Anjos e
Demônios - A Luta Contra o Poder das Trevas
Gustavo
Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo
Editora -
Artpress
Os anjos e os demônios não
são um fruto da fantasia do homem, nem mera expressão de suas esperanças e
temores. Eles existem, são seres reais, dotados de uma natureza puramente
espiritual, muito mais perfeita do que a nossa, de uma inteligência
agudíssima e uma vontade possante. Eles intervêm continuamente em nossa vida;
os santos anjos, por meio das boas inspirações que nos sugerem; os demônios,
pelas tentações a que nos submetem. Quais são os poderes reais dos anjos e
dos demônios? Como devemos nos portar diante da ação angélica e como reagir
em face da atividade diabólica? Mais especificamente, como resistir às
tentações do demônio, à sua ação extraordinária, às infestações e à
possessão? O que pensar da feitiçaria, dos sabás e das missas negras? Existem
ainda hoje bruxos e feiticeiras? O espiritismo e a macumba têm alguma
influência diabólica? Existe alguma relação entre Rock ’n’ Roll e satanismo?
Para responder a estas perguntas, os autores de Anjos e demônios — A luta
contra o poder das trevas consultaram um sem-número de obras especializadas,
recolhendo o ensinamento de uma centena de teólogos, moralistas e canonistas
católicos; percorreram ainda as páginas de numerosos jornais e revistas,
tanto nacionais como estrangeiros. Eles apresentam aqui, numa linguagem
acessível, o resultado de sua pesquisa, colocando nas mãos do leitor
não-especializado um trabalho denso de conteúdo bíblico e teológico e ao
mesmo tempo de leitura amena e atraente.
OS ANJOS, OS
DEMÔNIOS E O HOMEM
“(Jacó) teve
um sonho: Uma escada se erguia da terra e chegava até o céu, e anjos de Deus
subiam e desciam por ela". (Gen
28, 12)
CONSIDERANDO ÀS VEZES a beleza de um panorama
marítimo, a elegância das ondas que vêm suavemente espraiar-se na areia
límpida em um turbilhão de espuma; gaivotas e outros pássaros marinhos que
planam docemente, sem esforço aparente, ao sabor das brisas; o brilho da
luminosidade que reverbera nas águas e parece confundir-se com elas na linha
do horizonte; diante de tudo isso sentimos a tranqüila majestade de Deus, sua
imensa sabedoria, amor infinito por nós homens, dando-nos, sem nenhum mérito
nosso, tais maravilhas. Mas, se para além dos sentidos naturais,
considerássemos o mesmo panorama também com os olhos da Fé, perceberíamos que
a maravilha é ainda maior, e a sabedoria e a bondade divinas ainda mais
perfeitas; sua solicitude em relação a nós, homens, ainda mais excelente e
carinhosa. É que, ao lado de toda aquela perfeição material, guardando-a e
dirigindo-a, saberíamos que estão criaturas espirituais, incomparavelmente
mais perfeitas do que nós e que têm como uma de suas missões ajudar-nos a
melhor conhecer e amar o Criador, aconselhar-nos em nossas dúvidas,
proteger-nos em todos os perigos, socorrer-nos em todas as dificuldades: os
anjos.
Os Santos Anjos
Coroando a criação, acima dos seres inanimados,
do mundo vegetal e animal, do homem que é o Rei dessa obra, Deus colocou os
espíritos angélicos, dotados de inteligência (incomparavelmente mais perfeita
que a nossa), porém não sujeitos às limitações do corpo, como nós. Explica
São Tomás que Deus criou todas as coisas para tornarem manifesta a sua
bondade e, de algum modo, participarem dessa bondade. Ora essa participação e
manifestação não seriam perfeitíssimas senão no caso em que houvesse, além
das criaturas, meramente materiais, outras compostas de matéria e espírito (os
homens) e, por fim, outras puramente espirituais, que pudessem as similar de
modo mais pleno as perfeições divinas. A verdade maravilhosa da existência
dos anjos - seres intermediários entre Deus e os homens — é ilustrada
poéticamente na Escrituras pelo sonho de Jacó, Patriarca do Povo eleito:
“(Jacó) teve um sonho: Uma escada se
erguia da terra e chegava até o céu e anjos de Deus subiam e desciam por ela”
(Gen 28, 12).
Do ápice da escala da criação, os puros espíritos
descem até a criaturas inferiores, governando o mundo material, amparando
protegendo o homem; e sobem até Deus para oferecer-Lhe a glória da criação,
bem como a oração e as boas obras dos justos. Essa realidade angélica foi
pressentida pelos povos antigos, em meio às brumas do paganismo e das
superstições, sob a forma de gênios benfazejos das fontes, dos bosques, dos
mares, os quais garantiriam a harmonia do Universo, e eram propícios aos
homens.
Mas foi a revelação divina que apresentou aos
homens a verdadeira figura dos espíritos angélicos, desembaraçada de toda
forma de superstição. As Sagradas Escrituras e a Tradição forneceram os
elementos fundamentais, que os grandes teólogos Doutores da Igreja — em especial São
Tomás de Aquino — sistematizaram, dando-nos uma doutrina
sólida e coerente sobre o mundo angélico.
É essa doutrina que procuramos sintetizar no
presente trabalho, seguindo o Doutor Angélico bem como autores mais recentes
que trataram do tema. Estamos certos de que o conhecimento desta doutrina
será proveitoso para todos os fiéis. Conhecendo melhor os anjos, teremos mais
intimidade com eles e seremos assim levados a recorrer mais amiúde à sua
proteção e ao seu amparo, nesta nossa jornada terrestre rumo ao Paraíso.
Sobretudo na luta tremenda que devemos travar contra o Adversário, o
Caluniador, que anda ao redor de nós, no um leão feroz, querendo nos devorar
(1 Ped 5, 8-9): Satanás!
Satanás e os
anjos rebeldes
Da maravilhosa realidade dos santos anjos,
descemos assim para tenebrosa realidade dos espíritos infernais, os demônios.
Mais ainda do que em relação aos anjos, os povos pagãos da Antiguidade (como
também os primitivos de hoje) tiveram a percepção dos demônios. A tal ponto,
que mentalidades racionalistas do século passado e deste quiseram ver na concepção
bíblica de anjos e demônios uma mera influência babilônica e grega. Essa
apreciação é completamente falsa pois a concepção bíblica e cristã sobre os
anjos está inteiramente imune dos absurdos supersticiosos dos pagãos. Em
relação aos demônios, os povos antigos (babilônios, caldeus ou gregos)
manifestaram uma grande confusão, por não terem conseguido resolver o
problema da origem do mal. Em suas concepções, o bem e o mal se mesclam e se
confundem de tal maneira que tanto os deuses como os gênios perversos
mostram-se ambíguos, representando e praticando, uns e outros, tanto o bem
como o mal.
Entre os gregos, o vocábulo daimon designava os deuses e outros seres com forças divinas,
sobretudo os maléficos, dos quais os homens deveriam guardar-se por meio da
magia, da feitiçaria e do esconjuro. A concepção revelada pela Sagrada
Escritura e pela Tradição é bem outra: os demônios não são divindades, mas
simples criaturas, dotadas de uma perfeição natural muitíssimo acima da do
homem, porém infinitamente abaixo da perfeição de Deus, seu criador, acima da
do homem, porém infinitamente abaixo da perfeição de Deus, seu criador.
Se eles são perversos, não é por terem uma
natureza essencialmente má, e sim por prevaricação; feitos bons por Deus, os
anjos maus ou demônios se revoltaram e não quiseram submeter-se Criador,
servi-Lo e adorá-Lo como sua condição de criatura o exigia. Uma vez
revoltados, os anjos rebeldes fixaram-se no mal, e passaram a tentar o homem,
procurando arrastá-lo à perdição eterna.
Essa atividade demoníaca — a tentação — os teólogos qualificam de ordinária, por
ser a mais freqüente e também a menos espetacular de suas atuações sobre o
homem. Além dessa atividade, ele pode — com a permissão de Deus — perturbar o
homem de um modo mais intenso mais sensível, provocando-lhe visões, fazendo-o
ouvir ruídos e sentir dores; ou, então, atuando sobre as criaturas inferiores
— as planta animais, os elementos atmosféricos — para desse modo atingir o
homem. É a infestação pessoal ou local, atividade menos freqüente mais
visível, chamada por isso extraordinária. Em certos casos extremos, podem os
demônios chegar a possuir o corpo do homem para atormentá-lo. Temos aqui a
possessão, a mais rara manifestação extraordinária do Maligno.
Deus não nos deixou à mercê dos espíritos
depravados. Além da proteção especial de nosso Anjo da Guarda e demais
espíritos celestes, entregou à Igreja os meios preventivos e liberativos para
enfrentar a ação do demônio: orações, sacramentos, sacramentais (bênçãos,
medalhas, escapulários). O mais efetivo desses meios sobrenaturais, para os
casos de infestação e possessão são os exorcismos, pelos quais se dão ordens
ao demônio, em virtude do nome Jesus, para abandonar o corpo da pessoa ou o
lugar que ele infesta ou possui.
Devido à sua importância, nos deteremos um pouco
mais no estudo dos exorcismos, considerando os seus fundamentos teológicos, o
modo de praticá-los, bem como a legislação da Igreja a respeito.
Da atuação espontânea do demônio, passamos àquela
que ele desenvolve a convite do homem, seja pela invocação direta e
explicita, seja pela indireta e implícita. Com relação à magia, à feitiçaria
e outras formas de superstição,
deixamos de lado os aspectos históricos polêmicos (que alongariam por demais
o presente estudo e fugiriam ao objetivo dele), limitando-nos a considerar
sua possibilidade teológica, afirmada, aliás pelo Magistério da Igreja e pela
unanimidade dos teólogos e moralistas. Dedicamos algumas páginas à
revivescência do satanismo nos dias de hoje, salientando o papel do Rock’
n’Roll, sobretudo do Heavy Metal (Rock Pesado) na sua difusão. A título de
ilustração da doutrina aqui desenvolvida, apresentamos alguns casos de
infestação possessão diabólica, uns decorrentes de intervenção espontânea do
espírito das trevas, outros conseqüência de malefícios ou no de pacto
explícito com o demônio; acrescentamos por fim o relato de uma série de
sacrifícios humanos aqui no Brasil em
honra de entidades de macumba e candomblé (as quais entidades não são coisa
senão demônios), que revelam, de modo alarmante, o quanto nosso país está
envolvido por essa onda de satanismo moderno, conseqüência de sua apostasia
da Fé católica.
Esperamos que este estudo contribua para reavivar
a devoção santos anjos, nossos fiéis amigos, conselheiros e protetores; e ao
mesmo tempo, sirva de alerta aos católicos para o perigo das das espíritas ou
de macumba, e outras formas de superstição( como o uso de amuletos, adivinhações, etc.), as
quais podem conduzir, muitas vezes sem que se queira, à comunicação pelo
menos implícita com os espíritos
infernais.
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