Josef Kramer (10 de novembro de 1906, Munique – 13 de dezembro de 1945,
Hamelin) foi o comandante do campo de concentração de Bergen-Belsen, na
Alemanha, e um dos mais notórios criminosos de guerra nazistas,
diretamente responsável pela morte de milhares de pessoas no Holocausto
judeu da II Guerra Mundial. Sua crueldade lhe valeu o apelido de Besta
de Belsen, dado pelos prisioneiros do campo.
Kramer entrou para o Partido Nazista em 1931 e para a SS, como soldado
raso, em 1932. Seu treinamento na SS o transformou em guarda de presídio
e após o início da guerra, em guarda de campo de concentração. Em 1934
foi recrutado como guarda em Dachau, e rapidamente promovido, conseguiu
melhores postos de supervisão em outros campos como Sachsenhausen e
Mauthausen. Em 1940, Kramer tornou-se assistente de Rudolf Hoess em
Auschwitz e em 1942 foi promovido a SS Hauptsturmführer, quando recebeu o
controle das câmaras de gás no complexo de extermínio
Auschwitz-Birkenau. Em 1944 finalmente tornou-se comandante do campo de
concentração de Bergen-Belsen.
Em seu período em Auschwitz, Kramer ficou famoso pela maneira dura e
rude como tratava seus subordinados. Um dos acusados no julgamento de
crimes de guerra de Frankfurt, o Dr. Franz Lukas, contou que evitava as
tarefas determinadas a ele por Kramer pretextando dores de estômago e de
intestinos. Quando certa vez viu seu nome ser colocado numa lista de
médicos que deveriam selecionar prisioneiros recém-chegados da Hungria
para trabalhos forçados ou execução protestou violentamente o que levou
Kramer a lhe dizer: "Eu sei que você está sendo investigado por
favorecimento a prisioneiros. Eu estou lhe ordenando agora que suba
aquela rampa e faça seu trabalho. Se se recusar a obedecer, eu o mato no
local".
Em agosto de 1943, Auschwitz recebeu um grupo de 40 mulheres que
deveriam ser executadas com gás. Com a ajuda dos SS, Kramer as despiu,
as enfiou nas câmaras e ficou olhando pelo lado de fora através de um
pequeno visor vendo-as gritarem desesperadas até caírem mortas ao chão.
Perguntado sobre o que sentia com isso, ele respondeu: “Eu não sentia
nada em fazer estas coisas porque eu estava simplesmente obedecendo a
ordens. Esta era a maneira como fui treinado”.
Em dezembro de 1944, investido do comando no campo de Belsen, as regras e
o comportamento de Kramer eram tão duros e cruéis que ele foi apelidado
pelos internos de “Besta de Belsen”. A medida que a Alemanha ia
entrando em colapso e a administração dos campos ruía em sua
organização, Kramer continuava devoto à burocracia. Em março de 1945,
ele preencheu um relatório dizendo que dos 25.000 prisioneiros em seu
campo, 300 haviam morrido de tifo na semana anterior. Com o fim da
guerra cada vez mais próximo e a Alemanha invadida por todos os lados, a
população de Belsen continuava a crescer, recebendo prisioneiros
trazidos de outros campos que tinham sido alcançados pelos Aliados. No
meio de abril, Belsen tinha mais de 80.000 prisioneiros sob o tacão de
Josef Kramer.
Com o colapso total da administração e a fuga da maioria dos guardas de
Belsen à aproximação dos soldados aliados para evitar a retaliação, os
prisioneiros foram entregues a sua própria sorte. Corpos apodreciam por
todos os lugares e os ratos atacavam aqueles que não tinham mais forças
para espantá-los. Kramer permaneceu no campo até o fim e mesmo quando os
britânicos chegaram ele se manteve indiferente e levou-os a uma volta
na área para ver as cenas de degradação humana e morte por todo o lugar,
pilhas de corpos esqueléticos amontoados no chão, covas cheias de
cadáveres insepultos e cabanas com os últimos prisioneiros sobreviventes
em estado de completa degeneração física e mental.
Kramer não fez nenhum esforço para salvar a sua vida fugindo, mas com
calma aguardava as forças britânicas que se aproximam, ingenuamente
confiantes de tratamento decente. "Quando Belsen Camp foi finalmente
tomada pelos aliados", declarou mais tarde: "Eu estava bastante
satisfeito que eu tinha feito tudo o que eu poderia possivelmente sob as
circunstâncias para remediar as condições do campo
Em uma longa declaração feita por Kramer a seus captores britânicos em
22 de maio de 1945, negou explicitamente a existência de câmaras de gás
em Birkenau.
Josef Kramer e outros 44 subalternos da equipe do campo de Bergen-Belsen
(incluindo quinze mulheres) foram presos e julgados por uma corte
militar britânica na cidade próxima de Lüneburg. O julgamento dos réus
se desenrolou entre setembro e novembro de 1945. Em 17 de novembro ele
foi sentenciado à morte e enforcado por crimes contra a humanidade em 13
de dezembro de 1945, na prisão de Hamelin.
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