Os Ritos de Thelema utilizam o que nós thelemitas chamamos de força mágica, poder mágico, energia mágica etc., uma força misteriosa que opera sob o controle do magista, o indivíduo que conscientemente o emprega para os mais variados fins. A natureza dessa força é relativamente obscura e é descrita por muitos autores de maneiras distintas, às vezes até contraditórias. O que nos interessa aqui é, portanto, tentar entender como Crowley compreendia essa força mágica e sua natureza, assim como ele a apresentava em seus escritos.
É possível, portanto, ver a identidade entre a Serpente, Hadit, a kuṇḍalinī e a força mágica. Nós podemos incluir nesses conceitos o Aud da magia e o prāṇa manifesto no indivíduo. Um outro simbolismo aparece quando a kuṇḍalinī ou Śakti é entendida como uma Força Redentora, pois é ela que libera o yogī dos inúmeros ciclos de morte e renascimento no saṃsāra, livrando-o do enlace fantasioso da poderosa māyā «Ilusão». Podemos conectar aqui o conceito ocidental da força messiânica que redime o Adepto
Em Daath é dito encontrar a Cabeça da grande Serpente Nechesh ou Leviathan, considerada diabólica para ocultar sua Santidade (NChSh [Serpente] = 358 = [hy#m, messias], o Messias ou Redentor e [ntywl, Leviathan] = 496 = [twblm, Malkuth], a Noiva. Ela é idêntica a kuṇḍalinī da filosofia hindu, a Kwan-se-on dos mongóis e significa a Força Mágica no homem, que é a força sexual aplicada ao cérebro, coração e outros órgãos para redimi-los.
Aqui Crowley acrescenta mais informação ao nosso conhecimento. A kuṇḍalinī, portanto, representa a força mágica messiânica que transforma o homem no Adepto, a Serpente Nechesh ou força sexual. Na cultura tântrica, essa força é somente um aspecto de Śakti, o mais poderoso e volátil de todos, pois Śakti como poder representa Força, tanto microcósmica quanto macrocósmica. A força ou potência sexual é, assim, a mais potente manifestação da Força Mágica. Por conta disso, os Ritos de Thelema operam com este aspecto da Força Mágica e dessa maneira, têm um grau elevado de simbolismo sexual. Talvez essa tenha sido uma das maiores contribuições de Kenneth Grant (1924-2011), destacar e desenvolver este importante aspecto das operações mágicas e práticas místicas que envolvem a Filosofia de Thelema. Ele chamou a atenção para a identidade entre Thelema e o Tantra, demonstrando os aspectos práticos comuns nessas duas tradições. Na cultura tântrica, como vimos acima, Śiva e Śakti são demonstrados em um estado de amor em coiso sexual conhecido como maithunā e o Rito de Thelema que explicitamente explora esse princípio é a Missa Gnóstica.
odos nós, homens e mulheres, carregamos essa Força Mágica em nosso interior e a cultura tântrica ensina que sem ela a vida não é possível. Portanto, trata-se de um princípio de vida ou o espírito que vivifica a vida. Na terminologia de O Livro da Lei, cada homem e cada mulher é uma estrela e no Credo da Missa, creio em um Ar, o alimentador de todos os alentos. O símbolo mágico dessa força é o lingam-yoni e no sistema de magia sexual de Aleister Crowley, a Lança e a Taça. Isso nos leva a uma reflexão importante: o Falo foi extensivamente utilizado por Aleister Crowley como um símbolo da própria kuṇḍalinī e da Força Mágica. Isso significa que o Falo como símbolo dessa Força Mágica não representa apenas a potência masculina, pois uma vez que representa uma força bi-gênera, é adequada a ambos, homem e mulher, o lingam-yoni. Isso chama atenção para identidade entre esses dois símbolos, o Falo e o lingam-yoni. Interessante notar que no Ritual Rubi Estrela, a palavra «O PhALLE» no grego tem o mesmo valor de «PhALLOS», o lingam e «KTEIS», yoni juntos: 1366 . Podemos perceber, assim, que o único vice-regente do Sol sobre a Terra é o poder gerador de cada homem e cada mulher é uma estrela refletido na interação de Sacerdote «o Falo» e Sacerdotisa «a Vulva», daí, Magick.
Algo interessante ainda a se destacar é o relato de Sacerdotes e sacerdotisas que oficiam a Missa Gnóstica. Os sacerdotes têm descrito sua experiência como um tipo de centramento ou contração¸ enquanto que as Sacerdotisas descrevem sua experiência como um tipo de expansão, o que reflete as imagens de Hadit e Nuit. Eu sou o eixo da roda da revolução, e o cubo no círculo. ‘Venha para mim’ é uma palavra néscia: por isso sou Eu que vou.
Nem todos os Ritos de Thelema exigem a interação física entre homem e mulher. A Missa Gnóstica, por exemplo, resume todo o Arcano da magia do IX° O.T.O. e não existe nenhum tipo de interação sexual real entre o Sacerdote e a Sacerdotisa oficiantes. Isso significa que a execução do ritual, através de seu simbolismo, contém e produz essa mesma Força Mágica, bem como outros rituais da mística thelêmica. Isso é muito importante ser compreendido porque a Corrente Mágica Ofidiana de Thelema não se manifesta apenas através da energia sexual produzida pelo próprio ato sexual. A execução ritualística deste simbolismo opera com a mesma Força Mágica. Por exemplo, na Missa Gnóstica quando a Lança é acariciada ou quando ela toca a Taça, não se trata apenas da emulação de um segredo que vela o ato sexual, pois o próprio ato em si nada mais é do que a manifestação material de princípios espirituais mais elevados, a união que une sujeito e objeto em samādhi. Consideremos aqui o que Crowley tem a dizer sobre o coito sexual em Entusiasmo Energizado:
E mais, no uso sacramental e cerimonial do ato sexual, a consciência divina pode ser alcançada. Admitimos o sexo como propósito religioso, e podemos imediatamente declarar que o ato não deva ser profanado. Não deve ser executado com leviandade e tolice. Não deve ser necessário acrescentar a necessidade de estrito autocontrole e concentração por parte destes operadores. Tal como seria blasfêmia apreciar o gosto grosseiro da base material do vinho do sacramento, da mesma forma o celebrante deve suprimir até a mais diminuta manifestação de prazer animal , a excitação sexual deve ser suprimida e transformada em seu equivalente religioso.
É, realmente, de importância primária para o celebrante em qualquer rito fálico que ele seja capaz de completar o ato sem uma vez sequer permitir um pensamento sexual ou sensual que lhe invada a mente.
Assim, a sexualidade e atividade sexual são tipos distintos de manifestação da Força Mágica ou kuṇḍalinī. Por ser equiparada a fonte da vida que opera por meio da atividade sexual, é tida como o tipo mais potente de Força Mágica através da qual a vida se perpetua. No entanto, para que seja apropriadamente considerada Força Mágica, ela deve ser conscientemente produzida, controlada e dirigida através do poder da Vontade.
É possível, portanto, ver a identidade entre a Serpente, Hadit, a kuṇḍalinī e a força mágica. Nós podemos incluir nesses conceitos o Aud da magia e o prāṇa manifesto no indivíduo. Um outro simbolismo aparece quando a kuṇḍalinī ou Śakti é entendida como uma Força Redentora, pois é ela que libera o yogī dos inúmeros ciclos de morte e renascimento no saṃsāra, livrando-o do enlace fantasioso da poderosa māyā «Ilusão». Podemos conectar aqui o conceito ocidental da força messiânica que redime o Adepto
Em Daath é dito encontrar a Cabeça da grande Serpente Nechesh ou Leviathan, considerada diabólica para ocultar sua Santidade (NChSh [Serpente] = 358 = [hy#m, messias], o Messias ou Redentor e [ntywl, Leviathan] = 496 = [twblm, Malkuth], a Noiva. Ela é idêntica a kuṇḍalinī da filosofia hindu, a Kwan-se-on dos mongóis e significa a Força Mágica no homem, que é a força sexual aplicada ao cérebro, coração e outros órgãos para redimi-los.
Aqui Crowley acrescenta mais informação ao nosso conhecimento. A kuṇḍalinī, portanto, representa a força mágica messiânica que transforma o homem no Adepto, a Serpente Nechesh ou força sexual. Na cultura tântrica, essa força é somente um aspecto de Śakti, o mais poderoso e volátil de todos, pois Śakti como poder representa Força, tanto microcósmica quanto macrocósmica. A força ou potência sexual é, assim, a mais potente manifestação da Força Mágica. Por conta disso, os Ritos de Thelema operam com este aspecto da Força Mágica e dessa maneira, têm um grau elevado de simbolismo sexual. Talvez essa tenha sido uma das maiores contribuições de Kenneth Grant (1924-2011), destacar e desenvolver este importante aspecto das operações mágicas e práticas místicas que envolvem a Filosofia de Thelema. Ele chamou a atenção para a identidade entre Thelema e o Tantra, demonstrando os aspectos práticos comuns nessas duas tradições. Na cultura tântrica, como vimos acima, Śiva e Śakti são demonstrados em um estado de amor em coiso sexual conhecido como maithunā e o Rito de Thelema que explicitamente explora esse princípio é a Missa Gnóstica.
odos nós, homens e mulheres, carregamos essa Força Mágica em nosso interior e a cultura tântrica ensina que sem ela a vida não é possível. Portanto, trata-se de um princípio de vida ou o espírito que vivifica a vida. Na terminologia de O Livro da Lei, cada homem e cada mulher é uma estrela e no Credo da Missa, creio em um Ar, o alimentador de todos os alentos. O símbolo mágico dessa força é o lingam-yoni e no sistema de magia sexual de Aleister Crowley, a Lança e a Taça. Isso nos leva a uma reflexão importante: o Falo foi extensivamente utilizado por Aleister Crowley como um símbolo da própria kuṇḍalinī e da Força Mágica. Isso significa que o Falo como símbolo dessa Força Mágica não representa apenas a potência masculina, pois uma vez que representa uma força bi-gênera, é adequada a ambos, homem e mulher, o lingam-yoni. Isso chama atenção para identidade entre esses dois símbolos, o Falo e o lingam-yoni. Interessante notar que no Ritual Rubi Estrela, a palavra «O PhALLE» no grego tem o mesmo valor de «PhALLOS», o lingam e «KTEIS», yoni juntos: 1366 . Podemos perceber, assim, que o único vice-regente do Sol sobre a Terra é o poder gerador de cada homem e cada mulher é uma estrela refletido na interação de Sacerdote «o Falo» e Sacerdotisa «a Vulva», daí, Magick.
Algo interessante ainda a se destacar é o relato de Sacerdotes e sacerdotisas que oficiam a Missa Gnóstica. Os sacerdotes têm descrito sua experiência como um tipo de centramento ou contração¸ enquanto que as Sacerdotisas descrevem sua experiência como um tipo de expansão, o que reflete as imagens de Hadit e Nuit. Eu sou o eixo da roda da revolução, e o cubo no círculo. ‘Venha para mim’ é uma palavra néscia: por isso sou Eu que vou.
Nem todos os Ritos de Thelema exigem a interação física entre homem e mulher. A Missa Gnóstica, por exemplo, resume todo o Arcano da magia do IX° O.T.O. e não existe nenhum tipo de interação sexual real entre o Sacerdote e a Sacerdotisa oficiantes. Isso significa que a execução do ritual, através de seu simbolismo, contém e produz essa mesma Força Mágica, bem como outros rituais da mística thelêmica. Isso é muito importante ser compreendido porque a Corrente Mágica Ofidiana de Thelema não se manifesta apenas através da energia sexual produzida pelo próprio ato sexual. A execução ritualística deste simbolismo opera com a mesma Força Mágica. Por exemplo, na Missa Gnóstica quando a Lança é acariciada ou quando ela toca a Taça, não se trata apenas da emulação de um segredo que vela o ato sexual, pois o próprio ato em si nada mais é do que a manifestação material de princípios espirituais mais elevados, a união que une sujeito e objeto em samādhi. Consideremos aqui o que Crowley tem a dizer sobre o coito sexual em Entusiasmo Energizado:
E mais, no uso sacramental e cerimonial do ato sexual, a consciência divina pode ser alcançada. Admitimos o sexo como propósito religioso, e podemos imediatamente declarar que o ato não deva ser profanado. Não deve ser executado com leviandade e tolice. Não deve ser necessário acrescentar a necessidade de estrito autocontrole e concentração por parte destes operadores. Tal como seria blasfêmia apreciar o gosto grosseiro da base material do vinho do sacramento, da mesma forma o celebrante deve suprimir até a mais diminuta manifestação de prazer animal , a excitação sexual deve ser suprimida e transformada em seu equivalente religioso.
É, realmente, de importância primária para o celebrante em qualquer rito fálico que ele seja capaz de completar o ato sem uma vez sequer permitir um pensamento sexual ou sensual que lhe invada a mente.
Assim, a sexualidade e atividade sexual são tipos distintos de manifestação da Força Mágica ou kuṇḍalinī. Por ser equiparada a fonte da vida que opera por meio da atividade sexual, é tida como o tipo mais potente de Força Mágica através da qual a vida se perpetua. No entanto, para que seja apropriadamente considerada Força Mágica, ela deve ser conscientemente produzida, controlada e dirigida através do poder da Vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário