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Demonologia é o estudo sistemático dos demônios. Quando envolve os estudo de textos bíblicos, é considerada um ramo da Teologia. Por geralmente se referir aos demônios descritos no Cristianismo, pode ser considerada um estudo de parte da hierarquia bíblica. Também não está diretamente relacionada ao culto aos demônios.


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Como Satanás se transforma em um anjo de luz?

Sempre me causou dificuldade responder esta pergunta. Afinal, como Satanás se transforma em anjo de luz? Acaso o maligno poderia ser, espiritualmente semelhante às divinas e perfeitas criaturas que continuamente louvam ao Senhor? Teria o espírito mau, poder para se parecer ao espírito bom? Como poderia ser isso?

Para entendermos, importa analisar o que a Bíblia nos fala anteriormente à referida menção em 2Co 11.14.

Assim escreveu o apóstolo à igreja em Corinto: "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo. Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo" (2Co 11.2-3 - grifo meu).

Notemos que o apóstolo faz menção ao pecado original e afirma temer que, tal qual Eva foi enlaçada em erro, também alguns da igreja em Corinto assim estejam perecendo. O motivo desta segunda carta, de maneira alguma foi destruir a igreja - "Porque em muita tribulação e angústia do coração vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que vos entristecêsseis, mas para que conhecêsseis o amor que abundantemente vos tenho" (2Co 2.4). A carta foi escrita com amor "e angústia do coração", "com muitas lágrimas", "para que conhecêsseis o amor que abundantemente vos tenho". O intento do apóstolo era trazer aqueles que haviam se desviado. Havia escrito para "saber se sois obedientes em tudo" (2Co 2.9).

Mas, por que escreveu tais coisas aos coríntios? Um dos motivos da carta foi devido a muitos da igreja estarem tentando desprestigiar seu ministério e pôr em dúvida a sua autoridade apostólica e a dos seus colaboradores. A fim de validar ainda mais seu ministério, Paulo afirma, noutras palavras, que não dependia do sustento da igreja em Corinto, ainda que tivesse necessidade. Tal afirmação nos leva a crer que teve o intuito de demonstrar àqueles homens o fato do apóstolo não ter qualquer obrigação em lhes falar aquilo que queriam ouvir, mas, sim, o que deveriam ouvir: "Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da macedônia supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado, e ainda me guardarei" (2Co 11.8-9). Não que noutros lugares o apóstolo usasse do sustento para afagar o eco e pecado, jamais! O propósito era, somente, reforçar a questão dos coríntios não estarem contribuindo para com o apóstolo (porque ele mesmo não havia feito questão) e, assim, entendessem que o apóstolo estava lhes exortando em amor e visando a aproximação de Cristo - nada mais.

Tamanha dúvida e incredulidade perpassavam a igreja, que Paulo escreveu: "Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos" (2Co 11.5). Instou, em versículo anterior, para que a igreja atentasse ao perigo de seguir um falso Salvador: "Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis" (2Co 11.4 - grifo meu). Alguns da igreja em Corinto se punham a seguir outros mestres e um Jesus diferente daquele que Paulo havia apresentado e para isso deveriam ser alertados.

Importa notar que tamanha era a incredulidade para com Paulo, que ele ainda assevera: "Como a verdade de Cristo está em mim, esta glória não me será impedida nas regiões da Acaia. Por quê? Porque não vos amo? Deus o sabe" (2Co 11.10-11).

Após estes destaques, Paulo escreve: "Mas o que eu faço o farei, para cortar ocasião aos que buscam ocasião, a fim de que, naquilo em que se gloriam, sejam achados assim como nós. Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo" (2Co 11.12-13 - grifo meu). Aqui está o ponto fundamental, pois o apóstolo é enfático com respeito aos "falsos apóstolos". Estes fingiam ser apóstolos de Cristo, "transfigurando-se". Lembremos que a palavra "apóstolo" denota a ideia de fundador, edificador, aquele que era incumbido por Cristo de ir avante e levantando as primeiras igrejas. Hoje, como sabemos, não existe qualquer apóstolo no sentido especial e comissionado por Cristo como nos dias da Escritura - ainda que o ofício de apostolado, o ir e fundar igrejas, permaneça (lembre-se de que um dos requisitos para ser apóstolo era ter vivido, literalmente, junto com os apóstolos primitivos - leia Atos 1).

Prossegue, demonstrando que tal ocorrência de falsos apóstolos, não deveria ser estranha e que a igreja não deveria se espantar que existiam os tais, afinal, "não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz" (2Co 11.14).

A pergunta, desta forma, é: como "o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz"? A resposta é cristalina no versículo seguinte: "Não é muito, pois, que os seus ministros [de Satanás] se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras" (2Co 11.15 - grifo meu). Isto é, Satanás tem os seus ministros na terra e os tais "se transfigurem em ministros da justiça". Em hipótese alguma a palavra "justiça", aqui, remete à justiça no sentido de mera equidade, mas, sim, à justiça de Deus. Paulo salienta que Satanás se infiltra até mesmo nas igrejas e sob a figura de falsos ministros!

Em sua primeira carta, João registrou algo semelhante: "Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo" (1Jo 4.1 - grifo meu). Falsos profetas surgiriam no fim dos tempos (mas também existiam em abundância no Antigo Testamento). Mas quando começou o fim dos tempos? alguém pergunta "Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos" (1Co 10.11 - grifo meu). "O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós" (1Pe 1.20 - grifo meu). Assim, o fim dos tempos se iniciou em Cristo Jesus. Nada a que se falar sobre nós, do século XXI, estarmos vivendo os "últimos tempos", como se desde o nascimento de Cristo isto não existisse.

Comentando sobre o versículo acima de João, e tratando sobre quais são os sinais que podem distinguir um espírito santo de um maligno, Jonathan Edwards (1703-1758) comentou: "(...) o Diabo se transforma em anjo de luz. Isso porque é pensando principalmente nesses 'obreiros desonestos' que João apresenta tais evidências, como fica claro pelas palavras do texto: 'Amados, não acrediteis em qualquer espírito, mas avaliai se os espíritos vêm de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo' (v.1); ou seja: 'Há muitos que saíram pelo mundo, que são ministros do Diabo e se transformam em profetas de Deus, por meio destes o espírito do Diabo é transformado em anjo de luz. Portanto, avaliem os espíritos com estas regras que lhes darei, para que sejam capazes de discernir o espírito verdadeiro do falso, disfarçado com tanto astúcia'. Sem dúvida, os falsos profetas aludidos por João são homens do mesmo tipo dos falsos apóstolos e obreiros desonestos a respeito dos quais Paulo fala, por meio dos quais Satanás se transformou em anjo de luz. Assim, podemos estar certos de que os sinais estão especialmente adaptados para podermos distinguir entre o espírito verdadeiro e o Diabo transformado em anjo de luz, porque são propostos especialmente para tal fim. Fornecer os sinais pelos quais o verdadeiro Espírito pode ser discernido desse tipo de imitação é o claro propósito e desígnio de João". [1]

Por fim, então, se estabelece, com segura certeza, que o modo pela qual Satanás se transforma em anjo de luz, não é mediante aparições místicas ou visões angelicais para enganar o mundo. O modo é muito mais astuto, pois ele se vale de falsos ministros, os quais são "são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova" (Mt 15.14).

Falsos ministros são o próprio Satanás.

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