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Demonologia é o estudo sistemático dos demônios. Quando envolve os estudo de textos bíblicos, é considerada um ramo da Teologia. Por geralmente se referir aos demônios descritos no Cristianismo, pode ser considerada um estudo de parte da hierarquia bíblica. Também não está diretamente relacionada ao culto aos demônios.


sábado, 14 de março de 2015

Os Gnósticos Templários e a Adoração à Baphomet

Nos difíceis anos da Idade Média, um grupo de monges fervorosos e soldados habilidosos conhecidos como os Cavaleiros Templários se tornou uma das organizações mais poderosas de toda a Europa. Enquanto muitos ainda buscam pela fonte de poder que teria transformado aqueles cavaleiros que vestiam mantos brancos ornamentados por cruzes vermelhas nos homens mais poderosos da Europa, as ligações destes guerreiros santos com a figura incompreendida de Baphomet parece oferecer respostas reveladoras.

Em 1129, a ordem dos Cavaleiros Templários foi reconhecida e apoiada oficialmente pela Igreja Católica, o que a fez crescer em número de membros e também em influência. Como aquela era uma época de conflitos e batalhas muito importantes para o Catolicismo e os reis da França, os poderosos soldados Templários eram muito valorizados.

Por outro lado, havia também os Templários que não iam para os campos de batalha, mas se dedicavam primeiramente aos seus trabalhos de caridade e à sua prática religiosa. Mesmo assim, eles também tinham seu valor reconhecido, pois dominavam técnicas de administração financeira e de construção de fortificações, dois aspectos estrategicamente vitais para as ambições das Cruzadas.

Mas, com a perda da Terra Santa para as forças de Saladino, a Ordem dos Templários perdeu força. Em seguida, os Templários passaram a ser perseguidos pela própria Igreja Católica que os apoiava, bem como pelas forças do rei da França, que era um dos maiores devedores da Ordem.

Para justificar a captura, o julgamento e a morte na fogueira dos Cavaleiros Templários, foram espalhados rumores de que os membros da Ordem cometiam uma série de heresias, apostasias e idolatrias, como a realização de cerimônias secretas e iniciáticas e o ato de cuspir na cruz.

No entanto, certamente nenhum destes comportamentos causou tanto espanto, tanto escândalo e tanta curiosidade como a adoração à figura de Baphomet, uma criatura considerada demoníaca pelos católicos supersticiosos, com cabeça e pés de bode, asas de anjo, corpo andrógino, ostentando uma tocha no alto da cabeça e apontando com uma das mãos para cima e outra para baixo.
Os intelectos mais frágeis, sustentados por uma inclinação emocional fervorosa à aceitação de dogmas e à intolerância religiosa, vêm considerando o Baphomet como uma representação do próprio diabo. Na verdade, Baphomet representa a harmonia entre os grandes contrastes do universo, ou seja, entre as grandes dualidades da existência, seja por combinar os traços físicos femininos e masculinos, ou ao apontar tanto para o Céu como para o Inferno.

Mesmo que as dualidades universais existam desde o princípio do universo, o nome Baphomet apareceu pela primeira vez no século XI como uma forma equivocada de escrever a palavra Mahomet, forma latina de Maomé, o profeta do Islã. Somente mais tarde aparece como nome do ídolo pagão adorado pelos Templários no século XIV. O termo voltou a ser conhecido no século XIX com o retorno dos debates acerca dos motivos que levaram à supressão dos Templários, mas também com a imagem popularizada nos meios ocultistas por Eliphas Lévi.

É de extrema importância frisar que esta explicação do erro gráfico para a origem do nome Baphomet não é uma unanimidade, mas infelizmente acaba sendo apresentada desta maneira. Muitos são os que combateram esta perspectiva demasiado suspeita, e há versões mais esclarecedoras desde o ponto de vista esotérico, e que serão consideradas mais adiante.

Fato é que a equivalência do termo Baphomet e do nome latinizado de Maomé serviu perfeitamente aos interesses do catolicismo decadente da época, que usou os Templários como bode expiatório (sem trocadilhos!) para a derrota nas Cruzadas, e da realeza falida, que se livrava de seus maiores credores e da vergonha por tantas lambanças militares. Contudo, diversas interpretações posteriores oferecem simbolismos muito úteis que são derivados da palavra Baphomet, indicando que a prática espiritual dos Templários estava fundamentada no pensamento dos antigos gnósticos.

Já no século XVIII, a primeira destas interpretações foi proposta pelo maçom e iluminista Friedrich Nicolai, o primeiro a relacionar os Templários com os antigos gnósticos. De acordo com ele, a palavra Baphomet era formada pelas palavras gregas βαφη μητȢς, baphe metous, que significam Batismo da Sabedoria. Nicolai afirma que os Templários tinham uma doutrina secreta (gnóstica), a qual era acessada mediante graus iniciáticos.

Tanto a doutrina gnóstica como as iniciações que conduziam aos seus princípios teriam sido comunicadas aos Templários diretamente pelos muçulmanos. Em nossos estudos sobre o desenvolvimento do gnosticismo através da história e a transmissão dos princípios herméticos desde as civilizações antigas até os dias atuais, já comprovamos que o mundo islâmico foi o herdeiro das gemas preciosas do esoterismo antigo, recebendo-as diretamente das mãos dos gnósticos e transmitindo-as séculos depois aos europeus, ajudando-os a sair das espessas trevas em que tinham se metido.

No século seguinte, o filósofo e lexicógrafo parisiense Emile Littré publicou em seu Dictionnaire de la Langue Francaise (Dicionário da Língua Francesa) que a palavra baphomet era cabalisticamente formada pela escrita reversa temohopab (tem. o. h. p. ab), uma abreviação da expressão latina templi omnium hominum pacis abbas, que significa “pai do templo da paz de toda a humanidade”. A fonte para esta afirmação seriam os escritos de um certo Abade Constant, que não é outro senão o grande mago e ocultista Eliphas Lévi.

Mais tarde, o professor sufi Idries Shah, proponente da ideia de um sufismo universalista, à maneira do gnosticismo universalista de Samael Aun Weor e do perenialismo que antecede a ambos, propõem que a palavra Baphomet deriva do termo ábare أبو فهمة, abu fihama(t), que significa “pai do entendimento”. A conexão entre a interpretação de Littré e a de Shah permite a compreensão de que o paz da humanidade estaria apoiada na sabedoria, e não na crença que tantos sofrimentos e tribulações trazia e ainda traz ao mundo.

Corroboram com esta linha de pensamento as afirmações Hugh J. Schonfield, um dos estudiosos que trabalhou na tradução dos Manuscritos do mar Morto. Para Schonfield, a palavra Baphomet foi criada intencionalmente através do uso de um dos métodos específicos da Numerologia Cabalística, conhecido como Atbash substitution cipher

Este método de criptografia substitutiva consiste na troca da primeira letra do alfabeto hebraico pela última, da segunda letra pela penúltima, da terceira pela antepenúltima, e assim por diante, até que todas as letras que compõem uma palavra sejam substituídas e uma palavra completamente nova seja formada. Contudo, segundo os princípios da Numerologia Cabalística, mesmo que a forma das palavras sejam diferentes, seu significado é o mesmo.

Assim sendo, Baphomet escrito em caracteres hebraicos corresponde à בפומת. Após a aplicação do método numerológico Atbash, ela se torna שופיא. Convertida para o grego, encontramos a palavra Sophia, que além de significar Sabedoria, também é um dos principais elementos mitológicos reverenciados e aplicados na prática pelos antigos gnósticos. Mesmo distanciados pelo tempo, os Templários e os Gnósticos compartilham da mesma raiz religiosa, que é o emprego da Sabedoria como importante instrumento de redenção da alma.

Todas estas interpretações posteriores são muito mais interessantes, enriquecedoras e esclarecedoras desde o ponto de vista esotérico do que a suposta equivalência entre Baphomet e Maomé, que pelos motivos já explicados era muito conveniente para os católicos que sempre se dedicaram a perseguir os hereges para garantir a manutenção de seu poder e de seus tesouros mais queridos.

Através da comparação destas análises, fica evidente como a superficialidade do intelecto pode ser usada com facilidade para justificar as atrocidades como a perseguição religiosa e a supressão das diferenças. Melhor mesmo é adorar Baphomet, não cegamente como alguns adoram os nomes de Jesus ou as imagens de santos, mas sim como o faziam os Gnósticos e os Templários de ontem e como fazem os Gnósticos atuais, cultivando a gnosis que não conduz à idolatria separatista, mas ao respeito unificador, colocando-nos em contato com os Mistérios do Criador e de sua Criação.

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