Os jornais de 14 de abril de 1955 noticiaram que, no lugar chamado Catulé,
na fazenda São João da Mata, município de Malacacheta, um grupo de
meeiros, membros da Igreja Adventista da Promessa, havia morto quatro
crianças, acusadas de estarem possuídas pelo demônio.
O presente trabalho, que reúne o material coletado durante nossas visi-
tas ao Catulé, é uma história objetiva desses acontecimentos. Acreditamos
ter conseguido reconstituí-los, mas queremos lembrar que as ligações entre
os fatos se prendem mais a uma série de associações do que a uma seqüência
lógica de causas.
A distância que separa a fazenda de São João da Mata ou “fazenda Itatiaia”
da cidade de Malacacheta é de três léguas.
A meia légua da sede da fazenda, encontra-se uma clareira chamada Catulé.
Em abril deste ano dez famílias habitavam o local. As mais antigas ha-
viam-se mudado para o Catulé três anos antes. Nos anos sucessivos, chega-
ram outras, ligadas às primeira por vínculos de parentesco ou amizade (ver
Diagrama, p. 351). Duas – a de Onofre do S. e a de Joaquim da C. –
tinham voltado havia pouco da cidade paulista de Presidente Prudente.
Emigraram a fim de trabalhar nas plantações de algodão, e lá foram conver-
tidos à Igreja Adventista da Promessa.
Onofre chegou primeiro e logo iniciou um trabalho missionário no
Catulé. Joaquim veio depois e ambos se tornaram os líderes da nova seita,
ue se estendeu a diversos grupos vizinhos. Começaram a pregar a vinda de
Cristo, incitando os novos prosélitos a levar uma vida “justa”, a fim de esta-
rem preparados para o segundo advento. Tinham que respeitar os dez man-
damentos, sendo também proibido fumar, beber e comer carne de certos
animais, como por exemplo o porco. Deviam trabalhar, viver honestamen-
te, e considerar sagrado o dia do sábado. Obtiveram êxito em sua pregação e
logo converteram todo o grupo, que passou a ter vida religiosa muito inten-
sa. Reuniam-se regularmente para orar, três vezes por semana, às quartas,
sextas e domingos de noite, na casa de um ou outro dentre eles. Aos sábados,
pela manhã, celebravam o culto na casa de oração, a uma hora de marcha da
clareira e a meio caminho dos outros grupos.
Onofre, o único que sabia ler e escrever, procedia à leitura e à explicação
dos textos bíblicos e auxiliava os irmãos a decorar passagens da Bíblia e
hinos. Qualquer um podia dirigir as orações; cabia porém a Joaquim e
Onofre marcar os dias de jejum e determinar a confissão pública dos peca-
dos. Durante tais reuniões podia acontecer que os crentes de bom testemu-
nho e fé poderosa fossem “selados” pelo Espírito Santo
1
.
O primeiro contato com representantes oficiais da Igreja Adventista da
Promessa deu-se, ao que sabemos, em outubro de 1954, quando dois pas-
tores visitaram aquela área, a fim de orientar os vários grupos de adventistas
que se iam formando. Durante essa visita, os pastores celebraram pela pri-
meira vez o batismo das águas e a Santa Ceia, duas cerimônias que só pes-
soas qualificadas podem executar
2
.
No número de outubro do Jornal Oficial da Igreja,
O Restaurador
–
Mensário Doutrinário Informativo
, encontramos, com a assinatura de Adelino
C. da Cruz, o seguinte artigo
Nenhum comentário:
Postar um comentário