Anjos e Demônios - A Luta Contra o Poder das Trevas
Os anjos e os
demônios não são um fruto da fantasia do homem, nem mera expressão de suas
esperanças e temores. Eles existem, são seres reais, dotados de uma natureza
puramente espiritual, muito mais perfeita do que a nossa, de uma inteligência
agudíssima e uma vontade possante. Eles intervêm continuamente em nossa vida;
os santos anjos, por meio das boas inspirações que nos sugerem; os demônios,
pelas tentações a que nos submetem. Quais são os poderes reais dos anjos e dos
demônios? Como devemos nos portar diante da ação angélica e como reagir em face
da atividade diabólica? Mais especificamente, como resistir às tentações do
demônio, à sua ação extraordinária, às infestações e à possessão? O que pensar
da feitiçaria, dos sabás e das missas negras? Existem ainda hoje bruxos e
feiticeiras? O espiritismo e a macumba têm alguma influência diabólica? Existe
alguma relação entre Rock ’n’ Roll e satanismo? Para responder a estas
perguntas, os autores de Anjos e demônios — A luta contra o poder das trevas
consultaram um sem-número de obras especializadas, recolhendo o ensinamento de
uma centena de teólogos, moralistas e canonistas católicos; percorreram ainda
as páginas de numerosos jornais e revistas, tanto nacionais como estrangeiros.
Eles apresentam aqui, numa linguagem acessível, o resultado de sua pesquisa,
colocando nas mãos do leitor não-especializado um trabalho denso de conteúdo
bíblico e teológico e ao mesmo tempo de leitura amena e atraente.
“Sede sóbrios e
vigiai, porque o demônio, vosso adversário, anda como um leão que ruge,
buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé”. (Primeira Epístola de São
Pedro 5,8)
OS ANJOS,OS DEMÔNIOS E O HOMEM
“(Jacó) teve um sonho: Uma escada se erguia da terra e chegava até o
céu, e anjos de Deus subiam e desciam por ela". (Gen 28, 12)
CONSIDERANDO ÀS VEZES a beleza de um panorama
marítimo, a elegância das ondas que vêm suavemente espraiar-se na areia límpida
em um turbilhão de espuma; gaivotas e outros pássaros marinhos que planam
docemente, sem esforço aparente, ao sabor das brisas; o brilho da luminosidade
que reverbera nas águas e parece confundir-se com elas na linha do horizonte;
diante de tudo isso sentimos a tranqüila majestade de Deus, sua imensa
sabedoria, amor infinito por nós homens, dando-nos, sem nenhum mérito nosso,
tais maravilhas. Mas, se para além dos sentidos naturais, considerássemos o
mesmo panorama também com os olhos da Fé, perceberíamos que a maravilha é ainda
maior, e a sabedoria e a bondade divinas ainda mais perfeitas; sua solicitude
em relação a nós, homens, ainda mais excelente e carinhosa. É que, ao lado de
toda aquela perfeição material, guardando-a e dirigindo-a, saberíamos que estão
criaturas espirituais, incomparavelmente mais perfeitas do que nós e que têm
como uma de suas missões ajudar-nos a melhor conhecer e amar o Criador,
aconselhar-nos em nossas dúvidas, proteger-nos em todos os perigos,
socorrer-nos em todas as dificuldades: os anjos.
Os Santos Anjos
Coroando a criação, acima dos seres inanimados, do
mundo vegetal e animal, do homem que é o Rei dessa obra, Deus colocou os
espíritos angélicos, dotados de inteligência (incomparavelmente mais perfeita
que a nossa), porém não sujeitos às limitações do corpo, como nós. Explica São
Tomás que Deus criou todas as coisas para tornarem manifesta a sua bondade e,
de algum modo, participarem dessa bondade. Ora essa participação e manifestação
não seriam perfeitíssimas senão no caso em que houvesse, além das criaturas,
meramente materiais, outras compostas de matéria e espírito (os homens) e, por
fim, outras puramente espirituais, que pudessem as similar de modo mais pleno
as perfeições divinas. A verdade maravilhosa da existência dos anjos - seres
intermediários entre Deus e os homens — é ilustrada poéticamente na Escrituras
pelo sonho de Jacó, Patriarca do Povo eleito: “(Jacó) teve um sonho: Uma escada se erguia da terra
e chegava até o céu e anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gen 28, 12).
Do ápice da escala da criação, os puros espíritos
descem até a criaturas inferiores, governando o mundo material, amparando
protegendo o homem; e sobem até Deus para oferecer-Lhe a glória da criação, bem
como a oração e as boas obras dos justos. Essa realidade angélica foi
pressentida pelos povos antigos, em meio às brumas do paganismo e das
superstições, sob a forma de gênios benfazejos das fontes, dos bosques, dos
mares, os quais garantiriam a harmonia do Universo, e eram propícios aos
homens.
Mas foi a revelação divina que apresentou aos
homens a verdadeira figura dos espíritos angélicos, desembaraçada de toda forma
de superstição. As Sagradas Escrituras e a Tradição forneceram os elementos
fundamentais, que os grandes teólogos Doutores da Igreja — em especial São Tomás
de Aquino — sistematizaram, dando-nos uma doutrina sólida e coerente sobre o
mundo angélico.
É essa doutrina que procuramos sintetizar no
presente trabalho, seguindo o Doutor Angélico bem como autores mais recentes
que trataram do tema. Estamos certos de que o conhecimento desta doutrina será
proveitoso para todos os fiéis. Conhecendo melhor os anjos, teremos mais
intimidade com eles e seremos assim levados a recorrer mais amiúde à sua
proteção e ao seu amparo, nesta nossa jornada terrestre rumo ao Paraíso.
Sobretudo na luta tremenda que devemos travar contra o Adversário, o
Caluniador, que anda ao redor de nós, no um leão feroz, querendo nos devorar (1
Ped 5, 8-9): Satanás!
Satanás e os anjos rebeldes
Da maravilhosa realidade dos santos anjos, descemos
assim para tenebrosa realidade dos espíritos infernais, os demônios. Mais ainda
do que em relação aos anjos, os povos pagãos da Antiguidade (como também os primitivos
de hoje) tiveram a percepção dos demônios. A tal ponto, que mentalidades
racionalistas do século passado e deste quiseram ver na concepção bíblica de
anjos e demônios uma mera influência babilônica e grega. Essa apreciação é
completamente falsa pois a concepção bíblica e cristã sobre os anjos está
inteiramente imune dos absurdos supersticiosos dos pagãos. Em relação aos
demônios, os povos antigos (babilônios, caldeus ou gregos) manifestaram uma
grande confusão, por não terem conseguido resolver o problema da origem do mal.
Em suas concepções, o bem e o mal se mesclam e se confundem de tal maneira que
tanto os deuses como os gênios perversos mostram-se ambíguos, representando e
praticando, uns e outros, tanto o bem como o mal.
Entre os gregos, o vocábulo daimon designava os deuses e outros seres com forças divinas,
sobretudo os maléficos, dos quais os homens deveriam guardar-se por meio da
magia, da feitiçaria e do esconjuro. A concepção revelada pela Sagrada
Escritura e pela Tradição é bem outra: os demônios não são divindades, mas
simples criaturas, dotadas de uma perfeição natural muitíssimo acima da do
homem, porém infinitamente abaixo da perfeição de Deus, seu criador, acima da
do homem, porém infinitamente abaixo da perfeição de Deus, seu criador.
Se eles são perversos, não é por terem uma natureza
essencialmente má, e sim por prevaricação; feitos bons por Deus, os anjos maus
ou demônios se revoltaram e não quiseram submeter-se Criador, servi-Lo e
adorá-Lo como sua condição de criatura o exigia. Uma vez revoltados, os anjos
rebeldes fixaram-se no mal, e passaram a tentar o homem, procurando arrastá-lo
à perdição eterna. Essa atividade
demoníaca — a tentação — os teólogos
qualificam de ordinária, por ser a mais freqüente e também a menos espetacular
de suas atuações sobre o homem. Além dessa atividade, ele pode — com a
permissão de Deus — perturbar o homem de um modo mais intenso mais sensível,
provocando-lhe visões, fazendo-o ouvir ruídos e sentir dores; ou, então,
atuando sobre as criaturas inferiores — as planta animais, os elementos
atmosféricos — para desse modo atingir o homem. É a infestação pessoal ou
local, atividade menos freqüente mais visível, chamada por isso extraordinária.
Em certos casos extremos, podem os demônios chegar a possuir o corpo do homem
para atormentá-lo. Temos aqui a possessão, a mais rara manifestação
extraordinária do Maligno.
sacramentais (bênçãos, medalhas, escapulários). O
mais efetivo desses meios sobrenaturais, para os casos de infestação e
possessão são os exorcismos, pelos quais se dão ordens ao demônio, em virtude
do nome Jesus, para abandonar o corpo da pessoa ou o lugar que ele infesta ou
possui.
Devido à sua importância, nos deteremos um pouco
mais no estudo dos exorcismos, considerando os seus fundamentos teológicos, o
modo de praticá-los, bem como a legislação da Igreja a respeito.
Da atuação espontânea do demônio, passamos àquela
que ele desenvolve a convite do homem, seja pela invocação direta e explicita,
seja pela indireta e implícita. Com relação à magia, à feitiçaria e outras formas de superstição, deixamos de lado os
aspectos históricos polêmicos (que alongariam por demais o presente estudo e
fugiriam ao objetivo dele), limitando-nos a considerar sua possibilidade teológica,
afirmada, aliás pelo Magistério da Igreja e pela unanimidade dos teólogos e
moralistas. Dedicamos algumas páginas à revivescência do satanismo nos dias de
hoje, salientando o papel do Rock’ n’Roll, sobretudo do Heavy Metal (Rock
Pesado) na sua difusão. A título de ilustração da doutrina aqui desenvolvida,
apresentamos alguns casos de infestação possessão diabólica, uns decorrentes de
intervenção espontânea do espírito das trevas, outros conseqüência de
malefícios ou no de pacto explícito com o demônio; acrescentamos por fim o
relato de uma série de sacrifícios
humanos aqui no Brasil em honra de entidades de macumba e candomblé (as
quais entidades não são coisa senão demônios), que revelam, de modo alarmante,
o quanto nosso país está envolvido por essa onda de satanismo moderno,
conseqüência de sua apostasia da Fé católica.
Esperamos que este estudo contribua para reavivar a
devoção santos anjos, nossos fiéis amigos, conselheiros e protetores; e ao
mesmo tempo, sirva de alerta aos católicos para o perigo das das espíritas ou
de macumba, e outras formas de superstição( como o uso de amuletos, adivinhações, etc.), as
quais podem conduzir, muitas vezes sem que se queira, à comunicação pelo menos
implícita com os espíritos infernais.
***
Digne-se a Virgem Santíssima — que esmaga para sempre
a cabeça da serpente infernal (cf. Gen 3, 15) — proteger e abençoar este
modesto esforço. Invocamos também o patrocínio do glorioso Patriarca São José e
a proteção do invencível Arcanjo São Miguel — que derrotou Satã no “praelium
magnum in caelo” (Apoc 12, 7-l0) — e dos
santos anjos que atenderam ao seu brado de guerra: “Quis ut Deus?” — “Quem é
como Deus?”
OS PRÍNCIPES DOS EXÉRCITOS DO SENHOR
AS NOÇÕES que correm entre os fiéis, mesmo dentre
os mais fervorosos, a respeito dos santos anjos são muito vagas e superficiais.
Meras reminiscências e imagens da infância, na maioria dos casos, não muito
diferentes de entidades fictícias e de algum modo mitológicas, como as fadas e
os duendes.
A iconografia corrente, infelizmente, não ajuda a
dar a conhecer a verdadeira fisionomia dos anjos, apresentando-nos seres
alados, com vestes e aspecto feminino; ou, então, anjinhos bochechudos, com
cara infantil e tola, brincando despreocupadamente sobre nuvens que mais
parecem flocos de algodão doce...
Esses anjos não existem, nem é deles que tratamos
aqui.
A partir dos dados da Sagrada Escritura e da
Tradição, dos escritos dos Santos Padres, do ensinamento do Magistério
eclesiástico, da lição dos Doutores e teólogos, queremos apresentar a
verdadeira natureza dos santos anjos: seres puramente espirituais, dotados de
uma inteligência agudíssima e de uma possante vontade livre dominando abaixo de
Deus sobre todas as demais criaturas, racionais e irracionais, bem como as
forças da natureza, os elementos da atmosfera e subjugando para sempre os
espíritos infernais.
Eis os santos anjos, príncipes dos exércitos do
Senhor, mas também nossos amigos e protetores.
O admirável mundo angélico
"E ouvi a voz de muitos anjos
em volta do trono...
e era o número deles
milhares de milhares".
( Ap 5,11)
ALÉM DO MUNDO VISÍVEL e material, criou Deus também
o mundo invisível e espiritual, o admirável mundo angélico.
A existência dos anjos foi negada na Antiguidade,
entre judeus, pela seita dos saduceus (cf. At 23, 8). Mais tarde, por certas
seitas protestantes, como os anabatistas. Em nossos dias ela tem por
adversários os ateus, materialistas e positivistas, que não crêem senão naquilo
que seus olhos vêem e seus sentidos apalpam. Os racionalistas, para encontrar
uma excusa aparentemente racional à sua incredulidade, alegam que os anjos
foram inventados pelos judeus no tempo do cativeiro da Babilônia, por imitação
das entidades ali cultuadas; ou, então, consideram os anjos como simples modo
poético e simbólico de referir-se às virtudes divinas e aos vícios humanos...
Contra todos esses, falam os dados da razão, a
crença comum dos povos e a revelação divina.
Os anjos existem
Pela simples razão, independentemente da revelação,
o homem pode chegar de algum modo ao conhecimento da existência dos anjos. Com
efeito, a existência de seres puramente espirituais não repugna à razão. E um
exame da criação, à mera luz do intelecto pode levar-nos à conclusão de que a
existência de criaturas puramente espirituais convém à harmonia do Universo,
pois assim estariam representados os três gêneros possíveis de seres: os
puramente espirituais, acima do homem; outros, puramente materiais, abaixo do
homem; por fim, seres compostos, dotados de matéria e espírito — os homens. E a crença comum dos povos,
constante em todos os lugares e em todas as épocas, sempre afirmou a existência
desses seres de natureza superior aos homens e inferior à divindade.
Uma coisa, porém, é a mera possibilidade da
existência de seres puramente espirituais, e outra é a sua realidade objetiva.
A existência dos anjos (e dos demônios, anjos decaídos) seria para nós um
problema insolúvel, não houvesse a tal respeito especial revelação divina por
meio da Escritura e da Tradição,* que nos garantem a certeza da existência dos
anjos.
* Tradição, em sentido amplo, é o conjunto de idéias, sentimentos e
costumes, como também de fatos que, numa sociedade, se transmitem de maneira
viva de geração a geração.
Em sentido
estrito teológico, chama-se Tradição o conjunto de verdades reveladas que os
apóstolos receberam de Cristo ou do Espírito santo, e transmitiram,
independentemente Sagradas Escrituras, à Igreja, que as conserva e transmite
sem alteração. Essa revelação foi feita a nossos primeiros pais, e se conservou
na Humanidade, por via de transmissão
oral pelos Patriarcas. Com o tempo (e também por obra do demônio, sem dúvida),
essa revelação primitiva foi-se corrompendo, restando dela meros vestígios no
paganismo antigo e no atual. Nas brumas desse paganismo encontramos seres incorpóreos,
ora malfazejos ora benignos, quase sempre cultuados como divindades ou
quase-divindades. Para preservar o povo judeu da contaminação por essa
deformação politeísta pagã, os Autores sagrados, durante largo período,
evitaram mencionar nominalmente o espírito das trevas. E, pela mesma razão, não
se encontram muitos pormenores no Antigo Testamento sobre a natureza dos anjos
e dos demônios, embora sejam mencionados a cada passo. A revelação definitiva
só se verifica Nosso Senhor Jesus Cristo. Porém, a Bíblia não traz toda a
revelação sobre o mundo angélico, sendo necessário recorrer à Tradição, Esta,
como se sabe, encontra-se recolhida nos documentos dos Santos Padres* e
escritores eclesiásticos dos primeiros tempos, assim como nos documentos do
Magistério - Papas e Concílio - na Liturgia e nos monumentos da Antiguidade
cristã (catacumbas cemitérios, etc.).
*Chamam-se Santos Padres ou Padres da Igreja certos escritores
eclesiásticos antigos, que se distinguiram pela doutrina ortodoxa e santidade
de vida e são reconhecido Igreja como testemunhas da tradição divina.
A existência dos anjos é uma verdade de fé,*
provada pela Escritura e pela Tradição. A Sagrada Escritura refere-se inúmeras
vezes a seres racionais, inferiores a Deus e superiores aos homens; logo,
segundo ela, esses seres, que nós denominamos anjos, existem.
* Verdade de fé é aquela que se encontra na Revelação e é proposta pela
Igreja aos fiéis como verdade que se deve crer. A negação pertinaz de uma
verdade de fé constitui a heresia.
Essa verdade foi definida solenemente como dogma
pelo concílio IV de Latrão (1215): “Deus.., desde o princípio do tempo criou do
nada duas espécies de seres — os espirituais e os corporais, isto é, os anjos e
o mundo”. De forma igual se expressa o I Concílio do Vaticano (1870).
Os nove coros angélicos
Existem diferenças entre os anjos, mas não consta
na Revelação qual sua origem nem seu modo preciso. É questão de livre discussão
se os anjos são todos da mesma espécie, ou se existem tantas espécies quantos
são os coros, ou se cada indivíduo constitui uma espécie por si (opinião de São
Tomás).
De acordo com uma tradição que remonta ao
Pseudo-Dionísio Areopagita,* os teólogos costumam agrupá-los em nove ordens ou
coros angèlicos, distribuídos em três hierarquias ( os nomes são tomados da
Sagrada Escritura):**
*Renomado escritor eclesiástico dos primeiros séculos, cuja identidade
não se estabeleceu ainda ao certo, durante muito tempo confundido com o sábio
convertido por São Paulo no Areópago de Atenas (cf. At 17, 34). Uma de suas
obras mais célebres é De coelesti hierarquia — Sobre a hierarquia celeste, na
qual estabelece a ordem dos Anjos, deteminada pelo seu grau de assimilação a
Deus, de união com Deus, do dom de luz divina que recebem e transmitem aos Anjos
inferiores.
** Por exemplo: Serafins ( Is 6,2); Querubins ( Gen 3,24; Ex 25, 18; 3
Reis 6,23; Sl 17, 11; Ez 10,3; Dan 3,55); Arcanjos ( 1 Tes 4,15; Jud 9); Anjos,
Potestades, Virtudes (1 Ped 3,22); Principados, Dominações ( Ef 1,20-21);
Tronos (Col 1,16).
Primeira hierarquia - Serafins, Querubins, Tronos;
Segunda hierarquia - Dominações, Potestades,
Virtudes;
Terceira hierarquia - Principados, Arcanjos e
Anjos.
Os anjos dos três primeiros coros ou primeira
hierarquia - Serafins, Querubins e Tronos contemplam e glorificam continuamente
a Deus: " Vi o Senhor sentado sobre um alto e elevado trono... Os Serafins
estavam por cima do trono ... E clamavam um para o outro e diziam: Santo,
Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos" (Is 6, 1-3 ). " O Senhor
reina ... está sentado sobre querubins" (Sl 98,1); os três coros seguintes
- Dominações, Virtudes e Potestades -
ocupam-se do governo do mundo; finalmente, os três últimos - Principados,
Arcanjos e Anjos - executam as órdens de Deus:
"Bendizei ao Senhor, vós todos os seus anjos, fortes e poderosos,
que executais as suas ordens e obedeceis as suas palavras" (Sl 102, 20).
Todos eles podem entretanto ser chamados
genericamente anjos, estando à disposição de Deus para executar suas
vontades. Embora o Evangelho, na
Anunciação a Maria, se refira ao anjo Gabriel ( Lc 1,26), isto não quer dizer
que ele pertença à última das hierarquias angélicas, pois a sublimidade dessa
embaixada leva a supor que se trate de um dos primeiros espíritos que assistem
diante de Deus.
Os três arcanjos - como são conhecidos comumente
São Miguel, São Gabriel e São Rafael - pertencem, provavelmente, à mais alta
hierarquia angélica. Falaremos deles
mais adiante.
Embora não conheçamos, o número exato dos anjos,
sabemos, pelas Escrituras e pela Tradição, que são muitíssimos,. É o que lemos no livro do Apocalipse: "E
ouvi a voz de muitos anjos em volta do trono ... e era o número deles milhares
e milhares"
(Apoc 5, 11). E no livro de Daniel: “Eram milhares
de milhares de milhares (os anjos) que o serviam, e mil milhões os que
assistiam diante dele” (Dan 7, 10).
Muitos teólogos deduzem que o número dos anjos é
superior ao dos homens que existiram desde o princípio do mundo e existirão até
o fim dos tempos. A razão disso é dada por São Tomás ao dizer que, tendo Deus
procurado principalmente a perfeição do universo ao criar os seres, quanto mais
estes forem perfeitos, Deus os terá criado com maior prodigalidade. Ora, os
anjos são mais perfeitos que os homens, logo foram criados em maior número.
A natureza angélica
“Então o anjo do Senhor tornou-o pelo
alto da cabeça e, tendo-o pelos cabelos,
levou-o com a impetuosidade do seu espírito até Babilônia,
sobre a cova"
(Dan 14, 32-35)
É TAL O ESPLENDOR de um anjo, que as pessoas às
quais eles aparecem muitas vezes se prostram por terra por temor e reverência
para adorá-los, pensando que se trata do próprio Deus — conforme relato das
Escrituras e da vida dos santos. E assim que São João conta no Apocalipse:
“Prostrei-me aos pés do anjo para o adorar; porém ele disse-me: Vê, não faças
tal; porque eu sou servo de Deus como tu .... Adora a Deus” (Apoc 22,9).
É essa natureza maravilhosa que vamos estudar
agora.
Seres racionais e livres
Os anjos são seres intelectuais ou racionais,
inferiores a Deus e mais perfeitos que os homens. Eles são puros espíritos, não
estando ligados a um corpo como nós; são dotados de uma inteligência luminosa e
de vontade livre e possante. Tendo sido criados por Deus do nada, como tudo o
mais, os pelo próprio fato de serem puramente espirituais, são imortais, pois
não têm nenhuma ligação com a matéria corruptível, como os homens. Ao contrário
da natureza do homem, que é composta (isto é, formada de dois elementos
distintos, o corpo e a alma) os anjos têm natureza simples, puramente
espiritual. Embora a alma humana seja igualmente espiritual, ela foi criada por
Deus para viver em união substancial com o corpo; quando se dá a morte e a alma
se separa do corpo, ela permanece em um estado de violência, enquanto não se dá
a ressurreição dos corpos. Já os anjos não têm necessidade de um corpo como o
homem. Desse modo, é um ser muito mais
perfeito, sendo inferior, quanto à natureza, apenas ao próprio Deus. Não se
pode pois, ao pensar nos anjos, concebê-los à maneira de uma alma humana
separada de seu corpo. Esta última não é capaz daquilo que o anjo pode fazer
sua simples natureza.
Tal como o homem, os anjos existem realmente
enquanto pessoas; ou seja, eles são substâncias individuais, dotadas de
inteligência e livre arbítrio*. Em outros termos, eles têm uma existência real,
distinta da de outros seres, sendo capazes de conhecer, de amar, de servir, de
escolher entre uma coisa e outra. Eles não são portanto, seres imaginários,
fictícios, concebidos pelo homem como mero modo poético de exprimir-se, ou como
personificações das virtudes e dos vícios humanos ou das forças da natureza,nem
tampouco emanações do poder de Deus.
* É clássica a definição de pessoa dada por Boécio: “Rationalis naturae
individua substantia “— " Substância individual de natureza racional”.
Os anjos foram elevados à ordem sobrenatural, isto
é chamados a participar da vida da graça, cujo fim é a visão beatífica de Deus.
Esta elevação é gratuita, mas discute-se em que momento se deu (para São Tomás,
foi no momento mesmo de sua criação); é de fé que os anjos deveram sofrer uma
prova, porém não se sabe qual teria sido. Depois da prova cessou para eles o
tempo de merecer; é também de fé que os anjos bons gozaram e gozam para sempre
visão beatífica e que os maus foram condenados a uma pena eterna.
Conhecimento e comunicação angélica
É questão de livre discussão tudo quanto se refere
ao conhecimento angélico, à comunicação de uns com os outros, bem como o que se
refere ao seu ato de vontade; é certo que sua capacidade de conhecer — embora
incomparavelmente superior à do homem — é limitada: eles não conhecem
naturalmente os mistérios divinos, nem o futuro livre ou contingente;* também é
certo que têm pleno livre arbítrio.
*Os anjos (e também os demônios, que são anjos pervertidos), pela sua
própria natureza, não têm capacidade de conhecer o futuro que depende de um ato
livre de Deus ou do homem; porém, dada sua inteligência agudíssíma e seu
conhecimento da natureza e de suas leis, eles podem prever qual o desenrolar dos
acontecimentos, postas cenas causas. Também podem, em razão de sua profunda
penetração psicológica e do conhecimento da alma humana, fazer conjeturas mais
ou menos prováveis de como os homens reagirão diante de determinada
circunstância, e assim prever o que decorrerá daí.
Para dar uma idéia da perfeição do conhecimento
angélico, parece oportuno transcrever a explicação do Cardeal Lepicier, grande
especialista na matéria. Comparando o modo de conhecimento humano com o
angélico, ressalta o Cardeal que Deus infundiu no intelecto dos anjos, logo que
os criou, representações de todas as coisas naturais. Estas imagens “são não
somente representativas de princípios gerais que regulam cada ciência
particular, mas encerram também, distintamente, todos os pormenores
virtualmente contidos nesses princípios, de maneira que uma e a mesma imagem
informa a mente angélica das particularidades de cada ciência. Não poderá pois
haver confusão na mente angélica, quando ela passa da observação de um para a
observação de outro...
"Um anjo, com um simples olhar à imagem que
representa — digamos — o reino animal, conhece não só as várias espécies de
animais existentes, mas também cada indivíduo que exista ou tenha existido
dentro de cada espécie, assim como as suas propriedades particulares e os seus
meios de ação. E o mesmo sucede com o conhecimento de qualquer objeto, seja ele
qual for, que se encontre no reino da natureza, seja orgânico ou inorgânico,
material ou espiritual visível ou invisível. Chama-se futuro livre ou contingente
aquele que depende, seja da vontade divina, seja da humana. Distingue-se do
futuro necessário, o qual não depende do livre arbítrio, mas decorre de causas
que, uma vez postas, levam necessariamente a um determinado efeito. Assim, à noite sucede o dia; a semente,
lançada à terra, germinará dentro de determinado tempo, se se verificarem todas
as condições necessárias a isso, independentemente da vontade divina (que já
está manifestada no ato da criação da espécie) ou da natureza humana.
“Por aqui se pode ver que a ciência humana é muito
excedida pela ciência da mente angélica, tanto em extensão com precisão”.*
* (Cardeal
A. LEPICIER, O Mundo Invisível pp. 42-43.)
São Tomás explica do seguinte modo a comunicação
dos anjos entre si: como nós homens, os anjos têm o verbo interior ou verbo
mental, com o qual falamos a nós mesmos ou formulamos os conceitos
interiormente. Mas, enquanto nós só podemos comunicar esse pensamento a outros
por meio da palavra oral, ou de outro meio externo, pois entre nós e os demais
existe a barreira do nosso corpo, que vela o pensamento, os anjos não têm essa
barreira corpórea; assim, basta a eles, por um ato de vontade, se dirigirem a
outros anjos, para que seu pensamento — ou seja, esse verbo interior ou verbo
mental — se manifeste a eles. Como os anjos são diferentes entre si, e uns são
mais perfeitos que outros, os mais perfeitos iluminam os menos perfeitos cor
comunicando-lhes aquilo que eles vêem mais em Deus. Do mesmo modo, eles
podem iluminar os homens, comunicando-lhes bons pensamentos, embora de forma
diferente daquela pela qual um anjo se comunica com outro. Como a mente humana
necessita do concurso da fantasia para entender as coisas, os anjos comunicam
as verdades ao homem por meio de imagens sensíveis. Quanto à vontade humana, só
Deus ou o próprio homem são capazes de movê-la eficazmente; o anjo, ou outro
homem. só podem movê-la por meio da persuasão.
Poder dos anjos sobre a matéria
É um tanto misterioso a nós o modo como os anjos,
seres espirituais, possam mover a matéria. No entanto tal poder está
formalmente revelado, como se pode ver, por exemplo, no livro de Daniel. O
profeta fora jogado na cova dos leões para que perecesse; por ação divina, os
animais não fizeram mal: “O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos
leões e estes não me fizeram mal algum” (Dan 6, 21). No entanto, para
alimentá-lo, Deus quis servir-se do profeta Habacuc, conduzido até a cova por
um anjo. Narra a Escritura: “Estava então o Profeta Habacuc na Judéia, e tinha
cozido um caldo, e esfarelado uns pães dentro duma vasilha, e ia levá-los ao
campo aos ceifeiros que lá estavam. E o anjo do Senhor disse a Habacuc: Leva a
Babilônia essa refeição que tens, para a dares a Daniel que está na cova dos
leões. E Habacuc respondeu: Senhor eu nunca vi a Babilônia e não sei onde é a
cova. Então o anjo do Senhor tomou-o
pelo alto da cabeça e, tendo-o pelos cabelos, levou-o com a impetuosidade do
seu espírito até Babilônia, sobre a cova” (Dan 14, 32-35). O próprio Salvador
deixou-se carregar pelo demônio até o alto monte para ser tentado (cf. Mt 4,
5-8). Em São Mateus,
sobre a Ressurreição de Nosso Senhor, está escrito: “Um anjo do Senhor desceu
do céu, e, aproximando-se, revolveu a
pedra, e estava sentado sobre ela” (Mt 28, 2).*
* Cf. Suma
Teológica, 1,qq. 52, 107,110-112.
Embora a questão, como dissemos, seja algo
misteriosa, procuraremos sintetizar aqui a doutrina de São Tomás de Aquino a
respeito. Antes de tudo, convém lembrar o que ensina o santo Doutor a respeito
do modo como os anjos encontram-se em um lugar: enquanto os seres corpóreos
manifestam sua presença num lugar circunscrevendo-o pelo contato físico de seu
corpo com o lugar ocupado, as criaturas incorpóreas delimitam o lugar por meio
de um contato operativo. Quer dizer: elas estão no lugar onde agem. Quanto ao
modo como os anjos movem a matéria, é a seguinte explicação tomista:
O ser superior pode mover os inferiores porque tem
em si, de um modo mais eminente, as virtualidades desses seres inferiores. Assim, o corpo humano é movido por algo
superior a ele, a alma, que é espiritual, a qual, através da vontade, que
também é imaterial, move os membros corpóreos a seu bel-prazer; logo, não
repugna à razão que uma substância espiritual possa mover a matéria. Entretanto,
no caso da alma humana, ela só pode mover diretamente aquele corpo com o qual
está substancialmente unida; as demais coisas, ela só pode mover por meio desse
corpo;* ora, como os anjos são seres espirituais, não estando substancialmente
unidos a nenhum corpo material, sua força de ação sobre a matéria não está
delimitada por nenhum corpo determinado; dai se segue que eles podem mover
livremente qualquer matéria.
* Por exemplo, para mover uma caneta sobre o papel no escrever, nós
precisamos segurá-la com a mão e através desta imprimir o impulso que fará a
caneta deslizar no papel e traçar as letras que desejamos; eu não posso mover
diretamente a caneta, por um simples ato de vontade: pelo ato de vontade eu
agarro a caneta e movo minha mão segundo meus intentos.
Esse movimento se produz pelo contato operativo do
anjo a matéria, impulsionando um primeiro movimento local; por meio desse
primeiro movimento local o anjo pode produzir outros movimentos na matéria
utilizando-se dos próprios recursos dela, com o ferreiro se utiliza do fogo
para dobrar o ferro.
O Cardeal Lepicier observa que, como os anjos
possuem conhecimento das leis físicas e químicas que ultrapassa tudo quanto a
Ciência possa ter descoberto ou venha a descobrir, e, além do mais, têm um
poder imenso sobre a matéria, podemos dizer que dificilmente se encontrarão no
Universo fenômenos que os anjos não possam produzir, de um modo ou de outro.
Esses fenômenos são por vezes tão surpreendentes, que chegam a parecer
verdadeiros milagres. Porém, não são milagres, pois embora ultrapassem de longe
a capacidade dos homens, não estão acima do poder angélico. Ele exemplifica:
“Um rápido exame dos fenômenos que ocorrem no mundo
físico bastará para nos dar uma idéia dos maravilhosos efeitos a que os seres
angélicos podem dar causa. Em primeiro lugar, assim como, devido às forças da
natureza, massas enormes se podem deslocar, ou, sob a ação de agentes físicos,
os elementos da matérias dissolvem ou trabalham em conjunto, como quando
provocam as tempestades, furacões e procelas — assim também um anjo, sem a
cooperação de quaisquer agentes intermediários, transfere de um lugar para
outro os corpos mais pesados, levanta-os e conserva-os suspensos durante
determinado tempo, agita as mais pesadas substâncias e provoca colisões entre
elas. Pode o mesmo anjo revolver cidades e vilas, provocar terremotos e
encapelar as ondas do mar, originar tempestades e furacões, parar a corrente
dos rios e, se assim o entender, dividir as águas do mar.
"Além de tudo isso, pode também um anjo,
usando das próprias forças, produzir os mais surpreendentes efeitos óticos, não
só obrigando substâncias desconhecidas para nós espargir jorros de luz, mas
também projetando sombras que se assemelham a representações fantasmagóricas.
Pode ainda, sem a ajuda de qualquer instrumento, pôr em movimento os elementos
da matéria, fazer ouvir a música mais harmoniosa ou produzir os mais estranhos
ruídos, tais como pancadas repetidas ou explosões súbitas. São ainda os anjos
capazes de aglomerar nuvens, provocar relâmpagos e trovões, arrancar árvores
gigantescas, arrasar edifícios, rasgar tecidos e quebrar as rochas mais duras.
É-lhes também possível fazer com que um lápis escreva, por assim dizer automaticamente,
certas frases com um sentido inteligível, assim como dar aos objetos formas
diferentes das que são peculiares à sua natureza. Podem, até certo ponto, suspender as funções
da vida, parar a respiração dum corpo, acelerar a circulação do sangue e fazer
com sementes lançadas à terra cresçam dentro de pouco tempo, até atingirem a
altura duma árvore, com folhas, botões e até com frutos.
"A um anjo é possível fazer todas estas coisas
no mais breve espaço de tempo por causa do seu poder sobre os elementos da
matéria, e sem a menor dificuldade, imitando perfeitamente as obras da natureza
e dando em tudo a impressão de que se trata de efeitos s a causas naturais” .*
* (Cardeal
A. LEPICIER, O Mundo Invisível. pp. 74-75.)
Poder dos anjos sobre o homem
O anjo pode produzir efeitos corpóreos
maravilhosos. Ele pode, através do movimento que imprime à matéria, produzir
mudanças nos corpos, mas de tal forma que apenas se sirva da natureza,
desdobrando as potencialidades dela. Assim ele pode, nos homens, favorecer ou
impedir a nutrição ou provocar doenças. Mas ele não pode fazer qualquer coisa
que esteja completamente acima da natureza, como, por exemplo, ressuscitar
pessoas mortas. O anjo tem ainda o poder de favorecer ou impedir os movimentos
da sensualidade, a delectação, a dor, a ira, a memória e afetar de vários modos
os sentidos externos e internos, isto é, os cinco sentidos, a memória e a
imaginação. Do mesmo, modo o anjo pode aguçar a força da inteligência e, de um
modo indireto, mover quer o intelecto — excitando imagens na fantasia ou
propondo questões — quer a vontade, solicitando-a para que escolha algo. O anjo
pode formar para si um corpo com o qual aparece aos homens como, por exemplo, o
arcanjo São Rafael fez com Tobias. Santo
Agostinho diz que os anjos aparecem aos homens com um corpo que eles não
somente podem ver, mas também tocar, como é provado pela Escritura (Gen 18,
2ss; Lc 1, 26ss; At 12, 7ss; o livro de Tobias).
O anjo move o corpo que assume, como nós poderíamos
mover um boneco, dando a impressão de que ele está vivo, fazendo-os imitar os
movimentos do homem. Quando São Rafael parecia comer na companhia de Tobias,
ele apenas fazia o corpo do qual estava se servindo mover-se como faz um homem
nessa circunstância, mas sem consumir o alimento. Os espíritos angélicos não
podem fazer milagres propriamente ditos, mas sim coisas maravilhosas, que
ultrapassam o poder humano, não porém o angélico. Por exemplo, graças ao seu
poder e conhecimento extraordinário, podem curar doenças, restituir a vista a
cegos (Tob 11, 15); fazer prodígios como elevar uma pessoa e carregá-la pelos
ares (Dan 14, 15), fazer falar serpente (Gen. 3, Iss), etc.
Ministérios dos anjos
"Anjos do Senhor, bendizei ao Senhor...
Exércitos do Senhor, bendizei ao Senhor".
(Dan 3, 58-61)
OS MINISTÉRIOS dos anjos são: em relação a Deus,
adorá-lo, louvá-Lo, servi-Lo, executando todos os Seus decretos em relação aos
demais anjos, quer aos homens, como também a toda a natureza material, animada
e inanimada; em relação aos demais anjos, os de natureza superior iluminam os
inferiores. dando-lhes a conhecer aquilo que vêm em Deus; em relação aos
homens, eles são ministros de Deus para encaminhá-los à pátria celeste,
protegendo-os, corrigindo-os, instruindo-os, animando-os; em relação ao mundo
material, eles são agentes de Deus para o governo do Universo.
Ministros da liturgia celeste
O principal ministério dos anjos consiste em
adorar, louvar e servir a Deus: “Anjos do Senhor, bendizei ao Senhor ...
Exércitos do Senhor, bendizei ao Senhor; louvai-O e exaltai-O por todos os
séculos” (Dan 3, 58-61). “Bendizei ao Senhor, vós todos os seus anjos, fortes e poderosos, que executais as suas
ordens e obedeceis as suas palavras” (Si 102, 20). “Os Serafins estavam por
cima do trono ... E clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo, é o
Senhor Deus dos exércitos” (Is 6,2-3).
Os santos anjos desempenham assim a liturgia celeste:
"E vi os sete anjos que estavam de pé diante
de Deus ... E veio outro anjo, e parou diante do altar, tendo um turíbulo de
ouro; e foram-lhe dados muitos perfumes, a fim de que oferecesse as orações de
todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus. E o
aroma dos perfumes das orações dos santos subiu da mão do anjo até à presença
de Deus” (Apoc 8,2-4).
Esses puros espíritos são, pois, ministros do altar
e ministros do trono de Deus: eles cantam os louvores de Deus na presença do
Altíssimo, e apresentam-Lhe as nossas preces e as nossas boas obras; ao mesmo
tempo, descem até nós e nos trazem as graças e bênçãos divinas, verdade
belamente expressa na visão da escada de Jacó: “(Jacó) teve um sonho: Uma
escada se erguia da terra e chegava até o céu, e anjos de Deus subiam desciam
por ela” (Gen 28, 12).
Essa verdade, em termos práticos, significa que
eles são intercessores poderosíssimos diante de Deus. A eficácia da intercessão
angélica é testemunhada, entre muitas outras passagens da Escritura, por esta
do livro do Profeta Zacarias: “E o anjo do senhor replicou e disse: Senhor dos
exércitos, até quando diferirás tu o compadecer-te de Jerusalém e das cidades
de Judá, contra as quais te iraste? Este é já o ano septuagésimo. ... Isto diz
o Senhor dos exércitos: Eu sinto um grande zelo por Jerusalém e por Sião...
Portanto isto diz o Senhor: Voltarei para Jerusalém com entranhas de
misericórdia” (Zac 1,12-16). Isto nos deve mover a recorrer sempre com fervor e
cada mais a eles.
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