Anneliese Michel nasceu em 1952 em
Leiblfing, Baviera, mas foi criada no pequeno município de Klingenberg
am Main. Seus pais lhe deram uma educação profundamente católica.
Em 1968 Anneliese começou a apresentar sintomas diagnosticados como
epilepsia e esquizofrenia, na Clínica Psiquiátrica de Würzburg.
Durante a noite, o corpo de Anneliese subitamente se tornava rígido,
sentindo um enorme peso sobre o peito, além de uma total incapacidade de
falar.
Anneliese permaneceu em tratamento intensivo durante um ano. Quando
recebeu alta, foi ainda capaz de completar os seus estudos secundários e
matricular-se na Universidade de Würzburg, onde iniciou os seus estudos
em pedagogia.
Entretanto, durante todo esse tempo, Anneliese afirmava continuar
escutar vozes ameaçadoras que diziam que ela "queimaria no Inferno" e
ter visões assustadoras que ela mesma atribuiu a uma possessão
demoníaca. Sem que os médicos encontrassem uma cura definitiva e sem uma
explicação satisfatória para os sofrimentos da jovem, os seus pais
começaram a cogitar que sua filha, de fato, estava
possuída por alguma força sobrenatural maligna. Anneliese agora tinha
visões de faces demoníacas durante as suas preces diárias, enquanto
aumentava a sua intolerância a lugares e objetos sagrados e mergulhava
cada vez mais em crises depressivas.
Anneliese foi medicada com poderosos psicotrópicos para deter as convulsões, as visões e vozes, que se tornaram
mais e mais freqüentes.
Em 1974 o padre Ernst Alt conclui que Anneliese já reunia as
condições suficientes para a realização do exorcismo, de acordo com os
procedimentos prescritos no Rituale Romanum.
Anneliese já tinha assumido um comportamento cada vez mais irascível.
Ela insultava, espancava e mordia os outros membros da família, além de
dormir sempre no chão e se alimentar com moscas e aranhas, chegando a
beber da própria urina. Anneliese podia ser ouvida gritando por horas em
sua casa, enquanto quebrava crucifixos, destruía imagens de Jesus
Cristo e lançava
rosários para longe de si. Ela também cometia atos de auto-mutilação,
tirava suas roupas e urinava pela casa com freqüência.
Em setembro de 1975, o Bispo de Würzburg, Josef Stangl, autorizou os
padres Ernest Alt e Arnold Renz a realizarem os rituais do Grande
Exorcismo, cuja base é o Rituale Romanum.
As 67 sessões de exorcismo que se seguiram, numa freqüência de uma ou
duas por semana, se prolongaram por nove meses, durante os quais ela
muitas vezes tinha que ser segurada por até três homens ou, em algumas
ocasiões, acorrentada. Ela também lesionou seriamente os joelhos em
virtude das genuflexões compulsivas que realizava durante o
exorcismo, aproximadamente quatrocentas em cada sessão.
Nas sessões, que foram documentadas em quarenta fitas de áudio para
preservar os detalhes, Anneliese manifestou estar possuída por, pelo
menos, seis demônios diferentes, que se autodenominavam Lúcifer, Caim,
Judas, Nero, Hitler e Fleischmann, um brujo do século XVI.
Anneliese relatou um sonho, onde teria se encontrado com a Virgem
Maria, e que ela lhe teria proposto duas escolhas para a sua condição:
ou ser liberada logo do jugo dos demônios ou continuar o seu martírio
para que todos soubessem que o mundo espiritual e ação dos demônios no
mundo
existem de fato. Anneliese teria escolhido a segunda opção. Anneliese
optou pelo martírio voluntário, alegando que seu exemplo enquanto
possessa serviria de aviso a toda a humanidade de que o demônio existe e
que nos ronda a todos, e que trabalhar pela própria salvação deve ser
uma meta sempre presente. Ela afirmava que muitas pessoas diziam que
Deus está morto, que haviam perdido a fé, então ela, com seu exemplo,
lhes mostraria que o demônio
age, e independe da fé das pessoas para isso.
O Caso Klingenberg, como passou a ser conhecido pelo grande público,
deu origem a vários estudos e
pesquisas, tanto de natureza teológica quanto científica, e serviu como
inspiração para os filmes O Exorcismo de Emily Rose, e Requiem.
Em 1 de julho de 1976, no dia em que Anneliese teria predito sua
liberação, morreu enquanto dormia. À meia-noite, segundo o que afirmou,
os demônios finalmente a deixaram e ela parou de ter convulsões.
Anneliese foi dormir exausta, mas em paz, e nunca mais acordou,
falecendo aos 23 anos de idade. A autópsia considerou o seu estado
avançado de desnutrição e desidratação como a causa de
sua morte por falência múltipla dos órgãos. Nesse dia o seu corpo pesava
pouco mais de trinta quilos.
Antes do início do processo, os pais de Anneliese solicitaram às
autoridades locais uma permissão para exumar os restos mortais de sua
filha. Eles fizeram esta solicitação em virtude de terem recebido uma
mensagem de uma freira carmelita do distrito de Allgaeu, no sudoeste da
Baviera. A freira relatou aos pais da jovem que teria tido uma visão na
qual o corpo de Anneliese ainda estaria intacto
ou incorrupto e que esta seria a prova definitiva do caráter
sobrenatural dos fatos ocorridos. O motivo oficial que foi dado às
autoridades foi o de que Annieliese tinha sido sepultada às pressas em
um sarcófago precário.
Os relatórios oficiais, entretanto,
divulgaram a informação que o corpo já estava em avançado estado de
decomposição. As fotos que foram tiradas durante a exumação jamais foram
divulgadas. Várias pessoas chegaram a especular que os exumadores
moveram o corpo de Anneliese do antigo sarcófago para o novo, feito de
carvalho, segurando-o pelas mãos e pernas, o que seria um indício de que
o corpo não estaria na realidade muito decomposto. Os pais e os padres
exorcistas foram desencorajados a ver os restos mortais de Anneliese. O
padre Arnold Renz mais tarde afirmou que teria sido inclusive advertido a
não entrar no mortuário.
Agora em relação à verdadeira rapariga que vivia na Alemanha, li
que ainda hoje todos os anos a sua campa é visitada por centenas de
pessoas que viajam dos 4 cantos do mundo.
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