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Demonologia é o estudo sistemático dos demônios. Quando envolve os estudo de textos bíblicos, é considerada um ramo da Teologia. Por geralmente se referir aos demônios descritos no Cristianismo, pode ser considerada um estudo de parte da hierarquia bíblica. Também não está diretamente relacionada ao culto aos demônios.


sábado, 4 de janeiro de 2014

Um estudo sobre as possessões e exorcismo no Ocidente Cristão 04/05/2014

A Europa moderna dos primeiros tempos foi farta de casos de possessão demoníaca. Milhares de homens, mulheres e crianças falavam línguas que jamais tinham ouvido, fatiavam a própria carne e berravam blasfêmias e palavrões. Vomitaram vastas quantidades de pregos, parafusos, alfinetes, sangue, penas, pedras, moedas, carvão, excrementos, retalhos de pano, cabelos, e grunhiam e zurravam como animais. Alguns se dobravam em convulsões, flutuavam pela sala ou manifestavam força física sobre-humana. Os olhos arregalavam-se, pernas e braços ficavam rígidos, os rostos torcidos e gargantas e estômagos inchavam monstruosamente. Havia os que entravam em transe, adivinhavam o futuro, revelavam segredos que não se podia entender como chegaram a eles.
Linda Blair em
O Exorcista
No final do século 17, um frade franciscano tirou um enorme sapo da boca de uma mulher endemoniada, e a cabeça de um jovem escocês virou para as costas, circuito bem menos impressionante que aquele, de Linda Blair, em O Exorcista. Uma mulher vomitou uma enguia viva, seguida de quase 11 kg de substâncias variadas, duas vezes por dia, por duas semanas. (Admiravelmente ponderado, Brian Levack, autor de The Devil Within, avisa que “a veracidade desses depoimentos pode ser questionada sob vários aspectos”.) As pernas de algumas mulheres jovens ficaram tão rígidas, que nem o esforço de vários homens fortes conseguiu dobrá-las; outras arqueavam a coluna para trás, como contorcionistas, e ocasionalmente também lambiam o chão, quando arqueadas. Alguns homens e mulheres levitaram (os católicos comprovadamente melhores levitadores que os protestantes); outros invertiam o processo, tornando-se tão pesados que nada conseguia movê-los.
Um endemoniado alemão, no final do século 17 ganhou fama por ter tossido 400 potes de sangue. Dizia-se que alguns dos possuídos passavam meses, até anos, sem comer nem beber. Outros se punham a falar latim, grego ou hebraico, e uma mulher italiana e analfabeta declamou versos da Eneida no original. Dado que eram tidos como anjos caídos, os demônios manifestavam a mais alta inteligência com que Deus adornara os espíritos angélicos e tinham, presumivelmente, boa base dos clássicos. Em países católicos, os caídos nas garras de Satã cuspiam em crucifixos, vomitavam sobre a hóstia da comunhão, perseguiam padres e insultavam a Virgem Maria. Como em A Profecia, reagiam com terror e nojo a objetos sacros. 

Freiras possuídas faziam obscenos gestos sexuais, levantavam as saias e adotavam comportamento que, segundo um comentarista, “teriam deixado atônitos até os frequentadores do mais imundo bordel do país”. Bem menos lascivamente, as endemoniadas jovens da Salem do século 17 faziam discursos tresloucados, metiam-se debaixo das cadeiras e enfiavam-se em tocas.
O julgamento das Bruxas (jovens) de Salem no século 17
Acreditava-se que o corpo humano fosse poroso, e que os espíritos maléficos que conseguiam entrar vagavam por ali, à vontade entre as cavidades internas, atacando órgãos indiscriminadamente. O maior número de demônios que jamais invadiram corpo humano, dizia-se, foi 12.652, todos os quais tomaram posse do corpo de uma única jovem alemã de 16 anos, em 1584. Mais frequentemente, o Diabo instalava-se ele mesmo, sem admitir co-habitação com subordinados. Mas só podia fazê-lo com permissão de Deus, o que então levantava a questão, teologicamente embaraçadora, de por que o Altíssimo permitiria que a língua de mulheres jovens e puras inchasse a ponto de tocar o queixo.
Quando múltiplos demônios eram exorcizados, os endemoniados às vezes inventavam nomes para todos eles, em resposta ao questionário do exorcista. Vários endemoniados ingleses no século 16 apresentaram seus ocupantes demoníacos como Pippin, Maho, Philpot, Modu e Soforce, que bem passaria como cartão de visita de empresa de advocacia. Muitos casos de possessão eram fraudes flagrantes. As pessoas fingiam estar tomadas pelo Diabo, para atrair atenção, violar impunemente normas sociais ou morais, receber esmolas de vizinhos solidários ou (porque se acreditava que as bruxas podiam ordenar a possessão de outros) incriminar um inimigo. Mas a fraude não explica todos os casos.
Thomas Hobbes
Até o final do século 19, epilepsia, histeria e melancolia (ou depressão clínica) também eram consideradas causas primárias. De fato, a histeria ainda era usada para explicar acordos com Belzebu, no início do século 17. Nossos ancestrais não eram, de modo algum, tão crédulos quanto às vezes imaginamos: inúmeros cristãos devotos duvidavam de tudo aquilo. Thomas Hobbes foi um dos muitos que viram a possessão demoníaca como metáfora de doença mental. E esse parece ter sido também o pensamento de Spinoza. Desde os primeiros anos do Renascimento, inúmeros médicos diziam que havia causas naturais para a possessão demoníaca. Como também alguns de seus predecessores gregos e helênicos.
A crença no poder de espíritos maléficos para infestar o corpo humano nunca foi questão de fé para os católicos, e nenhum católico foi processado por heresia por negar esse poder. Houve os que acreditavam que todas as doenças, físicas ou mentais, eram trabalho do Demo, convicção da qual Jesus pode ter partilhado. Chama a atenção que Jesus jamais tenha instado os doentes a reconciliarem-se com as próprias doenças. Ao contrário: Jesus parece considerar as doenças dos doentes como frutos do mal; e curar os doentes, como parte de sua missão contra os poderes das trevas.
Nas décadas recentes, os (ex-)endemoniados têm sido diagnosticados como portadores de desordem bipolar, esquizofrenia catatônica, epilepsia, atonias musculares, síndrome de Tourette, envenenamento por fungos diversos, anorexia, desordens de personalidade e inúmeras outras moléstias. Levack não se deixa convencer por essas especulações. Em parte, porque nenhuma dessas síndromes dão conta dos sintomas padrão da possessão demoníaca. Epiléticos normalmente não vomitam sapos, e os tomados pela melancolia nem sempre se põem a falar línguas estrangeiras. Mas Levack não se deixa persuadir, também, porque suspeita que os diagnósticos psiquiátricos sejam a-históricos. No seu modo de ver, tornar-se presa do Demônio sempre tem especificidades culturais. Não se pode, diz ele, usar modelos da psicologia contemporânea, para explicar a mentalidade de gente que viveu há vários séculos. Não há dúvidas de que é implausível. Os sofrimentos psicológicos, como os físicos, manifestam um grau de continuidade ao longo das eras. Sadismo, ansiedade e paranoia assumem formas diferentes em diferentes tempos, mas há semelhanças de família suficientes que nos permitem falar de, em linhas gerais, uma mesma condição psicológica.
Todas as doenças, escreve Levack, “são socialmente construídas e não podem ser compreendidas se não são estudadas no contexto cultural em que emergem”. O câncer não é constructo social, no sentido em que o é a melancolia; e um médico alemão pode tratar de um camponês peruano com artrite, mesmo sem saber grande coisa sobre o seu contexto cultural.
Terry Eagleton
Porque capitula ante um culturalismo “de moda”, Levack não esclarece que papel, se houver algum, ele entende que a doença mental desempenhe no comportamento demoníaco. Por outro lado, desconfia muito profundamente das respostas universalistas; considera a definição moderna de histeria jurássica demais para ser útil; e descarta rapidamente demais a noção de histeria de massa – que seria explicação razoável para as várias epidemias de invasão e ocupação diabólica que irrompem de tempos em tempos. Por outro lado, concede que o distúrbio psicológico possa dar conta do negócio em tela.
Seu livro, pois, combina o ceticismo contra as explicações médicas, com a concessão de que a histeria e a possessão demoníaca possam estar intimamente relacionadas.
Mesmo assim, a atenção que Levack dá às diferenças culturais abre caminho para alguns insights fascinantes. Mostra que no Novo Testamento os escravizados pelos demônios só manifestam alguns dos sintomas de seus primeiros sucessores modernos: ali, não alucinam, não falam línguas estrangeiras, nem têm comportamento obsceno. Sitiados pelos espíritos perversos, os católicos tendem a ter comportamento diferente dos protestantes.
Para o protestantismo, credo menos materialista, o Diabo traz ameaça menos física que espiritual. Católicos apanhados nas garras de Satã mostravam horror ante relíquias sagradas e crucifixos; protestantes, podiam ser contidos e controlados com uma única Bíblia. A possessão coletiva era fenômeno predominantemente católico – porque o catolicismo era negócio menos individualista que o protestantismo. O aspecto sexual da possessão – contorcimentos e gemidos durante a penetração – era muito mais pronunciado entre católicos, que entre protestantes. Católicos cuspiam objetos estranhos com muito mais alta frequência. Judeus endemoniados, nos primeiros tempos da Europa moderna, tendiam a ser tomados, mas não por demônios: pelos espíritos dos ancestrais desencarnados.
O tipo de força que assaltava os corpos dependia muito do sistema de crenças: muçulmanos que tivessem experiências de quase-morte dificilmente veriam uma imagem de Cristo caminhando em direção a eles. Os calvinistas, esses, eram quase impenetráveis à penetração demoníaca: apenas 11 miseráveis casos foram registrados na Escócia moderna, e só 25 em círculos britânicos puritanos ou Dissidentes [orig. Dissenting]. Se, como Levack acredita, as bruxas de Salem não foram caso de possessão demoníaca, e nem elas, nem nenhum observador jamais disse que tivessem sido, ficamos só com sete endemoniados na Inglaterra no final do século 17.
Dissidentes: cristãos que se separaram da Igreja da Inglaterra nos séculos 16, 17 e 18
Na opinião de Levack, os endemoniados têm de ser compreendidos como atores que atuavam conforme um roteiro codificado em suas culturas religiosas, numa performance teatral que envolvia eles mesmos, o exorcista e, como público, a comunidade. Embora a performance fosse predeterminada, admitia-se o improviso ocasional. As pessoas inflavam seus personagens lendo relatos de possessões alheias – o que implica que a disseminação de textos impressos teve papel vital no negócio todo. Atores e especialistas em treinar atores várias vezes apareceram envolvidos em casos de falsa possessão. Os exorcismos podiam acontecer em plataformas, ante vários milhares de espectadores. Eram exercícios de propaganda, para disseminar a fé, demonstrando o poder da Igreja Católica. (O protestantismo, credo muito menos teatral, rejeitava esses rituais, que considerava supersticiosos.) Os exorcistas seguiam o papel que lhes era prescrito, estimulando o desempenho teatral dos possuídos mediante insistente implantação de sugestões, que acrescentavam, pela repetição, novas linhas no roteiro dos infelizes. Ao fazê-lo, o exorcismo sempre agravava os sintomas que deveria aliviar – o que bem se pode entender como uma espécie de homeopatia espiritual. Só levando a aflição a ponto de crise, espancando a cabeça dos endemoniados indefesos, cuspindo-lhes na cara, apertando os seios da endemoniada ou prendendo-a ao chão, pelo pescoço, com o pé, o exorcista conseguia expelir as potências ocupantes. As quais emergiam do corpo endemoniado sob a forma de sapos ou ouriços, que às vezes conseguiam escapar pelo Portal do Diabo, os genitais femininos. São Martinho de Tours, certa vez, para conseguir exorcizar um homem, passou-lhe o braço pelo pescoço e apertou, obrigando o demônio, assim, a sair pelo ânus. Os exorcismos católicos eram questão de oferta e demanda: o sucesso aumentava a popularidade, o que ajuda a explicar por que havia tantos casos de possessão católica. A cura, em resumo, ajudava a propagar a doença. Houve muitos exorcistas viajantes que cobravam por seus serviços, como, hoje, há espiritualistas itinerantes.
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Levack estima que pelo menos ¾ dos endemoniados nos primeiros tempos da Europa moderna eram mulheres. A piedade entre as mulheres ganhava nova ênfase, além do culto à santidade da mulher; e a busca de perfeição moral poder ter alimentado a culpa e a ansiedade entre mulheres conscientes de suas fragilidades de espírito. Levack afirma que bom número de freiras no período cultivavam fantasias sexuais que envolviam seus confessores ou, então, tinham casos com eles. Assumia-se, em geral, que o Diabo assaltava com mais veemência os aspirantes à santidade, que os preferia aos moralmente medíocres; portanto, a linha a separar santidade e danação era perigosamente tênue. Pode-se chamar de Síndrome de Graham Greene. Dizia-se que Satã tinha mais poder nos monastérios, onde muitos homens santos e mulheres santas tinham desmaios e transes, visões e alucinações, jejuavam por longos períodos e demonstravam habilidades para falar línguas que não se tinha notícias de que tivessem estudado.
Pincher Martin
Que pecadores e santos são íntimos é uma venerável crença religiosa. O próprio Diabo, afinal, foi, antes, anjo. Ninguém pode ser condenado ao inferno, se não compreender alguma coisa, pouco, que seja, do divino amor ao qual está dando as costas. Por isso William Golding faz seu malfadado personagem Pincher Martin berrar: “Cago para esse seu paraíso”, enquanto os relâmpagos negros da divindade, com as pinças fechadas de lagosta, operam pacientemente para derrubar as autodefesas da vítima. Adrian Leverkühn, malfadado personagem de Thomas Mann, herói de Doctor Faustus, escolhe estudar teologia na universidade, decidido a conhecer mais de perto a oposição.
Como os santos, os endemoniados pervertidos constituem uma aristocracia espiritual, uma elite privilegiada, tão entendida e au fait, nas questões metafísicas, quanto o mais desapegado dos mártires; por isso, para os Greene e Mauriac e assemelhados, são incomparavelmente superiores às classes médias morais. O Príncipe das Trevas é um gentleman. A equipe do Diabo negocia em termos de Bem e Mal, não se envolve em negócios suburbanos de Certo e Errado.
O pico das possessões demoníacas parece ter acontecido no século 17, mas persistiu ao longo da Idade da Razão. Muita gente ainda acreditava que acontecessem, em lugares onde se acreditava que o Iluminismo já avançara consideravelmente.
Houve outra avançada das incursões diabólicas nos anos 1960s e 1970s, gerada em parte por O Exorcista. Segundo Levack, o interesse pelo fenômeno cresceu muitíssimo nas últimas duas décadas, nas costas das igrejas pentecostais e do pentecostalismo. Num exorcismo pentecostal em Kansas City, um jovem, dado a masturbação compulsiva, autossodomia e bestialismo, com registro de tentativas mal sucedidas de autofelação aceitou renovar seu compromisso com Jesus Cristo. Levack não explica como alguém suficientemente pouco alongado e fora de forma para fracassar na autofelação teria conseguido sucesso na autossodomia. Em 1973, dois padres alemães foram julgados pelo assassinato de uma mulher jovem, que tentaram exorcizar 67 vezes. Em 1999, a Igreja Católica publicou um novo ritual de exorcismo, postulando a necessidade de assistência médica e pastoral à vítima, antes de o divino maquinário ser posto em movimento. Apesar disso, há provas de que alguns raros exorcistas católicos manifestaram desejo de mandar os endemoniados para o psiquiatra. Em 2004, uma universidade romana, com íntimos laços com o Vaticano, começou a oferecer aos sacerdotes um curso de quatro meses de exorcismo; e dioceses católicas em todo o mundo foram convocadas para indicar um exorcista oficial.
Em 2010, aconteceu em Varsóvia o Congresso Nacional de Exorcistas Poloneses, em parte com o objetivo de reagir à imagem hollywoodiana de exorcistas que brandem crucifixos, em batalha contra um Satã monstruosamente priápico, pelo corpo de uma menina da qual jorram obcenidades e vômito colorido. Mas a modernização da indústria da possessão ainda parece ter de andar mais: um dos padres poloneses que participava do Congresso, identificou como endemoniados e possuídos alguns que mostraram dificuldade para entrar numa igreja, que sentiram falta de ar ou desmaiaram, quando afinal conseguiram entrar, ou que, depois de entrarem, jogaram-se dramaticamente ao chão. O fato de que há muitos católicos, hoje, que não conseguem entrar em igrejas, ou que se sentem mal lá dentro, parece ter escapado à sua atenção. Muitos dos casos de possessão nos tempos modernos, como em tempos anteriores, aconteceram em comunidades católicas.
Sabe-se que cerca de meio milhão de pessoas na Itália, hoje, visitam anualmente um exorcista, como outros visitam o dentista ou o oftalmologista. Não se sabe se essa preponderância de papistas explica-se pela superioridade espiritual dos católicos em relação a outras fés, o que seria o maior prêmio que o Diabo poderia desejar, ou se se explica pela inferioridade espiritual dos mesmos, o que os deixa ainda mais expostos ao assalto.
Yahveh
O estudo erudito de Levack, de leitura absorvente, se beneficiaria com um toque de teologia. Ele lembra que o nome “Satã”, em hebreu, significa “adversário” ou “acusador”; e que a Bíblia algumas vezes o vê como o instrumento de um Deus irado. Mas são pontos que exigem alguma elaboração. Satã é a imagem de Yahweh como juiz e patriarca – como um Deus dado a xiliques de prima Donna irascível, que se tem de manter sempre de bom humor. Jesus, ao contrário, é a imagem de Deus como amante, camarada e conselheiro do setor de Defesa. Dado o masoquismo crônico de que padecem, muitos tendem a preferir o Deus prima donna, ao Deus camarada.
Há algo de profundamente gratificante num Deus safado, que aliviará você, com castigos, de sua culpa; e há algo de enervante num Deus que perdoa por definição, porque ele também é carne e sangue. A possessão demoníaca é uma manifestação extrema daquela culpa e ansiedade, ponto no qual, como acontece com o sintoma neurótico, ambas são manifestas e renegadas. Se a culpa brota de dentro, ela também flui de uma força de alienação que também fez ninho ali, e de tal modo que o crime nem é, de fato, culpa sua.
A ideia de que se pode ser tomado por potências de alienação muda o conceito moderno de autonomia. A seu modo, ela reconhece que há um nível no qual homens e mulheres não se pertencem a eles mesmos. Nossa relação conosco mesmos não é nossa relação com uma propriedade. Como o conceito de inconsciente sugere, há forças destrutivas sobre as quais só temos controle precário, e que podem ganhar poder mortal, por elas mesmas. Mas há modos mais produtivos de reconhecer que, num certo nível, não pertencemos a nós mesmos. Mais produtivos que cuspir sapos. 

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