:3-5. Fica claro então que Jeová não sabia que o primeiro casal pecaria. Apesar de se sentir magoado por causa da desobediência do homem e do sofrimento resultante, Deus sabia que essa situação temporária não o impediria de cumprir seu propósito eterno para com a Terra e os humanos. Que acha de saber mais sobre esse propósito e sobre como você pode se beneficiar de seu glorioso cumprimento.

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