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Demonologia é o estudo sistemático dos demônios. Quando envolve os estudo de textos bíblicos, é considerada um ramo da Teologia. Por geralmente se referir aos demônios descritos no Cristianismo, pode ser considerada um estudo de parte da hierarquia bíblica. Também não está diretamente relacionada ao culto aos demônios.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Harry Potter é Satanista?

Eu sou um fã da série de livros e filmes sobre o bruxo adolescente Harry Potter. A escritora J. K. Rowling conseguiu criar uma obra interessante, motivadora, engraçada, e sobretudo coerente. Quem escreve ficção sabe bem do que estou falando. É difícil articular todos os elementos para criar um universo coerente, especialmente quando a ficção se distancia muito da realidade, como acontece nesse caso.
Só que estou de saco cheio de ver pessoas afirmando que Harry Potter é uma obra Satânica, que carrega uma mensagem Satanista para a juventude. São esses crentes irritantes que vivem vendo Satanismo em tudo.
Harry Potter tem um tema Satânico, sem dúvida nenhuma. Afinal, trata de Magia, que sempre foi considerada Satânica. E além disso, a série toda é um primor de encantamento. A autora, J. K. Rowling, conseguir fazer com que milhões de pessoas comprassem seus livros ou os ingressos para os filme (ou ambas as coisas, como no meu caso), presas que estavam ao interesse em saber da conclusão das aventuras do jovem bruxo e seus amigos. Encantar dessa forma é sempre uma atitude Satânica, mesmo quando tomada sem intenção. Gosto de lembrar que a expressão inglêsa "charm" significa "encanto", "feitiço", assim como significa charme.
A verdade, porém, é que a mensagem da série "Harry Potter" é totalmente oposta à mensagem do Satanismo. Vejamos:
  • Dicotomia maniqueísta
  • A série trata de uma luta entre o "bem" e o "mal", onde o bem é representado por Harry e seus amigos, enquanto o mal é representado por Voldemort, o vilão. Isso é totalmente oposto ao que acreditamos. Somos Relativistas Morais, ou seja, não acreditamos que seja possível distinguir bem e mal, ou que essas coisas existam. Quem determina o que é "bom" e o que é "mau" é a História, que é sempre escrita pelos vencedores. Se Adolf Hitler tivesse ganho a II Guerra Mundial, Churchill, Montgomery, Eisenhower e Patton teriam sido executados como criminosos de guerra;
  • Magia Branca e Magia Negra
  • Toda a série está centrada, como já dissemos, em uma luta dicotômica entre o "bem" e o "mal". Mas os dois lados usam magia. Só que os "bonzinhos" usam magia branca, enquanto os vilões usam "as artes das trevas". Para nós Satanistas nada disso existe. Magia é magia, não tem cor. Toda vez que você está usando magia para influenciar os acontecimentos ou pessoas, está portanto usando Magia Negra. Magos brancos, wiccans e outros similares, que dizem que só fazem magia com alttruísmo, são para nós tão hipócritas quanto os cristãos;
Assim, todo o desenrolar da aventura envolve uma mensagem que é oposta às convicções do Satanismo. Pode-se dizer que a série é Satânica, por tratar de magia, mas não Satanista. Claro que eu não espero que os crentes entendam ou acreditem nessa explicação. Se eles tivessem a mente suficientemente desenvolvida para fazer distinções tão sutis, certamente não seriam crentes, seriam?
A única mensagem Satanista que vi em todo o conjunto da obra foi uma frase de Lord Voldemort para Harry Potter, que está nas cenas finais do primeiro filme. Tentando atrair Harry Potter para o seu lado, e assim conseguir a Pedra Filosofal que estava com ele, Voldemort diz: Não existe isso de "bem" e "mal". Existe apenas o Poder, e aqueles que são muito fracos para buscá-lo." Isso é algo em que nós Satanistas realmente acreditamos. Se você conquista poder suficiente para vencer, você reescreve a História e tudo que fez passa a ser certo. Se não consegue poder suficiente e perde, será sempre mal falado(a), mesmo que suas intenções tenham sidoexcelentes.
Uma única mensagem verdadeiramente Satanista, e ela partiu justamente daquele que estava destinado a ser o perdedor. Nós Satanistas não gostamos de perdedores!
Portanto, ficqa aqui o meu aviso para os crentes paranóicos: Harry Potter não tem nada de Satanista. Tem, no máximo, um tema Satânico. E vocês deveriam estar muito mais preocupados com sua própria religião do que com a nossa.
O Satanismo não vai nunca tentar esmagar o Cristianismo, ou proibí-lo. Isto seria desnecessário. O Criswtianismo precisa de Satã, não o contrário. Como está claramente escrito na Nona Declaração Satânica, o Diabo sempre foi o melhor amigos das igrejas, pois foi ele quem as manteve nos negócios todos esses anos.

O que é a ISB

A Igreja Satânica do Brasil é uma igreja, no sentido tradicional da palavra. Igreja vem do grego "ekklesia", que significa "local de reunião". Nossa igreja é, portanto, um local de reunião para os Satanistas Modernos de todo o Brasil.
Uma confusão terrível é comum quando se fala em "igreja". As pessoas pensam nas igrejas como templos, e talvez seja por isso que temos tantos templos por aí, das mais variadas correntes religiosas. A Igreja Satânica do Brasil não possui templos, pois acreditamos que não precisamos disso. Somos muito mais uma ideia, um ponto simbólico de reunião em torno do qual se agrupam os que pensam como nós.
Nossos rituais são praticados em nossas casas ou ao ar livre, em algum lugar. Não fazemos nada que precise ser escondido, portanto não precisamos de nada secreto, oculto, proibido. Há, naturalmente, alguns rituais que são pessoais, como os Rituais Sexuais, que são realizados pelo próprio seguidor, no sossego de seu lar.
Como igreja, oficiamos todos os tipos de cerimônias, desde batismos e casamentos, até cerimônias fúnebres. Todas essas cerimônias, é claro, ocorrem dentro dos nossos próprios padrões e conceitos. É sempre bom lembrar que a Constituição da República Federativa do Brasil afirma, no seu Artigo 5º, inciso VI que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;" Portanto, aqueles que estiverem dispostos a tentar intervir nas nossas atividades devem estar conscientes de que:
  • Estamos protegidos pela Constituição;
  • Não somos cristãos e portanto não precisamos seguir aquelas baboseiras sobre perdoar. Os que tentarem nos prejudicar serão precessados até o limite das nossas forças e amaldiçoados em nossos Rituais de Destruição, sem qualquer piedade.
Praticamos o Satanismo Moderno, que foi oficializado como religião em 1966, por Anton Szandor LaVey, com a criação da Church of Satan. Nossas doutrinas básicas estão fundamentadas, portanto, na Bíblia Satânica de Anton LaVey. No entanto não estamos ligados diretamente à Church of Satan, embora a respeitemos muito pelo pioneirismo e pelas práticas coerentes.
Não temos nada contra as outras correntes do Satanismo. Acreditamos inclusive que há muito mais em comum entre nós do que se costuma pensar. No entanto preferimos preservar nossas convicções pragmáticas sobre divindades e seres espirituais, nos quais não acreditamos nem um pouco. Portanto, desejamos felicidades aos Satanistas Clássicos e lamentamos não poder recebê-los em nosso meio.

Para conhecer melhor as nossas crenças, visite a página Em que acreditamos. Para conhecer nossa posição oficial sobre diversos assuntos polêmicos, visite a página Posições oficiais. Para saber o que pensamos de outras religiões, visite a página Outras religiões.

Nosso blog é aberto a todos. Como já dissemos, não temos nada a esconder. Quem desejar contribuir com artigos para o blog deve escrever para igreja.satanica@gmail.com. Nos reservamos o direito de publicar apenas o que esteja de acordo com nossas crenças e convicções. Os artigos selecionados para a publicação serão revisados para manter um padrão de correção ortográfica e gramatical.
Os comentários sobre os artigos publicados são moderados. No entanto isso não quer dizer que aprovamos apenas os que concordam conosco. De modo algum. Nosso único critério para aprovar um comentário é que a pessoa que o deixou se identifique corretamente. Não publicamos comentários de fakes e nem comentários anônimos. Se você tem algo a dizer, deve ter pelo menos a coragem de assinar em baixo do que diz. Não nos interessamos por opiniões de covardes. 

O que a ISB NÃO é

A Igreja Satânica do Brasil não é:
Um aglomerado de maníacos que saem por aí sacrificando pessoas ou animais
Para saber o que pensamos sobre sacrifícios leia A velha acusação dos sacrifícios;
Um grupo de "adoradores do Diabo", no sentido que os cristãos nos acusam de ser
Para nós Satã é um arquétipo, uma mera representação das forças da Natureza que nos compelem para o progresso e a evolução. Ele foi escolhido como nosso símbolo apenas para salientar nossa oposição aos princípios do Cristianismo, que vêem enfraquecendo a espécie humana nos últimos dois mil anos;
Uma organização neo-nazista
Algumas correntes do Satanismo internacional se voltaram, especialmente nos anos 80, para a causa do neo-nazismo. A explicação para este fato está ligada à fascinação que muitos Satanistas sentem pela figura de Adolf Hitler, que foi sem dúvida alguma um grande mestre da Magia Negra, no sentido que a entendemos. Apenas usando a força de sua vontade e os rituais que associou ao nazismo, Hitler conseguiu transformar uma Alemanha humilhada, derrotada e falida em uma potência capaz de enfrentar militarmente todas as grandes portência do planeta por seis longos anos. E esteve, em alguns momentos, bem perto de derrotar todas. É sem dúvida um dos maiores exemplos de Magia Negra de todos os tempos, e tomar consciência desse fato fez com que muitos jovens Satanistas passassem a defender o nazismo, confundindo o autor com a obra. A Igreja Satânica do Brasil não está diretamente ligada a qualquer organização neo-nazista. No entanto, se algum dos nossos membros sente simpatia pelo neo-nazismo, ou é membro de alguma organização neo-nazista, isso é problema exclusivamente dessa pessoa. Acreditamos na liberdade individual e não forçamos nossa opinião a quem quer que seja.
 

Em que acreditamos

Acreditamos na satisfação dos desejos, no lugar da abstinência
As religiões da mão-direita baseiam-se todas na abstinência. Você tem de se privar disso ou daquilo para poder conquistar a salvação. Nós Satanistas Modernos somos hedonistas, ou seja, acreditamos em aproveitar o prazer o máximo possível.
há restrições para isso, claro. O meu prazer não pode prejudicar as pessoas ao meu redor. E nem pode causar danos a seres indefesos, como crianças e animais. Tirando isso, podemos fazer o que quisermos com as nossas vidas e os nossos corpos.
Acreditamos que divindades não passam de arquétipos
Para nós todos os deuses e demônios, em todos os níveis, não passam de arquétipos (para saber mais sobre arquétipos clique aqui), ou seja, figuras, tipos, representações dos ideais humanos. Portanto Deus, Jesus, Satã, Odin, Thor, Loki e outros personagens mitológicos não são seres reais, com existência material ou espiritual.
Acreditamos na relatividade moral
Nós Satanistas modernos não acreditamos que seja possível estabelecer conceitos morais absolutos. Em outras palavras, não é possível determinar o que é certo e o que é errado de formqa absoluta. Coisas consideradas erradas em um determinado contexto podem ser consideradas certas em outros contextos.
Há diversas razões para que pensemos assim:
  • A História é sempre escrita pelos vencedores - Qualquer tipo de análise histórica é incapaz de determinar valores absolutos de "certo" e "errado", uma vez que sempre vemos a História pelo lado dos vencedores, que obviamente vão anunciar a si próprios como "certos" e seus opositores como "errados". E gerações inteiras crescerão dentro dessa ideologia e terão a Ética dos vencedores estabelecendo o que é "certo" e o que é "errado";
  • Conceitos morais variam com o tempo - Coisas que são hoje consideradas "certas" já foram tidas como "erradas" no passado. Dois exemplos simples são a homossexualidade e o espiritualimo. Hoje a sociedade considera "errado" atacar ou até mesmo criticar a opção sexual dos homossexuais, mas num passado não muito distante o próprio Código Penal Brasilieiro considerava a homossexualidade como um crime. Da mesma forma, enquanto hoje em dia a Mãe Dináh é convidada ao final de cada ano para falar sobre as previsões para o ano seguinte no Fantástico, anos atrás pessoas que exerciam a mesma profissão dela eram perseguidas pela polícia;
  • Conceitos morais variam com a geografia - Enquanto no Ocidente estamos constantemente fazendo campanhas contra a pedofilia, no Oriente é considerado um privilégio casar uma filha muito jovem, algumas vezes pré-adolescente, com um homem ben mais velho e rico. Em certas culturas da Indonésia as meninas de doze anos são entregues para homens ricos, com quem viverão por anos até que atinjam a idade de casar. Ao mesmo tempo em que acumulam um dote dessa maneira, aprendem a agradar um homem para que possam agradar seus maridos. Na nossa sociedade tão preocupada com a virgindade, isso seria tido como "errado";
  • Conceitos morais variam de pessoa para pessoa - Este é talvez o mais fácil dos exemplos. Basta que consideremos os casais que praticam o "swing", ou seja, a troca de casais. Enquanto a maioria das pessoas não admite que seus cônjuges sequer cogitem em fazer sexo com outras pessoas, essas pessoas não apenas não vêem nada de "errado" nisso como também se excitam com isso;
  • Conceitos morais variam até mesmo com o clima - Se uma jovem resolve caminhar pela Av. Paulista, no Centro de São Paulo, usando apenas um biquini, será provavelmente criticada. Talvez até agredida, se tomarmos como parâmetro o exemplo dado pelos alunos da UNIBAN durante o ano de 2010 em relação a uma estudante que usava um vestido curto. Entretanto, se a mesma jovem fizer isso nas calçadas de Copacabana ou Ipanema, talvez venha a tornar-se uma musa, como Helô Pinheiro.
Como se pode ver pelos argumentos acima, qualquer tentativa de estabelecer padrões absolutos de moral é vazia e tem de ser vista apenas como sintoma de ignorância ou hipocrisia.
 

Posições oficiais

Aqui você encontra as posições oficiais da Igreja Satânica do Brasil em relação a diversos temas polêmicos:
Aborto
Somos favoráveis à capacidade de escolha do casal ou, em última instância, da mulher. Ela tem todo o direito de decidir o que acontece com o corpo dela ou se é hora de ser mãe ou não. Até porque a criminalização do aborto é hipócrita. A sociedade finge que a coisa não acontece, mas acontece todos os dias, em clínica clandestinas, inseguras, onde as mulheres correm risco contante de morte. No entanto a nossa posição sobre o aborto não significa um apoio à irresponsabilidade sexual. Defendemos o SEXO SEGURO, até porque não praticá-lo gera riscos bem maiores que a gravidez, como a contágio com doenças venéreas ou a AIDS.
Drogas
Nos opomos fortemente ao uso de drogas, uma vez que elas destroem o usuário. Acreditamos que cada pessoa é seu próprio deus, devendo portanto tratar-se com respeito e consideração. Usar drogas vai diretamente de encontro a isso e portanto não pode ser apoiado. Há uma seção na Bíblia Satânica que diferencia permissividade de compulsão. O que o uso de drogas provoca é compulsão. O usuário termina não sendo livre para escolher entre usar ou não, pois está completamente dependente da(s) substância(s) que consome. Ou que o consomem, se olharmos por outro ponto de vista.
Homossexualidade
Somos defensores da liberdade sexual. A Primeira Declaração Satânica afirma que Satã representa permissividade no lugar de abstinência. E é acreditando nisso que achamos que cada um deve permitir-se aquilo que lhe dê prazer, desde que com isso não cause danos a outras pessoas. Nem o Estado, nem qualquer grupo religioso, tem o direito de intervir em assunto tão pessoal, e que não causa mal algum, exceto possivelmente às pessoas envolvidas. Fazemos a ressalva, no entanto, de que não aprovamos o abuso sexual de crianças, seja praticado por homossexuais ou heterossexuais. Desde que todos os participantes sejam maiores, em idade de consentimento legal, não é problema de ninguém o que fazem nas suas atividades sexuais.
Laicidade Estatal
Provavelmente somos a única igreja que se manifesta abertamente FAVORÁVEL A UM ESTADO TOTALMENTE LAICO. Todas as demais igrejas, de uma forma ou de outra, tentam intervir nas leis do Estado e controlar legalmente a vida das pessoas. Acreditamos que religião é assunto de foro íntimo, enquanto lei é assunto coletivo. O Estado não deve ser influenciado pela fé de ninguém para fazer as leis, ou então teremos sempre uma legislação voltada para este ou aquele grupo, em detrimento de outros. Defendemos uma única lei para todos, e isso só será possível dentro de um Estado totalmente laico.
Papel das mulheres na sociedade
Nós acreditamos na igualdade entre mulheres e homens. De fato, em muitas coisas acreditamos na superioridade feminina, como é o caso da Magia Negra, na qual as mulheres são inequivocamente superiores. Assim, defendemos uma sociedade totalmente igualitária entre os sexos, sem qualquer forma de discriminação.
Pesquisas com células-tronco
Ciência é vida, fanatismo é morte. As religiões da mão-direita condenam as pesquisas com células tronco simplesmente porque dizem que isso invade a prerrogativa de "Deus" de dar a vida. Ao mesmo tempo dizem que defendem a vida dos embriões. Nós não acreditamos que um embrião com poucos dias de concepção seja um ser vivo e que tenha direitos. Por outro lado, vemos os direitos dos milhões de pessoas que esperam tratamento médico por doenças que poderiam ser curadas com o uso de células-tronco. Essas sim pessoas vivas, adultas, socialmente ativas e produtivas, com uma contribuição a dar ao mundo. Por isso, somos defensores da liberação das pesquisas com células-tronco.
 

Outras religiões

Church of Satan
Muitas pessoas nos perguntam se somos ligados à Church of Satan (CoS) americana, fundada por Anton Szandor LaVey em 1966. A resposta é que não somos mais. Nossa igreja surgiu de um grotto (célula) da CoS em São Paulo, nos anos 80. Durante anos seguimos ligados à CoS, mas em 2010 decidimos nos separar e seguir nosso próprio rumo. Temos profundo respeito pela CoS pelo seu pioneirismo e pela qualidade das pessoas que conseguiu reunir durante esses 44 anos de existência. No entanto, algumas divergências de posição nos levaram a essa decisão, embora continuemos a considerar a CoS nossa "igreja-mãe".
Cristianismo católico
Apesar das doutrinas enfraquecedoras da Igreja Católica Apostólica Romana, temos por ela um certo respeito em função so seu Paganismo explícito. De fato, a ICAR é quase tão Satanista quanto nós! Usa Magia Negra como poucas instituições, sendo especialista na manipulação de pessoas e eventos. De resto, é cristã e portanto contribui para espalhar essa ideologia que vem destruindo o potencial da humanidade nos últimos dois mil anos, fazendo com que os fortes tenham de manter os fracos em detrimento da Lei Natural.
Cristianismo protestante
É até difícil falar no cristianismo protestante como um todo, uma vez que são tantas correntes, tantas doutrinas, tantas interpretações diferentes dos mesmos escritos. Tradicionais (os que fazem menos barulho), Pentecostais (que fazem mais barulho), Neo-Pentecostais (que pedem mais dinheiro), Calvinistas, Arminianos, Dispensacionalista, Pré-Dispensasionalistas, Pós-Dispensasionalistas, Batistas, Presbiterianos, Metodistas... Cada uma dessas correntes tem ideias próprias que muitas vezes se opõem firmemente às dos outros grupos. Em geral cada grupo acha que os demais estão errados. E todos os dias surgem novos grupos, pois basta uma briguinha dentro de uma igreja evangélica e pronto, já surgem mais duas ou três! Aliás, nem precisa de uma briga. Basta que um membro não receba o cargo que deseja e ele logo acusa o pastor de "não ser de deus" e sai, fundando outra igreja no fundo do seu quintal. O que mais irrita nos protestantes é a insistência em "salvar almas". Mesmo aquelas almas que não querem ser salvas. Eles costumam grudar e insistir, insistir até a perda total da paciência.
Budismo
Uma bonita idéia o Budismo. Uma religião sem divindade, uma vez que Buda não é visto como um deus, mas como um homem "iluminado", no sentido de que evoluiu na sua condição humana. Bonito também esse incentivo ao progresso, à evolução. Mas como toda religião da mão-direita o Budismo peca pela hipocrisia. Em primeiro lugar, dizem que não são uma religião, mas uma filosofia de vida. Então para que os templos, os mosteiros, os sacerdotes? Professam amor por todas as criaturas vivas, mas de tempos em tempos vemos grandes conflitos entre grupos pela posse deste ou daquele templo. E isso quando um dos princípios deles é o desapego!
 

A Era Satânica

Muitas pessoas crêem que o Satanismo é um tipo de "conspiração sobrenatural internacional" que visa implantar a Era Satânica. Nada poderia estar mais errado que isto.
Para começar, uma conspiração exige esforço coordenado, o que não é o caso conosco. Cada pessoa age em sua própria esfera no Satanismo, sendo o Individualismo um dos nossos valores supremos. Pensam em nós como uma espécie de "exército do mal". Mas um exército tem hierarquia e nós Satanistas somos orgulhosos demais para que aceitemos ordens e comandos. Se tivéssemos essa inclinação para nos curvarmos e agirmos como ovelhas obedientes, seríamos meros cristãos!
Se não somos uma conspiração, muito menos somos "sobrenaturais". Não há nada mais natural que o Satanismo, que defende um retorno aos valores da Natureza, em lugar do artificialismo da pseudo-moralidade cristã. O que é mais natural, dar a outra face ou bater na face de quem nos bate? É óbvio que a segunda opção, que é justamente o que defendemos.
Além disso, não podemos ser "internacionais", porque não acreditamos em nações. Para nós o mundo não é dividido através de antiquadas barreiras geográficas imaginárias, nem mesmo por estúpidas ideologias políticas. O mundo é, sempre foi e sempre será, dividido entra os fortes e os fracos, com os fortes dominando e os fracos rastejando. Nós Satanistas optamos por buscar o Poder e por dominar até mesmo entre os mais fortes.
Finalmente, não precisamos mais implantar uma Era Satânica. Ela já está implantada e seguindo muitíssimo bem, obrigado!
Os valores do Individualismo, da Competição e da Supremacia dos Fortes, entre outro valores Satânicos, estão aí para quem quiser ver. Dão nomes disfarçados para essas coisas, mas são efetivamente valores Satânicos, e estão disseminados por todo o mundo.
A cada ano, mais e mais pessoas decidem viver sós em função do seu Individualismo. Da mesma forma, metade dos que se casam acabam se divorciando, e uma recente pesquisa mostrou que boa parte dos divórcios são decididos porque as pessoas não vêem condições de viver com outras, de "dividir seus espaços". Nos supermercados, as pequenas bandejas de isopor com apenas umas poucas fatias de queijos e frios atestam o mercado crescente das pessoas que vivem sós.
A Competição, ferramenta para a seleção dos melhores, dos fortes, é um padrão hoje em todos os ambientes, desde a escola ao ambiente profissional, passando pela vida doméstica. Criaram até um termo especial para designar os jovens que não se submetem bem à autoridade, que competem descaradamente com seus colegas em ambientes corporativos e que estão sempre em busca de melhores cargos e salários, ou seja, de mais poder. Eles chamam esses jovens de "Geração X". Nós dizemos apenas que eles são Satanistas natos, mesmo que não saibam disso ainda.
As igrejas da Cristandade também aderiram ao Satanismo. Deixaram aqueles velhos compromissos tolos com os ideais patéticos do seu salvador maluco que se deixou matar na cruz e aderiram à mídia. Nada mais de cultos, apenas Shows da Fé, onde o foco é "faturar", muto mais do que "salvar almas". Agora há carnavais nas igrejas, onde deliciosas crentinhas rebolam seus traseiros para Cristo, com o mesmo empenho que as passistas o fazem na avenida para deleite dos espectadores. E as doutrinas estão repletas de ideias Satanistas, como a Teologia da Prosperidade.
Os políticos, que em sua maioria sempre foram Satanistas em suas atitudes, lutam pelo Poder de forma cada vez mais acirrada, usando todas as estratégias para dominar, encantar e enrolar as massas de eleitores incautos e ignorantes. Seduzir e encantar as massas para conseguir seus propósitos sempre foi uma característica Satânica.
As mulheres se libertaram e assumiram suas vidas, suas sexualidades. Não são mais meros joguetes nas mãos dos homens, como propõe a tal "Bíblia Sagrada". Elas agora busacam seu próprio prazer e cobram isso dos seus companheiros. E arranjam outros se eles não souberem ou quiserem dar prazer a elas. Ou, mais fácil ainda, recorrem sem medo e sem vergonha aos vibradores que, segundo uma amiga minha, são como a melhor parte dos homens, sem as partes ruins! Nós Satanistas vemos com muito gosto essa revolução feminina, pois sempre valorizamos as mulheres. Nossas sacerdotisas mais poderosas na Magia Negra são sempre mulheres, pois o próprio corpo delas está mais sintonizado com os ciclos da Natureza e da Vida. Foi por isso que a maioria das pessoas queimadas pela "Santa Inquisição" foram mulheres. Elas detinham os poderes da cura, sabiam encantar e convencer, e por isso eram chamadas de bruxas e mortas.
Portanto, já estamos na Era Satânica. Não se trata mais de saber quem vencerá, se nós ou as religiões da mão-direita. Nós já vencemos! Até eles sabem disso, tanto que a cada dia se curvam mais, usando nossos métodos e nos imitando.

Mimos

As pessoas estão ficando cada vez mais "mimadas" na sociedade moderna. Eis alguns sintomas desses mimos:

Elas não aceitam repreensões - Todo mundo acha que pode agir do jeito que quiser e que não pode ser repreendido. Qualquer repreensão é um "constrangimento". Quem não sabe ser liderado, também não sabe liderar. Esse é um axioma que aprendi no meio militar e que vale aqui. E ser liderado inclui ser repreendido, quando há necessidade. Infelizmente os jovens de hoje não fazem mais o serviço militar, portanto não aprendem mais isso.

Elas não aceitam repreensões públicas - Curiosamente, fazem besteiras em público mas só aceitam ser repreendidas (quando aceitam) em particular, para que ninguém saiba que levaram uma bronca. Quem não gosta de ser repreendido em público deve necessariamente tomar cuidado com o que diz em público. Ou será que pensam que têm o direito de dizerem o que quiserem sem que se possa reclamar?

Elas não aceitam questionamentos - Em um debate ouvi da outra parte "Para cada argumento que apresento, você apresenta um seu". Gozado, e eu que achava que esse era justamente o objetivo de um debate! Mas nos dias de hoje as pessoas querem que suas opiniões sejam aceitas sem discussão. Eu tenho de ouvir e acatar, senão é um "constrangimento".

Elas não compreendem organização - Toda entidade precisa de comando, de ordem. Quem não gosta disso deve permanecer como "lobo solitário" e não se filiar a uma organização. Quando você se filia a uma organização, implicitamente aceitou seu Estatuto e seus regulamentos. 

Elas se acham muito importantes - Acreditam que as organizações têm de mudar seu modo de proceder apenas por causa delas. Por exemplo, que o Alto Conselho da ISAL tem obrigação de dirigir-se diretamente a fulano ou cicrano, quando é praxe do Alto Conselho só falar através do Alto Sacerdote. Isso não vai mudar por causa de ninguém. Dos membros do Alto Conselho, só eu me exponho publicamente. Entre os demais há pessoas de influência no cenário nacional, que não podem ter sua imagem associada publicamente ao Satanismo no presente momento. Isso mudará no futuro, mas quando nós acharmos conveniente, não por causa da pressão de um membro em particular.

Todos esses itens foram extraídos de uma tentativa que fiz de convesar com o Sr. Windson Trevizoli, após o post anterior, no Facebook. Tentei argumentar de todas as formas, fazendo-o ver que sua posição estava em choque com o Estatuto da ISAL e com as práticas tradicionais do Alto Conselho. ele se recusou a ouvir-me. 
Alegou que eu apresentava um argumento para cada argumento dele. Claro, pois é isso que acontece num diálogo, não a aceitação cega da posição do adversário. Especialmente quando essa posição contraria a instituição que tanto prezo.
Alegou que foi "constrangido" pelo post público e que só aceitava repreensão privada. Não é nossa prática agir assim. Se o erro foi público, a repreensão também será pública. Não vamos mudar isso.

Alegou que o Alto Conselho deveria dirigir-se diretamente a ele, ignorando o fato de que era exatamente isso que estava acontecendo quando eu falava com ele. Afinal, eu sou a voz do Alto Conselho em todos os momentos. 

Por essas e outras coisas, excluí o Sr. Windson do rol de meus amigos no Facebook. Não tenho interesse em amizade com gente mimada e incapaz de compreender explicações simples e diretas. Da mesma forma, declaro aqui publicamente que apresentei ao Alto Conselho uma moção para a remoção do Sr. Windson do cargo de Sacerdote Regional da Região Norte. Eu o apresentei para tal cargo e agora sinto-me responsável pela sua remoção, diante da sua atitude de rebeldia frente ao órgão governante da ISAL.

Todos são importantes, mas ninguém é insubstituível. Nem mesmo eu, como Alto Sacerdote. As instituições são maiores que as pessoas e deve sobreviver a elas. Se eu morresse hoje a ISAL continuaria. E é para ser assim mesmo.

Os segredos da “TUMBA”

A Ordem floresceu do começo apesar da tempestade ocasional de controvérsia. Havia discórdia entre professores, que não gostavam de seu sigilo e exclusividade. E havia reação dos alunos, demonstrando concernimento sobre a influência “ossos” estava tendo sobre o estado financeiro de Yale e o favoritismo demonstrado para os “Bonesmen” “Homens de Ossos”
Em outubro de 1873, volume 1, número 1, do Destruidor de Ídolos (revista) foi publicado em New Haven. Só foi publicado uma vez e o mesmo foi publicado em artigos não muito aberto sobre a Ordem dos Ossos e Caveiras.


“falamos através de uma nova publicação. Porque a imprensa da universidade está fechada para aqueles que ousam mencionar abertamente “Ossos”.....
  “Toda categoria de Ossos e Caveiras levam os seus Homens. Eles saíram do Mundo e se tornaram, em muitos exemplos, lideres na sociedade. Eles obtiveram o controle de Yale. Os seus negócios são executados por eles. O dinheiro pago para a universidade tem que passar pelas mãos deles, e fica sujeito a seus desejos. Sem duvida que são homens valiosos, mas muitos, que por enquanto dominam na universidade, não pode passar de nenhuma maneira o dinheiro de forma livrem sem que eles vejam. Os Homens em Wall Street lamentam que o estabelecimento de ensino saem deles para a ajuda, em vez de pedir a os graduados para compartilhar. A razão é encontrada em uma anotação feita por um dos primeiros homens da America e Yale: “poucos irão  dar a não ser Homens de caveira e cuidam mais da sua sociedade do que da instituição...’ mfg

“Ano a Ano o grande mal está crescendo. A sociedade nunca foi tão detestável para a Universidade quanto é hoje, e é apenas este sentimento de rancor que prende os bolsos dos não membros. Antes nunca houve tanta arrogância e ato de superioridade. Isso domina a mídia da faculdade e força a seguir as regras de todos. A sociedade não permite por condescendência mostrar suas credenciais, mas controla o poder com o silêncio da consciência culpada.”
 “Falar de alguma coisa boa que a Universidade de Yale fez seria quase impossível. Falar de alguma coisa boa que ela deveria ter feito seria ainda mais difícil. A questão, portanto, é reduzida a isso – de um lado cai uma fonte de aferroada incalculável – de outro uma sociedade cheia de culpas de crimes graves e extenso. Será que a Universidade de Yale é contra a sociedade Skull and Bones!! (Ossos e caveiras) perguntamos isso a todos, como uma pergunta certa, que deveria ser permitido a viver?”    
Primeiro de tudo, a sociedade marcam suas reuniões em prédio alugados. Então em 1856, a “TOMB” (Tumba), um prédio cor de vinho, sem janelas de corredor marrom foi construído, onde atualmente os “Homens da caveira” praticam os seus rituais iniciativos estranhos e se reúnem toda quinta e todo domingo.

A linhagem dos Collins.

A Próxima família em nossa série dos artigos no topo das 13 famílias Illuminatis é a família Collins, As primeiras duas eram a família Astor e a família Bundy. Os dois primeiros artigos foram razoavelmente diretos. Ambas as famílias Astor e a Bundy foram escritas por outros, e eu tive informações suficientes sobre as duas famílias para meus artigos. Na verdade, eu omiti detalhes valisos em ambos os artigos com o objetivo de manter os mesmos com uma extensão que dê para os leitores lerem com conforto. Nesse artigo sobre os Collins, tem algo que será recheado. “ em termos de pesquisa sobre a família collins de uma escala de 0 a 100, estou próximo de 10. Há algumas conexões inflexíveis que serão apresentadas e algumas leves. Joan Collins é o que eu chamaria de uma conexão leve. Ela se associou com uma longa lista de homens Illuminati principais e pelo menos pelo menos alguns conhecidos como Satanistas, mas isso é apenas a prova mais exposta que a mesma tinha ligação com os Illuminatis. Deixe me mencionar algumas das conexões inflexíveis primeiro.
 A seguinte é uma descrição de uma reunião altamente secreta de alto Nível Satânica. Ela vem de um ex-Satanista que agora e Cristão. Se alguma pessoa que fazia parte dessa hierarquia estiver lendo esse artigo, talvez isso traga algumas lembranças para você. Esso aconteceu nos anos de 1955. Essa é uma reunião que acontece duas vezes por ano, e a qual a família Rothschild e todas as famílias mães participam. O encontro acontece em um grande quarto, e a Grand Mãe no trono era uma Collins. O Collins mantinha a notoriedade porque eles tinham mais poderes ocultos do que os Rothschild e os Rockefellers. Para ganhar dinheiro essa família Collins faz algo de maneira financial, tais como Câmbio de Dinheiro. Eu notei que numerosos Collins eram Executivos de Seguro, e, contudo, eu não expus as conexões entre as empresas de seguro e a Nova Ordem Mundial, existe um livro que mostra como essas empresas de seguro estão ligadas e sob a elite da NOM. A Suprema Mãe Collins e vestia de preto e tem uma lua escura e dourada ajustada no trono onde ela pode rodar de forma automática empurrando um pedal com seus pés. Do lado dela estão assentados o Supremo conselho dos 13 membros – Esse pode ou não ser o Grandioso Conselho Droida que você irá ler mais sobre ele adiante.
 A diferença entre esse conselho em 1955 é que havia apenas Homens, enquanto no conselho de 1978 tinha várias mulheres. A Mãe Suprema, uma Collins tinha aproximadamente 50 anos no tempo dessa reunião, ela tinha uma profunda voz ditatória, era de baixa estatura, e era muito poderosa. Ela estava toda enfeitada em seu trono com uma grande quantidade de jóias. Umas das primeiras coisas feitas estavam fixados diante de seus pés pequenos tijolos dourados (modelados como pequenos tijolos e feitos de puro ouro). Dois meninos foram pegos para serem seus filhos, um deles era Tom Collins, (Tom depois foi morto pelos Illuminatis) estavam diante do seu trono. Como os mais honrados e poderosos tiveram a ousadia de estar próximos do trono dela, isso mostrou que estes dois Collins eram poderosos. Os rapazotes chegaram aos jornais, nos quais escreveram neles sobre as coisas que haveriam de acontecer. Criou uma  grande discussão sobre o que havia acontecido no mundo para trazer um único governo satânico durante os seis meses e o que estava preparado para acontecer em um futuro muito próximo. Coisas que não aconteceram segundo aos planos que foram discutidos. Foi discutido a arca da aliança, onde foi escondida na África, e um ritual zombando a arca da aliança foi feito.
Sete filhos vestidos de branco das gerações das famílias satânicas foram trazidas e apresentadas diante da Suprema Mãe Collins. Elas se prostraram em adoração a ela. Ela tinha que mover a sua autoridade com uma cobra para cima e para baixo tocando no chão para mostrar aprovação de uma criança candidata. Então, outras 7 crianças foram sacrificadas para as 7 crianças aprovadas, uma para cada criança, cujo nome seria então, escrito com uma pena de ave usando o sangue da criança sacrificada. Fizeram juramentos para as crianças. A suprema Mãe rodou o seu trono em direção para o conselho de 13 e declarou (falando em Inglês) “Essa é a geração do Amanhã, um escolhido.” O João Batista do Anti-Cristo em aparência, mas o Anti-Cristo desse tempo não nasceu ou ainda é um pequeno bebê. Era esse o Benjamin Crame? O ex-satanista o então agora em irmão em cristo não sabia o nome desse João o Batista igual ao Benjamin Crame. Benjamin Crame nasceu em 1924, e estava mergulhado no ocultismo e na bruxaria desde que ele era um menino. ( Veja a carta oficial de edição de 1982 Tara Center Emergence.) ele afirma que no ano de 1959, ele recebeu telepaticamente uma mensagem do seu mestre, um membro da hierarquia [demoníaca]  Creme chama estes mestres de espíritos simples da hierarquia, que os cristãos é uma hierarquia demoníaca.
Porque todas estas coisas são planejadas adiante, teria sido muito apropriado se Creme tivesse listado no planejamento da reunião de alto nível em 1955. Para mais entendimento sobre o Cristo de Creme o leitor é conduzido para ler o artigo no Sufis nessa comunicação por escrito. (referindo aos tijolos dourados fixado diante do trono da Suprema Mãe, há várias razões que o ouro real é importante para o Illuminati. Talvez em outro artigo essa comunicação por escrito possa estar completo. Haviam envios secretos de ouros massivos dos Estados Unidos e da Russia. Adivinha que os recebia?) na minha comunicação por escrito no dia primeiro de janeiro de 1993 os nomes dos tops Illuminatis são dados. Um que foi incluído é Robert Moore Collins (1867 - ?) que era um membro dos peregrinos ( 60 dos modernos equivalentes dos Illuminati Bávaros.) Robert M. Collins foi um repórter de muitos jornais importantes e trabalhou como um editor nos escritórios de  Washington e Nova York da Associated Press. Ele foi chefe jornalista para o jornal Reuter (imprensa controlada pelos Illuminatis) e o Associated Press para muitas histórias vinda o Oriente. Contudo, ele nasceu em Washington., D.C., o seu endereço é mudou para Inglaterra Bournemounth. Ele nunca se casou. Como aqueles que investigam os Illuminatis, Os Illuminatis controlam a Imprensa. Aqui (era um homem que ajudou a fazer isso para eles a última edição da comunicação por escrito dia 15 de janeiro de 1993) conta alguns detalhes sobre como é importante a sociedade satânica Rosacuziana em relação aos grupos Satânicos tais como o O.T.O., Golden Dawn(Aurora Dourada) e Stella Matutina. As Societas Rosicruciana e de forma definitiva é uma organização de alto nível exclusivamente Illuminati. Um (dos oficiais de policia de Nova Iorque James F. Collins (8°) que morrei no Dia dois de abriu de 1896) ele estava com os oficiais de S.R. do primeiro alto conselho de S.R na América que havia supervisão sobres as sociedades (maçônicas) do S.R. na América. A sua posição era apresentador (eu não sabia o que o oficial fazia) Quando os canadenses estabeleceram a Societas Rosicruciana no Canadá, o alto conselho que tinha supervisão sobre todo Canadá incluiu um Collins no seu conselho, Daniel Collins 8°. Daniel Collins tinha inúmeras posições no conselho.
O maior grau é o 9°. Se você leu a newsletter do dia primeiro de janeiro de 1993, ou seja, sábio como as serpentes você se depara com o Supremo Conselho Druida, esse um alto nível do conselho Illuminati. Em seja sábio como as serpentes na segunda seção em um capítulo intitulado Heresia Entrelaçada com o Poder na 8° página, eu dou os nomes das pessoas que estavam nesse secreto Supremo Conselho Druida na primavera de 1978. Cada uma dessas pessoas são bruxos poderosos, e têm uma grande relação com o poder no mundo. Yvonne Collins estava nesse conselho. Ela era uma tradicionalista. Para ser uma tradicionalista quer dizer que a vista que ela tem é que apenas aquelas pessoas são nascidas para famílias com poder satânico e bruxos no plano da família podem ser verdadeiros bruxos de maneira obvia. A família Collins tem uma longa história com a bruxaria se ela tem mesmo esse conceito. Lembre que os chefões satânicos acham que têm sangue especial, e alguns lá no topo acham que são deuses. Até os Grand Mestres ensinam que eles são o deus que criou os filhos. (Esta última declaração faz mais sentido quando se aprende os métodos, circunstância da mente, e crenças da Hierarquia Satânica.) Yvonne Collins rejeitaria a idéia que qualquer um poderia se tornar um bruxo de qualquer importância com treinamentos e práticas. O poder demoníaco oculto não seria forte o bastante para um convertido a feitiçaria. O nome oculto de Yvonny é Legenda que significa Noiva de Lúcifer. Legenda (Yvonne Collins) que morava na Virginia, chateada com Jerry Falwell, ele não seguiu as orientações conforme as ordens. Ela contratou segurança e autorização para investigar a sua igreja, a qual causou uma crise econômica para a igreja. Até grandes ministros cristãos estão envolvidos no Supremo Conselho Druida no qual é dito para operar sob as ordens dos Rothschilds. Todos que estão lá acima dos Illuminatis e são cristãos da Nova Ordem Mundial nos faz lembrar de Tom Collins. Collins era dos Illuminatis, mas por alguma razão o senhor mudou o seu coração e ele começou a falar para as igrejas sobre o que realmente estava acontecendo. Ele tinha uma lista das igrejas onde ele iria falar, entre as tais está a Igreja Batista. Ele alertou o que estava acontecendo. Ele foi morto dentro de estacionamento de uma mercearia, e era usado como exemplo pelos Illuminatis para alguém desse com a língua nos dentes. “se lembre de Tom Collins,” eles avisam as pessoas nas convenções.
Isso me traz a memória de outro incidente, o qual aconteceu a um irmão em Olympia, WA, A capital de WA. Duas semanas depois que Reagan foi eleito, uma linda Mercedes parou onde esse irmão estava trabalhando. O cara que saiu do carro era obviamente rico e seu terno de roupa custava mais ou menos 800 dólares e sua esposa tinha um casaco de pluma ao redor de seu pescoço. Eles disseram que seu filho iria trabalhar para o estado e que estavam procurando uma casa para ele. A mulher parecia ser uma pessoa independente e disse, “eu não quero ver essas casas. Eu quero conversar com aquele simpático homem.” E a mulher ficou atrás e começou a falar. O varão tinha facilidade para falar com as pessoas. Ele começou a conversa naturalmente. Ele disse, “Estou sabendo que o seu grande Ronald Reagan foi eleito, ele vai ser um bom presidente.” A mulher replicou, “Queríamos que George Bush tivesse Ganhado.” “quem é esse? O cristão perguntou a essa rica senhora a qual estava sacudindo o seu casaco de pluma para frente e para trás. “O Illuminati,” ela disse, “nós somos os iluminados também, e George Bush foi treinado por nós.” Infelizmente, os homens o seu esposo voltou nesse momento e estavam entrando no quarto O homem com terno de roupa caro estava furioso cale sua... Boca,” ele gritou. Ela começou a xingar,,, bem, se você insiste.” Ele voltou para o irmão, o qual ele não conhecia, e educadamente disse que infelizmente não haviam encontrado algo os agradassem. “muito obrigado, tudo está bem.” E entregou as chaves para ele, então ele levou a rasto a mulher para o carro xingando-a com tudo que tinha para falar, e quando eles prosseguiam começou a agredi-la fisicamente. Isso foi um incidente extremamente raro. Muitas das Hierarquias Satânicas vivem a vida toda  sem proferir uma palavra para alguém e qualquer coisa sobre o lado oculto satânico de suas vidas. Como uma regra que eles acham muito respeitável cobre suas vidas na sociedade – quanto mais respeitáveis forem melhor cobrem as suas vidas ocultas. Os rituais satânicos sempre são decorados. Você quando entra em uma casa de um deles você não encontra algum objeto ou livro que possam incriminá-los. Lembra de Ted Bundy na última edição do artigo. Ted era exatamente o modele de arma para muitos Illuminatis. Eles são capazes das coisas mais aterradoras, mas para todos que os conhecem, eles são as pessoas mais amáveis, pessoa normais e inteligentes.
 As pessoas sabiam que Ted Bundy não tinha idéia do que estava fazendo em segredo. A hierarquia satânica e seu satanismo é de forma clara a religião mais secreta do mundo. Eles são um sacerdócio que determinam o mundo através dos lideres políticos que eles colocam no poder. E por casa do seu poder, eles têm a habilidade de anular um grande negócio da publicidade que poderia fazer aparecer a suas numerosas atividades. Para descrever os métodos de segurança empregados para manter o segredo satânico de alto nível teríamos que escrever vários livros. Vamos fazer assim, se você fosse um bilionário, os quais vários dos lideres reis (Illuminatis) olímpicos são, que tipo de segurança você poderia proporcionar? E que tipo de influência política você teria com os governos nacionais e força policial abrange até o governo para lhe proteger? Lembre essas pessoas são as donas da imprensa, e da mídia.
Eles matarão, ou irao fazer com que as pessoas não acreditem em quem está falando deles. Não fique surpreso se ambos desses acontecerem comigo, diz o autor. Apenas saiba disso – eles podem matar o corpo, mas não pode matar a alma. O nosso deus reina. Eles também controlam a CIA e o FBI. (Veja, Sejam sábios como as Serpentes para mais detalhes.) muitos agentes lideres do FBI não apenas foram maçons, mas muitos também foram Satanistas. O FBI emite relatórios que explica dessa maneira, “foram cometido mais crimes por fanáticos em nome de Deus do que os crimes que foram cometidos em nome de Satanás. O envolvimento atual do ocultismo em um crime é de costume considerado um crime secundário, sem importância ou não existe. A execução perspectiva lei sobre os crimes ocultos requer invalidação da paranóia que engatinha nessa edição. A não ser que uma grande evidência seja obtida e confirmada. Os Oficiais de policia devem evitar em estar amedrontado na crença deque Satanistas estão realizando cerimônias de crimes requerendo investigação. “Uma cruzada não justificada contra tal atividade pode resultar em desperdício de dinheiro, danos não indesejáveis para a reputação e rompimentos da liberdade civil.” (Esse tipo de coisa é hilário pára o FBI, para aqueles que sabem como pisaram em toda liberdade civil investigando dezenas de milhares de organizações simplesmente porque se opuseram ao estabelecimento e arruinaram as reputações de muitas pessoas – Martin Luther King por exemplo. 
As pessoas que leram meu livro viram que J. (Edgar Hoover era um maçom do grau 32°, homosexual, e trabalhava intimamente com os Iluminati.) para aquele que vieram do satanismo, uma maneira para explicar as pessoas como as funções secretas satânicas é comparar essas famílias satânicas com uma Família da máfia. Indivíduos nessas famílias aprendem o que precisam saber, e nada mais. Os chefões mandam, e dar ordens oralmente. (na verdade, a comparação entre máfia ou as famílias Costa Nostra, os Moriah ou As famílias Iluminati é bem encaixada porque eles se juntam de forma organizacional e foram criadas pelas mesmas correntes das sociedades secretas que Satanás vem regendo.) não espere encontrar o que você está lendo aqui sobre os Collins que estão no topo das famílias Iluminati até mais poderosa do que os Rothschild em qualquer lugar do mundo. As pessoas estão ficando cientes dessa história pela primeira vez. Estou grato a vários ex iluminati me dando informações dos encontros secretos. Exceto pelo o testemunho de testemunhas, há pouca evidência do que acontece nos encontros das Hierarquias. Eles são vestígios numerosos, mas são rejeitados pela a maioria das pessoas que negam que a hierarquia existe.  Antes dos anos 1960s, e o programa espacial que o homem nunca foi à lua. Mas que não significa que não foi lá. A hierarquia é profissional no satanismo e são realmente a favor em obter poder satânico através de Rituais, feitos e poder mundialmente. Suas atividades são muito secretas. Em contraste há uma grande parte da evidência física dos níveis de pactos (o nível mais baixo) que periodicamente faz com mantos, doces de feitos de carnes, Imortalidade, altares, animais mortos, terreiros, etc. os níveis mais altos acreditam que a força deve ser equilibrada com bons feitos e que o mastro iguala aos efeitos maus. Conseqüentemente alguns dos maiores humanistas lideram os Satanistas. Os níveis mais baixos não são concernidos com desenvolvimento de poder tal como satanás tem, eles simplesmente gostam de ser maus, e nesse respeito são de forma preferível brutos em seus exercícios fazendo o mau.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Padre alerta sobre possessão demoníaca em cachorros

O seu cachorro rosna ao ver uma batina? Faz cocô na igreja ou perto dela? Se a resposta for positiva, tenha cuidado: seu animal de estimação pode estar possuído!
Quem deu o alerta foi o Padre Brett Rollins, um especialista em possessão demoníaca.
“Animais inocentes são alvos fáceis para Lúcifer”, diz o padre de Charleston, EUA. “Ao contrário dos seres humanos, eles não tem a força de vontade para lutarcontra o espírito invasor”.
Inicialmente, os cães possuídos tem um comportamento estranho, que aos poucos vai se tornando uma ameaça para as pessoas e sua propiedade. “No final, eles sempre atacam seus donos. Quando você lê no jornal que um cachorro matou alguém, quase sempre é um caso de possessão demoníaca”, conta o padre.
Segundo o religioso, algumas raças são mais suscetíveis que outras, entre elas, o pastor alemão, o pinscher e o pit bull.
“Esses cães foram criados para serem agressivos, e são facilmente levados para o lado negro”, diz.
O padre lista alguns sinais de possessão demoníaca canina. Veja se seu cãozinho está tomado pelo tinhoso:
1. Seu cachorro rosna e late para padres e outros religiosos.
2. Quando você passa com ele por um cemitério, ele desrespeita os mortos, urinando em seus túmulos.
3. Se você mostra um crucifixo ou uma bíblia ele fica bravo ou se encolhe de medo.
4. Seu cachorro às vezes parece escutar vozes do além que você não escuta. “Ele pode estar recebendo instruções de seu verdadeiro mestre, Satã”.
5. O cão fica feliz com imagens de morte, dor e sofrimento.
6. Ele tenta morder crianças inocentes.
Se seu cãozinho apresentar um ou mais sintomas de possessão, não se desespere. Procure um padre.
“Um simples exorcismo pode acabar com a influência satânica sobre o seu bichinho de estimação”, aconselha.

POSSESSÃO DEMONÍACA NA BÍBLIA

O QUE SE DEVE ENTENDER POR POSSESSÃO DEMONÍACA?
 

 De fato, o motivo principal de considerar o demônio como a força que realiza "possessões" em certas pessoas, são as descrições bíblicas. Foi a Bílblia a causa do erro da "possessão demoníaca", principalmente na Europa ( a história da Igreja tem sido muito européia) e da Europa, o erro se estendeu a todo o mundo.
      Mas, repetimos, temos que ter presente, nós, cientistas do século XX, , que a Bíblia não é um livro de ciência. Simplesmente, não há por que invocar a Bíblia na interpretação de fatos observáveis do nosso mundo que, como tais, pertencem à ciência.
      Chama muito a atenção, que em todo o Antigo Testamento, sendo tão comprido e relacionado com tantos séculos, não há nenhum caso de "possessão demoníaca" ( ao menos claro; existe o caso de Sara, que alguns interpretam, não claramente, como de "possessão demoníaca"). E no Novo Testamento, por ser tão curto, correspondendo a tão poucos anos, existem descrições de "possessões demoníacas". Além dos casos concretos citados, como o endemoninhado de Gerasa, o endemoninhado lunático, o endemoninhado mudo, o endemoninhado epiléptico, etc; há frases de ordem geral como: "deu poder aos seus discípulos de expulsar os demônios", e todos os que tinham possessos levavam lá para que Cristo os curasse", etc.
      No Antigo Testamento não há nenhum. No Novo Testamento são inúmeros. Por que essa diferença? Alguns teólogos, sem fundamento, manifestamente para salvar a situação, explicam: "É que na época em que Cristo veio combatê-los, Deus concedeu mais liberdade aos demônios..." de onde se tira essa afirmação?...é pura invencão.
     Sabemos pela história o porque desta diferença. Foi precisamente nesta época em que a Cabala Judáica fortaleceu muito o influxo das idéias demoníacas dos povos mesopotâmicos, vizinhos de israel, porque a Cabala trouxe dos gregos e romanos o erro de atribuir ao daimos, daemonium, demônio, certos tipos de doenças. Os gregos e romanos atribuiam certas doenças e fenômenos aos demônios, aos demíurgos, isto é, às forças semi-divinizadas da natureza (na Palestina falava-se também a Koiné, o grego comum, e era uma colônia romana).
      Por influxo da Cabala, os judeus começaram a chamar endemoninhadas às pessoas que apresentavam aquelas doenças ou fenômenos. Confundiram então e até hoje, os demônios dos gregos, romanos e dos países vizinhos com os anjos rebeldes da Bíblia.
     ( Para não entrar em discussão de menor interesse, estou dando por suposto que os judeus identificavam o demônio com os anjos rebeldes, como fazemos hoje, os cristãos.)
      Na realidade, não fica nada claro que os demônios dos judeus fossem precisamente os anjos rebeldes. É mais provável, que na mentalidade popular judáica e inclusive na mentalidade dos rabinos da época, os demônios correspondiam ao conceito greco-romano e mesopotâmico. Considerava a cultura (ou incultura) da época, que havia no ar uma série de entidades, demiurgos, semideuses, bons ou maus. Esses seriam os demônios para os judeus e não precisamente os anjos rebeldes.)
     Cristo, os apóstolos e a Bíblia empregaram a terminologia da época. Lógico. Que outra terminologia empregariam?? Nem Cristo, nem a Bíblia e nem os apóstolos deveriam se meter e nem se meteram em ciência. Não correspondia nem à Cristo, nem aos apóstolos, nem à Bíblia explicar e analisar os fatos do nosso mundo, o que corresponde à ciência.
No Antigo Testamento
      Uma palavra com referência à pouco provável descrição de "possessão demoníaca" no Antigo Testamento. No livro de Tobias se descreve que Sara ("possuída pelo demônio"?) teria sido a causa da morte de nove maridos. E o anjo, que acompanhou Tobias, curou a sua mãe, Sara. De possessão demoníaca?
     Todo o livro de Tobias é metafórico. Não se trata de um episódio histórico. No máximo, teria uma mínima base histórica, como inspiração para o escritor bíblicofazer uma ampla e linda metáfora poética.
      Nesse livro, é narrada a morte dos maridos, ou a doença de Sara, dramatizadas como devidas ao demônio (não precisamente "possessão", ou não claramente), da mesma maneira que todos os fenômenos bons se dramatizam também como devidos à força divina, ou dos anjos. O anjo teria expulsado a Asmodeu e o teria confinado no deserto do alto Egito onde o teria deixado acorrentado para sempre. Acorrentado até o fim do mundo pelo Arcanjo Rafael.
     Mas como dizíamos, não se trata de um livro histórico. É um livro de valor moral. Foi escrito depois de um exílio do povo judeu. Durante o exílio, entraram os judeus em contato com civilizações pagãs, que atribuiam aos demiurgos, deuses ou demônios deles, muitos dos fenômenos da natureza, doenças, etc.
      Influenciado por esta civilização, o povo judeu começou a ter medo de demônios, ou espécie de deuses menores, separando-se um pouco da confiante dependência da Providência do único Deus. Por isso veioo livro de Tobias, para frisar enfaticamente que por cima de todos os demônios e ídolos pagãos, estava o poder de Deus. O livro de Tobias, citando as intervenções demoníacas, não as afirma; citando os ídolos, não confirma seu poder. E, diríamos, um livro de "Utilidade Pública", para alentar aos judeus assustados com as teorias e práticas demonológicas, mágicas e idolásticas que tinham obsevado nos povos pagãos circunvizinhos.
      Não se trata, repetimos, de um livro histórico, mas de um livro moral e metafórico.
No Novo Testamento
      Assim como Jesus esclareceu os discípulos sobre a causa da cegueira do cego de nascença, (os discípulos perguntaram ao Mestre, se o cego ou os pais dele haviam pecado) dissipando o erro segundo o qual toda doença era consequência pessoal ou da família do enfermo (Jo 9, 1-3), ele também não esclareceria se os endemoninhados fossem doentes psíquicos?
      Cristo não ensinava ciência, ensinava religião.. No caso do cego de nascença, tratava-se de uma doença. Cristo não entrou no campo científico determinando se tal cegueira tinha como causa a atrofia, uma lesão, um corte ou escasso desenvolvimento do nervo óptico ou a ausência do líquido umoral no cristalino, desprendimento ou aus~encia da retina, lesão na circunvolução cerebral correspondente à visão, ou qualquer outra causa ou força observável ou deduzível, deste ou do outro mundo. Cristo não diagnosticou nem a doença nem sua causa.
     Mas havia, isto sim, um erro doutrinal próprio da época. "As doenças e as suas causas seriam enviadas por Deus como castigo dos pecados. Mesmo sendo causa natural, a Divina Providência se serviria dessa força natural para castigar". Cristo corrige esse erro doutrinal. Não é um castigo e também não é uma providência especial.
      A mesma distinção deve ser feita com relação à "possessão demoníaca". Nós nem sequer entramos em discussão se poderia tratar-se de uma Providência especial de Deus (ou até do demônio).
     O que afirmamos é que a causa, a força que ocasionou as chamadas possessões, são forças naturais, doenças, desequilíbrios, faculdades parapsicológicas. A força não é demoníaca, e portanto não é o demônio que atua.
     A interpretação dos fenômenos que se dão no nosso mundo, a localização das forças que atuam neles é objeto da ciência. Cristo não entrava neste campo. Não correspondia a Cristo diagnosticar a causa daqueles fenômenos. Nisso usava, tinha que usar, a ciência (ou a ignorância) do seu tempo.
"Aesma Deva", o "deus
da Fúria" na religião de
zoroastro ou pasismu.
Transformado pelos judeus
em "Asmodeu, o mais
perigoso dos demônios"
(Tb 3,8; Cf 2; Sm 24,16;
Sb 18,25; Ap 9,11).
  Animismo. Chama-se assim a crença na maioria dos povos primitivos, de que todo o mundo material estava habitado e controlado por daímones (potestades, deuses subalternos, gênios, etc - são inumeráveis nomes).
    É fácil analisar esta mentalidade, porque se conserva intacta em vários povos da África e da Austrália. No Brasil é a mentalidade mais difundida: os orixás e os exus habitam e conduzem os ventos, habitam e fazem as correntes e as cascatas, habitam e fazem crescer as árvores... E as doenças são "encostos" desses espíritos...
    O "Vudu" viajou do Daomé, seu país de origem, com os escravos africanos no século XVII, tendo êxito principalmente no Haiti. No Brasil é conhecido pelo nome de Candomblé. O raio é Heouvé; a varíola, Sagpata... Os iniciados passam a conhecer os nomes dos exús-doenças, e 120 palavras mágicas secretas.
    O "egungin", ritual da morte, é proibido na maioria dos candomblés brasileiros por desconhecimento dos nomes secretos, que só o Candomblé Gegê conservaria. Não obstante, com os nomes primitivos ou com outros inventados aqui, é realizado abertamente na Bahia, na Paraíba, no Maranhão..., quase por toda parte.
   Entre os assírios, babilônicos e caldeus. Data do ano 2.500 a.C. uma tabuleta assíria com os seguintes dizeres: "Doenças do cérebro, dos dentes, do coração, dores de cabeça, doenças dos olhos; febre, veneno; espíritos do mal, demônios do mal, espectros do mal, diabo do mal, deus do mal, amigos do mal; bruxo, demônio, vampiro, espírito ladrão; fantasma da noite, aparição noturna, escrava dos espectros; pestilência maligna, febre perniciosa, doenças funestas, angústia; feitiçaria ou qualquer mal, dor de cabeça, tremores; fascinação maligna, bruxaria, feitiçaria, encantamento e todo mal: sai da casa, vai para fora, não entra no homem. Filho deste deus, parte daqui". Uma outra tabuleta contém um exorcismo muito parecido.
    E há outra tabuleta, a de Babilônia, que pretendia também expulsar toda classe de espíritos ou divindades da natureza, demônios,  provocadores de toda classe de doenças. Entre os babilônios, o deus Namtar, príncipe das trevas, se comprazia em atormentar os míseros mortais: era representado agarrando um homem pelos cabelos, e com a espada desembainhada para feri-lo com todo tipo de doenças e dores. Etemmu era o nome dado aos espíritos dos mortos que não receberam os sacrifícios rituais prescritos; vagavam pela terra assombrando casas e "encostando" ou "incorporando" nas pessoas que assim caíam em transe e  eram atormentadas de mil maneiras. Lamastu era o deus da febre puerperal e das doenças de crianças.
    Lilitu, deusa que causava os pesadelos noturnos, entrou na mitologia judaica antiga modificada em Lilit. Desta divindade ou demônio feminino, na Bíblia diz metaforicamente Isaías que descansa nas ruínas do Edom (Is 34,4). Era a deusa ou demônio da tormenta para os acádios, identificada com a antiga Mililla (= "senhora tormenta"). Terá grande destaque na demonologia pós-bíblica tanto entre os judeus como entre os cristãos. Goethe aludirá a ela no seu Fausto.
Pazuzu é o deus principal das chamadas "possessões demoníacas". Representavam-no com corpo mais ou menos humano, rosto de bode, pés em forma de garras de ave de rapina e poderosas asas. Pazuzu é o demônio que escolheu W. P. Blatty para causar a possessão no seu filme e livro " O Exorcista" .
    Cada doença, um demônio localizado. Mesmo moléstias tão comuns como a enxaqueca ou torcicolo. Quando alguém sofre das têmporas e os músculos de seu pescoço estão doloridos, está lá a ação de um demônio. Assim o demônio Alal agia sobre o peito. O rei assírio que depois de morto foi divinizado, o demônio Adad, agia sobre o pescoço. Enquanto que Gigin atormentava nos intestinos, Idpa na cabeça, reservando-se a fronte para Utug. As dores nas costas eram provocadas por Ishtar. Etc.
   A medicina greco-romana. A demonologia da antiga Mesopotâmia, descrita na literatura sumérica, penetrou através dos caldeus na cultura helenística. Na mais antiga literatura dos gregos, na Ilíada e na Odisséia, atribuídas a Homero (Heródoto diz que viveu pelo ano 850 a.C.), a loucura e qualquer comportamento estranho eram conseqüência da interferência destes deuses, irritados, na mente do homem. Homero teve grande influência nos filósofos, nos eruditos, nos escritores e até na educação em todo o mundo helenístico.
    Hipócrates (460-367 a.C.), pai da Medicina, e seus seguidores lutaram por erradicar a tradição espírita ou demonológica na explicação das doenças. Era a ciência que sustentava, já então,  que todas as doenças se devem a causas naturais. Abertamente negaram  a influência de deuses, espíritos ou demônios inclusive na epilepsia, considerada por excelência   "a doença sagrada"!
    O prestigiado e influente filósofo Platão (347-327 a.C.) pouco depois com razão matiza o errado exclusivismo de Hipócrates, exclusivamente materialista. Platão defende acertadamente uma terapia psicossomática. Corpo e alma .
    Mas Platão volta em grande parte à mentalidade mágica, ao erro de que certos tipos de conduta estranha eram efeito da intervenção de daímones. Por exemplo o transe dos adivinhos seria causado pelo deus ou daímon Apolo, os poetas estariam inspirados pelas daímones Musas, e a paixão dos enamorados era incutida pelos daímones Eros e Afrodite. Compreende-se que o povo estendesse estas explicações de delírios, fúria, transe, inspiração, paixão, a todos os tipos de loucura e que com estes exemplos se estendesse também a explicação a todo tipo de doenças internas e por isso mesmo "misteriosas".
    Até o próprio Galeno, o médico mais destacado da antigüidade greco-romana, no século II d. C., ficara desconcertado e considerava  obra de algum deus ou daímon os procedimentos psicológicos, que ele não conhecia, para enlouquecer uma pessoa ou fazê-la emudecer perante um tribunal (hoje falaríamos em  lavagem cerebral).
    Como é sabido, os romanos adotaram a mentalidade grega, simplesmente trocando os nomes dos deuses ou daímones. Embora houvesse médicos, como a família de médicos chamados Asclepíades e os seguidores de Areteu de Capadócia, o povo e muitos médicos romanos, talvez a maioria, continuaram com a mentalidade mágica e demonológica. Ao daímon da Febre se dedicou um templo próprio em Roma.
    Chegaram ao extremo da mentalidade mágica, supersticiosa: Galeno, médico grego (nascido em Pérgamo, Ásia Menor) conhecido em todo o império romano do século II (130-200 d.C.), foi acusado de praticar a magia (bruxaria), pois só assim se compreenderia a precisão com que predizia o curso de uma doença interna: teria de ser porque conhecia os demônios que as causavam!
   Nada no Antigo Testamento. No Antigo Testamento não há nenhum caso de possessão demoníaca. Eram claras e severas as admoestações contra a magia. De maneira nenhuma poder-se-iam aceitar na Bíblia vetero-testamentária possessões, encostos e expulsões.
   Depois, a interpretação demonológica foi entrando aos poucos. Esta mentalidade mágica chegou mesmo a grassar entre os judeus do período inter-testamentário e nos judeus e cristãos do primeiro século após Cristo.
   A "possessão demoníaca" no NT. Nos Evangelhos fala-se de possessões ou expulsões demoníacas 16 vezes e 3 nos Atos dos Apóstolos. Não considero como diferentes as diversas narrações de um mesmo fato.
    Considero, porém, diferentes as frases gerais, mesmo que sejam bastante parecidas. Tais como "ao entardecer, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele com uma palavra, expulsou os espíritos" (Mt 8,16). Ou, perante Filipe "de muitos, efetivamente, saíam os espíritos impuros dando grandes gritos" (At 8,6s). Assim até onze frases (Mt 10,18; Mc 1,34.39; 3,15; 6,7.13; 9,17; Lc 9,1; At 19,12).  
      Oito são casos concretos: a legião de demônios que foram aos porcos (Mt 8,28-34p), o demônio mudo expulso pelo poder de Beelzebul (Mt 9,32-34p), o menino que os discípulos não conseguiram curar no monte Tabor (Mt 17,14-20p), o homem violentamente agitado que na sinagoga reconheceu a Jesus como Messias (Mc 1,21-28p), a filha da siro-fenícia (Mc 7,24-30), os sete demônios expulsos de Maria Madalena (Mc 16,9p), e a jovem pitonisa que aclamava Paulo e Silas como servos do Deus Altíssimo (At 16,16-19). Consideremos inclusive aquele demônio que haveria sido expulso da casa e que chama outros sete espíritos piores (Lc 11,24-26).
Ora, o que são essas possessões? Principalmente nos dois séculos a.C. e no século I d.C., a medicina dos judeus era a de Mesopotâmia. Recebida diretamente dos povos mesopotâmicos e indiretamente através da cultura greco-romana.
    É problema cultural. Trata-se de fatos. Não de doutrina sobrenatural, inobservável, revelada. Portanto, como problema cultural, não doutrinal; como fatos, não como doutrina, devem ser estudados os "endemoninhados" no Novo Testamento. Trata-se evidentemente de interpretação de fatos. Pertence à ciência. E o conjunto dos ramos da ciência que estuda os fatos incomuns, e por isso misteriosos, chama-se Parapsicologia. Isso sim: interessa à Teologia por estar consignado na Bíblia. Mas pertence à Parapsicologia. Os teólogos aqui têm obrigação de consultar a Parapsicologia.
    A magia nunca se desprestigiou perante as multidões e sempre houve paralelamente aos médicos o recurso às fórmulas imprecatórias... Eram conceitos da magia, misturando-se com receitas, remédios e pequenas cirurgias. Não foi fácil que a medicina dos gregos, após Hipócrates, triunfasse nas áreas mais civilizadas. Nas áreas cultas da Babilônia, mesmo quando se praticava lá a mais estrita medicina hipocrática, havia também encantamentos, exorcismos e evocações.
    Havia, sem dúvida, numerosos médicos na Palestina dos tempos de Cristo, como inclusive se testemunha nos Evangelhos (Mc 5,26; Lc 8,43), e o confirmam a Mishna e o Talmude. Mas inumeráveis textos provam que, junto à Medicina, a crença em influências ocultas de demônios estava talvez tão difundida no meio judaico como no grego e oriental. A religião judaica convivia em sincretismos, destacando, porém, a idéia de que por cima de todas essas influências em que o povo acreditava, Deus pairava como Senhor Supremo.
   Diferença fundamental: Não Satã, senão os demônios. Quando se diz que Satã entrou em Judas (Lc 22,3; Jo 13,27) ou em Ananias (At 5,3) se faz referência ao pecado voluntário. E os demônios não implicam nenhum aspecto moral.
    Em contrapartida, nunca aparecem "possessões" realizadas por Satanás. As "possessões" são realizadas pelos demônios ("espíritos impuros", "espíritos da doença", e outros muitos nomes equivalentes).
Quadro de Ludovico Cigoli (1599-1613), na Galeria
Doria, Roma. REpresenta a pecadora lavando os
pés de Jesus na casa do fariseu (Lc 7,36-50). Foi
identificada com Maria Madalena, de que Jesus
teria expulsado sete demônios (Lc 8,2).
    O texto de São Paulo, uma exceção? Paulo usaria modo diferente de se expressar? Escreve: "Foi-me dado um aguilhão na carne, um anjo de Satanás, para me espancar". São Paulo diria de si mesmo que alguma doença nele foi causada por Satanás?
    --- Não. Certamente não. Contra a opinião ilícita de muitíssimos teólogos durante séculos:
    Uns poucos teólogos católicos e protestantes, entre os poucos  louvavelmente conhecedores de que a parapsicologia não admite a possessão demoníaca, pretenderam ver designado na expressão "um anjo de Satanás" não o próprio Satã, mas um demônio de alguma maneira enviado por Satã.
    --- Disquisição sem fundamento.
    A explicação real científica é até evidente:
    1.-  Em primeiro lugar, cabe perguntar se Paulo se refere de fato a uma doença e não melhor a alguma tentação moral. Se Cristo foi tentado, nada tem de estranho que também Paulo sentisse a tentação. Neste caso o texto paulino entraria plenamente na regra geral: as tentações são atribuídas a Satanás, e certas doenças aos demônios.
    2.- E confirma-se. Vejam-se (sublinho) muitas palavras nesse mesmo texto de São Paulo, que fazem referência ao plano moral (próprio de Satanás), não ao de doença especial (próprio dos daímones): "Já que essas revelações eram extraordinárias, para eu não me encher de soberba foi-me dado um aguilhão na carne, um anjo de Satanás, para me espancar, a fim de que eu não me encha de soberba. A esse respeito três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Respondeu-me, porém: Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder" (2Cor 12,7-9).
    3.- E ainda cabe perguntar se Paulo não se estaria referindo a dificuldades procedentes de seus irmãos na carne, os judeus...
    4.- Todas as doenças são atribuídas a Satanás, no sentido, já estudado nos artigos sob o título "Afinal, que são os demônios?", de que Satanás é a personificação do mal: a inimizade, a dor, a tentação, o pecado, a doença.... Tal é o significado da frase de Paulo, citando os profetas Habacuc (Hab 2,3-4) e Isaías (Is 26,20): "O meu justo viverá pela fé, mas se esmorecer, nele não encontro mais nenhuma satisfação" (Hb 10,38). Não é agradável a Deus, é pecado, é Satã.
    5.- O mesmo se pode deduzir, e aplicar-se a todas as doenças, da frase com que Cristo se refere à encurvada "que Satanás prendeu há dezoito anos" (Lc 13,16).
    6.- Pedro resumiu toda a atividade de Cristo com aquelas palavras: "Passou fazendo o bem e curando a todos aqueles que haviam caído no poder do Diabo" (At 10,38). Estão sob Satanás, sob o mal.
    Os povos primitivos, como também os judeus na época de Cristo, donde passou ao Cristianismo "popular", acreditavam no erro de que demônios perversos atormentavam a humanidade.
    Todas as doenças internas (loucura, depressão, etc.) eram atribuídas aos demônios
    Que pecado? Que daímon? Os sacerdotes dos povos circunvizinhos a Israel precisavam determinar o deus (daímon, demônio) que causa cada doença. E cada demônio era atraído por cada tipo de pecado. Por isso, começavam por um interrogatório para descobrir qual o pecado que o doente cometeu. Uma vez descoberto, devia-se expulsar tal daímon ou deus inferior determinado.
    Para a mentalidade mágica, de então (e de hoje!!!), as doenças proviriam do pecado. Por efeito dessa mentalidade ambiente os primeiros cristãos identificaram absurdamente a suposta ação de Satã e a suposta ação dos demônios. Pecado e doença. E terminaram por identificar Satanás e demônio.
    E pior ainda, identificaram os daímones ou deuses inferiores com os anjos rebeldes. Mas essa interpretação que se fez comum, de considerar certos doentes possuídos por anjos rebeldes, não tem nenhuma base. Nas expressões evangélicas, a respeito de endemoninhados, a idéia de anjos rebeldes pode perfeitamente e deve ser excluída (como já vimos nos artigos: "Afinal, o quê são os demônios?).
Doenças internas. Chamavam "endemoninhados" os que estavam doentes por causas não-aparentes, internas, e como tais inobserváveis e portanto misteriosas para os conhecimentos médicos da época.
           Falo de doenças internas, não só psicológicas. A distinção que estabeleço não é entre doenças físicas e doenças psíquicas, ou entre orgânicas e funcionais, mas entre doenças com "motivo" perceptível e doenças por uma "causa" não-perceptível. A epilepsia e a loucura, por exemplo, podem ter causas orgânicas, cerebrais, mas tais lesões ou deficiências são internas, imperceptíveis. Certas paralisias, pelo contrário, podem ser psicógenas, histéricas nos seus começos, mas chegaram a provocar atrofia muscular claramente perceptível. Nestes casos, a paralisia, apesar de psicógena, não se atribuiria aos demônios. E a psicose e epilepsia, apesar de orgânicas, seriam consideradas como possessões.   
            Possessão igual a doença interna. É inegável. Era essa a crença corrente e a nomenclatura de Cristo e dos evangelistas.
            Um exemplo famoso, entre muitos. Apolônio de Tyana (4d.C.-97) era contemporâneo de Jesus. Estava um dia instruindo o povo, quando de repente é interrompido com os risos de um jovem, tão fortes e broncos, que eclipsavam a voz de Apolônio. O célebre pregador, encarando o jovem, disse: "Não és tu quem perpetra este insulto, senão o daímon que te conduz sem que tu o percebas". O historiador Filóstrato apresenta os motivos porque o jovem era considerado possesso: "E de fato o jovem estava, sem sabê-lo, preso por daímones, porque ria de coisas de que ninguém ria e logo se punha a chorar sem nenhuma razão e falava e cantava sem objetivo..."
            Isto é, a loucura, a histeria, a conduta incompreensível poderiam ser atribuídas "ao jeito desrespeitoso da juventude que o induzia a tais excessos"; ou a "que estava incorrendo na alegria de um bêbado". Afirma-o expressamente Filóstrato. Mas era considerado possesso: "Na realidade era porta-voz de um daímon".
           Como possesso foi tratado o jovem: "Quando Apolônio o fitou, o fantasma que havia nele o levou a lançar gritos de medo e de raiva, como os que emitem as pessoas que estão sendo maceradas ou despedaçadas. O daímon jurou que abandonaria o jovem e nunca mais voltaria a fazer possessão de nenhum homem. Apolônio por sua parte, enérgico, dirigiu-se a ele (...) e ordenou ao demônio que abandonasse o jovem".            
Na época intertestamentaria,
como depois no cristianismo,
popularmente caiu-se no absurdo
de considerar o(s) demônio(s)
dominador(es) do mundo.
  Se observável não é o demônio. Quando a causa é perceptível, visível, talvez até palpável, nunca nos Evangelhos o doente é considerado endemoninhado.
            Perante a lepra ou outras infeções da pele, os Evangelhos falam simplesmente de leprosos (Mt 8,1-4par; Lc 17,11-19).
            Fala-se simplesmente de cegos (Mt 9,27-31; 20,29-34; Mc 8,22-26; 10,46-53par; Jo 9,1-41): os olhos estão vazios, ou as pálpebras estão grudadas, aparece a íris sem coloração, percebe-se a infeção -tão freqüente naquela época como sabemos pelas inscrições dos templos de cura como o de Epidauro-, etc.
            Não se chama endemoninhados aos paralíticos: tinham visivelmente deformados ou atrofiados os músculos, mesmo que só fosse por estarem sempre prostrados e terem de ser transportados em macas (Mc 2,1-12; Mt 9,1-8par; Jo 5,1-16).
            Não é endemoninhado o homem que todos vêem com a mão "seca" (Mt 12,9-14par), possivelmente atrofiada, sem carne e disforme. Usa-se o mesmo termo que  se aplica à árvore seca (Mc 11,20s; Mt 21,19s) e cortada (Jo 15,6) e sem raízes (Mt 13,6).
            Não é endemoninhado o hidrópico (Lc 14,1-6), que todos vêem inchado - pela excessiva acumulação de líquido nos tecidos do corpo.
            Sabia-se de "certa mulher, que sofria de um fluxo de sangue havia doze anos" (Mt 9,20par). A sua cura por Jesus não é considerada expulsão de demônios.
            As doenças que apresentavam "causas" perceptíveis já estavam liberadas da interpretação demoníaca. Nenhuma alusão à atividade de agentes sobrenaturais nas doenças da sogra de Pedro (Mc 1,29-31), o servo do centurião (Lc 11,1-10) e o filho do oficial real (Jo 4,46.54), a filha de Jairo (Lc 8,40-42, 49-56), a filha de sírio-fenícia (Mc 7,24-30), o surdo-gago (Mc 7,32-37), Malco a quem Jesus devolveu a orelha que Pedro cortara (Lc 22,50s), etc.
            Nem são expulsões de demônios as revitalizações de mortos (Mt 8,18s,23-26par; Lc 7,11-17; Jo 11,1-44; 20,1-10) e a Ressurreição. A doença ou acidente prévio, ou a Crucificação, eram manifestos e aí estavam a rigidez e palidez como "causas" visíveis da morte. Também observável e "causa" de doenças é a febre (Mt 8,14s par; Jo 4,43-54). Não é o demônio.
            Em contraposição aos tempos antigos, nos quais o daímon da morte, o deus Zánatos, era figura muito popular, no Novo Testamento com dificuldade e só uma vez a morte poderia ser ligada a um daímon. Diz São Paulo que Cristo veio, "a fim de destruir pela morte o dominador da morte, isto é, o Diabo" (Hb 2,14). É possível relacionar a frase de Paulo com a idéia da morte ser uma possessão por Zánatos?   
           --- 1.- Mas na realidade Diabo, como já vimos, nada tem a ver com demônio. Diabo é igual que Satã, a personificação do mal, da própria morte.
                2.- E seria só esta única vez. Porque a frase de Cristo "Vós sois do Diabo, vosso pai, e quereis realizar os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio" (Jo 8,44), não se refere à morte individual, mas à morte de todos os homens, castigo do pecado original. E como sempre: Satã = personificação do pecado.
                3.- Tanto Cristo como Paulo visam diretamente à "morte" no espírito: o pecado e as falsas doutrinas. Sempre na ordem moral. Por isso Jesus acrescenta que o Diabo "não permaneceu na verdade, porque nele não há verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque digo a verdade..." (Jo 8,14).
            Um caso duvidoso? Não. Todos os casos concretos de "possessão" narrados pelos Evangelhos são doenças internas. A causa é cerebral ou psíquica, não há marcas ou deficiências externas que expliquem, para os antigos, a conduta anormal.
            A acusação de expulsar demônios pelo poder de Beelzebul surgiu após a cura de um mudo (Mt 12,22ss,par). Se uma pessoa tem a língua como a de todos os demais, por que não fala? Como poderiam os antigos diagnosticar uma lesão cerebral ou um trauma psicológico? Se não falava era porque tinha dentro um daímon mudo...
            Mateus (12,22) acrescenta que o "endemoninhado" era também cego. Se o qualificativo "endemoninhado" se referia também à cegueira e não à mudez, o doente teria os olhos perfeitos em aparência. Os Evangelhos nada dizem. Os contemporâneos entendiam. Nós temos de entendê-lo assim.
              Com bastantes pormenores apresentam os evangelhos dois casos: o "endemoninhado" de Gergesa e o do Monte Tabor.  
O endemoninhado de Gergesa
Encontrou-se o cemitério onde vivia o
"endemoniado" de Gergesa. Está na
cripta da igreja bizantina daquela cidade,
hoje Kursi.
Doença interna. O que agora mais nos interessa é frisar que o "possesso" era um louco. Doença interna: "Perguntou-lhe Jesus: 'Qual é o teu nome?' Respondeu-lhe: 'Legião é o meu nome, porque somos muitos'" (Mc 5,9).
           --- A legião romana constava de 5.200 soldados! Tantos demônios pululando no corpo de uma pessoa? Duro de aceitar... Até poderíamos humoristicamente perguntar: quantos demônios ficariam para o resto do mundo?
            Mas a resposta do louco é plenamente encaixável na típica e freqüentíssima megalomania compensadora. Para não sofrer complexo de inferioridade, muitos loucos declaram ser a reencarnação de Maria Antonieta, Napoleão, Júlio César... Ou estar possuídos pelo próprio Lúcifer. Ou nada menos que por uma legião de demônios. Ninguém mais do que eles! A família sofre, mas eles são "felizes", ao modo deles. Ou os loucos têm de ser tomados a sério; ou os "possessos" (e "reencarnados" etc.) têm de ser considerados doentes mentais.
            Provavelmente, a concretização de sua megalomania em considerar-se possuído nada menos que por uma legião de demônios lhe foi incutida pela opinião popular: quanto pior fosse uma doença, tanto mais daímones eram causadores dela. Um louco particularmente selvagem e furioso tinha de ter uma legião de demônios!
            Aliás, os gergesenos se maravilharam até o ponto em que "o pânico se apoderou deles" na intuição do poder milagroso de Jesus, capaz de, num instante, fazer que um louco passasse a poder estar -na expressão idêntica de Marcos e Lucas- "sentado, vestido e no seu juízo" (Mc 5,15; Lc 8,35). Ora, estar no seu juízo é a contraposição a estar louco. Expressamente.
            Que "causas" externas se percebem num louco? A causa é psíquica, funcional, hormonal ou cerebral. Em todo caso, meramente interna (não se via a olho nu, a anomalia ou doença, logo era um demônio). Por isso se atribuía a loucura aos demônios.
            Idêntica denominação para o louco da sinagoga de Cafarnaum (Mc 1,21-28 e Lc 4,31-37).
            Neste sentido deve-se entender a passagem com referência a João Batista. Nenhum sinal físico externo. Mas procedia de maneira estranha, excêntrica, incrível: vivia no deserto, vestia uma pele de camelo, pregava novidades e ameaças (Mt 3,1-12par), não bebia vinho, e jejuava... Foi considerado um louco. Aludindo à opinião de outros, dizia dele Jesus Cristo: "João veio: ele não bebia e não comia, e disseram: ele está possesso de um demônio" (Mt 11,18par).
            O próprio Cristo fez afirmações que pareceram mirabolantes aos judeus. Consideravam-nas próprias de um louco, e disseram: "Agora vemos que és possuído por um demônio. Abraão morreu, e também os profetas. E tu dizes que se alguém guardar a tua palavra, jamais provará a morte..." (Jo 8,52). Em outra oportunidade perguntou Jesus: "Por que procurais tirar-me a vida?" Como não entenderam, em vez de comentar que aquilo era uma loucura. respondeu o povo: "Tens um demônio! Quem procura tirar-te a vida?" (Jo 7,20).
            O demônio convertido em Apóstolo? Não devo me deter aqui -já o fiz em outras oportunidades- a expor e demonstrar a existência da HIP, Hiperestesia Indireta do Pensamento, adivinhação do pensamento das pessoas que estão presentes, o mais freqüente dos fenômenos parapsicológicos.              
            Quando Jesus, com seus discípulos, foi à terra dos gergesenos , veio-Lhe ao encontro o "endemoninhado" -ou dois- que saíra dos esconderijos sepulcrais. E o "endemoninhado" gritava: "Que temos a ver contigo, Filho de Deus?" (Mt 8,29); prostrou-se ante Cristo e gritou: "Jesus, Filho de Deus Altíssimo, conjuro-te por Deus, não me atormentes" (Mc 5,7). "Sei que es Tu, o Santo de Deus" (Lc 8,28).
            Igualmente um jovem interrompia e berrava na sinagoga de Cafarnaum. Quando Jesus enfrentou os "demônios", eles gritaram: "Jesus Nazareno, vieste para arruinar-nos? Sei quem Tu és: o Santo de Deus" (Mc 1,24 e Lc 4,34).   
            Só a interpretação por HIP -ou menos ainda, uma vez estendida a fama- encaixa em frases que recolhem outros casos iguais: "Não consentia que os demônios falassem, pois eles O conheciam" (Mc 1,34). "De um grande número também saiam demônios gritando: Tu és o Filho de Deus. Em tom ameaçador, porém, Ele os proibia de falar, pois sabiam que era o Messias" (Lc 4,40s).   
             Nos "Atos dos Apóstolos" o demônio apareceria envolvendo-se em negócios! E dedicar-se-ia insistentemente ao Apostolado! Se levarmos em conta o HIP naquela doente em estado alterado de consciência, o texto se compreende perfeitamente: "Um dia em que íamos para a oração, veio ao nosso encontro uma jovem escrava que tinha um espírito de adivinhação (no original: "espírito de Pitão"; a adivinhação era atribuída por aqueles pagãos ao daímon ou deus Pitão), ela obtinha para seus amos muito lucro, por meio de oráculos. Começou a seguir-nos, a Paulo e a nós, clamando: `Estes homens são servos do Deus Altíssimo, que vos anunciam o caminho da salvação´. Fê-lo durante vários dias. Por fim Paulo, aborrecido, voltou-se e disse ao espírito: `Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo: sai desta mulher´. E o espírito saiu no mesmo instante. Mas os amos, vendo escaparem-se-lhes as esperanças de ganho, agarraram Paulo e Silas, arrastando-os à ágora, diante dos magistrados" (At 16,16-19).    
             Catharinet -excelente teólogo, mas plenamente desconhecedor de parapsicologia, e que por tanto tem muita autoridade na interpretação da doutrina sobrenatural, mas que nenhuma autoridade tem na interpretação de fatos "misteriosos"- pergunta: "Como poderiam aqueles neuróticos reconhecer e proclamar o Messias?". Daí, erradissimamente, deduz que é o Diabo (e ainda confundindo Diabo com daímones ou demônios!) que fala pelos "possessos".
             --- Na realidade e em primeiro lugar não corresponde ao conceito secular de Satã, Diabo, demônios... e toda essa sarta de confusões e invencionices seculares, que o próprio Diabo jure ou conjure pelo nome de Deus. Na realidade também não tem cabimento que os demônios (ou o Diabo...!) se convertam em apóstolos! O menos que se pode esperar é que não dêem testemunho da divindade de Cristo! Tudo fica plenamente compreensível, porém, como manifestação de HIP naqueles doentes: simplesmente captaram o pensamento de Jesus.
             Muitos teólogos protestantes liberais e católicos "moderninhos", influenciados pela erradíssima e secular campanha racionalista, preferem diminuir a figura de Cristo e exaltar a do demônio!! Dizem que Jesus no começo de sua vida pública ainda não sabia que era o Cristo e Filho de Deus!! Inclusive Lhe teria sempre acompanhado a dúvida!! Esses teólogos, porém, aceitam a testemunho do "pai da mentira" a respeito de divindade de Jesus!! Saberia o demônio, desde o inicio, mais do que Cristo? E não nos estamos referindo a conhecimentos de ciência, de fatos, observáveis, do nosso mundo. Referimo-nos ao conhecimento da doutrina sobrenatural, da doutrina medular, e da própria identidade e missão de Jesus. Esses teólogos não descobriram nem sequer esse detalhe da teologia, no seu afã de exaltar os demônios?
            --- Freqüentemente excelentes teólogos fazem até o ridículo quando se metem em parapsicologia... Evidentemente só é conforme com a realidade a interpretação inversa: Não foi o demônio quem revelou a messianidade e divindade de Jesus. Era Jesus quem o sabia, e prudentemente o foi revelando pouco a pouco. Os doentes simplesmente por HIP(Fenômeno parapsicológico) captaram o pensamento fundamental do próprio Jesus-Cristo. 
Dois mil porcos em estouro. Os Evangelhos contam a expulsão de uma "legião de demônios" que se teriam apossado deste doente de Gergesa: "A certa distância deles  havia uma manada de porcos que estava pastando. Os demônios lhe imploravam dizendo: 'Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos'. Jesus lhes disse: 'Ide'. Eles, saindo, foram para os porcos, e logo toda a manada se precipitou no lago pelo despenhadeiro" (Mt 8,30-32). Segundo precisa outro evangelista, a vara seria de cerca de dois mil porcos (Mc 5,13).
            Antes de Mais nada:  
Gerasa estava à 50 Km. do lago. Absurdo que os
porcos corressem até lá...
Onde foi? O caso deve ser localizado, como estamos fazendo desde o começo, em Gergesa, na região dos gergesenos, não em Gadara como se pensou; e muito menos em Gerasa como diziam muitas traduções. Gergesa está -isso sim- na região maior ou "país" dos gadarenos.
Evidentemente houve confusão na escolha dos textos originais: devem ser, ao contrário do que publica a maior parte dos críticos textuais, "região dos gergesenos", no texto de Mateus; e "região dos gadarenos" (em vez de "região dos gerasenos", Gerasa, que não tem cabimento) nos textos de Marcos e Lucas. Aos gadarenos pertencia a cidadezinha de Gergesa.
Gerasa está a 50Km ao sudeste do mar de Genesaré. Longe demais para que os porcos pudessem ter-se precipitado e afogado no lago. Também está longe demais Gadara. A 12 quilômetros, e além do mais, separada por um profundo vale onde corre um rio turbulento, o Hieromax dos antigos. Não poderiam os porcos correr tantos quilômetros, atravessar o rio, subir a outra encosta e precipitar-se no mar.
Mas o episódio foi, estamos afirmando com plena certeza, em Gergesa. Exatamente como precisa o Evangelho: "do outro lado do mar" (Mc 5,1 e Mt 8,28), "do lado contrário da Galiléia" (Lc 8,26), precisamente em frente de Magdala. Na boca do wadi es-samak existem hoje as ruínas da antiga Gergesa (Ghersa, Kersa ou hoje chamada Kursi). Muito perto de lá, ao sul, aconteceu o episódio dos porcos. Em Moka-Edlo. Há aí uma pendente muito pronunciada e de 44m de altura. Uma projeção deste promontório fica a 30m do lago.  
Encontrou-se o cemitério onde vivia o "endemoniado" de Gergesa. Está na cripta da igreja bizantina daquela cidade, hoje Kursi
Foi histórico? FOI. Alguns teólogos preferem considerar lenda, metáfora, não histórico, se não todo o conjunto do "endemoninhado" gergeseno, ao menos o episódio dos porcos.
O ataque à historicidade parece nitidamente uma fuga da dificuldade de explicação dos fatos. Se, lamentavelmente, não sabem nem o mínimo de parapsicologia, mantenham-se no seu campo de teólogos...
Estou com o excelente teólogo Taylor quando escreve à luz dos fatos, parapsicologia: "A dificuldade maior está no relato dos porcos. Mas a grande quantidade de detalhes ingênuos, a imagem do homem que despedaça seus grilhões e se corta com pedras, o diálogo, a expulsão, a descrição do homem sentado, vestido e no seu são juízo, a atitude dos espectadores, o tipo de mensagem que o homem proclama na Decápole são detalhes tomados da vida mesma. Possuímos boas razões para classificar a narração como originada em Pedro (testemunha presencial, em quem se fundamenta o Evangelho de Marcos, o mais completo para este episódio; Mt e Lc se apoiam em Mc). De que formas devemos interpretar o que se conta, é outra questão".  
Igualmente parecem fugir da historicidade por não saberem explicar, os que insistem na metáfora: "Os gentios preferem os porcos ao seu Salvador". "Os porcos representam o império romano", etc.
---Estes e outros sentidos metafóricos também , é o que interessa aos teólogos, mas a teologia não pode ficar no ar, deve apoiar-se na realidade histórica, científica! Em todo caso, se o fato não tivesse sido histórico, não pode ser invocado por ninguém em favor da ação demoníaca!, que é o tema que aqui estamos estudando.
"E ele o permitiu" (Lc 8,32). Por quê? Esta dificuldade não pode incriminar o valor histórico do fato. Nem incrimina a sua explicação científica. O fato é independente da intenção dos protagonistas.
Certamente não tem sentido afirmar que os demônios, decididamente maus, quiseram causar dano aos porcos, a seus donos e ainda revoltar a população contra Jesus quando lhe pediram que os deixasse ir aos porcos.
Também não se pode afirmar que os demônios teriam sido tão ingênuos a ponto de serem enganados por Jesus, e que Jesus pretendeu enganá-los ao conceder-lhes a permissão, pois sabia que haveriam de perecer.
--- Puras disquisições de teólogos, plenamente vazios de técnicas científicas no estudo dos fenômenos misteriosos, de parapsicologia.
E não são muito menores disquisições as dos que afirmam que Jesus permitiu a morte dos porcos, para anunciar ao doente e às testemunhas que a cura estava realizada. Poderia tê-lo permitido para ensinar, no plano religioso, que o pecado pode acabar em catástrofe. Jesus poderia tê-lo permitido para facilitar e firmar a cura, por transferência sugestiva, na psicologia do doente: O trauma da sua antiga doença ficará definitivamente sanado pela lembrança da morte dos porcos. E muitas outras disquisições, mais ou menos ridículas...
2.000 porcos em estouro. "Os demônios então saíram do homem, entraram nos porcos, e a manada se arrojou pelo precipício, dentro do lago, e se afogou"     (Lc 8,33).
Como explicar o fato? Por que os porcos se precipitaram no mar? A mais inadmissível das explicações é a admitida por Cortés na sua tese doutoral em Teologia: "Foi a vontade de Jesus a que produziu o estouro dos porcos".
-- Não: Cristo não causaria diretamente esse prejuízo, nem para manifestar sua glória. O fim não justifica os meios. Permitir é uma coisa, causar é outra.
O que agora interessa. Não tem cabimento a explicação demonológica:
1.- Em primeiro lugar, não encaixa no conceito de demônios que estes precisem de uma casa. É que se molham quando chove? É que passam frio no inverno? Quando temem serem expulsos do doente, por que solicitariam ir aos porcos? "Os demônios lhe imploravam dizendo: 'Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos'" (Mt 8,31).
 Mas enquadra-se perfeitamente à mentalidade primitiva, que concebia -e ainda concebe-  as potestades, fadas, deuses, daímones ou demônios... dotados de corpo, mais ou menos tênue, e até com instintos carnais, machos e fêmeas. Hoje se propaga que os exús e orixás querem farofa, e pinga, fumam charuto, etc. Era lógico que o doente, acreditando que falava em nome dos daímones reclamasse justiça comutativa: Se nos tiras nossa casa, dá-nos outra. Vendo a vara de porcos, é lógico que lhe ocorresse pedir precisamente a "casa" que tinha diante dos olhos.
2.- Se fossem os demônios que queriam uma "casa", cuidariam dos porcos. Não jogariam os porcos ao mar. Ao contrario, cuidariam dos porcos! Como eles iam querer perder a "casa" que acabavam de solicitar? E seria contraditório dizer que os quase "onipotentes" demônios -como, os pintam- não conseguiram dominar o pânico da vara.
3.- Não caberia invocar o feitiço. Não se pode considerar os porcos como animais domésticos. 2.000 porcos não podem ser considerados muito ligados ao homem, que captem seu estado de espírito, que obedeçam até o suicídio! Não concordo do ponto de vista científico, com os ocultistas, espíritas, e auto-se-dizentes parapsicólogos que deram esta explicação. Embora evidentemente esta explicação seria, em último termo, preferível ou menos contra-indicada que a demonológica.
A explicação é outra. em lógica. Evidente. Tem vários aspectos:
1.- É típico que, no momento da crise da cura, o doente apresente uma última e mais violenta demonstração. Gritos, gestos, convulsões assustadoras... Os Evangelhos não contam os detalhes da cura do "possesso". É possível que houvesse uma crise paroxística.
2.- É possível que inclusive houvesse um início de pânico nos apóstolos, nos cuidadores dos porcos, em outras pessoas presentes. Já a própria presença do famoso e perigoso energúmeno -um ou dois- logicamente deixava tensos e apreensivos todos os espectadores. Pouca coisa bastaria para provocar uma reação desproporcionada.  
3.- Por outro lado, todo mundo sabe que o pânico em certos animais que vivem em manadas, se espraia por contágio num instante. O estouro da boiada, a revoada do pombal, a fuga de todo o cardume, etc. Se um ou dois porcos entraram em pânico, toda a vara, em crescente contágio, estourou em pânico.
            Vários padres parapsicólogos se têm inclinado à explicação pelo pânico nos porcos causado pelos gestos e gritos do "possesso" e dos espectadores. Pensaram unicamente no entusiasmo e manifestação de alegria pela cura. Eu, dando importância ao "show" e pânico precisamente no paroxismo da crise, aceito com gosto também o entusiasmo pela cura, seguindo nisto a Goodspeed, Hunter, Mackinnon, Miklem, Taylor, Van der Loos etc.
            Mas, precisamente como parapsicólogo, aceno a um outro fator muito mais importante neste caso, e freqüentemente comprovado na parapsicologia. O início do estouro da vara de porcos foi o influxo telérgico, que causaria uma reação exagerada em algum porco, precisamente por tê-lo sentido em meio ao pânico e ao conseqüente alvoroço das pessoas lá presentes.
            Dirão alguns: A telergia (transformação e exteriorização das energias corporais, responsável por todos os fenômenos parapsicológicos de efeitos físicos)  não influi sobre animais grandes (nem sobre pessoas). É repelida. Nas casas "mal-assombradas", as pedras não batem sobre animais grandes. (Se batem no homem -muito raro- é sobre o mesmo homem que causa a "assombração"). Quer auto-destruir-se. Os animais não pretendem diretamente se auto-destruir. Se as pedras batem em outro homem ou em animais grandes, é só por ricochete. (Ou é truque: alguém fraudulentamente está jogando essas pedras...)
            Os espíritas dizem que as casas são "mal-assombradas" por  espíritos vingativos. Teria havido lá um crime e o espírito da vítima vem vingar-se. Vendo, porém, que as pedras não batem, os espíritas dizem então que se trata de espíritos brincalhões. Pelo mesmo fato tantas vezes constatado, os russos têm uma palavra (prokashik) que significa brincalhão para designar o demônio "assombrador". Igual em alemão: poltergeist.
          --- Em que ficamos? São vingativos ou são brincalhões? É contraditório. É evidente que nada tem a ver com espíritos nem com demônios.
Mas insisto. Parte da explicação está na telergia. A telergia pode, por inércia, quando não se consegue repeli-la plenamente, causar um pequeno toque. Diversas projeções da telergia podem causar ventos frios. Insistentemente. Toques e ventos frios misteriosos... Em um ou dois porcos. E surgiu o pânico.
Crise, reação, efeitos telérgicos... difunde-se o pânico progressivamente crescente... Os porcos caem pelo íngreme pendente. Mais pânico. Empurrados pelos que vêm detrás, caem no lago. E se afogaram. Todos ou uma parte. Os porcos são excelentes nadadores. Mas caindo no precipício, os que não se mataram ficaram feridos. Assim muitos deles puderam de fato terminar morrendo afogados.
E pronto. Nada de demônios. 
Casos análogos. O caso dos porcos em Gergesa não é um caso isolado. É muito sabido em parapsicologia que os animais entram em pânico perante a telergia que eles vêem (invisível ao homem mas não a alguns animais) quando causa fenômenos para-físicos. O cavalo se empina e sai a todo galope. O cachorro pula até de um oitavo andar. O pânico de animais -inclusive não muito ligados ao homem- perante efeitos telérgicos e ectoplasmáticos tem-se constatado inúmeras vezes em parapsicologia. Em todos os ambientes.
 Pode ser que o olho humano não chegue a ver nada do que assuste ao animal. Por exemplo, uma das jovens acusadas de bruxaria no famoso processo de Salem, foi Sarah Good. Foi acusada de ter "enfeitiçado" até a morte 27 ovelhas e porcos de Benjamin Abbot. Martha Carrier também foi convicta e executada. Etc., etc.  
O endemoninhado do Monte Tabor  
O "endemoniado" do Monte Tabor,
que os Apóstolos não conseguiram
curar, Quadro do grande pintor
espanhol Murillo (1618-1682).
Outro "endemoninhado" de que se trazem dados bastante definidos para o diagnóstico é o menino que os discípulos não conseguiram curar (Mc 9,14-29par). Evidentemente, trata-se de um epiléptico. Seleciono alguns sintomas da doença que correspondem exatamente à descrição evangélica.
            Na fase tônica do "grande mal":
    1) Ha perda de conhecimento e o paciente desmorona. Escrevem os evangelistas: "Quando ele o toma, atira-o pelo chão" (Mc 9,18), "o demônio o jogou por terra" (Lc 9,42), "caindo por terra" (Mc 9,20).
     2) Pode ferir-se, ao cair. Escrevem os evangelistas: "Deixando-o dilacerado" (Lc 9,39), "muitas vezes cai no fogo e outras muitas na água" (Mt 17,15), "muitas vezes o atira ao fogo e água para fazê-lo morrer" (Mc 9,22).
     3) O ar, contraindo-se o peito e a barriga às vezes ao mesmo tempo, é expulso com força, e quase sem espaço de saída é expelido violentamente provocando o peculiar "grito do epiléptico". Escrevem os evangelistas: "Subitamente grita" (Lc 9,39). "Gritando...saiu. E o menino ficou como se estivesse morto" (Mc 9,26).
            Na fase crônica, convulsiva ou espasmódica:
     1) Dão-se contrações musculares intermitentes e violentas -quando também podem repetir-se os gritos do epiléptico, e pode também assim ficar "dilacerado". Escrevem os evangelistas: "Sacode-o com violência", "agitou-o com violência" (Lc 9,39-42), "o espírito... agitou com violência... rolava", "agitando-o violentamente saiu" (Mc 9,20 e 26).
     2) Como efeito do violento abrir e fechar da boca, misturam-se o ar e a saliva, originando a típica "baba do epiléptico" -nestas contrações pode morder e até cortar a língua. Está escrito: "E ele espuma, range os dentes e fica ressequido", "rolava espumando" (Mc 9,18 e 20).
            Na fase pós-convulsiva, de coma ou confusa, o paciente fica num sono anormal e profundo. A natureza se recupera da terrível tensão anterior. E que os daímones também precisam descanso? 
            Do menino curado por Cristo os Evangelhos constatam: "O menino ficou como se estivesse morto, de modo que muitos diziam que ele tinha morrido" (Mc 9,26).
            Parece lícito identificar o desmaio na fase tônica e o coma na fase pós-convulsiva com a mudez e surdez que também se atribuem a este epiléptico do Monte Tabor: "Meu filho que tem um espírito mudo", "espírito mudo e surdo" (Mc 9,17-25).
            O psiquiatra e excelente parapsicólogo Dr. Jean Lhermitte admirou-se da capacidade de observação dos Evangelhos: "É difícil ser mais explícito e mais exato na descrição do mal epiléptico criptogenético (isto é, "por causa interna" na expressão que estou usando). Não falta nenhum caráter essencial da enfermidade".
            É significativo que o evangelista Mateus transmita o diagnóstico exato e expresso que o pai sabia da doença do menino: "Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é lunático" (Mt 17,15).  Existia naquele tempo a crendice de que os epilépticos eram influenciados pelas fases e a luz da deusa ou daímon Lua, erro que inclusive compartirá Galeno, o grande médico do século II. Lunático, nome "técnico" de então para designar o que hoje chamamos epilepsia. Expressamente.
            Regra sem exceções. Com "causas" externas nenhum doente era considerado endemoninhado.
            Não constitui exceção a "mulher possuída há dezoito anos por um espírito que a tornava enferma; estava inteiramente recurvada e não podia de modo algum levantar a cabeça... Esta filha de Abraão, que Satanás prendeu há dezoito anos" (Lc 13,11-16).
            --- Fosse seu corpo perfeito poderia ser considerada endemoninhada: o manter-se curvada poderia equiparar-se a um distúrbio de conduta, e portanto ser considerada como possuída por um daímon. Mas dificilmente se poderá admitir que não houvesse no corpo da mulher mais sinal externo que o próprio estar curvada. Sem dúvida havia alguma "causa" externa. Qual? Estaria ela deformada?  Corcunda? Teria um manifesto desvio da coluna (escoliose)? Raquitismo? Nesse caso de nenhum jeito poderia ser considerada endemoninhada... 
            E de fato nada obriga no texto a aceitar que então interpretavam este caso como de possessão demoníaca. Tudo o contrário. "Um espírito que a tornava enferma", ou como outras versões preferem "um espírito de doença" (v. 11) é eqüivalente a doença simplesmente. É eqüivalente à expressão que pouco depois (v.12) se emprega quando Jesus diz: "Estás livre de tua doença", doença, agora sem ser precedida pela palavra espírito.
            Em outros muitos textos do Novo Testamento emprega-se a expressão "espírito de..." para designar exclusivamente o modo de proceder que vem após a palavra espírito. É o genitivo de qualidade, expressão também usada nas línguas vernáculas, mas especialmente freqüente entre os hebreus: "Espírito de escravos" (Rm 8,15), "espírito de filhos adotivos" (ibidem), "espírito do medo", "espírito de força, de amor e de sobriedade" (2Tm 1,7), "espírito da graça" (Hb 10,29), "espírito de Deus...; espírito do Anti-Cristo" (1Jo 4,1-3), "espírito de sabedoria e de revelação" (Ef 1,17) etc. Portanto, "espírito de doença" de nenhum modo é sinônimo de demônio; é sinônimo de doença.
            Cristo ter dito que Satanás a tinha presa só confirma o que antes dizíamos: as doenças eram consideradas como estando sob o domínio de Satã, simplesmente personificação do mal, mas não no sentido de possessão.
            O gago. E também não constitui exceção o caso do surdo-mudo a quem Jesus curou com saliva e um "Ephphata" = abre-te. Todos os mudos e surdos são apresentados como possessos. É doença sem "causa" externa. Como é que a este surdo-mudo não o consideraram endemoninhado?
            É Marcos quem narra a cura (Mc 731-37). Diz que era "mogilalon" (em neutro). A palavra grega pode significar perfeitamente, e no sentido primário e etimológico, gago (mogis = com dificuldade, laleo = falar). Em vez de mogilalon, poderia haver sido originário o neutro moggilalon = que fala com voz rouca (ou mogolalon = ...com esforço; ou migalon =... confusamente;  ou megalon = ...com voz forte).
            Contra a tradução da Vulgata e demais traduções antiquadas ("surdo-mudo"), aquele homem falava, embora gaguejando, ou rouco,  ou com dificuldade... O termo gago é o empregado nas traduções modernas. A Bíblia de Jerusalém em vez de surdo-mudo traduz "um surdo que gaguejava" (Mc 7,32). Tem valor a expressão do evangelista: após a cura, aquele homem "falava corretamente" (Mc 7,35). Não diz que conseguiu falar, mas que conseguiu falar corretamente. Antes dissera que "se soltou a trava de sua língua", ou (na tradução da Bíblia de Jerusalém) "a língua se lhe desprendeu", o que alude à dificuldade anterior melhor que à mudez.
            Não sendo mudo, não era surdo de nascença, pois aprendeu a falar. Portanto, teria ficado surdo e gago em conseqüência de alguma doença ou acidente. Tendo sido acidente, até possivelmente ficassem cicatrizes. Por acidente ou por uma doença externa, se compreende que não o chamassem endemoninhado.

HISTORICIDADE DOS FATOS
     A vida e obras de Jesus é o fato histórico melhor constatado da história antiga da humanidade. Em outra oportunidade apresento os numerosos argumentos em favor da historicidade, até aos mínimos detalhes, dos Evangelhos. Argumentos numerosos, fortíssimos, absolutamente irrefutáveis...
    E plenamente científicos. Também provo em outra oportunidade que corresponde à ciência estudar todos os fatos, como fatos do nosso mundo, relacionados ou não com religião. À religião, à Bíblia, à Igreja corresponde unicamente a doutrina sobrenatural, inobservável, revelada. Na doutrina sobrenatural a ciência não pode afirmar nem negar. A inversa também é verdadeira: a Bíblia, a Igreja, não tem autoridade em fatos. Fé e ciência. Mutuo interesse no homem, mas sem misturar!
Os fatos realmente aconteceram...
    Concretamente são históricas, como fatos, as chamadas "expulsões de demônios" realizadas por Jesus.
    1.- Não se acusaria a Jesus de fazê-lo pelo poder de Beelzebul (Mc 3,22-30p), se os adversários estivessem só perante um ou poucos casos. Sob o peso de repetidos e quase contínuos fenômenos dessa espécie, refletiam sem encontrar escapatórias: O poder de Jesus é superior aos poderes dos curandeiros. Daí o recurso ao "príncipe dos demônios". A "magia" de Jesus não poderia provir de uma potestade ou demônio subalterno. No desespero, acentuaram a injúria ao máximo. E tal injúria a Cristo não poderia ser interpolação dos primeiros cristãos, como afirmam preconceitosamente os negadores da historicidade dos Evangelhos.
    2.- Por outro lado, o curandeiro estranho não usaria o nome de Jesus se Jesus  não houvesse adquirido fama, por freqüentes expulsões de "demônios", de ser o melhor entre "os vossos filhos" que os expulsam também (Mt 12,27). E os primeiros cristãos não podiam haver inventado e interpolado este episódio que não favorece os apóstolos, pois em contraste com Jesus, parecem intolerantes: "Mestre, vimos alguém que não nos segue, expulsando demônios em teu nome, e o impedimos... Jesus, porém, disse: 'Não o impeçais...'" (Mc 9,38p).
    3.- Também não são poupados os discípulos quando fracassam na tentativa de curar o "endemoninhado" no Monte Tabor perante grande multidão e os escribas discutindo com eles (Mc 9,14-29). Os apóstolos se queixavam a Jesus por aquela humilhação pública. Tais passagens não pode haver sido acrescentadas pelos cristãos. Nem os apóstolos se lançariam a expulsar "demônios" se não o tivessem feito outras vezes e se Jesus não o fizesse freqüentemente.
    4.- Jesus discutiu várias vezes -talvez muitas- com os escribas e fariseus sobre o trabalho que se podia fazer no Sábado, dia religioso de descanso. Para os judeus essa polêmica supõe muitos milagres realizados também aos sábados. Também estas passagens não podem ser atribuídas a invenção e interpolação posterior, em outro ambiente. Pois bem, a polêmica teve início precisamente pelo "trabalho" (como diriam os feiticeiros hoje) de expulsar o "demônio" que na sinagoga de Cafarnaum proclamava que Jesus era o "santo de Deus" (Mc 1,21-28).
    5.- Descrevendo o dia das contas, Jesus disse: "Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não foi... em teu nome que expulsamos demônios...?' Então, sem rodeios, Eu lhes direi: 'Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade'" (Mt 7,22s). Em outra oportunidade Cristo aconselhava aos apóstolos: "Não vos alegreis porque os espíritos se vos submetem; alegrai-vos, antes, porque vossos nomes estão inscritos nos céus" (Lc 10,20). E, mais uma vez, estes e outros textos semelhantes não podem ser originários dos primeiros cristãos. "Popularizam" o poder de expulsar "demônios" ou "espíritos imundos", em que a Igreja das origens se apoiava nas discussões com os pagãos. Não é exclusivo de Jesus. Nem Cristo falaria assim se não tivessem outras pessoas esse poder de curar certos "endemoninhados".
    6.- Quando Jesus enviou os 72 discípulos dois a dois a pregar o Evangelho, "deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos" (Mc 6,7). "Quando voltaram com alegria dizendo: 'Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome'", Jesus os felicita com aquelas palavras: "Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago! Eis que vos dei o poder de pisar... todo o poder do Inimigo" (Lc 10,17-19). São fenômenos constatados em muitas partes. O poder de curar até os piores casos, os "endemoninhados", implicava que os discípulos estavam inundados pelo Espírito Santo, transmitido por Cristo, pois "é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios" (Lc 11,20). E tal poder dos discípulos não pode ser invenção da Igreja primitiva, pois então se acreditava que só após o dia de Pentecostes o Espírito se comunicou.
    Numa palavra: os Evangelhos estão inundados de expulsões de "demônios". Suprimir esses fatos seria suprimir quase tudo nos Evangelhos. Ora, os "endemoninhados" formam um núcleo certamente radicado nas próprias testemunhas e proclamado para as testemunhas. Esta dupla constatação dá rigoroso valor histórico aos Evangelhos em geral.
    A verdade histórica das expulsões de "demônios" -e outros milagres- realizados por Jesus e por seus discípulos não podia ser negada pelos seus próprios adversários. Por isso se refugiavam na acusação de magia. Além das fontes cristãs canônicas, temos confirmação nos Evangelhos apócrifos, cheios de lendas, mas que pressupõem a realidade dos milagres de Jesus. Temos ainda a  confirmação pelo Talmude dos judeus da Babilônia, e pelo historiador judeu Flávio Josefo. Etc.  

OS EVANGELHOS CONTRA O MITO DE POSSESSÃO DEMONÍACA
"Daimonia". A intenção desmitificante dos evangelistas parece evidente. Os Evangelhos distinguem entre daimonion e daímon. Aparecem os 'endemoninhados" como sendo pessoas que têm daimonion, 11 vezes em Mateus, 14 em Marcos, 23 em Lucas e 6 em João. A palavra daímon (daímones, em plural) aparece uma única vez nos Evangelhos.
Os povos primitivos, como também os judeus na
época de Cristo, donde passou ap Cristianismo
"popular", acreditavam no erro de que demônios
perversos atormentavam a humanidade.
Parece importante o fato. Daimónion é forma neutra. É fácil ver nas expressões evangélicas que daimónion não se concebe como ser pessoal, mas como coisa, algo impessoal. Sublinhou há tempo Trench: "Dáimon ou daimónion... não são eqüivalentes". A mesma tese defendem Hafner, e Smit, Foerster etc.
            No único caso em que os Evangelhos (Mt 8,31) usam o termo daímones, é porque os demônios tinham sido identificados com os homens "possessos" como se formassem uma só coisa com eles. Eram os dois "possessos" - demônios e homens numa unidade -  que gritavam:  "Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar?" Eram os "possessos" - uma unidade visível como humana - os que "eram tão furiosos que pessoa alguma ousava passar por ali". Evidentemente que eram os homens - "possessos", sim, mas homens - os que atacavam os transeuntes. Eram eles os que viviam no cemitério... Por isso aqui se emprega o termo pessoal daimones.
            Em vez de "possuídos por demônios", as traduções deveriam dizer "afligidos por forças nocivas" ou "vexados por transtornos malignos", ou outras expressões eqüivalentes. Termos imprecisos, meio misteriosos..., designam com mais precisão o que na época se entendia por daimonion. Não levam o leitor moderno a pensar erradamente em anjos rebeldes, demônios, divindades, espíritos..., atormentando os doentes.
              Curar e sarar. Considerar o termo "endemoninhado" como designando uma doença especial enquadra-se perfeitamente com outro termo - também muito desmitificante - que freqüentemente o acompanha: o "possesso" é curado, curare em latim, therapeúein em grego; o "endemoninhado", sara, sanare em latim, iásthai em grego.
            "Traziam todos os que eram acometidos por doenças diversas e atormentados por enfermidades, bem como endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curava" (Mt 4,24); "Trouxeram-lhe um endemoninhado cego e mudo. E ele o curou" (Mt 12,22); "'A minha filha está horrivelmente endemoninhada'... E a partir daquele momento sua filha ficou curada" (Mt 15,22,28); "Eu o trouxe aos teus discípulos, mas eles não foram capazes de curá-lo... Jesus o exconjurou e o demônio saiu dele. E o menino ficou são (curado) a partir desse momento" (Mt 17,16-18); "Os atormentados por espíritos impuros também eram curados" (Lc 6,18); "Curou a muitos de doenças, de enfermidades, de espíritos malignos" (Lc 7,21); "Os Doze o acompanhavam, assim como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças" (Lc 8,1-2); "As testemunhas então contaram-lhe como fora salvo (como tinha sarado) o endemoninhado" (Lc 8,36); "Jesus, porém, conjurou severamente o espírito impuro, curou a criança e a devolveu ao pai" (Lc 9,42); "Trazendo doentes e atormentados de espíritos impuros, e todos eram curados" (At 5,16).
            Saram e se curam doentes. Expulsam-se, portanto (ou saem, vão embora, abandonam, deixam os corpos - expressões também bíblicas), as doenças.
            Diagnóstico expresso. Mais ainda. Freqüentemente os Evangelhos junto ao termo "endemoninhado" apresentam também expressamente o nome concreto da doença de que se trata.
            A respeito do "endemoninhado" curado "pelo poder de Beelzebul" (2Lc 11,14) diz que "Jesus expulsava um demônio que era mudo. Ora, quando o demônio saiu, o mudo falou". As palavras de Mateus são quase idênticas em um caso (Mt 9,32s.); e em outro caso diz: "Então trouxeram-lhe um endemoninhado cego e mudo. E ele o curou..." (Mt 12,22). Do menino para quem seu pai pedia piedade "porque é lunático" (Mt 19,14), o pai diz também: "Meu filho tem um espírito mudo". E Cristo íntima ao "espírito mudo e surdo" (Mc 9.17-25). Talvez devamos acrescentar o caso do "endemoninhado" gergeseno: dizer que ficou "no seu juízo" (Mc 5,15 e Lc 8,35) é quase expressamente dizer que antes tinha algum tipo de loucura.
            Em outras ocasiões, pela descrição dos sintomas, é possível diagnosticar a doença concreta, como fiz no caso do "endemoninhado" na sinagoga de Cafarnaum. Quando não se pode deduzir qual é a doença que sofre o "endemoninhado" é só porque os evangelistas nenhum dado, nenhum sintoma apresentam.
            Ora se nomeia expressamente, ora se deduz a doença que sofrem os "endemoninhados". Havendo uma possível explicação natural, deve-se excluir qualquer interpretação demoníaca.
              Falsa objeção. Não se pode objetar que os Evangelhos distinguem entre doenças e "possessões".
            Balducci, apresenta como supremo argumento que "Jesus e os evangelistas de modo explícito entre cura dos doentes e expulsão dos demônios... Deve-se especialmente sublinhar (a passagem) na qual Jesus dá aos seus discípulos o poder de expulsar os demônios distinguindo-o claramente daquele de curar os doentes".
            Nove textos neotestamentários poderiam ser citados. Em todos eles é cabível a distinção entre doenças internas e externas, perceptíveis e imperceptíveis.
            É o que basta em três textos de Marcos:
            1) "Ao entardecer quando o sol se pôs, trouxeram-lhe todos os que estavam enfermos e endemoninhados... E ele curou muitos doentes de diversas enfermidades e expulsou muitos demônios" (Mc 1,32,34).
            2) "Expulsavam muitos demônios, e curavam muitos enfermos, ungindo-os com óleo" (Mc 6,13).
            3) "Estes são os sinais que acompanharão aos que tiverem crido, em meu nome expulsarão demônios..., imporão as mãos sobre os enfermos, e estes ficarão curados" (Mc 16,17s.).
            Explicação sob rótulo amplo. Em relação aos outros seis textos, só encaixa perfeitamente a distinção entre doenças perceptíveis e imperceptíveis. Não cabe distinção entre doenças e endemoninhados.
Todas as doenças internas
(loucura, depressão, etc.) eram
atribuidas aos demônios.
            4) O texto de Mateus (8,16) de acordo com o original é: "Ao entardecer, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele com sua palavra expulsou os espíritos e curou a todos os que estavam mal".
            Não se está falando de outros tipos de doentes, mas unicamente dos chamados endemoninhados. "trouxeram-lhe muitos endemoninhados", não se diz que lhe trouxeram também doentes (outra classe de doentes). A frase a seguir pode ser uma explicação da cura destes endemoninhados, só deles se fala: "Ele expulsou os espíritos e curou a todos que estavam mal"; poderia interpretar-se no sentido de que entre os "endemoninhados" alguns se encontravam então mal, por exemplo tendo convulsões; outros endemoninhados estavam então tranqüilos. O sentido seria: "Ao entardecer trouxeram-lhe muitos doentes desses que se chamam possessos. Com sua palavra ele curou a todos, mesmo os que estavam em crise".  

            Em todo caso, se a exegese que proponho fosse forçada, o texto admitiria a distinção entre doenças internas e externas.
            5) Exata inversão da ordem entre os sinônimos fazem os Atos dos Apóstolos: sob o rótulo de enfermos arrolam-se também os "endemoninhados": "Deus operava pelas mãos de Paulo milagres extraordinários, a tal ponto que bastava que se aplicassem sobre os doentes lenços e aventais que tivessem tocado seu corpo; então, as doenças os deixavam e os espíritos maus se retiravam" (At 19,11s.).
            Isto poderia significar o seguinte: "Paulo curava, até pelo contato de suas roupas, todo tipo de doentes: tanto as doenças externas como as internas". Os chamados possessos, repetimos, são incluídos sob o rótulo geral de doentes.
            Estilo reiterativo. É estilo coloquial, enfatizante:
            6) "Deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a sorte de males e enfermidades" (Mt 10,1). Não se quer contrapor "todos os males" (outra tradução seria: "todas as doenças") a "todas as enfermidades".
            7) "Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios"(Mt 10,8). Os "leprosos" não são doentes ou enfermos? Enfermidade e doença não são sinônimos? Assim também os "possessos" são um tipo a mais de enfermidade.
            Poderíamos traduzir livremente esses dois textos de Mateus assim: "Conferiu-lhes poder de curar todo tipo de doentes ou enfermos, inclusive leprosos e esses outros mais graves ou misteriosos chamados possessos, até sobre a última e mais grave doença, a própria morte".
            8) este estilo reiterativo, de acumulação, enfático que não implica contraposição exclusiva entre doenças e possessões, é manifesto em outro texto do Evangelho de Mateus (4,24): "Traziam todos os que eram acometidos por doenças diversas e atormentados por enfermidades, bem como endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E eles os curava".
            9) Idêntica consideração para os Atos dos Apóstolos: "De muitos possessos, efetivamente, saíam os espíritos impuros, dando grandes gritos. Numerosos paralíticos e aleijados foram igualmente curados" (At  8,7s.). Os paralíticos são doentes. Os aleijados também. Também os possessos.
            "Isto é". A exegese por explicitação sob rótulo mais amplo é proposta pela maioria dos autores que rejeitam a interpretação demonológica. Está de acordo com o grego bíblico. Se bem se observa, explicitação e estilo reiterativo não se excluem, antes se identificam às vezes. "Muitos deles diziam: Ele tem um demônio! Está louco!" (Jo 10,20). No original grego há um Kai. A tradução literal seria por meio da conjunção "e". Mas seu sentido, segundo os puristas gregos, muito provavelmente seria epixegético ou explicativo (e às vezes reiterativo).
            Deveria ser traduzido, se não fosse dissonante nas línguas vernáculas, por "isto é", "e portanto", 'quer dizer", "ou", "ou seja" etc.: "Ele tem um demônio, isto é, está louco". Esta tradução se confirma com a que deveria Ter em outros textos: "Pois de sua plenitude todos nós recebemos, quer dizer, graça" (jo 1,16). "Se conhecesses o Dom de Deus, ou seja, quem é que te diz 'dá-me de beber!" (Jo 4,10). "Dizei à filha de Sião: 'Eis que o teu rei vem a ti, manso, e portanto, montado em um jumento, ou em um jumentinho filho de uma jumenta'" (Mt 21,5).
            Nesse sentido explicativo e reiterativo, além do texto demonológico antes citado, poder-se-iam traduzir cinco outros textos excluindo-se neles qualquer distinção entre doentes e possessos. Inclusive só se falaria de "possessos", reiterando a expressão. Interessaria ao evangelista destacar para seus leitores este aspecto, dada a quantidade de curandeiros exorcistas que pululavam, que curavam sempre por meio de exorcismos. Exorcizar seria eqüivalente a curar.
            1) "Ao entardecer, quando o sol se pôs, trouxeram-lhe todos os que estavam enfermos, isto é, endemoninhados... E ele curou muitos doentes de diversas enfermidades (inclusive internas), isto é, expulsou muitos demônios. Não consentia, porém, que os demônios falassem, pois eles o conheciam" (Mc 1,32-34).
            2) Também no texto paralelo de Mateus (8,16-17). "Ao entardecer, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele com uma palavra, expulsou os espíritos, ou seja, curou todos os que estavam enfermos (inclusive de doenças internas), a fim de se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: Levou as nossas enfermidades, quer dizer, carregou nossas doenças" (Mt 8,16-17)
            3) "Chamou os doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos imundos, isto é, de curar toda sorte de males ou enfermidades"(Mt 10,1).
            4) Também no texto paralelo de Lucas: "Convocando aos Doze, deu-lhes poder, isto é autoridade sobre todos os demônios, isto é, para curar (inclusive este tipo de) doenças" (Lc 9,1), todas as doenças.
            5) "Ide dizer a esta raposa: 'Eis que eu expulso demônios, quer dizer, realizo (toda sorte de) curas hoje e amanhã e no terceiro dia vou terminar!" (Lc 13,23).
            "Vi Satanás..." Quando os grupos dos 72 discípulos enviados dois a dois iam voltando, todos satisfeitos porque expulsaram demônios, Jesus lhes confirmou que se tratava mesmo de demônios? "Senhor, até os demônios se nos submeteram no teu nome!" Jesus os felicitou dizendo: "Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago"(Lc 10,17s.).
            Parece que esta frase de Jesus não se refere nada à expulsão de demônios. Era impossível que os discípulos a entendessem como se referindo à expulsão de demônios, porque "em primeiro lugar nunca se estabeleceu, nem na etapa posterior (do judaísmo), conexão estável entre Satanás e os espíritos impuros ou demônios causadores de doenças", afirmam os eminentes teólogos do Dicionário Teológico de Kittel. Por exemplo, no apócrifo Testamento dos Doze Patriarcas e nos manuscritos de Qumran, Deus é que se identifica com os demônios causadores de doenças (Test Rub I, 7-9; Test Sim II, 12; Test Gad V, 9-11; IQ Gn Apoc - Qmran Gênesis Apócrifo - XX, 16-29), nunca estes demônios são vinculados a Satã. Os "maus espíritos", que nos testamentos de Rúben, de Simeão e de Issacar e nas regras qumranianas da Comunidade e da Guerra estão submetidos a Satã ou Belial, são os tentadores, os que induzem ao pecado (Test Rub II e III; Test Sim II, 7 e III; Test Is IV, 4; IQS IV, 9-11; IQM XIII, 11s.). Para os discípulos, satanás e os demônios eram coisas completamente diferentes.
            A frase ou visão de Cristo tem um significado religioso, profético, da vitória do cristianismo sobre o mal.
           Outra falsa objeção. Os "demonófilos" objetam: trata-se de verdadeiros demônios; "Jesus o confirma com o modo de comportar-se com os obsessos, porque, em tais casos, com suas palavras demonstrou que se estava enfrentando não com uma doença, mas com entidade diferente da do doente, impondo-lhe energicamente que abandonasse aquele paciente".
Podem-se invocar três textos: 1) Cristo, ao pé do monte Tabor, para curar o epiléptico "conjurou severamente o espírito impuro dizendo-lhe: 'Espírito mudo e surdo, eu te ordeno, deixa-o e nunca mais entre nele'" (Mc 9,25). 2) Para curar o louco da sinagoga de Cafarnaum, "Jesus, porém, o conjurou severamente: 'Cala-te e sai dele'" (Mc 1,25 e Lc 4,35). 3) Para libertar um louco furioso - ou dois - e com fenômenos histeroparapsicológicos na terra dos gergesenos, "Jesus lhe dizia: 'sai deste homem, espírito impuro'" 9mc 5,8).
            Em primeiro lugar é excelente tática psicológica acomodar-se à mentalidade do doente para, uma vez estabelecido o rapport, arrancá-lo do se auto-hipnotismo. Jesus poderia saber disto por experiência.
            Alguns exegetas argumentam que increnpar (epitimáô, no original grego) não teria sentido se Jesus se dirigisse a uma doença e não a um demônio. Epitimáô é imposição forte, repreensão ou ordem severa. Igualmente, quando manda calar o "demônio" usa-se no grego o verbo phimóô, que significa amordaçar.
            Na realidade mesmo supondo que Cristo quisesse entrar em ciência (capítulo II)..., o mesmo verbo epitimáô que ele usa com o "demônio", o usa quando se dirige aos ventos (Mt 8,26), ao mar (Mt 8,26), às ondas (Lc 8,24), à febre (Lc 4,39). E o mesmo verbo phimóô, Cristo o usa também quando se dirige ao mar e aos ventos (Mt 8,26).
            Manda, prescreve, epitássó aos "demônios" (Mc 1,27; Lc 4,36: 8,31; Mc 9,25), mas a mesma palavra é empregada contra o vento e as ondas (Lc 8,25).
          Idêntica comparação de textos vale para a expressão freqüente nos Evangelhos: os demônios saíam dos possessos (por exemplo. Lc 4,41). É similar a expressões como "a febre a deixou" (Mc 1,31 e Jo 4,52), "e logo a lepra o deixou" (Mc 1,42; Lc 5,13). Os evangelhos não chamam de endemoninhado alguém com febre ou um leproso (é uma doença manifesta e visível externamente). Mas dizem que a lepra e a febre o abandonam. A mesma figura que se aplica ao espírito imundo que sai...
            Com tais expressões bíblicas não se afirma que o vento, as ondas, a tempestade, a febre e a lepra são demônios.
           Diferença de atitude. Muitos objetam que Jesus não tocava ou não se deixava tocar pelos "possessos" e sim pelos doentes. A mesma diferença de atitude se encontraria nos apóstolos. Não quereriam contaminar-se com os demônios.
            Simplesmente, é provável que não seja verdade essa distinção. O evangelista diz: "Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes: atingidos de males diversos (de qualquer enfermidade), traziam-nos, e ele impondo as mãos sobre cada um, curava-os. De um grande número também saíam demônios gritando...' (Lc 4,40s.). Os atormentados por espíritos impuros também eram curados. E toda a multidão procurava tocá-lo, porque dele saía uma força que a todos curava" (Lc 6,16s.). expressões semelhantes podem se encontrar em Marcos: "havia curado muita gente. E todos os que sofriam de alguma enfermidade lançavam-se sobre ele para tocá-lo. E os espíritos impuros, assim que o viam, caíam a seus pés e gritavam..." (Mc 3,10s.).
            "Caíam a seus pés", "prostavam-se diante dele": o costume era abraçar as pernas e beijar os pés.
            Nos Atos dos Apóstolos: "A ponto de serem os doentes transportados para as praças e depostos lá em leitos e catres, a fim de que, ao passar Pedro, ao menos sua sobra cobrisse alguns deles. A multidão acorria mesmo das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e atormentados de espíritos impuros, e todos eram curados"(At 5,15s.). 
Ainda há supersticiosos que
acreditam que a feiticeira (ao
alto, à esquerda) com suas
"mandingas" conseguiria
dominar os demônios para
maltratar seu inimigo, inclusive
até a morte. Quadro de
Heirônimo Bosch (1450 - 1516).
Jesus à vezes não tocava os doentes comuns. Por exemplo: "Eu te ordeno - disse ele ao paralítico -, levanta-te, toma teu leito, e vai para tua casa" (Mc 2,11). Tudo está a indicar que sem tocá-lo. Curava doentes e ressuscitava mortos inclusive à distância. Como o filho - não "possesso" - do oficial real (Jo 4,43-54) e o servo - não "possesso" - do centurião (Mt 8,5-13;  Lc 7,1-10). Igual que a filha "possessa" da cananéia ou siro-fenícia:
            Eis que uma mulher cananéia... veio gritando: "Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim: a minha filha está horrivelmente endemoninhada"... Jesus lhe disse: "Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como queres". E a partir daquele momento sua filha ficou curada (Mt 15,22-28).
            Uma mulher cuja filha tinha um espírito impuro..., lhe rogou que expulsasse o demônio de sua filha... E ele respondeu: "Pelo que disseste (pela tua fé), vai: o demônio já saiu da tua filha". Ela voltou para casa e encontrou a criança atirada sobre o leito. E o demônio tinha ido embora (Mc 7,25-30).
            Jesus curava "endemoninhados" exatamente com o mesmo procedimento com que curava doentes comuns, e vice-versa. Com sua palavra: "Com uma palavra expulsou os espíritos e curou todos os que estavam enfermos" (Mt 8,6).
            Não é válida, portanto, a afirmação de que Jesus tocava os doentes e esquivasse os "endemoninhados"
            E mesmo que houvesse tal diferença de atitude, ao menos em alguns casos, poderia responder simplesmente ao receio em Cristo e nos apóstolos de serem agredidos pelos "endemoninhados", convulsivos, histéricos e inclusive furiosos.

EXORCISMOS NO EVANGELHO?
            Costumes dos exorcismos. Outra objeção dos "demonófilos": Jesus deu aos discípulos um duplo poder: curar e exorcizar. Ele mesmo empregava um ritual para expulsar demônios, diferente do usado em doentes comuns.
            Os exorcistas da época tinham seus ritos peculiares. Na mitologia dos caldeus, quando uma pessoa "comete uma falta - voluntariamente ou não - o deus irritado abandona seu cliente, seu deus irritado sai do seu corpo... e este, sem defesa, é vítima dos demônios-doenças". O tratamento responde logicamente às diversas indicações que decorrem da natureza da doença: 1º) Enternecer o deus irritado e reconciliar o enfermo com ele; 2º) Expulsar o demônio que tomou posse do corpo do enfermo. O perdão do deus se obtém pela oração acompanhada da oferenda de um sacrifício; o exorcismo do demônio, por encantamento e por purificações às vezes, mais raramente por um sacrifício" de animais (mas mesmo de pessoas).
            Como as palavras e os ritos tinham para o babilônio um poder concreto, todas as cerimônias eram acompanhadas por práticas e gestos, fixados pela tradição, que constituem ritos imutáveis. Entre as práticas utilizadas, encontra-se a "substituição": o cordeiro é o substituto da humanidade... O animal sacrificado tinha tomado sobre si o pecado do doente; o deus deveria mostrar-se satisfeito.
            Esta mentalidade mágica e a prática de exorcismos na terra de Canaã, os hebreus a tinham estampada na própria Bíblia que continuamente liam. Por exemplo:
            Quando entrares na terra que Javé, teu Deus, te dará, não aprendas a imitar as abominações daqueles povos. Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que invoque os mortos, pois quem pratica essas coisas é abominável a Javé e é por causa dessas abominações... (Dt 18,9-12). Aos antigos habitantes de tua terra santa, tu os aborreceste por causa de suas práticas detestáveis, ritos execráveis, atos de magia esses cruéis infamticídios, banquetes canibalescos de vísceras e sangue humano, esses iniciados membros de confraria (mistérios orgíacos) e pais assassinos de vida sem defesa, decidiste eliminá-los (Sb 12,3-5).
            Estes sacrifícios humanos com finalidade mágica e de exorcismo
            Muitos israelitas acreditavam e temiam as práticas mágicas. Precisamente porque acreditavam e praticavam a magia e espiritismo, a Bíblia o proíbe tão enérgica e freqüentemente.
            É significativo o episódio do rei Moab: ante o ataque dos israelitas, imolou seu próprio filho primogênito em holocausto sobre o muro da cidade, e os israelitas - bem provavelmente aterrados pelos poderes demoníacos que pensavam que este sacrifício desencadearia - levantaram o cerco da cidade e fugiram (2Rs 3,26-27).
                No Novo Testamento. A Igreja Primitiva não teria feito exorcismos ou conjuros se não tivesse observado essa prática entre os judeus como entre os gentios com que convivia. Em vez de condenar, como no Antigo Testamento, essas "práticas detestáveis, abomináveis, execráveis", preferiu purificar e santificar o costume.
            Foi do ambiente, não de Cristo nem dos apóstolos, que a Igreja  herdou os exorcismos. Nem Jesus nem os apóstolos foram exorcistas. Eles curavam. Só.
            Exorcismo vem do verbo grego exorkizo, que significa conjurar, fazer jurar. (Em nome de Deus, no Novo Testamento).
            Os exorcismos eram prática corrente entre os judeus contemporâneos de Jesus.
            Paulo reflete o ambiente:
            Se o sangue de bodes e de novilhos e se a cinza da novilha, espalhada sobre os seres ritualmente impuros, os santifica, purificando os seus corpos... Segundo a lei, quase todas as coisas se purificam com sangue, e sem efusão de sangue não há remissão (Hb 9,13,22).
            Os discípulos queixaram-se: "Mestre, vimos alguém que não nos segue, expulsando demônios em teu nome, e o impedimos (Mc 9,38par.). É possível que os discípulos pensassem que expulsar demônios - curar doenças internas - só com a palavra, sem ritual e sem sangue, era uma novidade, uma originalidade de Jesus, portanto queriam a "patente". Na realidade, existiam conjuros - exorcismos - simplificados.  
Na Idade Média acreditavam que as
bruxas com poderes demoníacos faziam
"mal olhado" às crianças, guiariam os
homens de negócios e causariam toda
classe de doenças.
            Se os exorcistas - na realidade curandeiros - não fossem comuns, se não fossem um hábito necessário para a mentalidade mágica dos judeus, Jesus não poderia Ter perguntado: "Se eu expulso os demônios por Beelzebul, por quem expulsam os vossos filhos? (Mt 12,27par.).
            Jesus, um exorcista? O problema é saber se Jesus se acomodava à prática da maioria com mentalidade mágico-exorcista, ou se pertencia à reação culta introduzida pelos médicos gregos.
            Na realidade, Jesus Cristo nem foi exorcista nem conferiu aos seus discípulos o poder de exorcizar. Estamos nos referindo ao emprego de algumas fórmulas ou ritos especiais. 
Cristo simplesmente curou e deu poder de curar todas as doenças internas e externas.
O Pe. Cortés S.J. parece que é o primeiro a se insurgir contra a opinião de que Jesus praticara exorcismos.
            Jesus curava os "possessos" (isto é, os pacientes de doenças internas), exatamente da mesma maneira que curava os outros pacientes de doenças externas. Com sua palavra, pela imposição das mãos, com sua presença, pela sua autoridade. Sem exorcismos.
            Em poucos casos Jesus usou certo "ritual":
            Levando-o só para longe da multidão, colocou os dedos nas orelhas dele e, com saliva, tocou-lhe a língua. Depois, levantando os olhos para o céu, gemeu, e disse: Ephphatha (Mc 7,33s.). Tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia, e, cuspindo-lhe nos olhos e impondo-lhe as Mãos... (Mc 8,23). Cuspiu na terra, fez lama com a saliva, aplicou-as sobre os olhos do cego e lhe disse: "vai lavar-te na piscina de Siloé" (Jo 9,6s.).
            Mas precisamente nestes casos trata-se de doenças externas, não de "endemoninhados"!
            Nem se trata de verdadeiro ritual. Jesus tocava os olhos para entrar em comunicação com o cego. Tocava os ouvidos para entrar em comunicação com o surdo. Olhava para o céu para orar e para induzir o surdo à oração.
            Nos casos de cura de "endemoninhados" não encontramos qualquer coisa semelhante a rituais fórmulas, esconjuros... Os pacientes de doenças internas ("endemoninhados") curam-se simplesmente pela vontade de Jesus.
            Jesus nunca usou o termo exorkizo. Precisamente as duas únicas vezes que nos Evangelhos aparece é contra Jesus: "Conjuro-te - exorkizo - por Deus, que não me atormentes!" (Mc 5,7) diziam os "demônios" no país dos gergesenos. E Caifás: "Eu te conjuro - exorkizo - pelo Deus vivo que nos declares se tu és o Messias!" (Mt 26,63). Os judeus, como os babilônios, exorcizavam, mas não Jesus. Nem seus discípulos.
            Poder-se-ia interpretar como esconjuro, exorcismo, o modo autoritário que alguma vez utilizaram os apóstolos para curar as doenças internas então atriuídas aos demônios? Por exemplo no caso da escrava "que tinha um espírito de Pitão". Frisemos que não se trata de demônios cristãos, senão de um daimon ou deus pagão, a serpente Pitão do oráculo de Delfos.
            Ia fazendo apostolado.
Clamando: "estes homens são servos de Deus Altíssimo, que vos anunciam o caminho da salvação". Fê-lo por vários dias. Por fim, Paulo, aborrecido, voltou-se e disse ao espírito: "Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo: sai desta mulher". E o espírito saiu no mesmo instante (At 16,16-18).
            Exorcismo? Então todas as curas, mesmo quando se trata de doenças externas e todos milagres, inclusive sobre os seres inanimados, teriam que ser considerados exorcismos! Melhor é inverter o argumento. Os aparentes exorcismos não o são, trata-se simplesmente de curas, porque é a mesma fórmula empregada para doença externas e outros milagres. Por exemplo:
            Vinha então, carregado, um aleijado de nascença (além de aleijado, sendo paralítico de nascença  tinha que ter atrofia muscular, e, portanto, percebia-se externamente a "causa" da paralisia; nada de demônios)... Pedro o encarou, como também João, e disse: "Olha para nós... Em nome de Jesus Cristo Nazareno, anda!"... De um salto ficou em pé e começou a andar (At 3, 2, 4, 8).  
            Nos Atos dos Apóstolos é possível que se esteja condenado a prática dos exorcismos. Condena-se a atitude de uns judeus expressamente chamados de exorcistas (exorkistoi: "Alguns judeus exorcistas percorriam vários lugares..." Eles dirigiam-se aos "endemoninhados" com a fórmula: "Conjuro-os - exorkizo - por Jesus, que Paulo prega". E o autor sagrado faz questão de frisar que o resultado de tal ato foi catastrófico para os sete filhos do sacerdote judeu Cevas, pois o "endemoninhado" os atacou com grande violência e tiveram de fugir nus e feridos. Destaca que após essa lição, os praticantes de exorcismos e outras magias levaram seus livros e os queimaram diante de todos (At 19,13-20).
            Jesus não deu aos apóstolos um duplo poder, de curar e de exorcizar. Deu-lhes o poder de curar. Um único poder. "Convocando os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, isto é (Kai) para curar doenças" (Lc 9,1). Marcos fala só em demônios: "Chamou a si os Doze... E deu-lhe autoridade sobre os espíritos imundos"(Mc 6,7). Mateus, explicita mais: "Chamou os doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a sorte de males e enfermidades" (Mt 10,1). Uma tradução do sentido dos três textos eqüivaleria a: "Conferiu-lhes o poder de curar toda classe de doenças". Ou, explicitando: "Deu-lhes poder sobre todas as doenças, inclusive as mais graves e misteriosas (as internas)".
Jesus em luta com Satã? Lembro-me com saudade dos anos em que era estudante de Teologia no querido "Colégio Máximo Cristo Rei", de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Lembro com carinho as aulas de exegese do sábio e esforçado Pe. Balduíno Kipper, S.J. Algumas de minhas teses parapsicológicas lhe pareciam heréticas...
Cristo não teria triunfado.
Satanás que dominaria todo o
mundo, desde à serpente do
Paraíso até hoje.
            Surpresa agridoce para mim, dedicou-me uma aula inteira a tentar convencer-me de que na Bíblia se impunha a existência da possessão demoníaca:
            São João mostra a última razão pela qual foram tão freqüentes as possessões no período evangélico. Os demônios sabem que, com a chegada de Cristo chegou a hora fatal para eles e, portanto, tentam com toda força destruir os homens e assim perder a Jesus, para ver se é possível superar tal crise... [O texto de João a que o Pe. Kipper fazia referência é: "Vós sois do diabo, vosso pai, e quereis realizar os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade... É mentiroso e pai da mentira. Mas porque digo a verdade não credes em mim... Se vis, porque não sois de Deus"(Jo 8,44-47)]. Estabeleceu-se a definitiva luta entre Cristo, que é da verdade, e o pai da mentira, concluía Kipper.
            O argumento já fora muito freqüentemente usado. "Havia uma razão especial de conveniência para que a Divina Providência" desse liberdade aos demônios nos tempos de Cristo, afirmou Smit. O Pe. Balducci explicita:
            De fato Jesus, que viera "para destruir as obras do demônio" (1Jo 3,8), porque com Jesus "o príncipe deste mundo será lançado fora" (Jo 12,31), devia com exemplos concretos mostrar seu poder sobre o império de Satanás, e sinais muito claros eram precisamente as expulsões de espíritos malignos...: porque, para que aparecesse a divindade de Jesus, era muito oportuna a presença de numerosos casos de possessão.
            Smit insiste: "Mormente Marcos prova a divindade de Jesus por estes sinais: porque Jesus, expulsando os espíritos imundos, se mostrava mais forte do que eles".
            "Por outra parte - continua Balducci -, era natural que Satanás... vendo-se agora obstaculizado por um inimigo tão forte e pressagiando um porvir pior, procura esforçar-se ao máximo no seu poder maléfico, de forma mais estrepitosa".
            Estas explicações supõem e explicam o que deveriam demonstrar.
            Cristo não veio a destruir as obras do demônio e a expulsar fora o príncipe deste mundo. Só em sentido metafórico. "Jesus não entendeu sua atividade como uma luta contra Satã. A Jesus só interessava a salvação dos homens e sua libertação do pecado, que nos conceitos do judaísmo daquela época estavam relacionados com Satã", personificação do pecado, mera cultura extrínseca à mensagem cristã.
            Havia muitos "endemoninhados" na época não porque Satã estivesse aproveitando todas suas forças, senão porque, como sempre, havia muitos doentes e, então (não antes na Bíblia) se atribuíam certas doenças aos demônios.
            Se a exegese de Kripper, Smit, Balducci e tantos outros fosse verdade, Cristo teria sido derrotado plenamente pelos demônios! Pois os "demônios" haveriam de continuar por séculos se "apoderando" dos homens. Por isso Cristo concedeu aos apóstolos o poder de expulsar "demônios" (Mt 10,1-8; Mc 3,14s.; 6,7; Lc 9,1; 10,17-30). Por isso fez a promessa aos que nele cressem, de expulsar os "demônios" no seu nome (Mc 16,17).
            Houve muitas "possessões" depois de Cristo, na época apostólica, como se testemunha nos Atos dos Apóstolos (At 5,14-16;  8,5-8; 16,16-18; 19,11-16). Houve também muitas "possessões" na época patrística, como testemunha, por exemplo, S. Justino:
            Porque a muitos agitados por demônios em todo o orbe e na vossa cidade, muitos dos nossos cristãos, tendo-os adjurado em nome de Jesus Cristo crucificado sob Pôncio Pilatos, os curaram apesar de não tê-los sanado nenhum outro adjutório, encantamento ou remédio. E ainda continuam a curar, quebrando e expulsando os demônios que se apoderavam dos homens.
É a absurda superstição de que doenças e negócios
dependem do demônio, hoje é explorada por pastores
de diversas seitas. Verdadeira fábrica de loucos.
Na época da bruxaria houve mais "possessões demoníacas" do que em qualquer outra época. Ë que o demônio continuou livrado a grande batalha contra Cristo? Continuou havendo razões especiais para dar mais liberdade aos demônios?
            Seria completamente falsa a afirmação ou o grito de vitória de Jesus: "Agora o príncipe deste mundo será lançado fora" (Jo 12,31). "O príncipe deste mundo está julgado" (Jo 16,11).
            "Para isto é que o filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio" (1Jo 3,8). Se fosse no sentido dos "demonófilos" que deve entender-se essa afirmação, Cristo teria perdido completamente a batalha com o Diabo.
            Não seria um dos grandes frutos que cabe esperar do cristianismo, a libertação dessa opressão doentia da ação dos demônios, exus, espíritos opressores? Com Cristo começou a era da saúde espiritual moral, da paz e da oração dirigida ao "abba", pai.
            Com Cristo irrompeu a "Basiléia" ou Reino de Deus, porque Cristo venceu o Satã, o mal moral. "Tudo concorre para o bem daqueles que amem a Deus", para o bem espiritual (Rm 8,28 segundo a variante da Vulgata); inclusive as doenças internas.

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