Seres espirituais criados.
A Escritura indica que há uma hierarquia e ordem entre os anjos. Um anjo, Miguel, é chamado “arcanjo ” em Judas 9 , título que indica governo ou autoridade sobre outros anjos. Ele é chamado “um dos príncipes supremos” em Daniel 10.13. Miguel também parece ser o líder do exército angelical: “Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar nos céus” (Ap 12.7,8). E Paulo diz-nos que o Senhor retornará do céu “dada a ordem, com a voz do arcanjo” (lTs 4.16). Se essa menção se refere a Miguel, o único arcanjo mencionado, ou se há outros arcanjos, a Escritura não nos diz, isso pode ser que um Arcanjo reina no céus.
A Escritura menciona claramente que Deus envia os seus anjos para a nossa proteção: “Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra” (Sl 91.11,12). Mas algumas pessoas vão além dessa idéia de proteção geral e pensam que Deus dá um “anjo da guarda” específico para cada indivíduo no mundo, ou ao menos para cada cristão. As palavras de Jesus a respeito dos pequeninos têm servido de apoio para essa idéia: “Pois eu lhes digo que os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste” (Mt 18.10). Contudo, nosso Senhor pode estar dizendo que os anjos designados para a tarefa de proteger as criancinhas têm pronto acesso à presença de Deus. (Para usar uma analogia esportiva, os anjos podem valer-se da marcação “por zona” em vez da marcação “homem a homem”.) Quando os discípulos em Atos 12.15 dizem que o “anjo” de Pedro devia estar batendo à porta, isso não implica necessariamente na crença do anjo da guarda individual. Poderia ser que um anjo estivesse guardando ou tomando conta de Pedro naquela situação específica. Parece não haver, entretanto, qualquer apoio convincente para a idéia de “anjos da guarda” individuais no texto da Escritura. Mas cremos que os anjos em geral têm a tarefa de proteger o povo de Deus.
Aparentemente os anjos têm poder muito grande. Eles são chamados “anjos poderosos, que obedecem à sua palavra” (Sl 103.20),”governo” (Ef 1.21) e ainda “poderes” e “autoridades” (Cl 1.16). Os anjos são aparentemente “maiores em força e poder” que os seres humanos rebeldes (2Pe 2.11; cf. Mt 28.2). Ao menos durante o tempo de sua existência terrena, a raça humana foi feita “um pouco menor do que os anjos” (Hb 2.7). Embora o poder dos anjos seja grande, ele não é certamente infinito, mas é usado para batalhar contra os poderes demoníacos do mal que estão sob o controle de Satanás (Dn 10.13; Ap 12.7,8; 20.1-3). Não obstante, quando o Senhor retornar, seremos elevados à posição mais alta que a dos anjos (lCo 6.3).
Os anjos não existem
desde sempre; eles são parte do universo que Deus criou. Em uma passagem
que se refere aos anjos como o “exército” dos céus, Esdras diz: “Só tu
és o SENHOR. Fizeste os céus, e os mais altos céus, e tudo o que neles
há, a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles
existe. Tu deste vida a todos os seres, e os exércitos dos céus te
adoram” (Ne 9.6; cf. Sl 148.2,5). Paulo nos diz que Deus criou todas as
coisas “visíveis e invisíveis” por meio de Cristo e para ele, e a
seguir inclui especificamente o mundo angélico com a frase “sejam tronos
ou soberanias, poderes ou autoridades” (Cl 1.16).
Os anjos exercem juízo
moral, como podemos perceber pelo fato de que alguns deles pecaram e
caíram de seu estado original (2Pe 2.4; Jd 6) . Sua alta inteligência é
vista por toda a Escritura à medida que eles falam com as pessoas (Mt
28.5; At 12.6-11; etc.) e cantam louvores a Deus (Ap 4.11; 5.11).
Como os anjos são
“espíritos” (Hb 1.14), ou criaturas espirituais, efetivamente eles não
possuem corpos físicos (em Lucas 24.39, Jesus diz: “um espírito não tem
carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho”). Portanto,
normalmente eles não podem ser vistos por nós a menos que Deus nos dê a
capacidade espiritual para vê-los (Nm 22.3 1; 2Rs 6.17; Lc 2.13). Em
suas atividades ordinárias de nos guardar e nos proteger (Sl 34.7;
91.11; Hb 1.14), bem como de se juntar conosco para a adoração de Deus
(Hb 12.22), eles são invisíveis. Contudo, em certas ocasiões anjos
tomaram forma corporal para aparecer a várias pessoas na Escritura (Mt
28.5; Hb 13.2)
Vemos que as aparições e manifestações, de Demônios pelo mundo Hoje e bem maior que aparições de Anjos, Santos, e etc.
A Escritura às vezes usa outros termos para os
anjos, como “filhos de Deus” ( Jó 1.6; 2.1); “santos” (Sl 89.5,7);
“espíritos” (Hb 1.14),”sentinelas” (Dn 4.13,17,23), “tronos”,
“soberanias”, “poderes”, “autoridades” (Cl 1.16) e”governos”(Ef 1.21).
Existem outros três tipos específicos de seres
celestiais mencionados na Escritura. Tanto se pensarmos neles como
tipos especiais de “anjos” (no sentido mais amplo do termo) ou como
seres celestiais distintos dos anjos, eles são de qualquer forma seres
espirituais criados que servem e adoram a Deus.
Aos querubins foi dada a tarefa de guardar a
entrada do Jardim do Éden (Gn 3.24), e é dito que o próprio Deus está
entronizado entre os querubins ou que viaja com os querubins como sua
carruagem (Sl 18.10; Ez 10.1-22). Sobre a arca da aliança no AT estavam
duas figuras douradas de querubins com suas asas estendidas acima da
arca, e foi ali que Deus prometeu vir morar entre o seu povo: “Ali,
sobre a tampa, no meio dos dois querubins que se encontram sobre a arca
da aliança, eu me encontrarei com você e lhe darei todos os meus
mandamentos destinados aos israelitas” (Êx 25.22; cf. v. 18-21).
Outro grupo de seres celestiais, os Serafins, é
mencionado somente em Isaías 6.2-7, onde eles continuamente adoram ao
Senhor e dizem uns aos outros: “Santo, santo, santo é O SENHOR dos
Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória” (Is 6.3)
Tanto Ezequiel como
Apocalipse falam-nos de outras espécies de seres celestiais conhecidos
por “seres viventes” ao redor do trono de Deus (Ez 1.5-14; Ap 4.6-8).
Parecidos com um leão , um boi , um homem e uma águia , são os
representantes mais poderosos das várias partes da totalidade da criação
de Deus (animais selvagens, animais domesticados, seres humanos e
pássaros) e adoram a Deus continuamente: “Santo, santo, santo é o
Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir” (Ap 4.8).
A Escritura indica que há uma hierarquia e ordem entre os anjos. Um anjo, Miguel, é chamado “arcanjo ” em Judas 9 , título que indica governo ou autoridade sobre outros anjos. Ele é chamado “um dos príncipes supremos” em Daniel 10.13. Miguel também parece ser o líder do exército angelical: “Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar nos céus” (Ap 12.7,8). E Paulo diz-nos que o Senhor retornará do céu “dada a ordem, com a voz do arcanjo” (lTs 4.16). Se essa menção se refere a Miguel, o único arcanjo mencionado, ou se há outros arcanjos, a Escritura não nos diz, isso pode ser que um Arcanjo reina no céus.
A Escritura menciona claramente que Deus envia os seus anjos para a nossa proteção: “Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra” (Sl 91.11,12). Mas algumas pessoas vão além dessa idéia de proteção geral e pensam que Deus dá um “anjo da guarda” específico para cada indivíduo no mundo, ou ao menos para cada cristão. As palavras de Jesus a respeito dos pequeninos têm servido de apoio para essa idéia: “Pois eu lhes digo que os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste” (Mt 18.10). Contudo, nosso Senhor pode estar dizendo que os anjos designados para a tarefa de proteger as criancinhas têm pronto acesso à presença de Deus. (Para usar uma analogia esportiva, os anjos podem valer-se da marcação “por zona” em vez da marcação “homem a homem”.) Quando os discípulos em Atos 12.15 dizem que o “anjo” de Pedro devia estar batendo à porta, isso não implica necessariamente na crença do anjo da guarda individual. Poderia ser que um anjo estivesse guardando ou tomando conta de Pedro naquela situação específica. Parece não haver, entretanto, qualquer apoio convincente para a idéia de “anjos da guarda” individuais no texto da Escritura. Mas cremos que os anjos em geral têm a tarefa de proteger o povo de Deus.
Aparentemente os anjos têm poder muito grande. Eles são chamados “anjos poderosos, que obedecem à sua palavra” (Sl 103.20),”governo” (Ef 1.21) e ainda “poderes” e “autoridades” (Cl 1.16). Os anjos são aparentemente “maiores em força e poder” que os seres humanos rebeldes (2Pe 2.11; cf. Mt 28.2). Ao menos durante o tempo de sua existência terrena, a raça humana foi feita “um pouco menor do que os anjos” (Hb 2.7). Embora o poder dos anjos seja grande, ele não é certamente infinito, mas é usado para batalhar contra os poderes demoníacos do mal que estão sob o controle de Satanás (Dn 10.13; Ap 12.7,8; 20.1-3). Não obstante, quando o Senhor retornar, seremos elevados à posição mais alta que a dos anjos (lCo 6.3).
Os seres humanos e os anjos
são as únicas criaturas morais e altamente inteligentes que Deus criou.
Portanto, podemos entender muita coisa a respeito do plano de Deus e de
seu amor por nós quando nos comparamos com os anjos.
A primeira distinção a
ser observada é que nunca é mencionado que os anjos foram criados a
imagem de Deus, ao passo que diversas vezes é dito que os seres humanos
foram criados à imagem de Deus (Gn 1.26,27; 9.6). Já que ser criado à
imagem de Deus significa ser igual a Deus, parece justo concluir que
somos mais parecidos com Deus que os anjos.
Isso é apoiado pelo
fato de que Deus algum dia nos dará autoridade sobre os anjos, para
julgá-los: “Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos?” (1 Co
6.3). Embora o ser humano tenha sido feito “um pouco menor do que os
anjos” (Hb 2.7), quando a nossa salvação se completar seremos exaltados
acima dos anjos e dominaremos sobre eles. De fato, mesmo agora os anjos
já nos servem: “Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores
enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação?” (Hb 1.14).
A capacidade dos seres
humanos de gerar filhos iguais a si mesmos (“Adão gerou um filho à sua
semelhança, conforme a sua imagem” Gn 5.3) é outro elemento de nossa
superioridade sobre os anjos, que certamente não podem gerar filhos (cf.
Mt 22.30; Lc 20.34-36).
A existência dos anjos
também demonstra a grandeza do amor de Deus por nós, porque os anjos
pecaram e nunca foram salvos. Pedro nos diz que “Deus não poupou anjos
que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos
tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo” (2Pe 2.4). Judas diz
que “quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade
mas abandonaram sua própria morada, ele os tem guardado em trevas,
presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia” (Jd 6). E lemos
em Hebreus: “Pois é claro que não é a anjos que ele ajuda, mas aos
descendentes de Abraão” (Hb 2.16).
Vemos, portanto, que
Deus criou dois grupos de criaturas morais inteligentes. Entre os anjos,
muitos pecaram, mas Deus decidiu não remir nenhum deles. Foi
perfeitamente justo Deus agir assim, e nenhum anjo pode jamais reclamar
de ter sido tratado injustamente por Deus. Contudo, embora todos os
seres humanos tenham pecado contra Deus e se apartado dele, Deus decidiu
fazer muito mais que meramente satisfazer as demandas da sua justiça;
ele decidiu salvar alguns seres humanos pecadores. De fato, ele decidiu
redimir uma grande multidão da raça pecaminosa, que homem nenhum pode
contar, “de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9). Esse é um ato
de amor e misericórdia incalculáveis, muito além de nossa compreensão.
Tudo isso é favor imerecido; tudo isso é graça. O contraste notável com o
destino dos anjos deixa clara essa verdade para nós.
Exatamente como nos dias de Jesus os saduceus
diziam que não havia ”ressurreição nem anjos nem espíritos” (At 23.8),
muitas pessoas em nossos dias negam a realidade de qualquer coisa que
não se possa ver. Mas o ensino bíblico sobre a existência dos anjos é a
lembrança constante para nós de que há o mundo invisível que é muito
real. Foi somente quando o Senhor abriu os olhos do servo de Eliseu para
a realidade desse mundo invisível que o servo viu “as colinas cheias de
cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu” (2Rs 6.17; esse era um
grande exército angelical enviado a Dotã para proteger Eliseu dos
arameus). O salmista também mostra a consciência do mundo invisível
quando encoraja os anjos: “Louvem-no todos os seus anjos, louvem-no
todos os seus exércitos celestiais” (Sl 148.2). O autor de Hebreus nos
lembra de que, quando adoramos, vamos à Jerusalém celeste para nos
reunir “aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião” (Hb 12.22),
a quem não vemos, mas cuja presença nos encherá de temor e alegria. O
mundo incrédulo pode desprezar o tema dos anjos, considerando-os mera
superstição, mas a Escritura oferece essas afirmações como a percepção
da realidade tal qual ela é.
Tanto na obediência como na
adoração, os anjos proporcionam exemplos úteis para que os imitemos.
Jesus nos ensina a orar: “ Seja feita a tua vontade, assim na terra como
no céu” (Mt 6.10). No céu a vontade de Deus é feita pelos anjos
imediatamente, com alegria e sem qualquer questionamento. Devemos orar
todos os dias para que a nossa obediência e a obediência dos outros seja
igual à dos anjos no céu. O prazer deles é ser servos humildes de Deus,
cada um realizando a tarefa, grande ou pequena, que lhe foi designada,
com fidelidade e alegria. Nosso desejo e oração devem ser para que nós e
todos os demais na terra façamos o mesmo.
Os anjos também servem
como exemplo para nós na sua adoração a Deus. Os serafins perante o
trono de Deus vêem Deus em sua santidade e continuam a clamar: “Santo,
santo, santo é o SENHOR dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua
glória” (Is 6.3). João vê ao redor do trono de Deus um grande exército
angelical: “Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de
milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres
viventes e os anciãos, e cantavam em alta voz: ‘Digno é o Cordeiro que
foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e
louvor!”' (Ap 5.11,12). Como os anjos encontram a sua mais alta alegria
em louvar a Deus continuamente, não deveríamos também nos deleitar cada
dia no cântico de louvor a Deus, considerando esse o mais alto e o mais
digno uso de nosso tempo e nossa maior alegria?
A Escritura vê os anjos
como servos de Deus que executam alguns de seus planos na terra. Eles
trazem as mensagens de Deus às pessoas (Lc 1.11-19; At 8.26; 10.3-8,22;
27.23,24). Eles executam alguns dos juízos, trazendo pragas sobre
Israel (2Sm 24.16,17), ferindo os líderes do exército assírio (2Cr
32.21), trazendo a morte ao rei Herodes porque ele não dera glória a
Deus (At 12.23), ou derramando as taças da ira de Deus sobre a terra
(Ap 16.1). Quando Cristo retornar, os anjos virão com ele como um
grande exército acompanhando o seu Rei e Senhor (Mt 16.27; Lc 9.26; 2Ts
1.7).
Os anjos também
patrulham a terra como representantes de Deus (Zc 1.10,11) e guerreiam
contra as forças demoníacas (Dn l0.13;Ap 12.7,8). João,em sua visão, viu
um anjo descendo do céu, e ele registra que o anjo “prendeu o dragão, a
antiga serpente, que é o Diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos”
(Ap 20.2,3). Quando Cristo retornar, um arcanjo proclamará a sua vinda
(lTs 4.16; cf.Ap 18.1,2,21; 19.17,18; etc.).
Os anjos também servem em
outra função: eles ministram diretamente a Deus ao glorificá-lo. Assim,
em adição aos seres humanos, há outras criaturas morais inteligentes que
glorificam a Deus no universo.
Os anjos glorificam a
Deus pelo que ele é em si mesmo, por sua excelência: “Bendigam o SENHOR,
vocês, seus anjos poderosos, que obedecem à sua palavra” (SI 103.20;
cf. 148.2).
Os serafins continuamente louvam a Deus por sua santidade (Is 6.2,3), assim como fazem os quatro seres viventes (Ap 4.8).
Os anjos também
glorificam a Deus por seu grande plano de salvação à medida que o vêem
revelado. Quando Cristo nasceu em Belém, uma multidão de anjos louvou a
Deus dizendo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos
quais ele concede o seu favor” (Lc 2.14; cf. Hb 1.6) . Jesus nos diz:
“há alegria na presença dos anjos de Deus por um pecador que se
arrepende”(Lc 15.10), indicando que os anjos se regozijam cada vez que
alguém se volta de seus pecados e confia em Cristo como Salvador.
Quando Paulo proclama o
evangelho de forma que pessoas de diversas origens raciais, judeus e
gregos, sejam trazidas à igreja, ele vê o plano sábio de Deus para a
igreja como demonstração diante dos anjos (e demônios): “A intenção
dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de
Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões
celestiais” (Ef 3.10). Pedro nos diz que “os anjos anseiam observar”
(lPe 1.12) as glórias do plano de salvação enquanto ele se realiza na
vida dos crentes individuais cada dia. Além disso, o fato de que na
adoração da igreja as mulheres devem “ter sobre a cabeça um sinal de
autoridade” pelo fato delas serem mulheres e “por causa dos anjos” (1
Co 11.10), indica que os anjos testemunham a vida dos cristãos e
glorificam a Deus por nossa adoração e obediência.
A Escritura deixa claro que
Deus quer que estejamos conscientes da existência de anjos e da
natureza de sua atividade. Não devemos, portanto supor que seu ensino a
respeito dos anjos não diga respeito à nossa vida hoje. Ao contrário, há
diversas formas pelas quais nossa vida cristã será enriquecida por
termos consciência da existência e ministério dos anjos no mundo, mesmo
nos dias presentes.
Quando comparecemos
diante de Deus em adoração, não nos juntamos simplesmente à grande
companhia dos crentes que morreram e estão na presença de Deus no céu,
os “espíritos dos justos aperfeiçoados” , mas também à grande multidão
de anjos, “milhares de milhares de anjos em alegre reunião” (Hb
12.22,23). Embora não vejamos nem ouçamos normalmente nada como
evidência de sua adoração celestial, certamente enriquece nosso senso de
reverência e alegria na presença de Deus apreciarmos o fato de que os
anjos se juntam a nós na adoração de Deus.
Além disso, devemos
estar cônscios de que os anjos observam nossa obediência ou
desobediência a Deus durante o dia. Mesmo se pensamos que nossos pecados
são cometidos em segredo e não trazem tristeza a ninguém (exceto,
obviamente, ao próprio Deus), devemos ser alertados pelo pensamento de
que talvez centenas de anjos testemunhem nossa desobediência e se
entristeçam. Por outro lado, quando estamos desencorajados e pensamos
que a nossa obediência fiel a Deus não é testemunhada por ninguém e não
oferece encorajamento a ninguém, podemos ser confortados pela percepção
de que talvez centenas de anjos testemunhem nossa luta solitária,
diariamente “anelando perscrutar” o caminho da grande salvação de
Cristo que encontra expressão em nossa vida.
Tentando tornar a
realidade da observação angelical de nosso serviço a Deus ainda mais
vívida, o autor de Hebreus sugere que os anjos podem algumas vezes tomar
forma humana, aparentemente para fazer “visitas de inspeção”, algo
parecido com um crítico de restaurante enviado por um jornal que se
disfarça e visita um novo restaurante. Lemos o seguinte: “Não se
esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber, alguns
acolheram anjos” (Hb 13.2; cf. Gn 18.2-5; 19.1-3). Isso deve nos tornar
mais desejosos de ministrar às necessidades de pessoas a quem não
conhecemos. Pois nos maravilharia se algum dia, ao entrarmos no céu,
encontrássemos o anjo a quem ajudamos quando apareceu temporariamente
como um ser humano em miséria aqui na terra.
Quando somos
repentinamente libertos de um perigo ou miséria, devemos suspeitar de
que anjos enviados por Deu nos ajudam, e devemos ser agradecidos por
isso. Um anjo fechou a boca dos leões de modo que eles não causaram
nenhum dano a Daniel (Dn 6.22), um anjo ministrou a Jesus no deserto em
tempo de grande fraqueza, imediatamente após o término de suas
tentações (Mt 4.11), um anjo livrou os apóstolos da prisão (At 5.19,20)
e, mais tarde, um anjo libertou Pedro da prisão (At 12.7.11). A
Escritura não promete que “a seus anjos ele dará ordens a seu respeito,
para que o protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o
segurarão, para que você não tropece em alguma pedra” (S1 91.11,12)?
Portanto, não devemos agradecer a Deus por enviar anjos para nos
protegerem tais circunstâncias? Parece certo responder positivamente a
essa pergunta.
A Bíblia nos adverte contra
recebermos doutrina falsa de supostos anjos: “Mas ainda que nós ou um
anjo dos céus pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos,
que seja amaldiçoado!” (Gl 1.8). Paulo faz essa advertência porque sabe
que há possibilidade de engano. Ele diz: “Isto não é de admirar, pois o
próprio Satanás se disfarça de anjo de luz” (2Co 1 1.14). De modo
semelhante,o profeta mentiroso que enganou o homem de Deus em lReis 13
disse: “Eu também sou profeta como você. E um anjo me disse por ordem do
SENHOR: ‘Faça-o voltar com você para a sua casa para que coma pão e
beba água”'(lRs 13.18). Todavia, o texto da Escritura imediatamente
acrescenta no mesmo versículo: “Mas ele estava mentindo”.
Esses são exemplos de
doutrina ou orientação falsa sendo transmitida por anjos ou pessoas
assegurando que anjos lhes falaram. É interessante que esses exemplos
mostram a possibilidade clara de engano satânico tentando-nos a
desobedecer aos ensinos claros da Escritura ou às ordens claras de Deus
(cf. lRs 13.9). Essas advertências devem guardar qualquer cristão de ser
enganado, por exemplo, pelos ensinos dos mórmons, que dizem que o anjo
Moroni falou a Joseph Smith e lhe revelou a base da religião mórmon. Tal
“revelação” é contrária aos ensinos da Escritura em muitos pontos (com
respeito a doutrinas como a Trindade, a pessoa de Cristo, a justificação
pela fé somente, e muitas outras), e os cristãos devem ser advertidos
para não aceitar tais declarações.
Não adore anjos, não ore a eles nem os procure .
A ”adoração de anjos”
(Cl 2.18) era uma das doutrinas falsas ensinadas em Colossos. Além
disso, no livro de Apocalipse um anjo adverte João para que ele não o
adore: “Não faça isso! Sou servo como você e como os seus irmãos que se
mantêm fiéis ao testemunho de Jesus. Adore a Deus!” (Ap 19.10).
Nem devemos orar aos
anjos. Devemos orar a Deus somente, o único que é onipotente e, assim,
capaz de responder à oração e o único que é onisciente e, portanto,
capaz de ouvir as orações de todo o seu povo de uma só vez. Paulo nos
adverte contra o pensamento de que outro “mediador” possa estar entre
nós e Deus: “Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens:
o homem Cristo Jesus” (1Tm 2.5). Se oramos aos anjos, estamos
implicitamente atribuindo-lhes posição igual à de Deus, o que não
devemos fazer. Não há exemplo na Escritura de alguém orando a um anjo
específico ou pedindo ajuda a anjos.
Além disso, a Escritura
não nos autoriza a buscar aparições de anjos. Eles se manifestam a nós
de forma que não os vemos. Buscar tais aparições parece indicar
curiosidade doentia ou o desejo por uma espécie de evento espetacular em
vez do amor a Deus e a devoção a ele e à sua obra. Embora os anjos
tenham realmente aparecido em várias ocasiões na Escritura, com toda a
certeza as pessoas a quem eles apareceram nunca procuraram essas
aparições. Nosso papel é antes conversar com o Senhor, que é o próprio
comandante das forças angelicais. Contudo, não parece errado pedir a
Deus para cumprir a sua promessa em Salmos 91.11 de enviar anjos para
proteger-nos em tempos de necessidade.
A discussão anterior nos
leva naturalmente à consideração de Satanás e dos demônios, já que eles
são anjos maus que anteriormente foram anjos bons, mas que pecaram e
perderam o seu privilégio de servir a Deus. Iguais aos anjos, eles
também são seres espirituais criados com juízo moral e com alta
inteligência, mas sem corpos físicos. Podemos definir os demônios da
seguinte e maneira: Os demônios são anjos maus que pecaram contra Deus e que agora operam continuamente o mal no mundo.
Quando Deus criou o
mundo, ele “viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom”
(Gn 1.3 1). Isso significa que mesmo o mundo angelical que Deus havia
criado não possuía anjos maus nem demônios àquela altura. Mas, quando
chegamos a Gênesis 3 , percebemos que Satanás, na forma de uma serpente,
tentou Eva para que pecasse (Gn 3.1-5). Portanto, em um determinado
tempo entre os eventos de Gênesis 1.31 e Gênesis 3.1 , deve ter havido
uma rebelião no mundo angelical, com muitos anjos se voltando contra
Deus e tornando-se maus.
O NT fala disso em dois
lugares. Pedro nos diz que “Deus não poupou a anjos que pecaram, mas os
lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem
reservados para o juízo” (2Pe 2.4) . Judas também diz que “quanto aos
anjos que não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram
sua própria morada, ele os tem guardado em trevas, presos com correntes
eternas para o juízo do grande Dia” (Jd 6). Uma vez mais a ênfase recai
sobre o fato de que eles são removidos da glória da presença de Deus e
sua atividade é restringida (metaforicamente, eles estão em “correntes
eternas”), mas o texto não sugere que a influência dos demônios tenha
sido removida do mundo ou que alguns demônios sejam guardados em um
lugar de punição à parte do mundo, enquanto outros são capazes de
influenciá-lo.Ao contrário, tanto 2Pedro como Judas nos dizem que
alguns anjos se rebelaram contra Deus e se tornaram oponentes hostis à
sua palavra. O pecado deles parece ter sido o do orgulho, a recusa em
aceitar seu lugar designado, pois eles “não conservaram suas posições de
autoridade mas abandonaram sua própria morada” (Jd 6).
É também possível que
haja uma referência à queda de Satanás, o príncipe dos demônios, em
Isaías 14 . Conforme Isaías descreve o juízo de Deus sobre o rei da
Babilônia (um rei humano, terreno), ele chega à seção onde começa a
usar uma linguagem que parece forte demais para referir-se meramente a
um ser humano:
Como você caiu dos
céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra,
você, que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: ‘Subirei
aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me
assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo.
Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo'.
Mas às profundezas do Sheol você será levado, irá ao fundo do abismo!
(Is 14.12-15; cf. Ez 28.11-19).
Essa linguagem de subir
ao céu e assentar-se no trono acima das estrelas e dizer “serei
semelhante ao Altíssimo” sugere enfaticamente a rebelião de uma
criatura angélica de grande poder e (isso não significa que esses
anjos pecaminosos não exerçam atualmente influência no mundo, pois no
versículo 9 Pedro diz que o Senhor também “sabe livrar os piedosos da
provação e manter em castigo os ímpios para o dia de juízo”,
referindo-se aos seres humanos pecaminosos que obviamente ainda tinham
influência no mundo e até causam problema para os leitores de Pedro. O
versículo 4 simplesmente significa que os anjos ímpios haviam sido
removidos da presença de Deus e permanecem guardados debaixo de alguma
espécie de influência restritiva e até o juízo final, o que, entretanto,
não anula a sua atividade contínua no mundo nesse meio-tempo.) dignidade.
Não seria incomum para a linguagem profética hebraica passar das
descrições de eventos humanos para descrições de eventos celestiais que
lhes são paralelos e que os eventos da terra ilustram de modo limitado.
Se assim for, então o pecado de Satanás é descrito como orgulho e
tentativa de ser igual a Deus em posição e autoridade.
“Satanás” é o nome pessoal
do cabeça dos demônios. Esse nome é mencionado em Jó 1.6, onde “os
anjos vieram apresentar-se ao SENHOR, e Satanás também veio com eles”
(v. tb. Jó 1.7—2.7). Aqui ele aparece como o inimigo do Senhor que traz
severas provações para Jó . De modo semelhante, ao final da vida de
Davi, “Satanás levantou-se contra Israel e levou Davi a fazer um
recenseamento do povo” (1 Cr 21.1). Além disso, Zacarias teve uma visão
do “sumo sacerdote Josué diante do anjo do SENHOR, e Satanás, à sua
direita, para acusá-lo” (Zc 3.1). O nome “Satanás” é uma palavra
hebraica (s ãtãn) que significa “adversário” . O NT também usa o nome
“Satanás”, tomando-o simplesmente do AT. Assim, Jesus, em sua tentação
no deserto, fala a Satanás diretamente, dizendo: “Retire-se, Satanás!”
(Mt 4.10), ou “Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago” (Lc 10.18).
A Bíblia usa também
outros nomes para Satanás. Ele é chamado: “Diabo” (somente no NT: Mt
4.1; 13.39; 25.41; Ap 12.9; 20.2; etc.); ”serpente” (Gn 3.1,14; 2Co
11.3; Ap 12.9; 20.2); ”Belzebu” (Mt 10.25; 12.24,27; Lc 1 l.15); ”o
príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.1 l), ”príncipe do poder do
ar” (Ef 2.2), ou “o Maligno” (Mt 13.19; 1Jo 2.13). Quando Jesus diz a
Pedro: “Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim,
e não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens” (Mt 16.23), ele
reconhece que a tentativa de Pedro de tentar preservá-lo do sofrimento e
da agonia da cruz é realmente uma tentativa de impedir Jesus de
obedecer ao plano de seu Pai. Jesus percebe que a oposição, em última
instância, não vinha de Pedro, mas do próprio Satanás. Satanás pecou antes de os seres humanos terem
caído, como fica evidente no fato de que ele (na forma de uma serpente)
tentou Eva (Gn 3.1-6; 2Co 11.3). O NT também nos informa que Satanás
“foi homicida desde o princípio” e que ele é ”mentiroso e pai da
mentira” (Jo 8.44). Ele diz igualmente que o Diabo “vem pecando desde o
princípio” (lJo 3.8). Em ambos os textos, a frase “desde o princípio”
não sugere que Satanás tenha sido mau desde o tempo em que Deus começou a
criar o mundo (“desde o princípio do mundo”) ou desde o começo de sua
existência (“do princípio de sua vida”), mas sim desde o começo da
história do mundo (Gn 3 e mesmo antes). A característica do Diabo tem
sido a de originar o pecado e a de induzir outros a pecar. Assim como Satanás induziu Eva a pecar contra
Deus (Gn 3.1-6), ele também induziu Jesus a pecar para que falhasse na
sua missão como Messias (Mt 4.1-11). As táticas de Satanás e seus
demônios são as de usar as mentiras (Jo 8.44), o engano (Ap 12.9), o
assassinato (Sl 106.37; Jo 8.44) e qualquer outra espécie de atividade
destrutiva para provocar nas pessoas o abandono de Deus e a destruição
delas próprias. Os demônios tentarão toda tática para cegar as pessoas
para o evangelho (2Co 4.4) e mantê-las em escravidão às coisas que as
impedem de vir a Deus (Gl 4.8). Eles também usarão tentação, dúvida,
culpa, temor, confusão, doença, inveja, orgulho, calúnia ou quaisquer
outros meios para impedir o testemunho e a utilidade dos cristãos.
A história de Jó deixa
claro que Satanás poderia fazer somente o que Deus lhe deu permissão
para fazer, e nada mais (Jó 1.12; 2.6). Os demônios estão presos “com
correntes eternas” (Jd 6) e podem ser vitoriosamente rechaçados pelos
cristãos por meio da autoridade que Cristo lhes dá (Tg 4.7: “ Resistam
ao Diabo, e ele fugirá de vocês”).
Além disso, o poder dos
demônios é limitado. Após rebelarem-se contra Deus, eles não têm o
poder que tinham quando eram anjos, porque o pecado é influência
enfraquecedora e destrutiva.
O poder dos demônios, embora significativo, é provavelmente menor que o poder dos anjos.
Na área do
conhecimento, não devemos pensar que os demônios podem conhecer o futuro
ou que eles possam ler nossa mente ou conhecer nossos pensamentos. Em
muitos lugares no AT, o Senhor revela-se como o Deus verdadeiro em
contraposição aos deuses (demoníacos) das nações pelo fato de que ele
somente pode conhecer o futuro : “Lembrem-se das coisas passadas, das
coisas muito antigas! Eu sou Deus, e não há nenhum outro; eu sou Deus, e
não há nenhum como eu. Desde o início faço conhecido o fim, desde
tempos remotos, o que ainda virá” (Is 46.9,10). Nem mesmo os anjos
conhecem o tempo do retorno de Jesus (Mc 13.32) , e também não há
indicação na Escritura de que eles ou os demônios conheçam qualquer
outra coisa a respeito do futuro.
Com respeito a conhecer
os nossos pensamentos, a Bíblia nos diz que Jesus conhecia os
pensamentos das pessoas (Mt 9.4; 12.25; Mc 2.8; Lc 6.8; 11.17) e que
Deus conhece os pensamentos das pessoas (Gn 6.5; Sl 139.2,4,23; Is
66.18), mas não há indicação de que anjos ou demônios possam conhecer
os nossos pensamentos. De fato, Daniel disse ao rei Nabucodonosor que
nenhuma pessoa falando por outro poder que não o de Deus poderia dizer
ao rei o que ele havia sonhado (v. Dn 2.27,28). Mas se os demônios não
podem ler a mente das pessoas, como haveremos de entender os relatórios
recentes dos bruxos, dos que lêem a sorte ou de outros evidentemente sob
influência demoníaca que são capazes de dizer às pessoas os detalhes de
sua vida que elas pensavam que ninguém sabia, como, por exemplo, o que
haviam comido no café da manhã ou onde haviam guardado secretamente
algum dinheiro em sua casa? A maioria dessas coisas pode ser explicada
pela percepção de que os demônios podem observar o que acontece no mundo
e, provavelmente, deduzir algumas conclusões de suas observações. Um
demônio pode saber o que eu comi no café-da-manhã simplesmente por me
ver tomando o café-da-manhã! Ele pode saber o que eu disse em uma
conversa particular de telefone porque ele ouviu a minha conversa. Os
cristãos não devem deixar-se iludir se encontrarem membros do ocultismo
ou de outras falsas religiões que parecem demonstrar tal conhecimento de
vez em quando. Esses resultados da observação não provam que os
demônios possam ler os nossos pensamentos e nada na Bíblia nos leva a
pensar que eles tenham esse poder.
Algumas pessoas,
influenciadas pela cosmovisão naturalista que somente admite a realidade
do que pode ser visto, tocado ou ouvido, negam que os demônios existam
hoje. Eles sustentam que anjos e demônios são simplesmente mitos que
pertencem à cosmovisão obsoleta ensinada na Bíblia e em outras culturas
antigas.
Se, entretanto, a
Escritura nos dá o relato verdadeiro do mundo como ele realmente é,
então temos de levar a sério sua descrição do intenso envolvimento
demoníaco na sociedade humana. Nosso compromisso com os cinco sentidos
meramente nos diz que temos algumas deficiências em nossa capacidade de
entender o mundo, mas não que os demônios não existam. De fato, não há
razão alguma para pensar que há menos atividade demoníaca no mundo hoje
do que houve no tempo do NT. Estamos no mesmo período do plano global de
Deus para a história (a época da igreja ou a época da nova aliança), e
o milênio, quando a influência de Satanás será removida da terra, ainda
não veio. Da perspectiva bíblica, a recusa da sociedade moderna em
reconhecer a presença da atividade demoníaca hoje deve-se simplesmente à
cegueira das pessoas para a verdadeira natureza da realidade.
Mas em que espécie de
atividade os demônios estão envolvidos hoje? Há algumas características
distintivas que vão nos capacitar a reconhecer a atividade demoníaca
quando ela ocorrer?
Nem todo mal epecadopro cedem de Satanás e demônios, mas em alguns casos sim.
Se temos a visão da
ênfase global das cartas do NT, percebemos que pouco espaço é dado à
discussão da atividade demoníaca na vida dos crentes ou aos métodos para
resistir e se opor a tal atividade. A ênfase é dizer aos crentes para
não pecar, mas viver retamente. Por exemplo, em lCoríntios , quando há o
problema das “divisões”, Paulo não diz à igreja para repreender o
espírito de divisão , mas simplesmente incita-os a viver concordemente e
a serem “unidos num só pensamento e num só parecer” (lCo 1.10). Quando
há um problema de incesto, ele não diz aos coríntios para repreenderem
um espírito de incesto, mas diz que eles exercessem disciplina para que
o ofensor se arrependesse (lCo 5.l-5). Esses exemplos poderiam ser
duplicados muitas vezes em outras cartas do NT.
Portanto, embora o NT
claramente reconheça a influência da atividade demoníaca no mundo, e
mesmo, como veremos, sobre a vida dos crentes, seu foco primário a
respeito do crescimento cristão não é a atividade demoníaca, mas as
escolhas e ações feitas pelos cristãos (v. tb. Gl 5.16-26; Ef 4.1—6.9;
Cl 3.1—4.6 etc.). Similarmente, esse deveria ser o foco principal de
nossos esforços hoje, quando lutamos por crescer em santidade e fé, para
vencer desejos e ações pecaminosos que permanecem em nossa vida (cf. Rm
6.1-23) e superar as tentações que vêm contra nós provenientes do
mundo descrente (lCo 10.13). Precisamos aceitar nossa responsabilidade
de obedecer ao Senhor e não culpar as forças demoníacas por nossos atos
errados.
Não obstante, várias
passagens mostram que os autores do NT estavam definitivamente cônscios
da presença da influência demoníaca no mundo e na vida dos cristãos.
Paulo advertiu Timóteo que nos últimos dias alguns “abandonarão a fé e
seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios” (1Tm 4.1) e que
isso levaria a idéias de proibir o casamento e proibir certas comidas
(v. 3), coisas boas que Deus criou para serem recebidas com ações de
graça (v. 4). Portanto, ele considerou alguns ensinos falsos como de
origem demoníaca. Em 2Timóteo , Paulo sugere que os que se opunham à sã
doutrina eram mantidos em cativeiro pelo demônio para cumprirem a
vontade dele: “Ao servo do Senhor não convém brigar mas, sim, ser amável
para com todos, apto para ensinar, paciente. Deve corrigir com mansidão
os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o
arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade, para que assim
voltem à sobriedade e escapem da armadilha do Diabo, que os aprisionou
para fazerem a sua vontade” (2Tm 2.24-26).
Semelhantemente Jesus
havia asseverado que os judeus que tinham se oposto de modo obstinado a
ele estavam seguindo ao seu pai, que é o Diabo: “Vocês pertencem ao pai
de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida
desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele.
Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da
mentira” (Jo 8.44).
Em sua primeira carta
João salienta que os atos hostis dos descrentes têm influência demoníaca
ou possuem às vezes origem demoníaca. Ele faz uma afirmação geral
dizendo que “aquele que pratica o pecado é do Diabo” (1Jo 3.8), e
continua dizendo: “Desta forma sabemos quem são os filhos de Deus e quem
são os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não procede de Deus,
tampouco quem não ama seu irmão” (lJo 3.10). Aqui João caracteriza
todos os que não são nascidos de Deus como filhos do Diabo e sujeitos à
sua influência e desejos.
Quando combinamos todas
essas afirmações, vemos que Satanás é visto como o originador das
mentiras, dos assassínios, do engano, do falso ensino e do pecado em
geral. Por causa disso, parece razoável concluir que o NT quer que
entendamos que há algum grau de influência demoníaca em todas as coisas
erradas e pecados que ocorrem hoje. Nem todo pecado é causado por
Satanás ou pelos demônios, nem a atividade demoníaca é a principal
influência ou a causa do pecado, mas a atividade demoníaca é
provavelmente um elemento presente em quase todo pecado e em quase toda
atividade destrutiva que se opõe à obra de Deus no mundo hoje.
Na vida dos cristãos,
como já observamos, a ênfase do NT não é sobre a influência dos
demônios, mas sobre o pecado que permanece na vida deles. No entanto,
devemos reconhecer que o pecado (mesmo para os cristãos) oferece ponto
de apoio para alguma espécie de influência demoníaca em nossa vida.
Assim, Paulo pôde dizer: “‘Quando vocês ficarem irados, não pequem'.
Apazigúem a sua ira antes que o sol se ponha, e não dêem lugar ao Diabo”
(Ef 4.26,27). A ira pecaminosa aparentemente pode dar oportunidade
para o Diabo (ou demônios) exercer alguma influência negativa em nossa
vida — talvez atacando-nos na área de nossas emoções ou talvez por
aumentar a ira pecaminosa que já sentimos contra outras pessoas.
Semelhantemente, Paulo menciona “a couraça da justiça” (Ef 6.14) como
parte da armadura que temos de usar contra “as ciladas do Diabo” e na
luta “contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo
de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais”
(Ef 6.11,12). Se possuirmos áreas de contínuo pecado em nossa vida, há
fraquezas e buracos em nossa “couraça da justiça”, e nessas áreas é que
somos vulneráveis ao ataque demoníaco. Jesus, ao contrário, que estava
perfeitamente livre do pecado, pôde dizer de Satanás: “Ele não tem
nenhum direito sobre mim” (Jo 14.30). Podemos também observar a conexão
em lJoão 5.18 entre não pecar e não ser tocado pelo maligno: “Sabemos
que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado;6 aquele que
nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge”. O cristão pode ser possuído pelo demônio?
O termo “possessão
demoníaca” é um termo infeliz que aparece em algumas traduções da
Bíblia, mas não reflete realmente o texto grego. O NT grego pode falar
de pessoas que “têm demônio” (Mt 11.18; Lc 7.33; 8.27; Jo 7.20;
8.48,49,52; 10.20), ou pode falar de pessoas que estão sofrendo por
causa de influência demoníaca (a expressão grega é daimonizomai ), porém a Bíblia nunca usa uma linguagem que sugira que um demônio realmente “possui alguém”.
O problema com ambos os
termos, possessão demoníaca e endemoninhado, é que eles conotam uma
influência demoníaca tão forte que parece insinuar que a pessoa que está
sob o ataque demoníaco não tem escolha senão sucumbir ao demônio. Eles
sugerem que a pessoa não mais é capaz de exercer sua vontade e está
completamente sob domínio do espírito mau. Embora isso possa ser verdade
em casos extremos, como o do endemoninhado de Gadara (v. Mc 5.1-20;
observe que, após Jesus ter expulsado os demônios, ele ficou “em
perfeito juízo”, v. 15), certamente não é o que acontece em muitos
casos de ataque demoníaco ou conflito com demônios na vida de diversas
pessoas. Assim, como responderemos à pergunta “Um crente pode ser
possuído pelo demônio?”. Embora a minha preferência não seja, de forma
alguma, o uso do termo possessão demoníaca seja qual for a situação, a
resposta a essa pergunta dependerá do que se quer dizer por “possessão
demoníaca”. Se por ela se entende que a vontade de uma pessoa fica
completamente dominada por um demônio, de forma que essa pessoa não
tenha nenhum poder de escolha para fazer o certo e obedecer a Deus,
então a resposta com respeito ao cristão ser possuído pelo demônio é
negativa, porque a Escritura assegura que o pecado não terá domínio
sobre nós, já que fomos ressuscitados com Cristo (Rm 6.14; v. tb. v.
4,11).
A maioria dos cristãos,
por outro lado, concorda que pode haver diferentes graus de ataque ou
influência demoníaca na vida dos crentes. O crente pode em certas
ocasiões ficar sob ataque demoníaco mais forte ou mais suave. (Observe a
“filha de Abraão” a quem Satanás mantinha encurvada por dezoito anos de
forma que, por causa desse espírito de enfermidade, ela não podia
endireitar-se [Lc 13.11,16].) Embora os cristãos após o Pentecoste
tenham poder mais pleno [A palavra daimonizomai, que pode ser
traduzida por “estar sob a influência demoníaca” ou estar
endemoninhados, ocorre treze vezes no NT, todas elas nos evangelhos (Mt
4.24; 8.16,28,33; 9.32; 12.22; 15.22 [“endemoninhada”]; Mc 1.32;
5.15,16,18; Lc 8.36; Jo 10.21). Todos esses exemplos parecem indicar a
influência demoníaca muito grave. À luz disso, talvez seja melhor
reservar a palavra endemoninhado para casos mais extremos ou graves. A
palavra endemoninhado parece-me sugerir influência ou controle demoníaco
muito forte. (V. outras palavras similares com o sufixo “izado”:
pasteurizado, homogeneizado, tiranizado, materializado, nacionalizado
etc. Todas essas palavras falam de uma transformação total no objeto a
que se referem, não apenas de uma influência moderada ou suave.) Mas
tornou-se comum em parte da literatura cristã de hoje descrever pessoas
sob qualquer espécie de ataque do maligno como “endemoninhado”. Seria
mais sábio reservar o termo para casos mais graves de influência
demoníaca, a fim de que nossa linguagem não sugira uma influência mais
forte do que realmente ocorre.] do Espírito Santo trabalhando
dentro deles para capacitá-los a triunfar sobre os ataques demoníacos,
eles nem sempre invocaram esse poder ou nem mesmo conheceram a respeito
do poder que por direito lhes pertence. Faríamos bem em evitar a
categorização dessa influência com os termos possessão demoníaca (assim
como outros termos como oprimido ou atormentado), para simplesmente
reconhecer que pode haver graus variados de ataque ou de influência
demoníaca sobre pessoas, mesmo sobre cristãos, e não acrescer mais nada.
Em todos os casos, o remédio será sempre o mesmo: repreenda o demônio
em nome de Jesus e ordene que saia.
Quando Jesus enviou os doze
discípulos adiante dele para pregar o Reino de Deus, ”deu-lhes poder e
autoridade para expulsar todos os demônios” (Lc 9.1). Após os setenta
terem pregado sobre o Reino de Deus nas cidades e aldeias, eles
retornaram com alegria, dizendo: ”Senhor, até os demônios se submetem a
nós, em teu nome” (Lc 10.17) , e Jesus lhes disse: ”Eu lhes dei
autoridade [...] sobre todo o poder do inimigo”(Lc 10.19). Quando
Filipe, o evangelista, desceu para Samaria para pregar o evangelho de
Cristo , ”os espíritos imundos saíam de muitos, dando gritos” (At 8.7),
e Paulo usou a autoridade espiritual sobre os demônios para dizer ao
espírito de adivinhação que estava em uma jovem adivinhadora: “Em nome
de Jesus Cristo eu lhe ordeno que saia dela!” (At 16.18).
Paulo estava cônscio da
autoridade espiritual que possuía, tanto nos encontros face a face como
o de Atos 16 , como também em sua vida de oração. Ele disse: “Pois,
embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. As
armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrario, são poderosas
em Deus para destruir fortalezas” (2Co 10.3,4). Além disso, ele falou
em alguma medida da luta que os cristãos têm contra “as ciladas do
Diabo” em sua descrição do conflito “contra as forças espirituais do
mal nas regiões celestiais” (v. Ef 6.10-18). Tiago fala a todos os seus
leitores (em muitas igrejas): “Resistam ao Diabo, e ele fugirá de
vocês” (Tg 4.7). Semelhantemente, Pedro diz a seus leitores em muitas
igrejas na Ásia Menor: “Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de
vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa
devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé” (lPe 5.8,9).
É importante que
reconheçamos que a obra de Cristo na cruz é a base definitiva para a
nossa autoridade sobre os demônios. Embora Cristo tenha ganho a vitória
sobre Satanás no deserto, as cartas do NT apontam para a cruz como o
momento em que Satanás foi definitivamente derrotado. Jesus assumiu a
natureza humana (carne e sangue) “para que, por sua morte, derrotasse
aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo” (Hb 2.14). Na cruz,
Deus, “tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um
espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz” (Cl 2.15). Portanto,
Satanás odeia a cruz de Cristo, porque lá ele foi inquestionavelmente
derrotado para sempre. Por causa da morte de Cristo na cruz, nossos
pecados são perdoados por completo, e Satanás não possui autoridade nem
direito sobre nós.
[É bom acrescentar
que, se há algum pecado específico que tenha dado lugar à influência do
demônio, o pecado deve ser confessado e abandonado (v. anteriormente).
Mas nem todo ataque demoníaco pode ser ligado a pecado específico, já
que o próprio Jesus foi severamente tentado por Satanás, como aconteceu
com Eva antes da queda].
Ainda mais, nossa
posição como filhos na família de Deus é a posição espiritual firme pela
qual lutamos em nossa batalha espiritual. Paulo diz a todo cristão:
“Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl
3.26). Quando Satanás vem para atacar-nos, ele está atacando um dos
filhos do próprio Deus, um membro da família divina. Essa verdade dá-nos
autoridade para derrotá-lo e enfrentar a guerra contra ele com muito
sucesso.
Se como crentes achamos
apropriado falar uma palavra de repreensão ao demônio, é importante que
nos lembremos de que não precisamos temer os demônios. Embora Satanás e
os demônios tenham muito menos poder que o Espírito Santo que opera
dentro de nós, uma das táticas de Satanás é tentar causar medo em nós.
Em vez de ceder a tal temor, os cristãos devem lembrar as verdades da
Escritura, que nos dizem: ”Filhinhos, vocês são de Deus e os venceram,
porque aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo”
(lJo 4.4); e: “Pois Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de
poder, de amor e de equilíbrio” (2Tm 1.7). Paulo diz aos efésios que em
sua batalha espiritual eles devem usar o “escudo da fé”, para que possam
“apagar todas as setas inflamadas do Maligno” (Ef 6.16). Isso é muito
importante, visto que o oposto do temor é a fé em Deus. Ele também lhes
diz para serem intrépidos em sua luta espiritual, de forma que, tendo
tomado toda a armadura de Deus, pudessem “resistir no dia mau e
permanecer inabaláveis, depois deterem feito tudo” (Ef 6.13). Paulo diz
que os cristãos, em seu conflito contra as forças espirituais hostis,
não devem bater em retirada ou se encolher de medo, mas permanecer
intrepidamente no seu lugar, sabendo que suas armas e sua armadura “não
são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir
fortalezas” (2Co 10.4; cf. lJo 5.18).
Na realidade, essa
autoridade de repreender demônios pode resultar em uma breve ordem ao
espírito maligno para ir embora quando suspeitamos da presença de
influência demoníaca em nossa vida pessoal ou na vida dos que nos
cercam. Devemos resistir ao Diabo (Tg 4.7), e ele fugirá de nós. Há
ocasiões em que uma breve ordem no nome de Jesus será suficiente. Outras
vezes será de grande utilidade citar as Escrituras no processo de
ordenar ao espírito para que abandone aquela situação. Paulo fala da “
espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17) . E Jesus, quando
foi tentado por Satanás no deserto, repetidamente citou as Escrituras
em resposta às tentações do Diabo (Mt 4.1-11). Entre os textos
apropriados da Escritura podem ser incluídas afirmações gerais do
triunfo de Jesus sobre Satanás (Mt 12.28,29; Lc 10.17-19; 2Co 10.3,4; Cl
2.15; Hb 2.14; Tg 4.7; lPe 5.8,9; lJo 3.8; 4.4; 5.18), mas também
versículos relacionados diretamente à tentação particular ou dificuldade
iminente.
É importante lembrar
que o poder de expulsar demônios não vem da nossa força ou do poder de
nossa própria voz, mas do Espírito Santo (Mt 12.28; Lc 11.20) . Além
disso, Jesus emite uma advertência clara de que não devemos nos
regozijar demais ou nos tornar orgulhosos de nosso poder sobre os
demônios, mas que antes devemos nos regozijar em nossa grande salvação.
Devemos manter isso claro em nossa mente para que não nos tornemos
orgulhosos e o Santo Espírito não venha a retirar de nós esse poder.
Quando os setenta discípulos retornaram com alegria dizendo: “Senhor,
até os demônios se submetem a nós, em teu nome” (Lc 10.17), Jesus lhes
disse: “Contudo, alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a
vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus” (Lc 10.20).
Devemos viver na expectativa de o evangelho vir com poder para triunfar
sobre as obras do Diabo. Quando Jesus veio pregando o evangelho na
Galiléia, “de muitas pessoas saíam demônios” (Lc 4.41). Quando Filipe
foi a Samaria para pregar o evangelho, “os espíritos imundos saíam de
muitos, dando gritos” (At 8.7). Jesus comissionou Paulo para pregar
entre os gentios “para abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas
para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim de que recebam o
perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé em
mim” (At 26.18). Segundo Paulo, sua mensagem e pregação “não consistiram
de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração
do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na
sabedoria humana, mas no poder de Deus” (lCo 2.4,5; cf. 2Co 10.3,4). Se
realmente cremos no testemunho da Escritura a respeito da existência e
da atividade dos demônios e se realmente cremos que “para isso o Filho
de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo” (lJo 3.8), então
parece apropriado esperar que mesmo hoje, quando o evangelho é
proclamado a descrentes e quando a oração é feita por crentes que talvez
não estejam conscientes desta dimensão de conflito espiritual, poderá
haver triunfo genuíno e muitas vezes imediatamente reconhecível sobre o
poder do inimigo. Devemos esperar que essa vitória aconteça, imaginá-la
como parte normal da obra de Cristo no desenvolvimento do seu Reino e
nos regozijar nela.
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