mundo ao seu redor, Adão irrompeu em louvor a Deus:
– Quão grandes são tuas obras, Senhor!
Porém sua admiração pelo mundo ao seu redor não excedeu a admiração que todas as coisas criadas dispensaram a Adão. Elas tomaram-no por seu criador, e vieram prestar-lhe adoração. Ele porém disse:
– Por que vocês vêem adorar a mim? Não, eu e vocês juntos reconheceremos a majestade e o poder daquele que nos criou a todos. “O Senhor reina” – declarou ele, – “e está revestido de majestade!”
Não apenas as criaturas da terra: até mesmo os anjos chegaram a pensar que Adão fosse senhor de todos, e eles estavam prestes a saudá-lo com o “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos” quando Deus fez com Adão caísse no sono; os anjos souberam então que ele não passava de um ser humano.
O propósito do sono que recaiu sobre Adão era dar a ele uma esposa, para que a raça humana pudesse se desenvolver e todas as criaturas reconhecessem a diferença entre Deus e o homem. Quando ouviu o que Deus estava decidido a fazer, a terra começou a tremer e sacudir.
– Não tenho forças – ela disse – para prover comida para multidão dos descendentes de Adão.
Por essa razão o tempo foi dividido entre Deus e a terra: Deus ficou com a noite, a terra com o dia. O sono reconfortante sustenta e fortalece o homem, proporciona-lhe vida e descanso, enquanto a terra produz fruto com a ajuda de Deus, que a rega. Ainda assim o homem tem de trabalhar a terra a fim de ganhar o seu sustento.
A decisão divina de conceder uma companheira a Adão veio ao encontro dos anseios do homem, que havia sido tomado por uma sensação de isolamento quando os animais vieram até ele em pares para receberem seus nomes Lilith é hoje um dos mitos mais conhecidos da cultura judaica. Segundo o Talmude (obra que compila discussões rabínicas sobre leis judaicas, tradições, costumes, lendas e histórias), ela é a primeira mulher de Adão. Anterior a Eva, Lilith é a personificação da justificativa do matriarcado ser preterido a favor do patriarcado na cultura judaico-cristã.
Lilith, a Mulher Feita do Pó Segundo o Zohar, livro cabalístico criado no século XIII, quando Deus fez o homem, criou-o macho e fêmea, depois o dividiu ao meio e separou as suas almas, lançando-as no universo, para que assim, as almas gêmeas se encontrassem. Lilith surge como a parte feminina separada de Adão, e é dada a ele como esposa. Assim comhomem, a mulher aqui é criada da mesma essência, do barro. Não é uma coadjuvante do homem, mas igual a ele. Se Deus fez do homem a sua imagem, a mulher reflete esta imagem, já que faz parte da mesma criação dividida. A natureza de Lilith é de rebeldia e de insatisfação. Ao fazer sexo com Adão, questionava-lhe o porque de ter que ficar sempre por baixo, a suportar-lhe o peso, se também ela era feita do pó, por que
tinha de lhe ser submissa? Para manter o equilíbrio já estabelecido, Adão recusava-se a inverter as posições (versões aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben Sirá, século VI ou VII).
– Quão grandes são tuas obras, Senhor!
Porém sua admiração pelo mundo ao seu redor não excedeu a admiração que todas as coisas criadas dispensaram a Adão. Elas tomaram-no por seu criador, e vieram prestar-lhe adoração. Ele porém disse:
– Por que vocês vêem adorar a mim? Não, eu e vocês juntos reconheceremos a majestade e o poder daquele que nos criou a todos. “O Senhor reina” – declarou ele, – “e está revestido de majestade!”
Não apenas as criaturas da terra: até mesmo os anjos chegaram a pensar que Adão fosse senhor de todos, e eles estavam prestes a saudá-lo com o “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos” quando Deus fez com Adão caísse no sono; os anjos souberam então que ele não passava de um ser humano.
O propósito do sono que recaiu sobre Adão era dar a ele uma esposa, para que a raça humana pudesse se desenvolver e todas as criaturas reconhecessem a diferença entre Deus e o homem. Quando ouviu o que Deus estava decidido a fazer, a terra começou a tremer e sacudir.
– Não tenho forças – ela disse – para prover comida para multidão dos descendentes de Adão.
Por essa razão o tempo foi dividido entre Deus e a terra: Deus ficou com a noite, a terra com o dia. O sono reconfortante sustenta e fortalece o homem, proporciona-lhe vida e descanso, enquanto a terra produz fruto com a ajuda de Deus, que a rega. Ainda assim o homem tem de trabalhar a terra a fim de ganhar o seu sustento.
A decisão divina de conceder uma companheira a Adão veio ao encontro dos anseios do homem, que havia sido tomado por uma sensação de isolamento quando os animais vieram até ele em pares para receberem seus nomes Lilith é hoje um dos mitos mais conhecidos da cultura judaica. Segundo o Talmude (obra que compila discussões rabínicas sobre leis judaicas, tradições, costumes, lendas e histórias), ela é a primeira mulher de Adão. Anterior a Eva, Lilith é a personificação da justificativa do matriarcado ser preterido a favor do patriarcado na cultura judaico-cristã.
Lilith, a Mulher Feita do Pó Segundo o Zohar, livro cabalístico criado no século XIII, quando Deus fez o homem, criou-o macho e fêmea, depois o dividiu ao meio e separou as suas almas, lançando-as no universo, para que assim, as almas gêmeas se encontrassem. Lilith surge como a parte feminina separada de Adão, e é dada a ele como esposa. Assim comhomem, a mulher aqui é criada da mesma essência, do barro. Não é uma coadjuvante do homem, mas igual a ele. Se Deus fez do homem a sua imagem, a mulher reflete esta imagem, já que faz parte da mesma criação dividida. A natureza de Lilith é de rebeldia e de insatisfação. Ao fazer sexo com Adão, questionava-lhe o porque de ter que ficar sempre por baixo, a suportar-lhe o peso, se também ela era feita do pó, por que
tinha de lhe ser submissa? Para manter o equilíbrio já estabelecido, Adão recusava-se a inverter as posições (versões aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben Sirá, século VI ou VII).
Diante da
intransigência do marido, Lilith rebela-se e pronuncia inadequadamente o
nome de Deus. Vitupera Adão e o abandona quando o sol se põe, à noite, na mesma hora que Deus fizera vir os demônios ao mundo.
Lilith parte para o Mar Vermelho, onde habitam os demônios e espíritos
malignos, tornando-se ela mesma um demônio, longe do Éden.
Deus ordena que Lilith retorne.
Diante da recusa, envia uma guarnição de três anjos, Sanvi, Sansavi e
Samangelaf, para tentar convencê-la. Mas com grande fúria, ela se
recusa a voltar.Abandonado, Adão sente o peso da perda e da solidão.
Diante da sua
tristeza, Deus faz com que ele adormeça, retira uma das suas costelas e
cria Eva, mulher ideal, feita não do pó como o homem, mas da sua
carne, do seu sangue e das suas necessidades diante de uma sociedade
patriarcal. Ao contrário de Lilith, Eva é submissa e dócil. É o
equilíbrio do homem diante do mundo e de Deus.
Lilith torna-se a noiva de
Samael, o senhor das forças do mal do SITRA ACHRA (aramaico, significa
“outro lado”). Dessa união gera cem demônios por dia, que são
destruídos pelos três anjos. Enfurecida, Lilith tenta se vingar na
prole de Adão e Eva, jura matar todo filho recém-nascido de Adão e de
sua descendência
Superstições Ligadas ao Mito Antes
de ser levada à categoria de mito e fazer parte do folclore judaico,
Lilith aparece em relatos da Torah assírio-babilônica e hebraica entre
outros textos apócrifos. Durante séculos Lilith foi vista pela
comunidade judaica como um temível demônio, principalmente na Idade
Média. O parto era feito obedecendo a vários rituais para proteger a
mãe e o filho das forças demoníacas de Lilith, que inveja a alegria da
maternidade. Ela é uma ameaça ao embrião. Sussurravam sortilégios no
ouvido das mulheres para facilitar o trabalho de parto. A porta do
quarto das crianças tinha os nomes dos três anjos escritos sobre ela, e
cercava-se o quarto com um círculo de carvões ardentes. Ainda hoje há
versões modernas de como proteger os partos de Lilith em algumas
comunidades judaicas do norte da África.
Lilith muitas vezes é
descrita como a Lua Negra, outras vezes como uma vampira, que nos dias
de solstício e equinócios lança seu líquido menstrual nas águas,
contaminando a todos que bebem o líquido nesses dias. Também o homem
perde a razão quando enfeitiçado por seus sortilégios e apaixona-se
pelo seu corpo. Também o bebê quando sorri sozinho, está a brincar com
Lilith.
Ironicamente o mito de Lilith, antes visto como um demônio, hoje é símbolo das lutas femininas.
De acordo com alguns astrólogos, de 1914 a 1938, quando Lilith sofreu
influência de Plutão, que fez uma longa volta à sua órbita, as filhas
de Eva iniciaram os movimentos de libertação e direitos diante dos
homens.
Os
questionamentos de Lilith à igualdade por ter sido gerada do pó, assim
como Adão, perdem o sentido contestatório quando da explicação de que a
parte que lhe coubera do barro era de pó negro, lodo e excrementos,
inferior à essência geratriz de Adão, segunda a versão jeovística para o
Gênesis, contada no Talmude e oralmente pelos rabinos. Adão tem a sua
androgenia sagrada, pois foi criado à imagem de Deus. Lilith ao
contestar e reinvidicar para si os mesmos direitos, desequilibra a
harmonia do Éden, origina um afastamento do homem e do Criador.Assim,
destituído da primeira mulher, Adão se uniu a Eva, parte da sua carne,
feita sob medida para ele e para ser a mãe da humanidade.
Lilith
aparece no Tanak, quando Isaías, ao descrever a vingança de
Deus durante a qual a terra de Édom seria transformada num
deserto, proclamou isso como um sinal de desolação: "Lilith
repousará lá e encontrará seu local de descanso" (Isaías
34:14) A Bíblia de Jerusalém apresenta Isaías 34, 14-17
da seguinte forma :14 Os gatos selvagens conviverão aí com as hienas,
os sátiros chamarão os seus companheiros.
Ali descansará Lilith,
e achará um pouso para si.
15 Ali a serpente fará o seu ninho, porá os seus ovos,
chocá-los-á e recolherá à sua sombra a sua ninhada.
Também ali se encontrarão as aves de rapina (corujas),
cada uma com a sua companheira.
16 Buscai no livro de Iahweh e lede:
nenhum deles faltará,
nenhum deles ficará sem o seu companheiro,
porque assim ordenou a sua boca;
o seu espírito os ajuntou.
17 Ele mesmo lançou a sorte para eles,
a sua mão distribuiu-lhes, com o cordel, a porção de cada um.
Eles a possuirão para sempre,
de geração em geração a habitarão.
proclamo a majestade de seu esplendor
a fim de assustar e ater[rorizar]
todos os espíritos dos anjos da destruição
e os espíritos bastardos,
demônios, Liliths, corujas e [chacais...]
e aqueles que atacam inesperadamente
para desviar, desencaminhar o espírito de conhecimento... 11QPsAp
os sátiros chamarão os seus companheiros.
Ali descansará Lilith,
e achará um pouso para si.
15 Ali a serpente fará o seu ninho, porá os seus ovos,
chocá-los-á e recolherá à sua sombra a sua ninhada.
Também ali se encontrarão as aves de rapina (corujas),
cada uma com a sua companheira.
16 Buscai no livro de Iahweh e lede:
nenhum deles faltará,
nenhum deles ficará sem o seu companheiro,
porque assim ordenou a sua boca;
o seu espírito os ajuntou.
17 Ele mesmo lançou a sorte para eles,
a sua mão distribuiu-lhes, com o cordel, a porção de cada um.
Eles a possuirão para sempre,
de geração em geração a habitarão.
Esta passagem refere-se a futura desolação de Édom, por causa da forma como trataram Israel, quando Deus jogar
seu poder sobre este povo. O contexto na profecia é a
predicação que a terra dos Moabitas se tornará um deserto
desolado.
A palavra no texto em Hebraico aqui é "Lilith" mas infelizmente ela é um hapax legomenon (uma palavra que ocorre apenas uma vez no Antigo Testamento). Por isso não podemos determinar seu significado por comparação com outros usos na Bíblia. - Então somos forçados a recorrer à linguagens cognatas (Akkadian, Aramaico, Ugaritic, etc.), versões (traduções mais antigas) ou à tradição judaica para determinar seu significado.
Consultando-se outras fontes de tradição hebraica, pode-se chegar à conclusão de que quando é dito "os sátiros chamarão os seus companheiros" (a palavra hebraica aqui traduzida como "Sátiros" é "se'ir") está-se falando de Samael e outros demônios. Depois aparece a companheira dele: "Ali descansará Lilith". Em seguida fica o veredicto de que a terra de Édon - a que se referia todo o texto - seria a futura morada dos demônios e daqueles animais considerados impuros "eles a possuirão para sempre".
A tradução 'criaturas da noite', que aparece em algumas versões para outras línguas, representa uma especulação, uma tentativa de ler 'lilith' baseado em sua similaridade com a palavra hebraica "laylah" (noite). As tradições de Lilith também, as vezes, fazem esta conecção etimológica - particularmente desde que uma de seus papéis é o de succubus, e ela foi muitas vezes associada com corujas, como nesta passagem.
[Se formos comparar as diversas versões e traduções da Bíblia atual, descobrimos que em muitas delas "Lilith" não aparece em Isaías 34: 14-15. A diferença entre esta tradução e outras refere-se a uma diferença fundamental na tradução filosófica da Bíblica. - Algumas versões tem uma abordagem de tradução, especialmente no Tanak (a parte Hebraica, Antigo Testamento) que pretende naturalizar algumas referências de criaturas mitológicas ou sobrenaturais, exceto anjos, substituindo-as por animais conhecidos. Por exemplo, pode-se encontrar Bíblias que traduzem 'leviathan' como 'crocodilo', 'behemoth' como 'peixe-boi', etc. Mas o problema de Lilith é ainda mais complexo daquele de behemoth ou leviathan, pois estes são pelo menos bem descritos nos capítulos 40 e 41 de Jó. Leviathan é mencionado algumas vezes (Jó 3:8 Jó 41:1 Salmos 74:14 Salmos 104:26 e Isaías 27:1) e também behemoth é um hapax legomenon mas nós temos uma descrição completa deles, o que não é o caso com Lilith.
Note que as traduções também diferem na tradução de 'se'ir' - isto é um bode ou um bode/demônio/sátiro? Suponho que o significado de 'se'ir' tem sido determinado pelo significado de 'lilith'. Se 'lilith' é uma demônia, então 'se'ir' deve ser alguma espécie de demônio. Por outro lado, se 'lilith' é algum tipo de animal indeterminado, então se'ir é um bode].
A tradição judaica, claro, aponta-nos na direção da criatura mitológica.
Um fragmento da antiga comunidade de Qumran contendo menção de Lilith (4QCânticos do Instrutor/ 4QShir - 4Q510 frag. 11.4-6a // frag. 10.1f), foi encontrado nos Manuscritos do Mar Morto. Esta passagem é claramente baseada em Isaías 34:14 e pode ajudar a compreender o real significado do texto:
E Eu, o Instrutor, A palavra no texto em Hebraico aqui é "Lilith" mas infelizmente ela é um hapax legomenon (uma palavra que ocorre apenas uma vez no Antigo Testamento). Por isso não podemos determinar seu significado por comparação com outros usos na Bíblia. - Então somos forçados a recorrer à linguagens cognatas (Akkadian, Aramaico, Ugaritic, etc.), versões (traduções mais antigas) ou à tradição judaica para determinar seu significado.
Consultando-se outras fontes de tradição hebraica, pode-se chegar à conclusão de que quando é dito "os sátiros chamarão os seus companheiros" (a palavra hebraica aqui traduzida como "Sátiros" é "se'ir") está-se falando de Samael e outros demônios. Depois aparece a companheira dele: "Ali descansará Lilith". Em seguida fica o veredicto de que a terra de Édon - a que se referia todo o texto - seria a futura morada dos demônios e daqueles animais considerados impuros "eles a possuirão para sempre".
A tradução 'criaturas da noite', que aparece em algumas versões para outras línguas, representa uma especulação, uma tentativa de ler 'lilith' baseado em sua similaridade com a palavra hebraica "laylah" (noite). As tradições de Lilith também, as vezes, fazem esta conecção etimológica - particularmente desde que uma de seus papéis é o de succubus, e ela foi muitas vezes associada com corujas, como nesta passagem.
[Se formos comparar as diversas versões e traduções da Bíblia atual, descobrimos que em muitas delas "Lilith" não aparece em Isaías 34: 14-15. A diferença entre esta tradução e outras refere-se a uma diferença fundamental na tradução filosófica da Bíblica. - Algumas versões tem uma abordagem de tradução, especialmente no Tanak (a parte Hebraica, Antigo Testamento) que pretende naturalizar algumas referências de criaturas mitológicas ou sobrenaturais, exceto anjos, substituindo-as por animais conhecidos. Por exemplo, pode-se encontrar Bíblias que traduzem 'leviathan' como 'crocodilo', 'behemoth' como 'peixe-boi', etc. Mas o problema de Lilith é ainda mais complexo daquele de behemoth ou leviathan, pois estes são pelo menos bem descritos nos capítulos 40 e 41 de Jó. Leviathan é mencionado algumas vezes (Jó 3:8 Jó 41:1 Salmos 74:14 Salmos 104:26 e Isaías 27:1) e também behemoth é um hapax legomenon mas nós temos uma descrição completa deles, o que não é o caso com Lilith.
Note que as traduções também diferem na tradução de 'se'ir' - isto é um bode ou um bode/demônio/sátiro? Suponho que o significado de 'se'ir' tem sido determinado pelo significado de 'lilith'. Se 'lilith' é uma demônia, então 'se'ir' deve ser alguma espécie de demônio. Por outro lado, se 'lilith' é algum tipo de animal indeterminado, então se'ir é um bode].
A tradição judaica, claro, aponta-nos na direção da criatura mitológica.
Um fragmento da antiga comunidade de Qumran contendo menção de Lilith (4QCânticos do Instrutor/ 4QShir - 4Q510 frag. 11.4-6a // frag. 10.1f), foi encontrado nos Manuscritos do Mar Morto. Esta passagem é claramente baseada em Isaías 34:14 e pode ajudar a compreender o real significado do texto:
proclamo a majestade de seu esplendor
a fim de assustar e ater[rorizar]
todos os espíritos dos anjos da destruição
e os espíritos bastardos,
demônios, Liliths, corujas e [chacais...]
e aqueles que atacam inesperadamente
para desviar, desencaminhar o espírito de conhecimento... 11QPsAp
Aqui
há dois pontos de interesse para nós. O primeiro é que o
contexto deixa claro que a comunidade que produziu isto vê a
passagem de Isaías como referindo-se ao demoníaco mais do que
animais do deserto. Segundo, aqui, nós temos 'liliths' no
plural, ao contrário de Isaias, no singular. Provavelmente
isto não é apenas uma licença poética, pois a tradição diz -
e o próprio texto de Isaías da a entender claramente - que
Lilith teria filhos, cujas fêmeas são tradicionalmente chamadas
de Liliths e os machos de Lillim, sendo que este termo aparece
no Targum Jerushalami [1], a bênção sacerdotal dos Números,
VI, 26 que contém esta versão:
"O Senhor te abençoe em todo ato teu e te proteja dos Lillim!"
"O Senhor te abençoe em todo ato teu e te proteja dos Lillim!"
Segundo
Alan Unterman (Dictionary of Jewish Lore & Legend) há um
costume, ainda praticado em Jerusalém, de espantar esses
filhos do corpo morto de seu pai, andando em círculo com o
cadáver antes do sepultamento e atirando moedas em diferentes
direções para distrair os filhos demônios.
Entretanto, para sabermos mais a respeito dos filhos de Lilith, teremos de recorrer ao Talmude [2] (coleção de tradições rabínicas que interpretam a lei de Moisés), que - em duas ocasiões - fala sobre estes seres. A primeira referência fala de sua origem:
Entretanto, para sabermos mais a respeito dos filhos de Lilith, teremos de recorrer ao Talmude [2] (coleção de tradições rabínicas que interpretam a lei de Moisés), que - em duas ocasiões - fala sobre estes seres. A primeira referência fala de sua origem:
"Rabbi
Jeremia ben Eleazar falou, "Durante aqueles anos (depois de
sua expulsão do jardim), nos quais Adão, o primeiro homem,
esteve separado de Eva, ele tornou-se o pai de ghouls e
demônios e lilin." Rabbi Meir falou, "Adão, o primeiro homem,
tornou-se muito devoto e descobriu que ele havia causado
morte, que viria ao mundo, fez abstinência por 130 anos, e ele próprio
afastou-se de sua esposa por 130 anos, e cultivou figueiras de
vinho por 130 anos. Sua paternidade dos espíritos malignos,
referidos aqui, tornou-se um resultado de sonhos molhados."
(b. Erubin 18b)
A
segunda referência faz apenas menção da morte de um filho
específico, Hormin, mas não se estende sobre o assunto:
"Rabba
bar bar Hana falou, "Eu uma vez vi Hormin, um filho de
Lilith, correndo nas muralhas de Mahoza.... Quando o demoníaco
governante soube disso, eles mataram-no [para exibir-se].""
(b. Baba Bathra 73a-b)
O
Talmud também da breves descrições de Lilith: "Lilith é uma
demônia com aparência humana exceto que ela possui asas." (b.
Nidda 24b); "Lilith desenvolveu longos cabelos." (b. Erubin
100b) E aconselha:
"Rabbi
Hanina falou, "Nenhum homem pode dormir só em uma casa; quem
quer que durma só em uma casa, será pego por Lilith"" (b.
Shab. 151b)
Este
trecho aconselha os homens a casarem-se, para poderem dormir
com suas esposas e não sofrerem com o desejo. Do contrário,
Lilith viria copular com eles durante o sono para gerar filhos
Lillim. Apesar disso, não faltaram homens para "dormirem
sós". A obra Jewish Folktales retomou um antigo conto judaico
"Lilith e a Folha de Capin", que fala sobre um judeu que não
seguiu este conselho do Talmud:
Certa
vez um judeu foi seduzido por Lilith e ficou enfeitiçado por
seus encantos. Mas ele estava muito perturbado com isso, e
então foi ao Rabino Mordecai de Neschiz para pedir ajuda.
Mas o rabino sabia por clarividência que o homem estava vindo, e avisou a todos os judeus da cidade para não deixa-lo entrar em suas casas ou dar-lhe lugar para dormir. Assim, quando o homem chegou não encontrou nenhum lugar para passar a noite e deitou-se num monte de feno num quintal. À meia-noite, Lilith apareceu e sussurrou-lhe:
- Meu amor, saia desse feno e venha até aqui.
- Por que eu deveria ir até você? - perguntou o homem - Você sempre vem a mim.
- Meu amor, nesse monte de feno há uma folha de capim que me causa alergia.
- Então - disse o homem - por que você não me mostra? Eu a jogo fora e você pode vir.
Assim que Lilith a mostrou, ele pegou a folha de capim e enrolou-a em volta do pescoço, livrando-se para sempre do domínio dela.
Mas o rabino sabia por clarividência que o homem estava vindo, e avisou a todos os judeus da cidade para não deixa-lo entrar em suas casas ou dar-lhe lugar para dormir. Assim, quando o homem chegou não encontrou nenhum lugar para passar a noite e deitou-se num monte de feno num quintal. À meia-noite, Lilith apareceu e sussurrou-lhe:
- Meu amor, saia desse feno e venha até aqui.
- Por que eu deveria ir até você? - perguntou o homem - Você sempre vem a mim.
- Meu amor, nesse monte de feno há uma folha de capim que me causa alergia.
- Então - disse o homem - por que você não me mostra? Eu a jogo fora e você pode vir.
Assim que Lilith a mostrou, ele pegou a folha de capim e enrolou-a em volta do pescoço, livrando-se para sempre do domínio dela.
Por vezes, Lilith atacava mesmo os homens casados
e, para combatê-la, os judeus desenvolveram rituais
elaborados para bani-la de suas casas. Tenho aqui três exemplos,
o primeiro trata-se de um amuleto persa com Lilith no centro,
circundada por um texto profilático em Aramaico. (The Semetic
Museum, Harvard University):
"Vocês
estão atados e selados, todos vocês demônios, diabos e
liliths, forte e poderosamente presos, assim como estão presos
Sison e Sisin... A maligna Lilith, que faz os corações dos
homens perderem-se e aparece nos sonhos noturnos e nas visões
do dia, que queima e derruba com pesadelo, ataca e mata
crianças, meninos e meninas. Ela está dominada e selada fora
da casa e moradia de Bahram-Gushnasp filho de Ishtar-Nahid
pelo talismã de Metatron, o grande príncipe, que é chamado O
Grande Curandeiro da Misericórdia... que vence demônios e
diabos, artes negras e poderes da bruxaria. Afasta-os da casa e
moradia de Bahram-Gushnasp, filho de Ishtar-Nahid. Amém,
Amém, Selah.
Vencidas estão as artes negras e os poderes da bruxaria. Vencida a mulher feiticeira, ela, suas bruxarias e seus ataques, suas maldições e suas invocações, e afastadas das quatro paredes da casa de Bahram-Gushnasp, o filho de Ishtar-Nahid. Vencida e jogada abaixo está a mulher feiticeira - vencida na Terra e vencida no céu. Vencidas estão suas constelações e estrelas. Atados estão os trabalhos de suas mãos. Amém, Amém, Selah."
Vencidas estão as artes negras e os poderes da bruxaria. Vencida a mulher feiticeira, ela, suas bruxarias e seus ataques, suas maldições e suas invocações, e afastadas das quatro paredes da casa de Bahram-Gushnasp, o filho de Ishtar-Nahid. Vencida e jogada abaixo está a mulher feiticeira - vencida na Terra e vencida no céu. Vencidas estão suas constelações e estrelas. Atados estão os trabalhos de suas mãos. Amém, Amém, Selah."
Aqui
vemos a associação de Lilith com outros seres demoníacos,
menção contra a pratica da astrologia "Vencidas estão suas
constelações e estrelas", bruxaria e encantamentos - o que
envolvia não só bruxedos em geral mas também a pratica da
sedução, fascinação e até mesmo a prostituição.
O "exorcismo" de Lilith e de quaisquer espíritos que a acompanhavam muitas vezes tomava a forma de um mandado de divórcio, expulsando-os nus noite adentro. É disto que trata os outros 2 exemplos seguintes (Lilith recebe Divórcio):.
O "exorcismo" de Lilith e de quaisquer espíritos que a acompanhavam muitas vezes tomava a forma de um mandado de divórcio, expulsando-os nus noite adentro. É disto que trata os outros 2 exemplos seguintes (Lilith recebe Divórcio):.
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