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Demonologia é o estudo sistemático dos demônios. Quando envolve os estudo de textos bíblicos, é considerada um ramo da Teologia. Por geralmente se referir aos demônios descritos no Cristianismo, pode ser considerada um estudo de parte da hierarquia bíblica. Também não está diretamente relacionada ao culto aos demônios.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Árvore da Ciência do Bem e do Mal

A árvore da Ciência do Bem e do Mal é citada na Bíblia, nos capítulos iniciais do livro do Gênesis, correspondendo a um importante elemento da criação segundo a crença judaico-cristã. — Gên 2:9, 16, 17; 3:1-24. No Jardim do Éden, Deus utilizou duas árvores com objetivos simbólicos: a "árvore da vida" e "a árvore da Ciência do Bem e do Mal". Não respeitar o decreto de Deus referente a esta última árvore teria resultado na queda do homem. 
Também conhecida como Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, ou simplesmente Árvore da Ciência, foi plantada, segundo o relato bíblico, no Jardim do Éden, tendo seus frutos sido proibidos ao homem por Deus. Segundo o mesmo relato, após ser interpelada pela serpente, a mulher (Eva), desobedecendo a ordem de Deus, come do fruto, oferecendo posteriormente ao homem (Adão), que também o come, provocando o que se chama de pecado original da humanidade.
No sétimo dia da Criação, Deus criou o homem à sua imagem: "à imagem de Deus o criou: macho e fêmea os criou." (Gênesis, 1,27). Tal afirmação categórica é uma negação da versão mais difundida: a de que o homem foi criado antes da mulher. Neste ponto, existem interpretações diferentes. A primeira é a de que Adão seria um ser andrógino (macho e fêmea) e que a separação de Eva representaria a cisão da criatura original andrógina em duas (Unterman, 1992:25). A androginia de Adão é explicada em alguns textos rabínicos, como no Sepher Ha-Zohar, que contêm a afirmação de rabi Abba: "O primeiro homem era macho e fêmea ao mesmo tempo pois a escritura diz: E Elohim disse: façamos o homem à nossa imagem e semelhança (Gênesis, 1,26). É precisamente para que o homem se assemelhasse a Deus que foi criado macho e fêmea ao mesmo tempo" 
Existe, contudo, uma outra interpretação, que nos parece mais fascinante, a de que, a exemplo do que foi feito com os animais, Deus teria criado um casal: Adão e uma mulher que antecedeu a Eva. Esta mulher primordial teria sido Lilith , figura bastante conhecida da antiga tradição judaica. Lilith não se submeteu à dominação masculina. A sua forma de reivindicar igualdade foi a de recusar a forma de relação sexual com o homem por cima. Por isso, fugiu para o Mar Vermelho. Adão queixou-se ao Criador, que enviou três anjos em busca da noiva rebelde. Os três anjos eram Sanvi, Sansanvi e Samangelaf . Os emissários do Senhor tentaram em vão convencer a fujona. Ameaçaram afogá-la no mar  Lilith, porém, respondeu: "Deixem-me, não sabeis que não fui criada em vão e que é meu destino dizimar recém-nascidos; enquanto é um menino tenho poder sobre ele até o oitavo dia, se é menina, até o vigésimo. No entanto, ela jurou aos anjos, em nome do Deus vivo, de que sempre que avistasse as figuras ou apenas os nomes dos mensageiros de Deus, deixaria a criança em paz. Também aceitou o fato de que diariamente iriam perecer cem de seus próprios filhos." (Gorion, :53). Lilith foi transformada em um demônio feminino, a rainha da noite, que se tornou a noiva de Samael, o Senhor das forças do mal.
Várias tradições fazem referências ao fruto proibido de diversas maneiras:
  • Símbolo de relações sexuais representadas por uma “maçã”;
  • Como significando o reconhecimento do certo e do errado;
  • Como conhecimento adquirido por se alcançar a madureza por experiência;
  • Símbolo do direito que o Criador do homem teria de especificar aos seres humanos o que é “bem” e o que é “mal”, exigindo a prática do que é bom e a rejeição do que é mal, a fim de continuarem aprovados por Ele.
  • Como a ciência propriamente dita - com as descobertas científicas, o homem deixa seu estado natural de equilíbrio com a natureza e passa a ter que trabalhar para garantir a sua sobrevivência. No jardim do Éden o ser humano não precisava trabalhar; quando Deus expulsa o homem do Paraíso devido ao fato de Adão e Eva terem comido o fruto, ele os amaldiçoa afirmando que a partir daquele momento terão que trabalhar pelo seu sustento. Outra passagem do Gênesis que demonstra este fato é quando é afirmado que os filhos de Adão e Eva após a saída do Éden, Caim e Abel, eram, respectivamente, agricultor e pastor.
Muitos acreditam que após comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, é criado um pecado que faz com que os seus olhos se tornem capazes de aprender a maldade, por isso o termo "seus olhos foram abertos"' e este mesmo pecado separa o homem do seu criador.
Ainda outros argumentam que em vista da ordem de ‘serem fecundos e tornarem-se muitos, e de encherem a terra’  , o fruto da árvore não poderia ser o símbolo de relações sexuais, visto que esta seria a única maneira de haver procriação. Também há a argumentação de que não podia significar apenas a faculdade de reconhecer o certo e o errado, porque a obediência à ordem de Deus exigia esta discriminação moral. Quanto a referir-se ao conhecimento obtido ao atingir a madureza, argumenta-se que não seria pecado por parte do homem atingir este estágio, nem lógico que seu Criador o obrigasse a continuar imaturo.
A Árvore do Bem e do Mal figura na Bíblia como um simbolismo colocado, sob forma física, à Adão e Eva, onde a aceitação desta (isto é, o comer do seu fruto) seria o "assinar embaixo" da humanidade em aceitar o pecado, enquanto que o não-fazê-lo seria o aceitar estar com Deus. Por consequência, tem-se que o mal, na prática, já existia, tendo vindo com a queda de Lúcifer à Terra descrita no capítulo 12 de Apocalipse; o fruto da árvore apenas seria a porta de entrada para que este mal entrasse também na vida do ser humano. Sob certo ponto de vista, a desobediência do homem aos mandamentos de Deus deve ter sido o primeiro pecado oficial da humanidade, no entanto sob outro aspecto foi o de sucumbir à tentação que veio primeiro, uma vez que, antes de cometer a desobediência em si (o comer do fruto), Eva já havia sucumbido à tentação para, então, descumprir.
Muitos simbolizam a maçã como o fruto proibido, mas não há relatos na Bíblia de que isso seja verdade. Tudo que os homens não entendem, tendem a dizer: existe um significado simbólico, é mais fácil do que descobrir a verdade. Haverá realmente planta que de o conhecimento do bem do mal.
 Segundo uma velha tradição, Lilith seria uma figura sedutora, de longos cabelos, que voa à noite, como uma coruja, para atacar os homens que dormem sozinhos. As poluções noturnas masculinas podem significar um ato de conúbio com a demônia, capaz de gerar filhos demônios para a mesma. As crianças recém-nascidas são as suas principais vítimas. A crença em Lilith, durante muito tempo, serviu para justificar as mortes inexplicáveis dos recém-nascidos. Uma forma de proteger as crianças contra a fúria da bela demônia é escrever na porta do quarto os nomes dos três anjos enviados pelo Senhor. Outra maneira é a de afixar no berço do recém-nascido, três fitas, cada uma delas com um nome dos três anjos. Segundo Unterman, na véspera do Shabat e da Lua Nova, quando uma criança sorri é porque Lilith está brincando com ela. Para protegê-la deve se bater três vezes de leve no nariz da criança, pronunciando uma fórmula de proteção contra Lilith6. O mesmo Autor afirma que, na Idade Média, era considerado perigoso beber água nos solstícios e equinócios, períodos estes em que o sangue menstrual de Lilith pinga nos líquidos expostos. Finalmente, uma outra tradição judaica afirma que a lendária rainha de Sabá que teria visitado Salomão nada mais era do que Lilith. O sábio rei, contudo, descobriu o ardil, ao levantar a saia da rainha e constatar que as suas pernas eram peludas. 

Segundo uma lenda judaica, após a expulsão do paraíso, Adão para se mortificar ficou cento e trinta anos afastado de Eva. Uma ocasião que estava dormindo sozinho, Lilith o encontrou e deitou-se ao seu lado e dele concebeu um sem número de demônios. Os que se defrontavam com eles eram torturados e mortos (Gorion, :54).
A rebelião de Lilith contra Adão e o Criador levou à necessidade da criação de Eva, esta formada a partir de uma costela de Adão (Gênesis, 2, 21). É possível, portanto, imaginar que um corte foi realizado entre o capítulo 1, versículo 28, e o capítulo 2, versículo 21. É provável que este corte tenha ocorrido, mesmo em época bastante remota, como no quarto século antes de Cristo, quando se supõe que o texto escrito tomou uma forma aproximada da atual (Leach, 1983:77). O próprio teor do capítulo 1, versículo 28, sustenta esta hipótese: "E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra ..." Como seria possível abençoar a ambos e recomendar a multiplicação se Eva ainda não estava criada? 
chama a atenção para um outro detalhe importante: após a criação de Eva, extraída da costela de Adão, este diz: "Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada varôa, porquanto do varão foi tomada" (Gênesis, 2, 23). Para Sicuteri, esta agora soa como desta vez numa inequívoca referência a uma mulher anterior.
 
Eva, porém, à sua maneira, repetiria o gesto de rebelião de sua antecessora. Deus tinha permitido ao homem comer todas as frutas do jardim, com apenas uma exceção: "Mas da árvore da ciência do bem e do mal, d'ela não comerás; porque no dia que d'ela comeres, certamente morrerás." (Gênesis, 2,17). É exatamente esta interdição que é rompida por Eva. A versão canônica é que a mulher assim procedeu tentada pela serpente, sob a alegação de que o consumo da fruta proibida a tornaria tão poderosa como Deus. Acreditando na pérfida serpente, Eva comeu do fruto proibido e convenceu o seu companheiro a fazer o mesmo. A punição por este ato de desobediência original foi a perda da imortalidade, a partir de então os homens tornaram-se mortais. Existem outras interpretações para esta história. Os teólogos modernos acreditam que a serpente foi a forma tomada pelo demônio para tentar Eva. Existe também a crença de que Lilith teria se transformado em serpente para tentar Eva e se vingar de Adão. Uma terceira interpretação é a que faz parte de uma tradição judaica: "a serpente bíblica era um animal astucioso, que caminhava ereto sobre as duas pernas, falava e comia os mesmos alimentos que o homem. Quando viu como os anjos prestigiavam Adão, teve ciúme dele, e a visão do primeiro casal tendo relação sexual despertou na serpente o desejo por Eva. Por instigação de Satã ou Samael, ou, segundo algumas versões, possuída por ele, a serpente persuadiu Eva a comer o fruto proibido e seduziu-a. Como castigo, suas mãos e pernas foram cortadas e ela teve de se arrastar sobre o seu ventre, todo alimento que comia sabia a pó, e tornou-se eterna inimiga do homem.(...) Quando teve relação sexual com Eva, injetou sua peçonha nela e em todos os seus descendentes. Essa peçonha só foi removida do povo de Israel quando estavam no monte Sinai e receberam o Torá." (Unterman, 1992:236).
Expulsos do paraíso, Adão e Eva tiveram, segundo a versão canônica, dois filhos: Caim e Abel (Gênesis, 4, 1 e 2). As causas do fratricídio cometido por Caim são bastante conhecidas, por isso passamos diretamente para uma outra versão: "num paroxismo de ciúme pela não aceitação de sua oferenda e por uma irmã gêmea que Abel desposara (o grifo é nosso), Caim matou seu irmão." (Unterman, 1992:54). Chamamos a atenção para um elemento novo que surge neste momento, a existência de uma irmã gêmea que fora desposada por Abel. Posteriormente, voltaremos a tratar deste assunto. No momento, interessa-nos mais a versão de que Caim, de fato, não era filho de Adão, mas da serpente que tinha seduzido Eva. E mais, quando foi banido para o leste do Éden, Deus lhe atribuiu chifres, para afugentar os animais que lhe pudessem atacar. A sua punição consistia em perambular pela terra, sem descanso, sem que ninguém o pudesse matar. Contudo, foi morto por um seu descendente, Lamech que o confundiu com um animal selvagem. A versão atual não faz menção ao "parricídio" de Lamech, mas nos dá indício que neste ponto também agiram os editores bíblicos. Vejamos o que diz os versículos 23 e 24 do capítulo 8 do Gênesis: 23. "E disse Lamech as suas mulheres: Ada e Zilla, ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lamech, escutai o meu dito; porque eu matei um varão por minha ferida, e um mancebo por minha pisadura". 24."Porque sete vezes Caim será castigado, mas Lamech setenta vezes sete." Por que este último versículo atribui uma maior punição a Lamech? A resposta nos é dada pelo versículo l5 do mesmo capítulo: "O Senhor porém disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse." Este versículo não deixa dúvida sobre quem foi a vítima da flecha de Lamech, além disto refere-se a um sinal colocado por Deus em Caim, que pode ser os chifres mencionados na tradição judaica.
O versículo 25 do capítulo 8, também, é bastante significativo: "E tornou a Adão a conhecer a sua mulher; e ela pariu um filho, e chamou o seu nome Seth; porque disse ela Deus me deu outra semente em lugar de Abel; porquanto Caim o matou." Esta frase de Eva ficaria melhor na boca de Adão (não teria sido ele que a proferiu?), porque Adão somente considera como a sua descendência a de Seth (desde que Abel não deixou descendentes). Contudo, os versículos 17 a 22 do capítulo 8 referem-se a grande descendência de Caim. Para se ter uma idéia de sua dimensão, basta registrar que Lamech era neto de Mehujael, bisneto de Caim; ou seja, cinco gerações o separava de seu maldito ancestral. Resta, então, uma dúvida que nos permite formular duas hipóteses: a primeira, Adão teria repudiado a linhagem de Caim em função do fratricídio; a segunda é que Adão não considerava a descendência de Caim, sabedor da infidelidade de Eva.

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